INSTITUTO MONITOR
BRUNA ANCHIETA DE CARVALHO - 98220
TRABALHO MBFE1 – T1 Comunicação e Redação Empresarial/ Direito, Legislação e Ética/ Introdução a Gestão de Negócios
Rio de Janeiro 2012
Sumário 1 2
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Introdução ................................................................................................................ 2 Tipos de Vícios de Linguagem ............................................................................. 3 2.1 Barbarismo ....................................................................................................... 3 2.2 Solecismo ......................................................................................................... 4 2.3 Ambiguidade ou anfibologia .......................................................................... 4 2.4 Cacofonia ......................................................................................................... 4 2.5 Eco ..................................................................................................................... 4 2.6 Colisão .............................................................................................................. 4 2.7 Hiato .................................................................................................................. 5 2.8 Arcaísmo. .......................................................................................................... 5 2.9 Neologismo ...................................................................................................... 5 2.10 Preciosismo .................................................................................................. 5 2.11 Plebeísmo ..................................................................................................... 6 2.12 Tautologia ..................................................................................................... 6 Expressões consideradas vícios de linguagem ................................................. 6 Conclusão ................................................................................................................ 7 Referências Bibliográficas . .................................................................................... 7 Webgrafia ................................................................................................................. 8
1 Introdução Vícios de linguagem é o nome que se dá ao modo de falar ou escrever que não está de acordo com a norma culta. O "erro" torna-se "vício" quando se torna comum ou freqüente na expressão de uma ou mais pessoas. Na linguagem coloquial do dia-a-dia, é comum cometermos erros na transmissão de informações nas formas verbal e grafada. Sabemos que vício tem sua carga de significação centrada no âmbito do negativo, ou seja, vício, do latim vitiu, é desvio, hábito de proceder mal, costume censurável ou condenável, hábito prejudicial, defeito, erro, dolo, ação indecorosa, enfim, encontramos em qualquer dicionário da língua estas definições que mostram a idéia de vício num paradigma de escolhas negativas. As gramáticas normativas costumam classificar os vícios de linguagem como alterações defeituosas que sofre a língua em sua pronúncia ou escrita devido à ignorância do povo ou ao descaso de alguns escritores. Porém, ao discutirmos acerca dos desvios linguísticos, devemos analisar alguns pontos que sobressaem nessa questão. Como seres eminentemente sociais, estamos inseridos a todo o momento nas diversas circunstâncias comunicativas, as quais nos conduzem a agir de formas diferentes, sobretudo no que tange ao nosso linguajar, por exemplo, quando participamos de uma conversa informal entre os amigos, de uma entrevista de emprego, de concursos ou exames avaliativos. Tal fato nos remete tão somente à ideia de adequação. Pensando no nosso vestuário, cujo traje se adequa aos diferentes momentos do nosso cotidiano, o mesmo ocorre com nosso posicionamento enquanto interlocutores. Essa realidade se ajusta ao avanço dos estudos linguísticos, sobretudo da Sociolinguística, que prefere trabalhar não mais com a noção de erro, mas com a ideia referente a desvios em relação a uma variante – a chamada norma padrão. Mauro Ferreira (1992) dedica um capítulo de seu livro "Aprender e praticar Gramática" para as "Noções de Variação Lingüística", onde mostra, sem criticar negativamente, os tipos de variação lingüística que encontramos (sóciocultural, geográfica e histórica). Através disso, define o "certo" e o "errado" no uso da língua como sendo apenas uma questão de "diferenciação que se dá baseada em critérios sociais e também em situ ações de uso efetivo da língua”. Neves explica o surgimento da Gramática Normativa. A autora fala que, essa idéia de eleger uma norma a ser seguida, tem origem na tradição gramatical do Ocidente que, no período helenístico, promoveu um resgate da "boa 2
linguagem" (a dos grandes escritores gregos, especialmente Homero) a fim de que se protegesse a língua da deturpação feita pela fala dos "bárbaros", ou seja, a fala dos não-gregos. Assim, surgiram manuais de gramática, não como ciência, mas como técnica e arte. Estes manuais, segundo a autora, "compunham-se, expunham-se e impunham-se paradigmas entendidos como os padrões que explicitavam em que consistia a pureza e a regularidade daquela língua”.
