Metodologia do trabalho científico 1º Semestre - 1º Tema 1º Período “Em educação, nenhuma oportunidade deve ser perdida, tanto para aprender, quanto para ensinar, como para sentir”. Apresentação da disciplina Querido Estudante!
A humanidade tem passado por mudanças significativas a partir das últimas décadas, precisamente nesse período que vem sendo chamado de globalização. Desde o advento da imprensa, que pode ser considerado o grande marco distintivo da cultura moderna, quando o conhecimento produzido e acumulado pela humanidade começou a ser socializado, não assistimos a tantas mudanças em termos de disseminação do conhecimento. Frente às sucessivas mudanças que vem ocorrendo no mundo, evidenciamos a necessidade do homem estar preparado para as demandas sociais, o mercado de trabalho, o conhecimento pluricultural, as novas tecnologias da informação etc. Por isso, investir no estudo e na pesquisa, enfim, na construção do conhecimento, no desenvolvimento do espírito científico e do pensamento crítico crítico e reflexivo é o mais seguro seguro método para alcançarmos alcançarmos o progresso progresso da ciência e da humanidade.
Nossa disciplina é o eixo norteador que lhe dará subsídios para a sistematização dos conhecimentos adquiridos em todas as outras disciplinas ao longo do curso, viabilizando a instrumentalização de normas e procedimentos acadêmicos e científicos importantes e necessários para a sua vida profissional. Vamos iniciar agora a disciplina “Metodologia do Trabalho Científico”. Ela está dividida em 2 blocos e 4 temas. temas. Portanto, nossa postura diante do curso, dos textos, das atividades e dos conteúdos que serão trabalhados ao longo de todo o processo é que nos oportunizará absorver os conhecimentos necessários para a compreensão das constantes mudanças que estamos vivendo nos últimos tempos. Desejo discernimento, iniciativa e realizações. Profª Ana Paula Amorim Amorim Edição revisada revisada e ampliada por: por: Profª. Naurelice Maia (tema 01), Profª. Leila Leila Cruz (tema 02), Profª. Rita Cristiane Gusmão(tema Gusmão(tema 03) e Profª. Profª. Patrícia Sena (tema (tema 04).
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Metodologia do trabalho científico 1º Semestre - 1º Tema 1º Período “Em educação, nenhuma oportunidade deve ser perdida, tanto para aprender, quanto para ensinar, como para sentir”. Apresentação da disciplina Querido Estudante!
A humanidade tem passado por mudanças significativas a partir das últimas décadas, precisamente nesse período que vem sendo chamado de globalização. Desde o advento da imprensa, que pode ser considerado o grande marco distintivo da cultura moderna, quando o conhecimento produzido e acumulado pela humanidade começou a ser socializado, não assistimos a tantas mudanças em termos de disseminação do conhecimento. Frente às sucessivas mudanças que vem ocorrendo no mundo, evidenciamos a necessidade do homem estar preparado para as demandas sociais, o mercado de trabalho, o conhecimento pluricultural, as novas tecnologias da informação etc. Por isso, investir no estudo e na pesquisa, enfim, na construção do conhecimento, no desenvolvimento do espírito científico e do pensamento crítico crítico e reflexivo é o mais seguro seguro método para alcançarmos alcançarmos o progresso progresso da ciência e da humanidade.
Nossa disciplina é o eixo norteador que lhe dará subsídios para a sistematização dos conhecimentos adquiridos em todas as outras disciplinas ao longo do curso, viabilizando a instrumentalização de normas e procedimentos acadêmicos e científicos importantes e necessários para a sua vida profissional. Vamos iniciar agora a disciplina “Metodologia do Trabalho Científico”. Ela está dividida em 2 blocos e 4 temas. temas. Portanto, nossa postura diante do curso, dos textos, das atividades e dos conteúdos que serão trabalhados ao longo de todo o processo é que nos oportunizará absorver os conhecimentos necessários para a compreensão das constantes mudanças que estamos vivendo nos últimos tempos. Desejo discernimento, iniciativa e realizações. Profª Ana Paula Amorim Amorim Edição revisada revisada e ampliada por: por: Profª. Naurelice Maia (tema 01), Profª. Leila Leila Cruz (tema 02), Profª. Rita Cristiane Gusmão(tema Gusmão(tema 03) e Profª. Profª. Patrícia Sena (tema (tema 04).
