SAIBA COMO PREVENIR LESÕES LESÕ ES NAS MÃOS E NOS BRAÇOS AO ESTUDAR ESTUDAR S N I F A & Ano 1 - Número 3 - Julho 2014 www.teclaseafins.com.br
KAWAI ES100 Analisamos o piano digital mais acessível da marca... e foi surpreendente!
JERRY LEE LEWIS O indomável gênio precursor das teclas no Rock’n Ro ck’n’Roll ’Roll
Ahmad Jamal A lenda viva do cool jazz em entrevista exclusiva
CONHEÇA O SINTETIZADOR MODULAR PRODUZIDO NO BRASIL
S N I F A &
Ano 1 - N° 03 - Julho 2014 Publisher
Nilton Corazza publisher@teclaseafins.com.br publisher@tec laseafins.com.br Gerente Financeiro
Regina Sobral financeiro@teclaseafins.com.br Editor e jornalista responsável
Nilton Corazza (MTb 43.958) Colaboraram Colaborara m nesta edição:
Alexandre Porto, Alex Saba, Amador Rubio, Cristiano Ribeiro, Eloy Fritsch, Hudson Hostins, Kariny do Espírito Santo, Santo, Maurício Domene, Rosana Giosa, Turi Collura Diagramação
Sergio Coletti arte@teclaseafins.com.br Foto da capa
Diwvulgação Publicidade/anúncios comercial@teclaseafins.com.br Contato contato@teclaseafins.com.br Sugestões de pauta redacao@teclaseafins.com.br Desenvolvido por
Blue Note Consultoria e Comunicação www.bluenotecomunicacao.com.br Os artigos e materiais assinados são de responsabilidade de seus autores. É permitida a reproduação dos conteúdos publicados aqui desde que fonte e autores sejam citados e o material seja enviado para nossos arquivos. A revista não se responsabiliza pelo conteúdo dos anúncios publicados.
EDITORIAL
N
ão é sempre que se pode conversar com uma lenda viva da música mundial. A maioria não está acessível, seja por problemas de agenda, seja pela distância. Muitos não são receptivos à imprensa e alguns são tímidos demais para se exporem. Em uma tarde ensolarada do mês de maio em Sâo Paulo, tivemos a felicidade de encontrar um dos mais importantes jazzistas da história. Ahmad Jamal esteve no Brasil para apresentar-se no BMW Jazz Festival e nos concedeu uma entrevista exclusiva, onde falou sobre música, músicos e, principalmente, seu orgulho de ser da Pennsylvania, mais precisamente de Pittsburgh. Entre muitas risadas e histórias, o pianista de 84 anos deixou muitas lições, que transcrevemos para você em nossa matéria de capa. Inspirados por Jamal, partimos (eu e o pianista Alexandre Porto, nosso colaborador) rumo à Pianofatura Paulista a fim de conhecer o piano digital Kawai ES100, recém-chegado ao País. O modelo de entrada da marca mostrou-se apto a enfrentar a concorrência no mercado, até com algumas vantagens. Leia a matéria e acesse os links para ver e ouvir a sonoridade do equipamento. Aproveite e clique nos ícones espalhados pela revista: eles levam a você ainda mais informações, seja em vídeo, em websites ou em páginas nas redes sociais. Visite e siga nossos perfis no Facebook, no Youtube e no SoundCloud para complementar o que oferecemos aqui e ficar sempre por dentro das novidades. Com certeza sua experiência de leitura se tornará mais interativa e instrutiva. Nosso objetivo é oferecer o máximo em informação e entretenimento, entretenimento, de todas as formas possíveis. Boa leitura!
Nilton Corazza Rua Nossa Senhora da Saúde, S aúde, 287/34 Jardim Previdência - São Paulo - SP CEP 04159-000 Telefone: +55 (11) 3807-0626 6 / MAIO 2014
Publisher
teclas & afins
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EDITORIAL
N
ão é sempre que se pode conversar com uma lenda viva da música mundial. A maioria não está acessível, seja por problemas de agenda, seja pela distância. Muitos não são receptivos à imprensa e alguns são tímidos demais para se exporem. Em uma tarde ensolarada do mês de maio em Sâo Paulo, tivemos a felicidade de encontrar um dos mais importantes jazzistas da história. Ahmad Jamal esteve no Brasil para apresentar-se no BMW Jazz Festival e nos concedeu uma entrevista exclusiva, onde falou sobre música, músicos e, principalmente, seu orgulho de ser da Pennsylvania, mais precisamente de Pittsburgh. Entre muitas risadas e histórias, o pianista de 84 anos deixou muitas lições, que transcrevemos para você em nossa matéria de capa. Inspirados por Jamal, partimos (eu e o pianista Alexandre Porto, nosso colaborador) rumo à Pianofatura Paulista a fim de conhecer o piano digital Kawai ES100, recém-chegado ao País. O modelo de entrada da marca mostrou-se apto a enfrentar a concorrência no mercado, até com algumas vantagens. Leia a matéria e acesse os links para ver e ouvir a sonoridade do equipamento. Aproveite e clique nos ícones espalhados pela revista: eles levam a você ainda mais informações, seja em vídeo, em websites ou em páginas nas redes sociais. Visite e siga nossos perfis no Facebook, no Youtube e no SoundCloud para complementar o que oferecemos aqui e ficar sempre por dentro das novidades. Com certeza sua experiência de leitura se tornará mais interativa e instrutiva. Nosso objetivo é oferecer o máximo em informação e entretenimento, entretenimento, de todas as formas possíveis. Boa leitura!
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Publisher
teclas & afins
NESTA EDIÇÃO VOCE EM TECLAS E AFINS 4
32 mestres
Jerry Lee Lewis por Cristiano Ribeiro
O espaço exclusivo dos leitores INTERFACE 6
As notícias mais quentes do universo das teclas Vitrine 12
Novidades do mercado review 16
Kawai ES100 O piano digital que desembarcou no Brasil por Alexandre Porto materia de Capa 20
Ahmad Jamal Lenda viva do jazz sintese 28
O sintetizador modular brasileiro por Eloy Fritsch
teclas & afins
40 TRILHA MUSICAL
Spotting Sessions Por Maurício Domene 42 LIVRE PENSAR
O incrível Rubalcaba por Alex Saba 46 harmonia e improvisacao
A rítmica na melodia e na improvisação por Turi Collura 50 saude do musico
Redução da sobrecarga e alívio das tensões por Kariny do Espírito Santo 59 arranjo comentado
Baião: “O Ovo” por Rosana Giosa
MAIO 2014 / 7
vOCE em teclas & afins
Vamos nos conectar? Parabéns, pela grande iniciativa de uma revista nesse estilo (via internet). Li os artigos e gostei muito da abordagem. É tudo de que nós músicos precisamos: informação, informação, interatividade, lançamentos de instrumentos, dicas de tecnologia. Sou músico, professor de música de Escola Estadual da Paraíba, produtor musical, proprietário de estúdio de áudio e escola de música, e prioritário de banda gospel. (Joel José de Sousa, por e-mail) Mais uma vez, vocês nos surpreendem. A edição número 2 me deixou muito feliz, pois além da reportagem com o gênio Jon Lord, há ainda uma matéria muito boa sobre os Fender Rhodes. Valeu! E muito! (Walter ( Walter Sassarrão Junior, Junior, por e-mail) e -mail) Não poderia deixar de parabenizar essa iniciativa. Material de primeira qualidade. Parabéns e longa vida! (Fernando (Fernando Vier da Silva, por e-mail) R.: Caros Joel, Walter e Fernando, agradecemos seus comentários. Nos esforçamos para levar aos nossos leitores o máximo em informação, qualificada e responsável, com o objetivo de fortalecer for talecer a comunidade dos tecladistas com conhecimento. conhecimento. Esperamos continuar correspondendo às expectativas.
Sou tecladista e professor de teclado para iniciantes, além de trabalhar em uma empresa de instrumentos musicais em São José dos Campos. Já posso dizer que a saudade acabou! Estou muito feliz pela iniciativa e, ao mesmo tempo, quero dizer que essa nova empreitada já deu certo. Acho interessante ter matérias sobre venda de teclados na revista e, também, de como operar os equipamentos, pois muitas pessoas não leem o manual. Mais uma vez, parabéns e sucesso. #muitofeliz!!! (PJ, por e-mail) R.: Caro PJ, agradecemos agradecemos seus comentários. Nosso intuito é, a cada edição, trazer mais informação. E suas sugestões estão anotadas. Aguarde por novidades!
Parabéns pela revista e pelo site. Sou de Jequié, na Bahia. Aqui não ocorrem (ou eu desconheço) cursos e workshops ligados a teclas. Gostaria de saber se existem na minha região. Obrigado. (Mizael, por e-mail) R.: Agradecemos seus elogios, Mizael. Fique ligado na revista e em nossa fã page no Facebook para saber tudo sobre sobre os worksh workshops ops que que podem podem ocorrer ocorrer em sua sua região. região. Temos a certeza certeza de que importadores, distribuidores, fabricantes e até mesmo escolas não deixarão de atendê-la.
4 / JUlHO 2014
teclas & afins
vOCE em teclas & afins
Este espaço é seu! Teclas & Afins quer divulgar
trabalhos, iniciativas, músicos e bandas que apresentem qualidade e sejam diferenciados. Não importa o instrumento: piano, órgão, órgão, teclado, sintetizadores, acordeon, cravo cravo e todos os outros têm espaço garantido em nossa revista. Mas tem que ser de teclas! Veja Vej a abaixo como participar:
1. Grave um vídeo de sua performance. A qualidade não importa. Pode ser até mesmo de celular, mas o som precisa estar audível. 2. Faça o upload desse vídeo para um canal c anal no Youtube Youtube ou para um servidor de transferência de arquivos como Sendspace. com, WeTransfer.com WeTransfer.com ou WeSend.pt. WeSe nd.pt. 3. Envie o link, acompanhado de um u m release e uma foto para o endereço contato@teclaseafins.com.br 4. A cada edição, escolheremos um ou dois artistas para figurarem nas páginas de Teclas & Afins, com direito a entrevista e publicação de release e contato.