É possível, então, entender o motivo de vir explicitado na gramática vício de linguagem como deturpação da língua. Isso é uma espécie de proteção da língua para que não ocorram mudanças. Na verdade, mudança, neste caso, é encarada como desvio, porém sabemos que uma língua está em constante movimento, e isto acontece de forma lógica e não desordenadamente. Neste trabalho, apresentaremos algumas classificações típicas de vícios de linguagem, bem como uma breve discussão sobre o uso de outras expressões que também podem configurar vícios de linguagem.
2 Tipos de Vícios de Linguagem 2.1 Barbarismo Caracteriza-se pelo desvio à norma culta, manifestado nos seguintes níveis: Pronúncia a) Silabada – refere-se ao deslocamento do acento tônico de uma determinada palavra, como por exemplo: “No documento constata apenas a rúbrica (em vez de rubrica) do comprador ”. b) Cacoépia – configura-se como um erro na pronúncia dos fonemas, tal como no exemplo: “Esse é um probrema (em vez de problema) que temos de resolver”. c) Cacografia – manifesta-se pelo desvio no que se refere à grafia ou flexão de uma dada palavra, por exemplo: “Se o delegado detesse (detivesse) todos os marginais, haveria mais
segurança”. “Nós advinham os (adivinhamos) que você viria”.
Morfologia
Exemplo: “Se ele ir (fosse) conosco, gostaríamos bastante”.
Semântica
Exemplo: “Os comprimentos (cumprimentos) foram destinados ao vencedor do concurso”.
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Estrangeirismos – refere-se ao emprego de palavras pertencentes a outros idiomas quando já existe um termo equivalente na língua portuguesa. Exemplos: “Comemoraremos seu aniversário em um happy hour ”. (final de tarde) “Como foi seu weekend?” (fim de semana)
2.2 Solecismo Configura um desvio em relação às regras da sintaxe, podendo ser de três ordens: De concordância Exemplo: “Falta cinco minutos para partirmos”. (faltam) De regência Exemplo: “Obedecemos todas as normas prescritas pela empresa ”. (obedecemos a...) De colocação Exemplo: “Farei-te uma homenagem”. (far-te-ei...)
2.3 Ambiguidade ou anfibologia Manifesta-se pela falta de clareza contida no discurso. Em “ O guarda conduziu a idosa para sua residência”, fica a dúvida: residência de quem? Dela ou do guarda? Assim, de modo a evitar tal ocorrência, o discurso teria de ser reformulado: “O guarda conduziu a idosa até a casa dela ”. 2.4 Cacofonia Manifesta-se pelo encontro de sílabas de palavras diferentes, resultando numa terceira palavra cujo som é desagradável ou inconveniente. Exemplos: “Eu vi ela no supermercado”. (Eu a vi no supermercado) “Beijou na boca dela ”. (Beijou-a na boca) 2.5 Eco Caracteriza-se pela utilização de palavras com terminações iguais ou semelhantes na frase, provocando dissonância. Exemplo: “Sua atuação causou comoção em toda a população ”. 2.6 Colisão Ocorre quando há dissonância por parte da repetição de consoantes iguais ou semelhantes. Exemplo: “O sabido sempre sabe ”. 4
Hiato Manifesta-se pela sequência de palavras cujos fonemas vocálicos produzem efeito sonoro desagradável. Exemplo: “Ou eu, ou ela ou outra ”.