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Bloco Temático 01 O conhecimento humano e a ciência O nosso primeiro bloco temático versa sobre “O conhecimento humano e a ciência”. Nesta oportunidade, são contempladas questões tais como: a formação humana, o conhecimento (significação, principais elementos, tipos, registro e sistematização), a relação entre metodologia e universidade, estudo, aprendizagem e leitura. l eitura. Conversaremos também acerca da ciência, suas concepções e características, buscando fazer um panorama de sua natureza/estrutura e dimensão. Trataremos ainda da metodologia científica enquanto recurso e instrumento para a ciência da educação. Dentre as contribuições proporcionadas pelos conteúdos propostos neste bloco temático consta a formação contínua do estudante na qualidade de sujeito ativo e transformador que percebe seu entorno de modo reflexivo, crítico e criativo e se constitui enquanto produtor de conhecimento e saberes.
O ser humano, a sociedade e o conhecimento Nesse conteúdo oferecemos subsídios à discussão em torno do CONHECIMENTO, como ele acontece e quais os seus principais tipos com as respectivas características. Esse conteúdo é muito importante pelo fato f ato de o estudante do Ensino Superior estar lidando com ele durante os conteúdos propostos pelas diversas disciplinas ao longo do curso. Aumentando, cada vez mais, o conjunto de conhecimentos e saberes que conferem ao aluno a qualidade de estudante, de sujeito ativo e transformador, comprometido a CONHECER, buscar o conhecimento e organizá-lo sistematicamente, construindo seu próprio ser. Então vamos juntos nessa caminhada com determinação e disposição constante para a aprendizagem!!!
Ser Humano , Conhecimento e Saber O que significa “Ser Humano”? O Ser Humano nasce já pessoa ou torna-se pessoa? Como cada um de nós percebe a significação do humano mediante o contexto que vivencia e as escolhas que faz? Que tal postar em nosso fórum, tópico “Ser Humano, Conhecimento e Saber”, possíveis respostas e comentários para os questionamentos acima? Estamos aguardando sua participação!
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Esses e outros questionamentos remetem ao vasto campo de discussão que hoje se estabelece sobre a formação humana. Conforme o educador francês contemporâneo, Charlot (2000), nascer significa ver-se submetido à obrigação de aprender. Aprender para construir-se em triplo processo de hominização (tornar-se homem), de singularização (tornar-se um exemplar único de homem), de socialização (tornar-se membro de uma comunidade, partilhando seus valores e ocupando um lugar nela).
Nesse triplo processo o ser humano vai construído seu próprio ser, se estabelecendo na qualidade de sujeito transformador, de ser da e para a relação... Para as diversas relações com o saber.
O conceito de relação com o saber A relação com o saber é uma forma da relação com o mundo: é essa a proposição básica. Voltemos ao ponto de partida: a condição antropológica, fundamento de toda e qualquer elaboração teórica sobre a relação com o saber. "Por um lado", a criança enquanto indivíduo humano inacabado; "do outro", um mundo pré-existente e já estruturado. Mas, precisamente, não se deve situá-las assim, frente a frente, pois isso impedirá que se pense sua relação. A criança não é um objeto incompleto situado em um "ambiente" (um conjunto de outros objetos em torno dela). Situar o problema em termos de ambiente é precipitar-se em inextricáveis dificuldades, pois, assim, é-se obrigado a raciocinar em termos de influências do ambiente sobre a criança. Mas "a influência" não influencia senão quem se deixa influenciar por essa influência... Um evento, um lugar, uma pessoa produzem efeitos sobre tal indivíduo sem por isso surtir obrigatoriamente um efeito sobre outro indivíduo, que apresenta no entanto as mesmas características objetivas. Em outras palavras, um é "influenciado" e o outro, não. Para entender isso, deve-se procurar a relação que existe entre cada um desses indivíduos e esse evento, esse lugar, etc. Isso quer dizer que, na verdade, a "influência" é uma relação e, não, uma ação exercida pelo ambiente sobre o indivíduo [...]