Não fique fora dessa! Mostre todo seu talento! Teclas & Afins quer conhecer melhor você, saber sua opinião e manter comunicação constante, trocando experiências e informações. E suas mensagens podem ser publicadas aqui! Para isso, acesse, curta, compartilhe e siga nossas páginas nas redes sociais clicando nos ícones acima. Se preferir, envie críticas, comentários e sugestões para o e-mail contato@teclaseafins.com.br
teclas & afins
JUlHO 2014 / 5
INTERFACE
HORACE SILVER O mestre do hard bop
Luto no jazz O pianista e compositor Horace Silver morreu em 18 de junho, aos 85 anos, de causas naturais. Ao lado de Art Blakey, Silver foi um dos principais músicos do hard-bop e do soul-jazz dos anos cinquenta com um estilo próprio de execução e de composição que sofreu as influências de gospel negro, bebop, raízes latinas e de R&B. Silver começou a carreira como saxofonista, tocando em bares e clubes na sua cidade natal, Connecticut, 6 / julho 2014
onde foi descoberto pelo lendário músico Stan Getz. Mudou-se para Nova York em seguida, nos anos 1950, e lá trocou o saxofone pelo piano, instrumento em que virou referência. Na cidade, começou tocando no Blue Note Jazz Club. Além de Getz, Silver tocou com Miles Davis, Art Blakey e Lester Young. Foi fundador do grupo Jazz Messengers que desde 1955 e ao longo de quase três décadas propagou o gênero. teclas & afins
INTERFACE
Hiato encerrado O produtor italiano Giorgio Moroder, de 74 anos, um dos pioneiros da dance music eletrônica, voltou aos estúdios depois de mais de duas décadas e registrou um novo single. A faixa instrumental traz de volta os timbres de sintetizador em tons épicos e o clima dançante, popularizados pelo músico, especialmente nas produções que fez para Donna Summer durante a década de 1970. “Giorgio’s Theme” inaugura a edição 2014 da série Adult Swim , que lança um single inédito por semana,até o dia 22 de setembro. Vão participar desta quinta temporada da série nomes como Mastodon, Future e Fatima Al-Qadiri, entre outros. A faixa pode ser baixada do site. Em 2013, Moroder participou do disco Random Access Memories, da dupla Daft Punk, e remixou a música “Midnight”, do mais recente disco do Coldplay.
Magic chega às lojas Um dos grandes nomes da bossa nova, com carreira sólida e residência fixa em Los Angeles, Sérgio Mendes lança mais um CD de sua trajetória de mais de 35 álbuns. Magic chega recheado de participações especiais com nomes como Seu Jorge, Ana Carolina, John Legend e Will.I.Am, entre outros. A canção “One Nation”, com participação de Carlinhos Brown, já havia sido divulgada e está no disco oficial da Copa do Mundo FIFA 2014. O material de “Magic” foi gravado parte em Los Angeles (EUA) e parte em Salvador, na Bahia. teclas & afins
julho 2014 / 7
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O álbum “Caustic Window” do Aphex Twin, nunca havia sido lançado. Mas por meio de um financiamento coletivo, o disco está disponível para audição. A ideia do produtor britânico Richard David James era angariar US$ 9.300,00, mas a iniciativa fez que fãs desembolsassem mais de US$ 67.000,00. Os doadores receberão como contrapartida parte dos direitos autorais sobre a obra. O dinheiro arrecadado - do financiamento e do vinil duplo em leilão - será doado para instituições de caridade.
Fãs financiam projeto Dupla dinâmica A carreira do Daft Punk - duo que nunca tira os capacetes, formado pelos DJs Thomas Bangalter e GuyManuel de Homem-Christo – vai virar filme. Dirigido por Hervé Martin Delpierre e co-escrito por Marina Rozenman, o documentário vai mostrar a carreira do duo, de sua formação em 1993 ao megassucesso do disco “Random Access Memories”. O álbum, lançado no ano passado, traz o hit “Get Lucky”, que vendeu nada menos que 9.3 milhões de cópias e angariou seis prêmios Grammy. A produção é do BBC Worldwide Productions France em parceria com o canal de televisão francês Canal+.
8 / julho 2014
teclas & afins
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Encontros O músico paulista Amilton Godoy considerado um dos melhores pianistas brasileiros e fundador do Zimbo Trio - foi o homenageado da 19ª. Edição do Festival de Música Instrumental da Bahia, realizado no mês de junho no Teatro Castro Alves. Como parte das comemorações, o pianista apresentou-se ao lado do gaitista Gabriel Rossi. A apresentação também marcou o lançamento do álbum Villa-Lobos Popular, projeto baseado na obra do maestro e compositor Heitor Villa- Lobos.
VAI QUE É SUA! A Copa Yamaha de Teclados Arranjadores premiará o tecladista mais versátil do Brasil com um teclado arranjador Tyros 5, além de um sistema de sonorização portátil STAGEPAS 400i e um software de gravação e produção Cubase 7.5 Steinberg para o segundo e terceiro lugares, respectivamente. A conquista do cobiçado prêmio, porém, não será fácil. Os músicos têm de provar sua perícia ao criar um estilo utilizando os teclados PSR-S950, PSR-S750 ou Tyros 4. Os trabalhos selecionados serão postados na página da Yamaha no Facebook. Os oito mais curtidos disputarão o primeiro lugar ao vivo, em eliminatórias, até definição do grande vencedor. Para saber todos os detalhes e se inscrever, visite http://br.yamaha.com/. As inscrições continuam abertas. teclas & afins
julho 2014 / 9
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Música na serra Acontece, de 5 de julho a 3 de agosto em Campos do Jordão, a 45ª. edição do Festival de Inverno, principal evento da música erudita na América Latina. Conhecido e respeitado internacionalmente, o Festival atrai estudantes de diferentes partes do mundo para aulas e master-classes com os mais conceituados artistas da atualidade, além de milhares de pessoas interessadas na programação de concertos. Na edição deste ano, vários são os destaques de professores e concertistas que passarão pelo evento, como os brasileiros Arnaldo Cohen, Cristian Budu, Débora Halász, Érika R ibeiro, Jean Louis Steuerman, Flavio Varani, Karin Uzun, Karin Fernandes, Linda Bustani, Lucia Barrenechea e Paulo Álvares, além de Michael Sheppard (EUA), Kirill Gerstein e Valentina Lisitsa (Rússia), de Tamila Salimdjanova e Olga Kopylova (Uzbequistão) e do russo-israelense Boris Giltburg. O Festival é uma realização do Governo de Estado de São Paulo, da Secretaria de Estado da Cultura e da Fundação Osesp. A programação completa pode ser encontrada no site oficial do evento. 10 / julho 2014
teclas & afins
INTERFACE
Conheça as publicações da SOM & ARTE E D I T O R A
INICIAÇÃO AO PIANO POPULAR Volumes 1 e 2 L A NÇ A Inéditos na ME NT O área do piano
De volta ao estúdio A cantora e pianista Alicia Keys divulgou que está em estúdio trabalhando em seu próximo álbum, com lançamento previsto para o início de 2015. Do trabalho, que ainda não tem título definido, Alicia divulgou a faixa “Killing Your Mother”, que, segunda ela, é a de que mais gosta, mas espera que o título não seja mal interpretado pelos fãs. “Este álbum é mais sobre o conceito, o pensamento que estou tentando passar, enquanto os meus trabalhos anteriores eram mais sobre a melodia. Desta vez é mais sobre o que está se passando com os seres humanos”, contou a artista. “Todos nós experimentamos coisas semelhantes. Acho que o mundo nos coloca em caixas, nas quais podemos ser apenas de uma forma, como ‘para ter sucesso como uma mulher de carreira, você precisa ser assim’, ou ‘ser um homem gay, você tem que ser assim’. Antes de qualquer coisa, somos muito mais complexos que isso”, explicou a cantora sobre o conceito do disco. O álbum sucede “Girl on Fire”, que estreou no número um na lista Billboard 200 dos EUA e contou com singles de sucesso, incluindo “Brand New Me” e “Tears Always Win.” Entre os músicos de apoio do projeto estão Swizz Beatz (Whitney Houston, Jennifer Hudson), Emeli Sande (Rihanna, Leona Lewis) e Pharrell Williams (Beyoncé, Justin Timberlake). teclas & afins
popular, são livros dirigidos a adultos ou crianças que queiram iniciar seus estudos de piano de forma agradável e consistente.
MÉTODO DE ARRANJO PARA PIANO POPULAR Volumes 1, 2 e 3 Ensinam o aluno a criar seus próprios arranjos.
REPERTÓRIO PARA PIANO POPULAR Volumes 1, 2 e 3 Trazem 14 arranjos prontos em cada volume para desenvolvimento da leitura das duas claves (Sol e Fá) e análise dos arranjos.
Visite nosso site para conhecer melhor os 3 Métodos e os 3 Repertórios
www.editorasomearte.com.br Contato:
[email protected] julho 2014 / 11
VITRINE
Toque nos produtos para acessar vídeos, informações e muito mais!
WALDMAN CLG 88 USB Waldman Music - www.waldman-music.com
O piano digital CLASSYGRAND 88 USB, da Waldman, traz 88 teclas padrão de piano com resposta ao toque e ação de martelos, 163 timbres, incluindo quantro de instrumentos folclóricos chineses ( Trichord, Gu-zheng, Erhu, Suona), cem estilos de acompanhamento com sua própria introdução, nove grupos de percussão e um conjunto de efeitos sonoros, incluindo um grupo de instrumentos de percussão tradicionais chineses. Entre os recursos, o equipamento oferece a possibilidade de sintetizar efeitos digitais como reverb e chorus, pitch bend, modo Minus Channel e função Repeated Playback. O Memory Bank pode gravar oito ajustes de painel e cada ajuste pode ser reativado sempre que desejado.