2.7
2.8 Arcaísmo É definido como sendo palavras, expressões, formas e tipos de construção sintática que não são mais correntes em determinada fase da língua. Exemplo: “Encontre, por obséquio, minhas chaves ”. 2.9 Neologismo É definido como uma palavra ou expressão introduzida numa língua ou que nela tenta introduzir-se, sendo um fenômeno que se restringe ao vocabulário de uma língua. Entre outras definições, mostram a discordância que ocorre com o passar dos séculos em relação ao fenômeno lingüístico. Vale citar: "Uma língua não se fixa nunca. O espírito humano está sempre em marcha, ou melhor, em movimento, e a língua com ele. As coisas são assim. Quando o corpo muda, porque não mudaria o traje?[....] Toda época tem suas idéias próprias, é preciso que ela tenha também palavras próprias para essas idéias. As línguas são como o mar, oscilam contìnuamente [....]" (Cardoso e Cunha, 1978). No livro de Monteiro Lobato "Emília no País da Gramática", ao ver o décimo cubículo em que estava preso o Neologismo, a bonequinha de pano questiona: E este aqui, tão chic? O que lhe é contestado logo a seguir por dona Sintaxe, esclarecendo que "sua mania é fazer as pessoas usarem expressões novas demais, e que pouca gente entende." Emília o defende dizendo: Está aí uma coisa com a qual não concordo. Se numa língua não houver Neologismos, ela não aumenta. Assim como há sempre crianças novas no mundo, para que a humanidade não se acabe, também é preciso que haja na língua uma constante entrada de Neologismos. 2.10 Preciosismo É definido como o uso de linguagem pretensamente culta. Pode-se dizer que ele tira a naturalidade de discursos, é o vulgo “falar difícil”, dito pelas pessoas.
Quando um indivíduo utiliza o preciosismo em suas falas e/ou escritas, torna complicada a compreensão para o ouvinte/leitor. Em muitos casos, o seu uso é totalmente desnecessário, principalmente durante bate-papos ou situações que não requerem uma maior polidez durante conversas, nas quais o falante, se comportar-se assim, poderá parecer pedante, forçado e artificial. Como exemplos de preciosismos, além de usar palavras difíceis em qualquer 5
contexto, existem os empregos do pronome oblíquo, mesóclise e também o uso do mais-que-perfeito do indicativo, que, respectivamente, são: Vocês o conhecem?; Falar-lhe-ei a teu respeito; Eu levara meu cachorro pra passear, quando fui assaltada.
2.11 Plebeísmo Uso de gírias ou termos que demonstram falta de instrução, como "tipo assim" e "a nível de". Exemplos: “ A nível de doutorado, não sei se este é o melhor tema”. 2.12 Tautologia Repetição desnecessária de ideia ou termo já pronunciado. Nem sempre é fácil identificar tautologias, quer por desconhecimento do real significado das palavras, quer porque há expressões que estão enraizadas no uso e são de difícil expurgo, como “abertura inaugural ”, “acabamento final”, “detalhes minuciosos”, “metades iguais”, “empréstimo temporário”, “encarar de frente ”, “planejar antecipadamente ”, “superávit positivo ”, “vereador da cidade ”.