. A relação com o saber é relação de um sujeito com o mundo, com ele mesmo e com os outros. É relação com o mundo como conjunto de significados, mas, também, como espaço de atividades, e se inscreve no tempo. Precisemos esses três pontos. O mundo é dado ao homem somente através do que ele percebe, imagina, pensa desse mundo, através do que ele deseja, do que ele sente: o mundo se oferece a ele como conjunto de significados, partilhados com outros homens. O homem só tem um mundo porque tem acesso ao universo dos significados, ao "simbólico"; e nesse universo simbólico é que se estabelecem as relações entre o sujeito e os outros, entre o sujeito e ele mesmo. Assim, a relação com o saber, forma de relação com o mundo, é uma relação com sistemas simbólicos, notadamente, com a linguagem. Nem por isso devemos esquecer que o sujeito e o mundo não se confundem. O homem tem um corpo, é dinamismo, energia a ser despendida e reconstituída; o mundo tem uma materialidade, ele preexiste, e permanecerá, independentemente do sujeito. Apropriar-se do mundo é também apoderar-se materialmente dele, moldá-lo, transformá-lo. O mundo não é apenas conjunto de significados, é, também, horizonte de atividades. Assim, a relação com o saber implica uma 3
atividade do sujeito. E exatamente para marcar essa "exterioridade" do mundo e do sujeito é que eu falo em "relação" com o saber, de preferência a "ligação" com o saber: o termo "relação" indica melhor que o sujeito se relaciona com algo que lhe é externo (Mosconi, in Beillerot, Blanchard-Laville, Mosconi et al., 1996). Por fim, a relação com o saber é relação com o tempo. A apropriação do mundo, a construção de si mesmo, a inscrição em uma rede de relações com os outros - "o aprender" - requerem tempo e jamais acabam. Esse tempo é o de uma história: a da espécie humana, que transmite um patrimônio a cada geração; a do sujeito; a da linhagem que engendrou o sujeito e que ele engendrará. Esse tempo não é homogêneo, é ritmado por "momentos" significativos, por ocasiões, por rupturas; é o tempo da aventura humana, da espécie, do indivíduo. Esse tempo, por fim, se desenvolve em três dimensões, que se interpenetram e se supõem uma à outra: o presente, o passado, o futuro. São essas as dimensões constitutivas do conceito de relação com o saber. Analisar a relação com o saber é estudar o sujeito confrontado à obrigação de aprender, em um mundo que ele partilha com outros: a relação com o saber é relação com o mundo, relação consigo mesmo, relação com os outros. Analisar a relação com o saber é analisar uma relação simbólica, ativa e temporal. Essa análise concerne à relação com o saber que um sujeito singular inscreve num espaço social. CHARLOT, Bernard. A relação com o saber: conceitos e definições. Disponível em: < http://pedagogia.incubadora.fapesp.br/portal > Acesso em: 14 nov. 2006.
Desta forma, a construção/autoconstrução humana ocorre de modo processual e contínuo, na infinita teia das inter-relações, contribuindo à construção social da realidade. A compreensão de uma sociedade só é possível quando seu estudo se dá de modo abrangente, envolvendo aspectos diversos, e muitas vezes entrelaçados, como religiosidade, relação com a morte, cotidiano, organização, entre outros Você já se indagou sobre todo este conhecimento e informações que nos deparamos em nosso dia-a-dia?
Como você pensa que esse conhecimento é produzido? Para você existem tipos diferenciados de conhecimento? Quem produz esses conhecimentos? Você produz conhecimento? Como? E então para você...
Como ocorre o conhecimento? Qual o papel e importância do ato de pesquisar e de estudar neste processo de aquisição e produção de conhecimento?
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Pois é... Estas e muitas outras indagações serão discutidas ao longo dos nossos estudos e teremos o prazer de manter diálogos investigativos em nosso fórum de discussão para, cada vez mais, conhecermos essas questões.
O Ato de conhecer O século XXI se apresenta como a Era do Conhecimento. Nos meios políticos, econômicos, acadêmicos, por toda a parte houve-se dizer que o conhecimento é a moeda corrente e a informação é matéria prima que constrói o conhecimento. Mas que informações, que conhecimento? Conhecimento racional construído pelos setores intelectualizados da sociedade que considera os fora da Universidade como seres de segunda categoria? Conhecimento afetivo, perceptivo, construído a partir da subjetividade individual entrelaçado nas inter-relações pessoais? Desde cedo, os mestres nos falam da necessidade de aprender a conhecer o mundo e posteriormente da necessidade de autoconhecimento. Agora que você já visualizou a animação ”Caçador de Mim” e esteve diante dos questionamentos propostos em torno do autoconhecer e de suas implicações na qualidade de movimento educativo, importa pensar sobre a nossa intencionalidade perante o processo de construção dos saberes, importa pensar as finalidades do educar...