MEDELI A 800
Equipo – www.equipo.com.br A Equipo traz o teclado arranjador Medeli A800, com 61 teclas com Touch Response, cinco oitavas, 583 vozes, 230 estilos, 120 songs, cinco músicas demo e polifonia de 64 notas. Entre os controles, One Touch Setting, Perform, Freeze, Metro, Dual, Touch, Sustain, Lower, DSP, Harmony, Synth, Free Solo, USB Device, Mixer, Modulation, Pitch Bend, Record e Playback proporcionam domínio total do músico sobre o equipamento. Conexões Phones, Aux In, Aux Out, Sustain, Volume, MIDI In-Out-Thru, USB Port, USB Device Terminal fazem a interface com acessórios e periféricos. 12 / julho 2014
teclas & afins
VITRINE
Kurzweil CUP-2 Equipo - www.equipo.com.br
O piano digital Compact Upright CUP-2 oferece 88 teclas em madeira com ação de martelo e 10 níveis de sensibilidade do teclado , 64 vozes de polifonia, 88 timbres – incluindo o aclamado “Triple Strike Grand Piano” –, dois processadores de ambiente e efeito (reverb e chorus), além de efeitos da Série PC3, 78 padrões de bateria prégravados interativos e metrônomo. Apesar de compacto e discreto, o equipamento carrega um sistema de som bi-amplificado de 140 Watts de potência com quatro altofalantes distribuídos pelo gabinete. Funções como Split e Layer, transposição de duas oitavas para cima ou para baixo e controle de afinação, além de saídas e entradas de áudio estéreo RCA, duas conexões para fones de ouvido e MIDI IN/OUT completam o equipamento, que conta também com uma porta USB para conexão de sequencer ou computador externo. teclas & afins
julho 2014 / 13
VITRINE
Yamaha PSR-E443 Yamaha - www.yamaha.com.br
O teclado arranjador PSR-E443, da Yamaha, possui 61 teclas sensíveis ao toque, 755 sons com gerador de som A.W.M (advancedWaveMemory)- incluindo Cool! Voices e Super Realistic Sweet -, polifonia de 32 notas, 200 estilos de acompanhamento incluindo Sertanejo, Baião, Bossa Nova e Samba, e gravador digital com capacidade de aproximadamente 19.000 eventos e 10 canções com seis partes cada (cinco Melody e uma Style/Pattern). A função Pattern permite criar loops e batidas com recursos de Crossfader e Retrigger, efeitos usados pelos principais DJs. A entrada AUX-IN oferece a possibilidade de conexão de um player externo, ao passo que o recurso Vocal/Melody Supressor abaixa o volume do vocal da música ou a linha da melodia para que o tecladista cante ou toque. Dois botões de controles em tempo real filtram e ajustam os sons como em um sintetizador analógico. O teclado ainda traz entrada pa ra Pen Drive e conexão para iPhone, iPod touch ou iPad para controle MIDI por meio dos softwares Yamaha’s Scale Tuner, Metronome e Visual Performer.
14 / julho 2014
teclas & afins
VITRINE
O Piano de Antonio Adolfo Antonio Adolfo Deck A Deck comemorou em 2013 os seus 15 anos de existência e, como parte dessa grande celebração, sues estúdios no Rio de Janeiro foram ampliados e modernizados, contando com a aquisição de um Grand Piano Yamaha. Para celebrar a chegada desse instrumento, desejado há muito tempo, a gravadora lança este ano uma série na qual grandes pianistas são convidados a gravar discos instrumentais. O primeiro deles é este O Piano de Antonio Adolfo, composto por 14 versões do músico carioca para canções de sua autoria, como“Teletema” e “Chora Baião”, e de outros mestres da música brasileira. Os destaques ficam para “Canção que Morre no Ar”, de Carlos Lyra e Ronaldo Bôscoli, e “Catavento e Girassol”, de Guinga e Aldir Blanc, em que o músico, além do demonstrar o domínio harmônico que sempre o caracterizou, permite a fluência da linguagem jazzística que todo músico de sua geração herdou. (NC)
Exogenesis Eloy Fritsch Dreaming - Musea Eloy Fritsch é um dos mais importantes nomes do rock progressivo contemporâneo. Além de seu trabalho com a banda Apocalypse, mantém uma regular carreira-solo calcada em música instrumental e eletrônica. Neste Exogenesis, completamente gravado com o uso de sintetizadores e samplers em seu estúdio privado, o compositor brasileiro une o sinfônico e o eletrônico - sem esquecer os instrumentos étnicos - nas 13 faixas, em que se destacam a abertura, “Gaia”, e as quatro partes da suíte que dá nome ao disco, além de “The Immensity of the Cosmic Ocean”. Influências de Vangelis, Isao Tomita e Jean-Michel Jarre percorrem o álbum, mas coloridas com o frescor dos complexas texturas criadas por camadas de timbres. De caráter épico, o CD flerta com o imaginário e o cinematográfico. (NC)
teclas & afins
julho 2014 / 15
REVIEW
Por Alexandre Porto
KAWAI ES100 Chega ao mercado brasileiro o mais novo modelo de piano digital de entrada da marca Kawai: o portátil ES100. Compacto e leve, pesando apenas 15 quilos, o produto é comercializado por padrão com pedal de sustain, mas há a opção de adquirir a estante fixa com conjunto de três pedais, para aqueles que preferem o design tradicional e não necessitam transportá-lo com frequência
16 / julho 2014
teclas & afins
REVIEW
O Kawai ES100 apresenta 88 teclas com simulação de ação dos martelos com a tecnologia Advanced Hammer Action IV-F, que proporciona resposta similar à dos pianos de cauda, além de 192 vozes de polifonia, o que garante possibilidade de execução das mais complexas texturas, sem perdas.
extensão dinâmica, comparável aos melhores instrumentos digitais topo de linha. O usuário também pode customizar a sonoridade do instrumento utilizando as funções disponíveis. Customização Entre os ajustes possíveis, está o tradicional Reverber, que adiciona ambiência aos timbres, com três opções, desde uma pequena sala a um teatro de concertos, o Timbres Corroborando sua tradição como excelente que torna a sonoridade do instrumento mais fabricante de pianos acústicos, a Kawai trans- natural e real. Uma personalização mais fere sua expertise na fabricação desses in- profunda pode ser obtida configurando as strumentos para os digitais. Com a missão opções damper ressonance (ressonância do de competir com outros modelos similares, o pedal), damper noise (barulho do pedal) e fall ES100 traz um conjunto de 19 sons de instru- back noise (ruído do mecanismo das teclas). mentos, sendo oito pianos acústicos, três elé- O primeiro controla a simulação da resposta tricos, dois tipos de órgão (Church e Hamond simpatética das cordas de um piano acústico com efeito Leslie), harpsichord e vibrafone, quando o pedal de sustain está acionado. além de dois timbres de contrabaixo (acústico O ruído causado pela ação dos abafadores e elétrico) e dois de cordas. sobre as cordas é emulado e controlado pela A tecnologia Harmonic Imaging oferece opção Damper Noise, e o mesmo ocorre sampleamento em cada uma das 88 notas, com o ajuste fall back noise em relação ao o que se traduz em muita segurança e mecanismo das teclas. O teclado, um pouco fidelidade dos timbres, além de uma grande mais leve do que os similares disponíveis teclas & afins
julho 2014 / 17
REVIEW
no mercado, é agradável ao toque e oferece boa resposta e aproveitamento total da gama dinâmica do equipamento. Além de ser ideal para estudantes que ainda não tem a musculatura formada para o exercício pianístico, como crianças pequenas, por exemplo, esse tipo de teclado facilita a execução em timbres de órgão e imprime mais “pegada” nos pianos elétricos. Para controle da resposta do teclado, quatro opções de tipos de toque estão disponíveis: Off, Light, Normal e Heavy. Aliadas aos controles de Voicing (Normal, Mellow, Dynamic e Bright) e de Brilliance (com ajustes de -10 a +10), essas opções adequam tanto timbre quanto resposta do instrumento ao estilo do executante na obtenção dos resultados desejados. Para completar o conjunto de funções de personalização, o equipamento oferece controle de afinação (de 427 a 453 Hz em passos de 0,5 Hz), transpose (-12 a +12 semitons) e diferentes tipos de temperamento.
porado permite gravação e reprodução de três músicas, com capacidade máxima total de 15.000 eventos. O Kawai ES100 ainda traz alto-falantes embutidos, duas saídas para fones de ouvido - que também funcionam como saída de linha para amplificação externa - e conexões MIDI IN e MIDI OUT, o que permite seu uso em modo multitimbral. Conclusão O instrumento é adequado para uso residencial e para estudantes ou em escolas de música, pois as duas saídas para fones de ouvido são ideais para aulas. Caracterís-ticas como preço, peso, simplicidade, boa sonoridade e qualidade de construção o tornam um instrumento altamente recomendado para crianças e estudantes, bem como para pianistas exigentes que precisem de um segundo instrumento, seja para ensaios ou prática em hotéis durante turnês, por exemplo., facilitada pela opção de desligamento dos alto-falantes ao usar os fones.