3 Expressões consideradas vícios de linguagem O uso de termos populares (como o "entende?", "veja bem!" e "como eu estava falando") na fala pública acabam por incomodar quando usados de forma muito repetitiva. Os principais vícios de linguagem são: “né”, “tá”, “tipo assim”, “ok”, “entende”, “percebe”, “o que acontece”, “ou seja” etc. Eles podem denunciar o
despreparo do orador, insegurança ou ainda cacoetes desconhecidos Esta repetição excessiva, chamada "gagueira", pode truncar ou simplificar a expressão. A recomendação a quem deseja evitar o chamado vício de linguagem passaria pela atenção redobrada à própria fala, aquele tomar cuidado de não transformar as expressões que usamos em clichês. A ideia é: preste atenção aos termos que você usa no dia a dia, para não usá-los de maneira repetitiva e a destoar do contexto em que são empregadas. Exemplo: “Bom dia a todos né, estou muito feliz por estar aqui né, hoje falaremos, tá, de nosso balanço anual, tá, eu peço a atenção de vocês, né, e quero informá-los que estou à disposição, tá, para responder a qualquer pergunta, né?”. O uso mecânico de termos inadequados ou fora de contexto também pode ser considerado vício de linguagem. Se um advogado bem formado usar a expressão "data vênia" em uma conversa fora dos tribunais, vai soar pedante e inadequado. A impressão do ouvinte é que ele não tem domínio sobre os 6
recursos de linguagem, mesmo que banque o erudito. É uma falta de controle no uso da linguagem. Há ainda o uso do gerúndio para uma ação que percorre determinado espaço de tempo. Críticas comuns a expressões inadequadas como "vamos estar enviando" acabam provocando temor, o que leva a uma hipercorreção - corrigir o que se considera erro mesmo quando não há erro. Muitas formas consagradas passaram a ser discutidas também por causa dessa preocupação. Começou uma discussão se o correto é "risco de vida", como sempre se falou, ou "risco de morte". Mas também se diz que a "febre subiu" quando na verdade foi a temperatura que subiu e se responde "tudo" quando alguém lhe pergunta se está "tudo bem". Enrijecer um comportamento, mesmo com pretensão corretiva, pode ser um erro de português tão grave quanto o próprio vício que se quis corrigir.
4 Conclusão Depois de observarmos atentamente os aspectos teóricos que envolvem a variação lingüística, podemos constatar que é impossível não considerar que as ocorrências linguísticas, denominadas vícios de linguagem, são variações de uso da língua. Podemos também concluir que o preconceito linguístico governa a ideia de se estipular alguns usos e taxá-los de vícios, tendo em vista toda a carga negativa que esta denominação possui. Por isso, contrariando a posição tradicional, chamaremos com extrema convicção, os vícios de linguagem, de variações linguísticas que englobam a fala e a escrita. Os falantes, ao desenvolverem consciência da mudança da língua, passam a entender esse fenômeno como aspecto negativo. Então, ocorre a necessidade de livros didáticos, gramáticas tradicionais, escolas e a mídia enfatizarem que expressões não situadas na norma padrão são "erradas", "impróprias", "feias", "ridículas" e empobrecem a língua portuguesa. No entanto, já ficou comprovado que as línguas não degeneram. Elas não sofrem, com a variação, um processo de degradação. Pelo contrário, a mudança lingüística só enriquece um idioma, pois a língua nunca perde seu caráter sistêmico.
5 Referências Bibliográficas ANTUNES, Irandé. Muito Além da Gramática, São Paulo: Parábola Editorial, 2007.
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BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2006. CARDOSO, Wilton; CUNHA, Celso. Estilística e Gramática Histórica. Rio de Janeiro: Editora tempo brasileiro,1978. FERREIRA, Mauro. Aprender e Praticar Gramática, 2º Grau. São Paulo: Editora FTD S.A., 1992. LOBATO, Monteiro. Emília no País da Gramática. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1934. NEVES, Maria Helena de Moura. Que gramática estudar na escola? São Paulo: Contexto, 2006.
6 Webgrafia http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil11.php http://www.lpeu.com.br/a/Conceitos-de-v%C3%ADcios-de-linguagem.html http://www.brasilescola.com/gramatica/vicios-linguagem.htm http://www.revistaliteraria.com.br/internetes.htm http://www.scrittaonline.com.br/artigos/nem-seje-nem-menas http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11749 http://www.universo.edu.br/portal/goiania/os-vicios-de-linguagem/ http://educacao.uol.com.br/portugues/vicios-de-linguagem-os-erros-deportugues-mais-comuns.jhtm http://www.nadp.ufla.br/2010/wp-content/uploads/2010/03/Folhetim16-Erroscomuns-na-fala-e-na-escrita.pdf
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