Nessa perspectiva, qual seria um dos maiores objetivos do ato de conhecer? Comumente, as pessoas entram na engrenagem do conhecimento do mundo sem colocar em pauta o que significa conhecer. Todavia, à medida que nos defrontamos, na relação com o mundo, com os vários campos e formas de conhecimento. Entramos num emaranhado de conceitos. Então percebemos que quase não tematizamos questões básicas como:
Quem conhece? Como Conhece? Para que conhece? O conhecimento verdadeiro é o conhecimento objetivo? E o conhecimento subjetivo é falso? • • • •
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Hoje recebemos passivamente, através das instituições escolares, um modelo de conhecimento imposto pela ideologia do sistema tecnocrata. É o modelo, muitas vezes deturpado, do conhecimento científico.
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Esse modelo tem a sua razão de ser, expressa um modo de conhecer e dominar racionalmente a realidade, mas não deveria ser a única abordagem. E mais ainda, esse modelo se acha comprometido muitas vezes com os interesses e discursos ideológicos de dominação social. O estudo desses problemas nos remete à constatação de controvertidas respostas a exigir uma análise esclarecedora do sentido do conhecimento. Então, finalmente, o que é conhecimento? Partindo da etimologia da palavra, o termo conhecimento vem do latim cognoscere, que significa conhecer pelos sentido.
É o pensamento que resulta da relação que se estabelece entre o sujeito que conhece e o objeto a ser conhecido.
Modos de Conhecer O conhecimento também pode ser definido como a manifestação da consciência-de-conhecer. Em outras palavras, ele existe quando o indivíduo consegue explicar um “dado” vivido. Portanto, o conhecimento e/ou o ato de conhecer existe como forma de solução de problemas próprios e comuns à vida. No dia-a-dia, o ato de conhecer se manifesta tão natural que nem nos damos conta da sua complexidade. Visto que existem múltiplas interpretações a respeito do real, diversos são os modos de significar o conhecimento. Só o exame nos possibilita compreender o que está sendo passado de obscuro e de ideológico no meio cultural, e recebido por nós, na maioria das vezes sem nenhuma crítica. Uma síntese de como ocorre o conhecimento no homem.
Então... O conhecimento é o atributo geral que tem os seres vivos de reagir ativamente ao mundo circundante, na medida de sua organização biológica e no sentido de sua sobrevivência. O homem, utilizando de suas capacidades, procura conhecer o mundo que o rodeia, o conhecimento, a informação, enfim, a prática de vida resulta em conhecimentos.
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À primeira vista pode até parecer complicado, Entender o conhecimento é entender a nossa realidade.
mas
é
só
impressão...
Vamos pensar em respostas possíveis para as questões abaixo? Essas reflexões convidam outras questões? Quais?
Na produção do conhecimento, qual é o ponto de partida? O sujeito? O objeto? A relação entre entre sujeito sujeito e objeto?
E, no cotidiano escolar, qual o ponto de partida para produção dos saberes? De que modo a experiência e o envolvimento se constituem como elementos indispensáveis à produção dos saberes? Você sabia que a “incerteza” é favorável ao conhecimento e, especialmente, à construção da nossa práxis enquanto educadores educadores e educadoras? educadoras? Sua participação é fundamental! f undamental! Estamos aguardando! Então, para compreendermos de fato esse assunto vamos lançar o olhar sobre a Teoria do Conhecimento.