Outras funções Os timbres podem ser combinados em Dual ou o teclado ser dividido com a função Split (com um som para cada parte). O modelo oferece quatro memórias de registração não voláteis que armazenam o timbre escolhido, as funções Dual e Split, e os ajustes de sonoridade e teclado, além de parâmetros MIDI. Esse expediente facilita o acionamento de timbres e configurações para rápida troca entre eles, pois a maioria das funções é acessada por meio de combinações de botões no painel e teclas do teclado. Para estudo, o ES100 oferece metrônomo, cem estilos de ritmo com instrumentos de percussão e lições para iniciantes na memória interna, com opção de reprodução de mão direita e esquerda separadamente ou as duas juntas. O gravador digital incor18 / julho 2014
teclas & afins
REVIEW
KAWAI ES100 Preço sugerido: R$ 4.060,00 Importador: Pianofatura Paulista (www.piano.com.br)
PRÓS • Peso • Mecanismo Kawai • Sonoridade • Design • Ritmos internos • Possibilidade de customização de timbres
• Transposição • Diferentes temperamentos • Ótima relação custo-benefício teclas & afins
CONTRAS • Poucos botões no painel dificultam o acesso a algumas funções julho 2014 / 19
Ahmad Jamal: jazz com influências sulistas
Lenda viva do jazz Em uma quarta-feira de maio, véspera de sua apresentação no BMW Jazz Festival, em São Paulo, encontramos Ahmad Jamal . Apesar da idade – 83 anos – o pianista demonstra ser um homem vigoroso, principalmente nos palcos, onde não economiza energia “Toque como Jamal!” A frase, em tom de comando, foi dita por Miles Davis e repercute até hoje como cartão de visitas do pianista Ahmad Jamal. Não que ele precise: seus shows continuam repletos de muitas novidades e o músico surpreende com seu estilo único. Apesar de muito influenciado pelos pianistas tradicionais do centro e sul dos Estados Unidos, Jamal nada tem de conservador em seu modo de tocar e improvisar. É com completo domínio de seu instrumento e da linguagem jazzística que mantém praticamente em êxtase suas plateias durante seus concertos. Longe dos experimentalismos cacofônicos e do virtuosismo improdutivo, o pianista produz música de qualidade, teclas & afins
agradável mesmo para os ouvidos menos treinados no universo do jazz. Engana-se, no entanto, quem acredita nessa aparente simplicidade: Jamal apresenta uma consistente base harmônica calcada em blocos de acordes herdados de Erroll Garner, solos modais muito bem acabados reminiscentes do cool jazz e o uso das pausas, do silêncio, como elemento importantíssimo na construção melódica. Seu estilo é marcado por inovações rítmicas e pela construção de figuras melódicas na mão esquerda, destacando-se os ostinatos na região grave, tudo isso regado a um excepcional bom gosto, com o qual explora texturas, riffs e timbres em vez da quantidade de notas. JULHO 2014 / 21
MATERIA DE CAPA
Ahmad Jamal at the Pershing - But Not For Me , de 1958, e Saturday Morning , de 2013: álbuns marcantes da carreira do músico
História
Nascido no dia 2 de julho de 1930, em Pittsburgh (Pennsylvania), Jamal - nome que adotou após a década de 1950 – começou a tocar piano aos 3 anos de idade, desafiado por seu tio a repetir as notas tocadas por ele. Logo depois, começou a ter aulas particulares com Mary Cardwell Dawson, sendo influenciado por diversos estilos, principalmente a música de sua cidade natal e pianistas como Earl Hines e Errol Garner. Aos 7 anos, foi considerado um prodígio e pouco tempo depois começou a estudar com James Miller. Por volta dos 14, começou a excursionar, sendo aclamado por Art Tatum como uma grande revelação. Em 1950, mudou-se para Chicago, e, depois de atuar ao lado de alguns grupos, formou o primeiro trio, chamado Three Strings, ao lado do guitarrista Ray Crawford e do contrabaixista Eddie Calhoun. Como residente no Blue Note de Chicago, o grupo chamou a atenção e ganhou popularidade. Na sequência, já no Embers Club, em Nova York, o trio foi reconhecido pelo produtor 22 / JULHO 2014
John Hammond, que o indicou à Okeh Records. O formato piano-guitarra-baixo resistiu até 1955, com álbuns gravados para a Parrot e a Epic até que, em 1957, o guitarrista foi substituído pelo baterista Vernel Fournier, o que alterou consideravelmente a sonoridade e o estilo do grupo. Trabalhando no Pershing Hotel, de Chicago, o trio – com Israel Crosby no baixo - lançou o álbum ao vivo But Not for Me, que permaneceu nas listas dos mais vendidos por 108 semanas e apresentou ao público a primeira gravação de “Poinciana”, marca registrada de Jamal. Depois de uma turnê pelo norte da África e uma malsucedida tentativa de manter um clube em Chicago, no início da década de 1960, Jamal mudou-se para Nova York e afastou-se da cena musical por três anos. Retomou a atividade em 1964, ainda em formato de trio, e manteve carreira constante, gravando mais de 60 álbuns e flertando com o fusion e os instrumentos eletrônicos. Durante toda sua carreira, Ahmad Jamal atuou ao lado de vários músicos incluindo George Hudson, Richard teclas & afins
MATERIA DE CAPA
Davis, Israel Crosby, Jamil Nasser, Frank Gant, James Cammack, Dave Bowler, John Heard, Yoron Israel, Belden Bullock, Manolo Badrena, Gary Burton, e Idris Muhammad, entre outros. Como sideman, gravou álbuns ao lado de Ray Brown e Shirley Horn. Entre os vários prêmios com que foi contemplado, destacam-se a nomeação como “Lenda Viva do Jazz” pelo Kennedy Center for the Performing Arts, a medalha de ouro da celebração de 150 anos da Steinway & Sons e sua inclusão no American Jazz Hall of Fame da New Jersey Jazz Society, em 2003. Transpirando simpatia, Ahmad Jamal recebeu o pianista Alexandre Porto para uma entrevista exclusiva para Teclas & Afins , em que falou sobre influências, música e músicos.
Você parece não se importar tanto com a virtuosidade em seu estilo de tocar. Como vê isso?
Todos de Pittsburgh têm esse estilo. Venho de um lugar muito interessante, berço dos melhores compositores e dos melhores pianistas do mundo, como Dodo Marmarosa, Erroll Garner, Earl Hines, Earl Wild. Temos músicos em todas as categorias, seja da escola europeia ou americana. As pessoas que vem de Pittsburgh são diferentes, assim como George Benson, Kenny Clarke e Art Blakey, entre outros. São todos diferentes. Então, meu modo de tocar é diferente. Você costuma caminhar no palco quando seus acompanhantes estão solando. Isso
Década de 1950: o menino prodígio consolida a carreira teclas & afins
JULHO 2014 / 23
MATERIA DE CAPA
No estúdio: gravações de Saturday Morning 24 / JULHO 2014
teclas & afins
MATERIA DE CAPA
também é uma característica sua bem diferente e única...
Você não quer tocar com um baterista que não se mexe! A música está sempre em movimento. Esse meu hábito de andar às vezes pelo palco não é algo que criei. Isso veio como um impulso. No palco, minha música necessita de química, o que leva ao contato com meus parceiros! Já toquei com todas as formações e é necessário conduzir. Mesmo em um duo, é preciso ter química. Seja tocando em duo, trio ou septeto, tem que ter movimento! Independentemente do número de músicos que te acompanham, é necessário conduzir. Como você escolhe seu músicos?
aos outros (risos). Depois de eu ter não sei quantos bateristas de New Orleans? E nem foi de propósito. Tive os melhores bateristas do mundo comigo. Muitos músicos que tocaram comigo há alguns anos, após trabalhos com outros grandes artistas, estão agora de volta. Então, é uma escolha mútua! Meus atuais músicos são homens espetaculares. Manolo (Badrena – percussionista) tem estado comigo por vários anos, e também tocou muito tempo com Joe Zawinul e o Wheater Report. O primeiro emprego de Herlin (Riley - bateria) foi comigo: eu o tirei de New Orleans nos anos 80. Reginald Veal (contrabaixo) esteve com Wynton Marsalis e o Jazz at Lincoln Center. Todos eles têm caráter. E não se pode ser um grande músico se não se tem um grande caráter.
Como eu escolho meus músicos? Essa é uma pergunta muito boa! Na verdade, é uma escolha mútua. Nós escolhemos uns Se você tivesse que escolher o pianista que
BMW Jazz Festival 2014: s how marcante no Brasil teclas & afins
JULHO 2014 / 25
MATERIA DE CAPA
mais te influenciou, qual seria ele?
Erroll Garner. Mas devo dizer aos jovens pianistas ou quaisquer outros jovens músicos que estão estudando, que fui influenciado por todos os tipos de instrumentistas, como Ben Webster (saxofonista) e Roy Eldridge (trompete). Ouçam outros instrumentos! E devo dizer aos jovens que estudam qualquer tipo de instrumento que ouçam Flying Home, de Art Tatum, antes de começar a estudar musica! Eu estive em uma jam session com Art Tatum quando tinha 14 anos e foi fenomenal. Para mim, são três as principais influências: Erroll Garner, Art Tatum e Nat Cole. Como era sua relação com Miles Davis? Vocês aprenderam algo um com o outro?
Morávamos perto, em Nova York, mas não andávamos juntos. Éramos ambos band leaders, mas para trabalharmos juntos seria uma questão de ocasião. Mas não aconteceu! Sim patia e disponibilidade: no hotel, às vésp eras do show Ele me admirava e eu a ele. Ele e Gil Evans tocaram músicas minhas. Existiu uma troca tou dizendo isso para você se sentir bem. E mútua. também existem alguns movimentos musicais com músicos fantásticos em Pittsburgh, Qual a importância de “Poinciana” em sua Kansas City, Saint Louis, Detroit (Michigan) e careira? Memphis (Tennessee). São as cinco cidades Não é de minha autoria, mas é a razão de eu que se comparam à New Orleans. estar dando esta entrevista agora (risos)! O que gosta na música brasileira? Você ainda gosta de tocá-la?