A Teoria do Conhecimento A Teoria do Conhecimento é uma explicação ou interpretação filosófica do conhecimento humano. É também denominada de filosofia da ciência, e tem seus fundamentos estabelecidos de acordo com cada perspectiva de interpretação. A Teoria do Conhecimento tem os seus fundamentos estabelecidos de acordo com cada perspectiva de interpretação, constituindo assim diferentes correntes do conhecimento como: o dogmatismo, o ceticismo, o criticismo, o idealismo, o realismo, etc. No conhecimento encontram-se frente f rente a frente a consciência e o objeto, o sujeito e o objeto. O conhecimento apresenta-se como uma relação entre estes dois elementos, que nela permeiam eternamente separados um do outro. O dualismo sujeito e objeto pertence à essência do conhecimento. A relação entre os dois elementos é ao mesmo tempo uma correlação. O sujeito só é sujeito para um objeto e o objeto para um sujeito. Ambos só são o que são enquanto o são para o outro. Mas esta correlação não é reversível. Ser sujeito é algo completamente distinto de ser objeto. A função do sujeito consiste em apreender o objeto, a do objeto em ser apreendido pelo sujeito.
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Os homens são os únicos seres que possuem razão, capacidade de relacionar, e ir além da realidade imediata. O conhecimento é uma forma de estar no mundo, e o processo do conhecimento mostra aos homens que eles jamais são alguma coisa pronta na medida em que estão sempre nascendo de novo, quando têm a coragem de se mostrar abertos diante da realidade. A capacidade dos homens pode:
FAZER CONHECIMENTO
USAR CONHECIMENTO
POSICIONAR-SE DIANTE DO CONHECIMENTO
ESTAR CRIATIVAMENTE NO NO MUNDO
ESTAR SIMPLESMENTE NO NO MUNDO
ESTAR CRITICAMENTE NO NO MUNDO
usa alguma coisa que já está estar aberto para reavaliar a própria pronta, acabada, definitiva, capacidade no trabalho do conforme determinado conhecer conhecimento considerado como suficiente
implica colocar a relação do fazer e do usar de maneira dialética
TIPOS DE CONHECIMENTO Conhecimento Popular Denominado de popular ou senso comum, resulta do modo espontâneo e corrente de conhecer. É o conhecimento do dia-a-dia e se obtém pela experiência cotidiana. É o modo comum, espontâneo ou pré-crítico da maioria das pessoas conhecer; vem da tradição ou do ouvir-dizer dentro da sociedade [...]. Cada um ao longo de sua vida vai acumulando experiências, interiorizando tradições, reforçando-as com novos comportamentos e armazenando, assim, conhecimentos. conhecimentos. Surge fragmentariamente, sem método ou sistema conforme as ocasiões da vida aparecem; tal conhecimento não é procurado por si, mas acontecimentos da vida familiar, profissional, religiosa e social colocam a pessoa ao par de informações[...]. Este conhecimento atinge o fato, o fenômeno sem se preocupar com leis mais gerais que o explique, por isso gera certezas intuitivas e pré-criticas. CAMARGO, Marculino. Filosofia do Conhecimento e Ensino-Aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 2004. p. 48-49
Algumas características desse tipo de conhecimento: a) Sensitivo: É a característica que se dá segundo a faculdade do sujeito cognoscente em sentir aquilo que lhe é meramente agradável ou desagradável. [...] Nessa característica, o homem em seu processo de conhecimento não consegue discernir o essencial do acidental, apreendendo apenas aspectos externos dos objetos e dos fatos [..]. b) Superficial: Retém-se, nesse caso, aquilo que é aparente, sem ater-se à análise de antecedentes e conseqüentes que provocam a ocorrência do fenômeno. Exemplificando, toma-se consciência de que os corpos caem até o solo ou sobre um outro objeto apoiado na terra. No dia-a-dia, o homem pode contentar-se com essa observação, achando ser isso tão comum e tão simples que não procura uma explicação para o fato, não constata por
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conseqüência o que Isaac Newton demonstrou: que a matéria em uma relação equacional e que a força de atração entre os corpos é denominada gravidade. c) Subjetivo: Há, nesse caso, uma concepção individual e particular das coisas que estão dispostas no cosmo. Trata-se de um conhecimento direto com o mundo objetivo imediato, em que se projeta o eu individual com a sua competência espontânea e sensitiva. d) Destituído de método (assistemático): Não possui definições metodológicas que permitem a ordenação intencional e generalizada de fases que viabilizem a construção de um modelo inteligível, simples, preciso e verificável do mundo em que se vive. Consequentemente, Consequentemente, o saber é dispersivo e assistemático. e) Impregnado de projeções psicológicas : Trata-se de um conhecimento impregnado de
ilusões e paixões. Tal é o caso das superstições. BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de Metodologia Científica: um guia para a iniciação científica. 2ª ed. São Paulo: Paerson, 2006. p.33
CONHECIMENTO CIENTÍFICO É o conjunto organizado de conhecimentos sobre um determinado objeto, em especial obtidos mediante a observação, a experiência dos fatos e um método próprio. Caracterizando-se pela capacidade de analisar, de explicar, de desdobrar, de justificar, de induzir ou aplicar leis, de predizer com segurança segurança eventos futuros. Ele explica os os fenômenos e não só os apreende. apreende. O conhecimento científico é factual [...], denotando coisas que existem no espaço e no tempo. O conhecimento científico é verificável ou demonstrável; ele se baseia num método de observação, formulação de hipótese e demonstração; com este processe atinge as causas da realidade, formulando leis gerais comprovadamente. comprovadamente. O conhecimento científico é analítico enquanto disseca ou dissocia aspectos do fenômeno, decompondo o todo para perceber as interconexões a fim de remontar ou sintetizar novamente. O conhecimento científico é metódico e sistemático, rigoroso e crítico, acumulativo e falível: a ciência se constrói, faz e refaz caminhos. CAMARGO, Marculino. Filosofia do Conhecimento e Ensino-Aprendizagem. Petrópolis: Vozes, 2004. p. 47-48
CONHECIMENTO FILOSÓFICO Em sentido etimológico, Filosofia significa devotamento à sabedoria / amigo da sabedoria, isto é, interesse em acertar nos julgamentos sobre a verdade e a falsidade, sobre o bem e sobre o mal. Veja de que modo Marilena Chauí nos convida ao entendimento da atitude e da reflexão filosófica e da atitude crítica.
A atitude filosófica Imaginemos, agora, alguém que tomasse uma decisão muito estranha e começasse a fazer perguntas inesperadas. Em vez de "que horas são?" ou "que dia é hoje?", perguntasse: O que é o
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tempo? Em vez de dizer "está sonhando" ou "ficou maluca", quisesse saber: O que é o sonho? A loucura? A razão? Se essa pessoa fosse substituindo sucessivamente suas perguntas, suas afirmações por outras: “Onde há fumaça, há fogo”, ou “não saia na chuva para não ficar resfriado”, por: O que é causa? O que é efeito? ; “seja objetivo”, ou “eles são muito subjetivos”, por: O que é a objetividade? O que é a subjetividade? ; “Esta casa é mais bonita do que a outra”, por: O que é “mais”? O que é “menos”? O que é o belo?
Em vez de gritar “mentiroso!”, questionasse: O que é a verdade? O que é o falso? O que é o erro? O que é a mentira? Quando existe verdade e por quê? Quando existe ilusão e por quê? Se, em vez de falar na subjetividade dos namorados, inquirisse: O que é o amor? O que é o desejo? O que são os sentimentos?
Se, em lugar de discorrer tranqüilamente sobre “maior” e “menor” ou “claro” e “escuro”, resolvesse investigar: O que é a quantidade? O que é a qualidade? E se, em vez de afirmar que gosta de alguém porque possui as mesmas idéias, os mesmos gostos, as mesmas preferências e os mesmos valores, preferisse analisar: O que é um valor? O que é um valor moral? O que é um valor artístico? O que é a moral? O que é a vontade? O que é a liberdade?