É como “My Favorite Things”para John Coltrane ou “Body And Soul” para Coleman Hawkins foi assim que ouvi Hawkins pela primeira vez. “Poinciana” é uma música simples, mas foi um fenômeno e me tornou conhecido! Você é muito conectado com a música do sul, especialmente a de New Orleans. Como está New Orleans hoje ?
Está fenomenal! Como temos coisas fenomenais acontecendo aqui no Brasil. E não es26 / JULHO 2014
Stan Getz teve sua segunda carreira por aqui, e eu tive um amigo, Bola Sete, guitarrista brasileiro que se mudou para Nova York na mesma época que eu. Tenho um relacionamento profundo com a música brasileira, a cubana, a africana, a europeia, todas elas. Até mesmo a música russa. Grandes virtuoses vieram da música russa. Horowitz (Vladimir Horowitz), tocava Mozart e todos os outros compositores, mas seu toque era diferente. Erroll Garner, Art Tatum, Earl Hines e Nat Cole também tinham esse toque. teclas & afins
teclas & afins
JULHO 2014 / 27
SINTESE
POR ELOY FRITSCH
Sintetizador Modular Brasileiro Instrumentos modulares diferenciados e de alta qualidade estão sendo produzidos por Vinícius Brazil, que desenvolveu tecnologia própria e criou a marca VBrazil Systems
Os sintetizadores modulares são instrumentos de enorme flexibilidade que possibilitam diferentes configurações das unidades de síntese sonora por meio da conexão de cabos (patchcables) nos painéis de controle. Nas décadas de 1960 e 1970, sintetizadores modulares analógicos foram criados e comercializados pelos fabricantes Buchla, Roland, Arp e Moog, entre outros, e utilizados por vários músicos, como Herbie Hancock, Wendy Carlos, Vangelis, Jean Michel Jarre, Keith Emerson, Isao Tomita e Giorgio Moroder. Esse tipo de instrumento permite muitas horas de exploração sonora e diversos esquemas para interligar as várias unidades ao sequenciador. Este ano, a Moog anunciou o relançamento do sintetizador Moog Modular. Feito à mão, o novo aparelho - que levou três anos para ser desenvolvido - foi apresentado por Keith Emerson durante o Moogfest 2014.
Sin tetizador mod ula r Aether System One com painéis de alumínio anodizado em preto, produzido pela VBrazil Systems: os módulos de síntese são agrupados em u m ra ck para que poss am ser interliga dos por cabos. 28 / JUlHO 2014
Vinícius Brazil
Aether System One
Instrumentos modulares similares estão sendo produzidos no Brasil e com alta qualidade. O engenheiro eletrônico e consultor Vinícius Brazil – com mais de 30 anos de experiência nas áreas de comunicação, telefonia, controle & testes industriais, áudio analógico e digital - desenvolveu tecnologia própria e criou a marca VBrazil Systems, responsável pela produção de diversos módulos que, agrupados em racks, formam o sintetizador Aether System One. A VBrazil Systems optou pelo formato “eurorack”, atualmente o mais difundido no mundo, em que os módulos tem 3U de altura (1U = 44,45mm). A empresa dispõe de um con junto de módulos a serem configurados em racks de acordo com as necessidades musicais. A seguir, estão listados os principais módulos disponibilizados. teclas & afins
sintese
de Width / OverFolder / Simetria, internos e via CV. ADSR DualADSR – ADSR Generator (Gerador de
envoltória Attack / Decay / Sustain / Release) duplo com tecla de trigger local. Painel do Lizard 1
Osciladores Aether Oscillator - VCO híbrido de alto desem-
penho com saídas Sine / Triangle / Pulse/ Saw / Sub1 / Sub2 e um LFO interno com oito formas de onda para modulação de frequência e PWM; entradas de HardSync, PWM, FM e controle de frequência do LFO. Lizard - Módulo multifuncional extremamente complexo. Pode ser configurado de diversas maneiras: VCO ou sequencer, wave designer ou wave switcher, ou wave morpher com 4/8 steps/timeslots. Possui oito LFOs independentes para a seção de wavemorpher que, inclusive, podem ser utilizados e controlados de forma independente para outras aplicações. HardSync e FM. Lizard 2 - mesmas funções do Lizard1 sem os oito LFOs; CERBERUS - VCO multicore totalmente analógico com saídas SAW / Sine / Triangle / Pulse (com controle de PWM interno e externo via CV), FM via CV Lin/Exp, WaveFolder reinventado incluído no módulo e totalmente independente, com controles
Filtros StateVariable 12dB VCF + VCA - 12dB Volt-
age Controlled Filter com saídas LowPass / BandPass / HighPass e Auto ressonante (vira um oscilador senoidal, quando a ressonância está no máximo) e VCA independente incluído ao módulo; LowPass 24dB VCF + VCA Voltage Controlled LowPass Filter com saídas 12dB /
18dB / 24dB e Auto ressonante (vira um oscilador senoidal, quando a ressonância está no máximo) e VCA independente incluído ao módulo. MULTIPHASER É um Voltage Controlled MultiFilter de oito estágios configuráveis que permite estruturas de filtro não convencionais, modulando fase e frequência de corte, com sonoridade bem própria, que varia de um phaser de oito estágios personalizado a combinações de AllPass e LowPass. LFO MultiLFO - LFO triplo onde os LFOs 2 e 3 são
analógicos triangulares com controle de sime-
Painéis do Filtro LowPass, do Multi LFO, do Multi Module 1 e do conversor MIDI para CV. teclas & afins
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SINTESE
tria ajustável (de negative saw a triangle a positive saw) e o LFO1 é um híbrido com oito formas de onda (inclusive ruído) + S&H + quantizer.
NA REDE
Ring Modulator / Sample & Hol d / PAN MultiModule1 - Módulo multifunção
com um Ring Modulator, dois LAGs e um Sample&Hold; MultiModule2 - Módulo multifunção com Sequenciador de Passos quatro Atenuinverters, um PAN CV con- Chronos16 Step Sequencer - Step Sequencer trolled e um Morpher CV controlled com duas saídas CV e quatro saídas de Trigger programáveis independentemente com Conversor MIDI para Controle de Volta- oito posições de memória e clock interno/ externo. gem MIDI2CV Mono - Módulo conversor de MIDI para CV monofônico com saídas múltiplas. Banco de Osciladores Monsterdrone - Drone Generator criado em torno de oito VCOs analógicos agrupados Amplificador & Mixer em quatro pares. Cada VCO possui uma saíQuadVCA - Módulo VCA quádruplo; DualMixer - Mixer duplo de quatro entra- da quadrada e uma saída triangular. Dentro das cada. do par, o primeiro oscilador (OSC1) pode ser
MONSTERDRONE OSC & FM BLOCK
Forma de onda do Osc1 que será usada para mod ular o Osc2 (triangular ou quadrada)
Profundidade de Mod ula ção FM do Osc1 sobre o Osc2
Tipo de modulação
DRONE 1 DRONE 2 DRONE 3 DRONE 4
Frequência do Osc1 de cada Drone
30 / JUlHO 2014
Seleção do Range de Frequência do Osc1
ON/OFF do Osc1
Sel eção d o Range de Frequência do Osc2
Frequência do Osc2 de cada Drone
Bloco de Modul ação FM do Osc1 sobre o Osc2
Nível de mixagem de saída de cada Drone
teclas & afins
sintese
Diversos módulos novos estão em fase final de desenvolvimento e estarão disponíveis em breve: Quatro novos módulos de percursão: Kick /Toms / Snare / HiHat Dois módulos de efeitos Um novo MultiVCO extremamente complexo e configurável Um módulo de geração de clocks múltiplos configurável. •
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usado para modular em frequência o segundo (OSC2) (FM). Além disso, cada VCO possui uma entrada de controle CV externa individual (0~10Volts). O formato de controle é Volts/ Hz. Cada par (Drone) possui seu controle de nível (LEVEL) independente, permitindo mixar apropriadamente os quatro Drones antes de enviá-los ao estágio de filtros ou às saídas independentes.
Painel do sequenciador Chronos 16
Eloy F. Fritsch - Tecladista do grupo de rock progressivo Apocalypse, compositor e professor de música do Instituto de Artes da UFRGS onde coordena o Centro de Música Eletrônica. Lançou 10 álbuns de música instrumental tocando sintetizadores, realizou trilhas sonoras para cinema, teatro e televisão. Agradecimento especial a Vinícius Brazil pelas informações e revisões técnicas.
O Bloco de Osciladores Monsterdrone em rack standalone teclas & afins
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mestres
Jerry Lee Lewis: irreverente e polêmico 32 / juLho 2014
teclas & afins
mestres
POR CRISTIANO RIBEIRO
Gênio indomável Grande precursor do uso das teclas no rock’n’roll, Jerry Lee Lewis teve vida e carreira extremamente conturbadas para a época, mas é reconhecido como um dos mais importantes expoentes de sua geração e de seu estilo “The Killer”, o apelido recebido por Jerry Lee Lewis em seus tempos áureos, representa muito bem a voz poderosa, o modo de toc ar piano e a forma para lá de irreverente e enérgica de se apresentar nos palcos e viver a vida de um dos mais destacados nomes do rock’n’roll. Contestador, polêmico, por vezes irresponsável e imprevisível, Lewis encarnou como poucos o estereótipo do gênero, reforçando a imagem da “juventude transviada”. Nascido em Ferriday, Louisiana, em 29 de setembro de 1935, Jerry Lee Lewis é o típico músico sulista de sua época. De família pobre, o primeiro piano foi comprado por seus pais graças à hipoteca da própria casa, quando o músico tinha dez anos e, aos 14, apresentouse pela primeira vez profissionalmente. Foi
autodidata nos estudos, pois teve apenas uma aula de piano em que seu professor não gostou do jeito dele. Recebeu umas dicas de seu primo, o pianista de boogie-woogie Carl McVoy, e seguiu desenvolvendo sua técnica na música gospel, em igrejas pentecostais sulistas, assim como outros importantes artistas de sua época como Roy Orbison, Carl Perkins, Johnny Cash e Elvis Presley. Entre suas influências, o músico cita artistas de rádio de sua adolescência, como Jimmie Rodgers, Hank Williams e Al Jolson. Apesar de sua formação, foi expulso do Southwestern Bible Institute, em Waxahachie, Texas, por má-conduta o que incluía, segundo dizem, tocar “My God Is Real” [Meu Deus É Real] em ritmo de boogie-woogie. Praticamente abandonou os estudos depois desse episódio, dedicando-se à música.