Alguém que tomasse essa decisão, estaria tomando distância da vida cotidiana e de si mesmo, teria passado a indagar o que são as crenças e os sentimentos que alimentam, silenciosamente, nossa existência. Ao tomar essa distância, estaria interrogando a si mesmo, desejando conhecer por que cremos no que cremos, por que sentimos o que sentimos e o que são nossas crenças e nossos sentimentos. Esse alguém estaria começando a adotar o que chamamos de atitude filosófica. Assim, uma primeira resposta à pergunta “O que é Filosofia?” poderia ser: A decisão de não aceitar como óbvias e evidentes as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os valores, os comportamentos de nossa existência cotidiana; jamais aceitá-los sem antes havê-los investigado e compreendido. Perguntaram, certa vez, a um filósofo: “Para que Filosofia?”. E ele respondeu: “Para não darmos nossa aceitação imediata às coisas, sem maiores considerações”. CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. Disponível em: . Acesso em: 09 nov. 2006
A atitude crítica A primeira característica da atitude filosófica é negativa, isto é, um dizer não ao senso comum, aos pré-conceitos, aos pré-juízos, aos fatos e às idéias da experiência cotidiana, ao que “todo mundo diz e pensa”, ao estabelecido. A segunda característica da atitude filosófica é positiva, isto é, uma interrogação sobre o que são as coisas, as idéias, os fatos, as situações, os comportamentos, os valores, nós mesmos. É também uma interrogação sobre o porquê disso tudo e de nós, e uma interrogação sobre como
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tudo isso é assim e não de outra maneira. O que é? Por que é? Como é? Essas são as indagações fundamentais da atitude filosófica. A face negativa e a face positiva da atitude filosófica constituem o que chamamos de atitude crítica e pensamento crítico. A Filosofia começa dizendo não às crenças e aos preconceitos do senso comum e, portanto, começa dizendo que não sabemos o que imaginávamos saber; por isso, o patrono da Filosofia, o grego Sócrates, afirmava que a primeira e fundamental verdade filosófica é dizer: “Sei que nada sei”. Para o discípulo de Sócrates, o filósofo grego Platão, a Filosofia começa com a admiração; já o discípulo de Platão, o filósofo Aristóteles, acreditava que a Filosofia começa com o espanto. Admiração e espanto significam: tomamos distância do nosso mundo costumeiro, através de nosso pensamento, olhando-o como se nunca o tivéssemos visto antes, como se não tivéssemos tido família, amigos, professores, livros e outros meios de comunicação que nos tivessem dito o que o mundo é; como se estivéssemos acabando de nascer para o mundo e para nós mesmos e precisássemos perguntar o que é, por que é e como é o mundo, e precisássemos perguntar também o que somos, por que somos e como somos. CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. Disponível em: Pfilosofia.pop.com.br. Acesso em: 09 nov. 2006
A reflexão filosófica Reflexão significa movimento de volta sobre si mesmo ou movimento de retorno a si mesmo. A reflexão é o movimento pelo qual o pensamento volta-se para si mesmo, interrogando a si mesmo. A reflexão filosófica é radical porque é um movimento de volta do pensamento sobre si mesmo para conhecer-se a si mesmo, para indagar como é possível o próprio pensamento. Não somos, porém, somente seres pensantes. Somos também seres que agem no mundo, que se relacionam com os outros seres humanos, com os animais, as plantas, as coisas, os fatos e acontecimentos, e exprimimos essas relações tanto por meio da linguagem quanto por meio de gestos e ações. A reflexão filosófica também se volta para essas relações que mantemos com a realidade circundante, para o que dizemos e para as ações que realizamos nessas relações. A reflexão filosófica organiza-se em torno de três grandes conjuntos de perguntas ou questões:
1. Por que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos e fazemos o que fazemos? Isto é, quais os motivos, as razões e as causas para pensarmos o que pensamos, dizermos o que dizemos, fazermos o que fazemos? 2. O que queremos pensar quando pensamos, o que queremos dizer quando falamos, o que queremos fazer quando agimos? Isto é, qual é o conteúdo ou o sentido do que pensamos, dizemos ou fazemos? 3. Para que pensamos o que pensamos, dizemos o que dizemos, fazemos o que fazemos? Isto é, qual é a intenção ou a finalidade do que pensamos, dizemos e fazemos?
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Essas três questões podem ser resumidas em: O que é pensar, falar e agir? E elas pressupõem a seguinte pergunta: Nossas crenças cotidianas são ou não um saber verdadeiro, um conhecimento? Como vimos, a atitude filosófica inicia-se indagando: O que é? Como é? Por que é?, dirigindo-se ao mundo que nos rodeia e aos seres humanos que nele vivem e com ele se relacionam. São perguntas sobre a essência, a significação ou a estrutura e a origem de todas as coisas. Já a reflexão filosófica indaga: Por quê?, O quê?, Para quê?, dirigindo-se ao pensamento, aos seres humanos no ato da reflexão. São perguntas sobre a capacidade e a finalidade humanas para conhecer e agir. CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. Disponível em: . Acesso em: 09 nov. 2006
O quadro a seguir apresenta reflexões sobre a experiência que, conforme Platão e Aristóteles, proporcionam ao ser humano o empenho do pensar filosoficamente. Essa experiência corresponde ao thauma, perplexidade...