Performances explosivas marcam a carreira de um dos mais indomáveis precursores do rock’n’roll teclas & afins
juLho 2014 / 33
mestres
antes de Jimmy Hendrix fazer o mesmo com a guitarra). Lewis conta que muitas vezes dividiu palcos com Chuck Berry, disputando para ver quem era o mais louco, até que lançava mão desse artifício, impossível de Berry revidar. Essa pura competição para ver quem chamava mais atenção do público acabou lhe rendendo a fama de incendiário do piano.
Million Dollar Quartet: Jerry Lee Lewis, Carl Perkins, Elvis Presley e Johnny Cash
Ascenção Lewis acabou indo para Memphis, Tennessee, onde encontrou trabalho como músico no famoso Sun Studios de onde saíram vários artistas que marcaram época. Em 1956, gravou seu primeiro single, “Crazy Arms”, um cover de Ray Price, que rapidamente teve sucesso local. Também trabalhou em algumas sessões de gravação com Carl Perkins. Enquanto trabalhava na Sun, ele e Perkins tocaram com Elvis Presley e Johnny Cash em um encontro que mais tarde recebeu o nome de “Million Dollar Quartet”. Sam Philips, famoso produtor da época deixou o gravador ligado durante a seção, mas o material demorou muitos anos para ser liberado. Em 1957, gravou o single “Whole Lotta Shakin’ Goin’ On” que o lançou à fama internacional. Logo em seguida, foi a vez de “Great Balls Of Fire”, seu maior sucesso. Nessa mesma época, desenvolveu seu estilo irreverente nos palcos, em apresentações cheias de energia em que chutava o banco para poder tocar de pé, usava muitos glissandos, subia no instrumento, pisava e sentava nas teclas, e batia nelas como se fossem um instrumento de percussão. Por vezes, chegava a colocar fogo no piano (bem 34 / juLho 2014
Decadência Costuma-se associar seu declínio com a rejeição do público ao seu casamento com a prima de segundo grau Myra Gail Brown, de 13 anos, na época em que ele tinha 23. Mantido em segredo por algum tempo, o casamento se tornou público em 1958, provocando um escândalo, em meio a uma turnê britânica cancelada depois de apenas três shows. A desaprovação seguiu Lewis até a América e ele quase foi banido do cenário musical. As rádios se negavam a tocar suas músicas e ninguém o contratava para shows.
Álcool, drogas, armas: vida conturbada e prisões teclas & afins
mestres
Foto de divulgação do álbum Beyond The Notes , de 2004
Para quê banco?
Além disso, tinha fama de valentão e bebia muito, embora todos os esforços fossem feitos para esconder isso do público. De fato, tudo isso contribuiu muito para sua queda, mas a realidade é que essa época marcou o fim da carreira meteórica dos artistas da primeira fase do rock’n’roll e o surgimento de novos nomes. Depois disso, seu próximo sucesso foi uma versão de“What’d I Say”, de Ray Charles, lançada em 1961. Aos poucos, sua popularidade foi se reerguendo na Europa e América. Em 1964, gravou o álbum ao vivo, ‘’Live At The Star Club, Hamburg”, com a banda The Nashville Teens, bem recebido pela crítica e público, considerado um dos melhores discos ao vivo teclas & afins
da história do rock. Durante o restante da década de 60, Lewis manteve a carreira dando mais ênfase ao lado country de seu estilo e lançou mais alguns hits, como “Chantilly Lace”, porém nunca mais conseguiu alcançar o sucesso que teve antes de 1958. Vida conturbada Jerry Lee Lewis nunca foi exemplo de comportamento. Na verdade, é um sobrevivente. Enfrentou problemas com álcool e drogas desde a juventude, passou por seis casamentos (está no sétimo) e perdeu dois filhos precocemente. Sua quarta esposa morreu afogada em uma piscina, sob circunstâncias suspeitas. Pouco mais de um juLho 2014 / 35
mestres
NA REDE
36 / juLho 2014
teclas & afins
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ano depois, sua quinta esposa seria encontrada morta de overdose. Foi preso algumas vezes por incidentes com brigas, álcool e até com armas. Em 1985 chegou a ficar em coma e teve de ter seu estômago extirpado em virtude de uma úlcera que nunca se curou. Em 1996, sofreu o seu terceiro ataque cardíaco mas continuou tocando como antes. Em suas próprias palavras: “Há apenas um Jerry Lee Lewis e isto aqui vai ser um mundo muito triste quando eu tiver morrido”. Reconhecimento Em 1986, Jerry Lee Lewis foi incluído na primeira leva de artistas a serem homenageados no Hall da Fama do Rock and Roll. No palco, continuava apresentando a mesma performance explosiva, apesar dos problemas pessoais e da idade. Três anos mais tarde, um longa metragem sobre o começo da carreira de Lewis, intitulado Great Balls of Fire!, foi produzido, baseado no livro escrito por sua prima e ex-esposa Myra. Em fevereiro de 2005, ganhou um prêmio pelo conjunto da obra da Record Academy, organizadora do Grammy, e, um ano depois, lançou o CD “Last Man Standing”, em que registrou uma série de clássicos do rock e do blues com a ajuda de admiradores famosos como Mick Jagger, Keith Richards, Kris Kristofferson, Willie Nelson e Buddy Guy. O álbum teve um grande sucesso de público e de crítica e muitos o consideram o melhor álbum da carreira de Lewis. Em abril de 2013, Lewis inaugurou o Jerry Lee Lewis Café & Honky Tonk, na histórica Beale Street, em Memphis, Tennessee, decorado com o piano do “The Killer”, motocicletas, fotos e recordações. Lewis nunca deixou de fazer turnês, e os fãs que o veem se apresentar dizem que ele ainda consegue fazer um show único, sempre imprevisível, empolgante e pessoal. teclas & afins
Infelizmente, no entanto nem todas as apresentações terminam bem: os sucessivos atrasos e o abandono do palco após alguns minutos são queixas recorrentes do público pagante ao redor do mundo. Desbravador, ousado e inovador, Jerry Lee Lewis misturou rhythm and blues, boogiewoogie, gospel e country com maestria, e, apesar de seus problemas pessoais, nunca teve seu talento musical questionado, sendo descrito por Roy Orbison como “o melhor artista cru da história do rock”.
TRANSCRIÇÃO Na próxima página, transcrevemos o primeiro solo da famosa “Greats Balls of Fire”. Nessa transcrição, pode-se notar a grande influência do Boogie-Woogie na música de Lewis. Os glissandos estão marcados e devem ser realizados de acordo com a interpretação de cada um. Os de Lewis costumam ser curtos, talvez pelo motivo de sempre tocar com o pedestal de microfone entre as pernas, bem no meio do teclado, dividindo assim o piano ao meio e limitando um pouco a ação.” juLho 2014 / 37
mestres
“Great Balls of Fire” Primeiro solo
Transcrição de Cristiano Ribeiro
38 / juLho 2014
teclas & afins
TRILHA MUSICAL
POR MAURICIO DOMENE
Spotting Session A expressão Spotting Session , infelizmente, não tem tradução precisa para o português. Alguns profissionais usam o termo “decupagem” ou “mapeamento”, mas a maioria usa mesmo o termo em inglês. “Spot” significa lugar, ou ponto, em inglês. “Session” é uma sessão, reunião ou conferência
Spotting Session é a reunião realizada pelo
compositor e pelo diretor (às vezes, o produtor também participa) do filme (da série, da peça, do game etc), quando se determina onde deve haver música, onde ela deve começar, onde deve sofrer alterações (se houver), e onde deve terminar; como é o caráter dessa música, o que ela deve acentuar ou realçar, onde são os pontos de sincronismo importantes etc. Um detalhe: spotting sessions não existem somente para música. Existem também para efeitos sonoros, quando são decididos quais devem ser colocados e onde. Há também spotting sessions para diálogos, quando são tomadas as decisões sobre a dublagem. O resultado dessa reunião é uma lista com anotações sobre cada música, com time code de entrada e saída, além de observações. Para que o spotting (decupagem) aconteça, é preciso que o filme já esteja editado em sua forma final, ou muito próximo disso. Muitas vezes, ainda faltam cenas que precisam de computação gráfica ou chroma key (aquela tela verde usada para aplicar um fundo de cena posteriormente). Comumente, o filme ainda sofre ajustes de edição, e, geralmente, as alterações ocorrem no meio da trilha preferida do compositor, a que está mais redonda, demandou maior esforço, e ele terá que retrabalhá-la, editando e acrescentando compassos, retirando frases etc. É a vida! 40 / juLho junho 2014
O grande compositor Elmer Bernstein contou como começa a conceber a música de uma película: “Eu ‘decupo’ um filme detalhadamente, como um dramaturgo. Nesse momento, não estou pensando em música. Olho a cena e pergunto: ‘Essa cena deveria ter música? Por que? Se de fato precisa, o que a música deve fazer?’” Saber fazer um spotting bem feito é muito importante. Muitas vezes o compositor passa
Spotting Ses sion: notas para a composição teclas & afins
trilha musical
Elmer Bernstein: dramaturgo musical
por essa etapa sozinho e tem que decidir esses detalhes sem a ajuda de um diretor. Isso costuma acontecer quando o diretor dá total liberdade na tomada de decisões sobre a trilha, ele entende pouco sobre o papel da música ou ainda se o projeto é pequeno e não passa por todas as etapas de produção de um projeto maior. Observação
Para aprender a fazer um spotting, ou uma decupagem, um bom exercício é assistir a um filme analisando o spotting da trilha: anotar onde começa e termina uma música, o que ela está fazendo na cena, as mudanças que ela sofre etc. Anote tudo. Se tentar fazer isso mentalmente enquanto assiste ao filme, o processo não vai funcionar. Você vai perceber que há vezes em que só se nota que a música está ali quando ela já tomou conta da cena. Mas, quando foi mesmo que ela começou? Volte o filme e descubra! Preste atenção em como o compositor fez para que o espectador não percebesse a entrada da música. Faça a mesma coisa com o final da trilha. Observe que, muitas vezes, a música não se resolve. Ela não termina em um acorde de repouso, como aconteceria normalmente. A música atua dessa maneira para que a atenção do espectador fique voltada para a teclas & afins
história, para o filme, colocando-o dentro da cena. Eventualmente, a música pode chamar atenção, pode “roubar” o momento. Voltando ao exercício de observação, procure perceber quando o compositor usa um ou outro artifício. Nada disso é por acaso; nada é “sem querer”! A mesma regra vale para a finalização das músicas. Um acorde de repouso significa “fim”, o encerramento de algo. Em um filme, muitas vezes, a música sinaliza que a ação dramática segue, deixando o gancho para a próxima cena, fazendo a história evoluir, caminhar para frente. Mãos à obra
Em uma situação real, com a decupagem do filme feita, o compositor já terá definido onde um cue começa e termina, já saberá a duração que deve ter, onde deve mudar, que momentos deve pontuar. Antes de começar, defina alguns itens: - Qual emoção a cena deve mostrar? - Qual nível de energia a música deve ter? Mesma emoção, mas em qual intensidade? - Qual é o contorno da música, onde a cena muda de emoção, de energia etc. - Qual o gênero musical? Orquestral, rock etc. Com todos esses pontos definidos, é só escrever as notas. Só?! Todas as limitações impostas pela história do filme, na verdade, fazem que o compositor nunca parta de uma folha em branco. Pensar em compor tendo o universo de opções, sem direção alguma - ao contrário do que se pode imaginar - pode provocar certa paralisia. Para o compositor de trilhas, ter diretrizes a seguir evita que um bloqueio criativo aconteça. Outro item que faz parte da rotina de composição de trilhas sonoras é o prazo de entrega, o momento em que todas as músicas devem estar na frente do diretor! Parece algo ruim para o viés criativo, mas - acredite - é a melhor coisa que um compositor pode ter! junho 2014 / 41 juLho
livre pensar
POR ALEX SABA
O incrível Rubalcaba Foi na casa do meu compadre Beto Frega, quando ele ainda morava no Rio, que ouvi falar pela primeira vez em Gonzalo Rubalcaba. Um grande amigo nosso (um fantástico percussionista peruano, que sabia tudo de ritmos brasileiros) comentava sobre um pianista cubano, muito veloz e com uma técnica impressionante. Era o tal Rubalcaba. Júlio Gamarra (o nosso amigo) comentou que tinha uma fita, dele tocando com uma orquestra cubana (Nueva Cubana) e que quando queria chatear algum pianista colocava a tal fita.
42 / junho 2014
teclas & afins
livre pensar
Sem o intuito de chatear ninguém, comprei o primeiro CD que achei dele: The Blessing, onde o pianista toca acompanhado por Charlie Haden (baixo acústico) e Jack DeJohnette (bateria). Só a presença desses dois músicos já era garantia do que estava por vir. Na primeira faixa, o primeiro grande susto. Com certeza o nome era aquele, mas não se encaixava nem um pouco na descrição do Júlio. O que eu ouvia era um Rubalcaba totalmente diferente. Lento. Muito lento. Insuportavelmente lento. E muito, muito bom. O cara literalmente “destrói”, “desmonta” com incrível naturalidade todos os temas que toca. Nos standards, então, ele faz o que quer. Sua versão para “Besame Mucho” é fantástica, mas não a mostrem aos apreciadores de bolero, pois o músico não tem nenhuma piedade com eles. Ele é, de fato, um virtuose. Mas não espere efeitos pirotécnicos. Ele se contém, reprime sua técnica em favor da composição (algo em que Thelonius Monk era mestre). “Fico especialmente impressionado com a habilidade de Gonzalo em tocar uma balada”, afirma Jack DeJohnette. Segundo o próprio Rubalcaba, “todos se concentram nos elementos rítmicos da música cubana. Penso que os aspectos melódicos e líricos que estou trabalhando são componentes igualmente importantes da personalidade latina e devem ser conhecidos”, o que corresponde perfeitamente ao que se ouve. No álbum Suite 4 y 20, o pianista se aproxima mais ainda da música cubana, tocando com seu quarteto (Felipe Cabrera - baixo elétrico, Júlio Barreto - bateria e Reynaldo Melian trumpete) acrescido de Charlie Haden em algumas faixas. É um disco mais “quente”. Dos álbuns lançados pelo selo Messidor, Giraldilla é o que mais surpreende. Nele, encontramos um Rubalcaba eletrificado, tocando vários sintetizadores e fazendo um som mais fusion (apesar de que usar esta palavra com um teclas & afins
Mais que uma benção: Rubalcaba, Haden e DeJ ohne tte
músico cubano que toca jazz sem esquecer suas origens é no mínimo redundante). Quando Rubalcaba improvisa, não há muita certeza (para não dizer nenhuma) de para aonde ele está indo. Geralmente surpreende, seja com sua técnica ou com seu refinado bom gosto para colocar as notas certas nos lugares certos (algo em que Bill Evans era mestre), sem abandonar, em momento algum, suas origens. É muito comum aos jovens músicos copiarem A ou B. Isto acontece até que descubram seu próprio caminho, sua própria voz. Gonzalo já descobriu e podemos ouvi-lo em sua plenitude seja tocando o Danzón (1) (como em “Mi Gran Passion”, também pela Messidor), “Imagine” (de Lennon) ou “Giant Steps” (de Coltrane). O pianista demorou a fazer seu primeiro show nos Estados Unidos da América, por problemas (unicamente) políticos. Como ele não saiu de Cuba foragido, mas sim para se tornar conhecido no mundo - e defende a cultura cubana -, o governo implicou com ele. Isso agora está superado e finalmente recebeu o reconhecimento tão merecido. junho 2014 / 43 JULHO
livre pensar
Gonzalo Rubalcaba: inovação calcada nas origens
Rubalcaba, ou melhor Gonzalo Júlio Gonzales Fonseca Rubalcaba, estudou no Conservatório Amadeo Roldan e no Instituto de Belas Artes, ambos em Cuba. Desde 1980 vem excursionando pelo mundo e sendo descoberto por gente como Dizzy Gillespie (com quem gravou Gillespie/Gb En Vivo pela Engrem), Winton Marsalis e muitos outros. Aqui no Brasil, participou do Free Jazz Festival, em 1992. 44 / junho JULHO 2014
(1) Danzón é uma dança cubana derivada da Danza, que por sua vez deriva da contradança, levada a Cuba por volta do fim do século 18 pelos colonizadores franceses, que fugiram do Haiti.
Alex Saba Tecladista, guitarrista, percussionista, compositor, arranjador e produtor com quatro discos instrumentais solo e um disco ao vivo com sua banda Hora do Rush, lançados no exterior pelo selo Brancaleone Records. Produziu e dirigiu programas para o canal TVU no Rio de Janeiro e compôs trilhas para esses programas com o grupo Poly6, formado por 6 tecladistas/compositores. Foi colunista do site Baguete Diário e da revista Teclado e Áudio. www.alexsaba.com.br teclas & afins
CLASSIFICADOS
ALEXANDRE PORTO
• InIcIação musIcal • PIano PoPular • • Jazz e ImProvIsação • • PercePção musIcal e harmonIa • Para todos os Instrumentos e voz
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HARMONIA E IMPROVISACAO
por turi collura
A rítmica na melodia e na improvisação Falaremos aqui de rítmica na melodia, mais especificamente da subdivisão da pulsação. O que é isso? Parece assunto de bateristas? Pois é… logo descobriremos o quanto é interessante para nós, pianistas, tecladistas e afins, “brincarmos” com o aspecto rítmico da música, na hora de criar melodias. Abram alas para o ritmo passar!
Os elementos que compõem a música são quatro: harmonia, melodia, ritmo e dinâmica. Já se perguntou qual, entre eles, é o único indispensável? Uma melodia pode existir sem a harmonia a sustentá-la. Uma música pode existir sem dinâmica. Pode haver música sem melodia. Apenas não há nada sem o ritmo, isto é, sem uma organização temporal. Se o ritmo é, de forma geral, importante para a existência do próprio fenômeno musical, ele é, também, muito importante, para o improvisador. De fato, é muito importante o músico improvisador saber trafegar com tranquilidade dentro da pulsação e de sua subdivisão. Dominar essa habilidade enriquece demais os solos! Observe a figura 1: os acentos mostram a pulsação em semínimas. A partir daí, podemos subdividir cada pulsação em duas notas (como mostra a segunda pauta), em três notas (como mostra a terceira pauta) ou em quatro notas (como mostra a quarta pauta). Assista o vídeo para ver isso em prática. E toque junto. Figura 1
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HARMONIA E IMPROVISACAO
Exercícios rítmicos de coordenação
Vamos praticar dois exercícios para desenvolver a capacidade de passar de um valor de notas para outro sem perder o andamento ou a coordenação das mãos. Esses exercícios estão contidos no método Rítmica e Levadas Brasileiras para o Piano.
Exercício 1
Exercício 2
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HARMONIA E IMPROVISACAO
Notas de diferente duração na melodia
A construção de melodias que contenham notas, ou grupos de notas, de diferentes durações (ora colcheias, ora semínimas, mínimas ou tercinas, por exemplo), proporciona resultados esteticamente interessantes. Observe a Figura 2: a melodia alterna grupos de colcheias, tercinas e semicolcheias. Figura 2
Podemos aplicar esse conceito na improvisação e, para tanto, usar como referência a música “Afinando”. Uma vez entendida a proposta de estudo, use a base da música para treinar. Observe que esse exercício é, antes de tudo, MENTAL! Não tem nada a ver com a técnica, com “os dedos”. É o cérebro que aprende a coordenar. Então, com calma, experimente primeiro improvisar usando duas notas por pulsação. Depois experimente as tercinas (o que é mais difícil). Feito isso, dedique o tempo de uma base inteira (cerca de 4 minutos, base da música “Afinando”) à mistura entre duas e três notas por pulsação (veja o vídeo). Quando se sentir mais seguro, coloque pausas. Você perceberá que o resultado será muito bom após um pequeno tempo dedicado a esse estudo. Depois de ter cumprido essa etapa, experimente tocar quatro notas por pulsação. Passe a alternar três e quatro notas. Sucessivamente, se quiser, experimente seis e oito notas por pulsação. Turi Collura Pianista, compositor, atua como educador musical e palestrante em instituições e festivais de música pelo Brasil. Autor dos métodos “Rítmica e Levadas Brasileiras Para o Piano” e “Piano Bossa Nova”, tem se dedicado ao estudo do piano brasileiro. É autor, também, do método “Improvisação: práticas criativas para a composição melódica”, publicado pela Irmãos Vitale. Em 2012, seu CD autoral “Interferências” foi publicado no Japão. Seu segundo CD faz uma releitura moderna de algumas composições do sambista Noel Rosa. Entre outras atividades, em 2014 Turi está ministrando cursos online em grupo, entre os quais os de “Piano Blues & Boogie”, o de “Improvisação e Composição Melódica” e o de “Bossa Nova”.
[email protected] - www.turicollura.com - www.pianobossanova.com 48 / juLho 2014
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HARMONIA E IMPROVISACAO
AFINANDO Turi Collura
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SAude do musico
por Kariny do Espirito Santo
Redução da sobrecarga e alívio das tensões As mãos - assim como os antebraços - de pianistas e tecladistas são suas mais importantes ferramentas e, por isso, devem ser foco de cuidados para prevenir lesões
O ato de tocar piano ou teclado exige um alto nível de precisão de movimento, dedos rápidos e horas de exercícios. Isso expõe os músicos, às vezes, à intensa fadiga e, com isso, a problemas de saúde que afetam seus músculos e suas articulações. Muitos fatores de risco contribuem para o surgimento de queixas musculoesqueléticas durante a prática musical, como técnica incorreta, postura inadequada, condições físicas do músico e muitas horas de dedicação. Manter os punhos na mesma linha do cotovelo e intercalar a posição de neutro/extensão do punho durante o movimento dos dedos ao tocar, influi em menor sobrecarga nas estruturas, pois o corpo se beneficia da vantagem mecânica do movimento funcional (Figura 1). O pianista também deve estar atento à sua postura: o tronco deve ser mantido ereto, os punhos neutros e o antebraço paralelo ao chão. Existe um sinergismo entre os músculos do punho e dos dedos chamado “efeito tenodese”, cuja extensão do punho (isto é, a altura do punho mais baixa que a mão) facilita o fechamento ou a flexão dos dedos (Figura 2), ao
Figura 1 50 / juLho 2014
Figura 2
passo que a flexão do punho (ou seja, o punho um pouco mais alto) favorece a abertura dos dedos. (Figura 3). Observa-se, entretanto, que até mesmo na posição ideal, a abertura da mão para atingir certas notas e a força excessiva ao tocar podem causar tensões nos tendões. Reservar um tempo para a manutenção da flexibilidade e da força dos tecidos musculares é fundamental ao pianista para a prevenção de eventuais danos. Exercícios de relaxamento
Uma boa forma de relaxar os músculos e os tendões das mãos e antebraços é praticar algumas técnicas de alongamento antes e depois de tocar. Essas técnicas são fáceis e ajudam a aliviar as tensões que, eventualmente, possam surgir. Alongamento de dedos (Figura 4): trabalhe o alongamento de cada dedo (individualmente) fazendo duas séries de sustentação de 20 segundos cada. Cuidado para não se exceder no alongamento para não se machucar! Alongamento de antebraço (Figura 5): trabalhe o alongamento fazendo duas séries de sustentação de 20 segundos cada.
Figura 3 teclas & afins
SAude do musico
A compressão com uma bola de tênis ou outro tipo de bola de material consistente (Figura 6), rolando sobre o antebraço e as mãos, alivia as tensões musculares e gera sensação de leveza (compressão por um minuto e descanso de 30 seg.).
Ajudando o corpo
Os alongamentos e a mobilização articular não apenas ajudam a prevenir lesões, mas propiciam, também, conforto e longevidade na prática musical. Então, vale a dica: faça alongamentos antes e depois de tocar.
Figura 4
Figura 5
Figura 6
Kariny do Espírito Santo Fisioterapeuta, graduada na Universidade Federal do Espírito Santo. Atua na área de Pilates e de tratamentos de TraumatoOrtopedia. Tem formação em Pilates, Musculação Terapêutica e Mobilização Neural. Atualmente está aprofundando atuação na área de reabilitação dos músicos. Contato: karinyes.fi
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juLho 2014 / 51
arranjo comentado
por rosana giosa
Baião Este é um gênero tipicamente nordestino, que caiu no gosto de todos os brasileiros e de muitos músicos e compositores importantes tanto na música cantada quanto na instrumental. Já no início do século 19, o baião era conhecido como baiano, do verbo baiar ou bailar. Era uma mistura de dança dos nativos do Nordeste com o batuque trazido pelos escravos africanos, somada à dança praticada nas metrópoles. As letras das músicas falavam do cotidiano dos nordestinos, seus problemas e dificuldades. Mas foi na segunda metade da década de 1940 que o baião tornou-se popular, por meio dos músicos Luiz Gonzaga, conhecido como o “rei do baião”, e Humberto Teixeira, o “doutor do baião”. A dupla compôs várias músicas nesse ritmo e levaram essa sonoridade ao ápice do sucesso. A partir de 1950, se iniciou o declínio do baião. Mas uma importante geração de músicos nordestinos decidiram dar novo fôlego para o ritmo, como os baianos tropicalistas e Geraldo Vandré, que regravou o clássico “Asa Branca”. Depois de mais algum tempo mantido à margem da história musical, o baião ressurgiu no final da década de 1970, graças a Dominguinhos, Zito Borborema, João do Vale e Quinteto Violado, entre outros, e inspirou decisivamente o estilo tropicalista de Gilberto Gil e o rock de Raul Seixas, que unia essas duas sonoridades, batizando a mistura de Baioque. O baião tradicional é tocado com sanfona, viola caipira, flauta doce, triângulo e zabumba. O Ovo
O compositor alagoano Hermeto Pascoal - considerado um dos maiores gênios da música mundial por sua imensa criatividade por boa parte dos músicos - lançou seu primeiro disco em 1967, em que gravou sua primeira composição: “O Ovo”. Ela se tornou um clássico da música instrumental, assim como “Bebê”. Hermeto surgiu com uma nova proposta de inovação musical que misturava elementos nordestinos com harmonias jazzísticas e contemporâneas. O arranjo
Esta peça é um pequeno baião em Sol Maior com duas partes, A e B, com oito compassos cada uma. Mas deve-se reparar que o Fa# da escala de Sol Maior que está na armadura da clave é anulado muitas vezes durante a música. Com isso, pode-se entender que a escala de Sol Maior foi alterada para a escala de Sol Mixolídia, muito usada na música nordestina: Sol
Lá Si
Dó Ré
Mi
Fá(natural) Sol
Neste arranjo, essa estrutura é repetida três vezes, da seguinte forma: 1. A e B: o tema é acompanhado pelo padrão simples de baião. Se inicia no compasso 2 e se repete até o compasso 17, apenas com algumas variações; 2. A: o tema se repete com o padrão de baião agora em uma região mais grave, com uma colcheia na metade do 2º tempo, para imprimir mais movimento. Nesse acompanhamento, é importante usar o pedal indicado para fazer a ligação entre o baixo e o resto do acorde. B: a esquerda interrompe o padrão rítmico para criar algo novo, com acordes acentuados, e fazer a última frase em 3ªs (ou 10ªs), técnica muito típica desse gênero nordestino. 3. A e B: retorna-se ao compasso 18 e repete-se tudo até o fim. Bom estudo! 52 / juLho 2014
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arranjo comentado
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juLho 2014 / 53
arranjo comentado
Rosana Giosa Pianista de formação popular e erudita, vive uma intensa relação com a música dividindo seu trabalho entre apresentações, composições, aulas e publicações para piano popular. Pela sua Editora Som&Arte lançou três segmentos de livros: Iniciação para piano 1 e 2 ; Método de Arranjo para Piano Popular 1, 2 e 3 ; e Repertório para Piano Popular 1, 2 e 3. Com seu TriOficial e outros músicos convidados lançou o CD Casa Amarela, com composições autorais. É professora de piano há vários anos e desse trabalho resultou a gravação de nove CDs com seus alunos: três CDs coletivos com a participação de músicos profissionais e seis CDs-solo. Contato:
[email protected] 54 / juLho 2014
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s e õ ç a r e t l a a a t i e j u s o ã ç a m a r g o r p
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Patrick Zimmerli e Sonia Rubinsky com TUCCA Filarmonia 10/09
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