Admiração e Desbanalização Platão e Aristóteles deram à filosofia uma de suas melhores definições. Eles viram a filosofia como um discurso admirado e/ou espantado com o mundo. É difícil abandonar a idéia, que vem dos clássicos gregos, de que um discurso que fala sobre o mundo e que responde questões do tipo “o que é um raio?”, “como acontece um raio?”, é um discurso curioso – como discurso da ciência –, mas que não denota alguém tão admirado e/ou tão espantado quanto aquele que pergunta “o que é o que é ?” – uma pergunta do discurso filosófico. As perguntas da filosofia mostram uma atitude de máxima admiração, pois demonstram inquietude com aquilo que até então era o mais banal. Se alguém pergunta “o que é o que é ?”, este alguém está criando a desbanalização de algo superbanal, que é a condição de ser , o que até então não havia preocupado ninguém. Nós, por exemplo, estamos cotidianamente preocupados em saber coisas que não sabíamos. Agora, perguntar pelo ser das coisas que queremos saber o que são, nos parece meio fora de propósito – por que teríamos de perguntar pelo que é tão banal? Ora, o que a filosofia faz, na acepção tradicional que vem de Platão e Aristóteles, é justamente isto: ela põe certas perguntas que nos obrigam a olhar o banal como não mais banal. A filosofia, então, é o vocabulário com o qual desbanalizamos o banal. Tudo com o qual estamos acostumados fica sob suspeita, sob o crivo de uma sentença indignada – e, assim, deixamos de nos ver acostumados com as coisas às quais, até então, estávamos acostumados! GHIRALDELLI JUNIOR, Paulo. Que é Filosofia? Disponível 03_07_leia_tam_bem/leia_tambem_16.htm> . Acesso em: 09 nov. 2006
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CONHECIMENTO RELIGIOSO O conhecimento religioso supõe e exige a autoridade divina; nela se fundamenta e só a ela atende. Apóia-se em doutrinas que contêm proposições sagradas (valorativas). A teologia é um conhecimento direcionado à compreensão da totalidade da realidade homem12
mundo. O Objetivo é detectar um princípio e um fim unívoco no que se refere à gênese essencial e existencial do cosmo. A teologia tem por objetivo de estudo os princípios da vida enquanto estes têm a sua causa suficiente em outro ser. É o estudo do Absoluto e da relação que existe entre Absoluto X relativo. [...] Há, nesse nível de conhecimento, a reflexão sobre a essência e a existência naquilo que elas têm como causa primeira e última de toda a vida. [...] Do ponto de vista teológico, a existência divina é evidente, e evidencia não se demonstra e nem se experimenta (pr1ocedimento experimental), mas analisa, interpreta-se e explica-se. BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de Metodologia Científica: um guia para a iniciação científica. 2ª ed. São Paulo: Paerson, 2006. p.36.
Apesar desta separação "metodológica" e categórica no processo de apreensão da realidade do objeto, o sujeito pode penetrar nas diversas categorias. Por sua vez, estas formas de conhecimento podem coexistir na mesma pessoa: um cientista, voltado ao estudo da física, pode ser praticante de determinada religião, estar filiado a um sistema filosófico e, em muitos aspectos de sua vida cotidiana, agir segundo conhecimentos provenientes do senso comum.
Agora, busque ativar sua memória e tente relacionar os diversos tipos de conhecimento destacando as principais características de cada um deles e/ou associando à prática pedagógica. Lembre-se, é para buscar na memória... Não vale olhar no texto. Utilize-o apenas para verificar se suas observações estavam corretas, ok?! Confiamos em você e aguardamos sua participação em nosso fórum! Concepções de Ciência O homem sempre empreendeu esforços em busca da verdade, da compreensão do real, da explicação de sua natureza interna e da natureza externa que o cerca, sempre buscando dar conta das razões de sua existência, a melhor maneira de superar os desafios. Nas diferentes dimensões do conhecimento humano, o homem apresenta respostas e avança na compreensão do mundo. Visto que a ciência é fruto da tendência humana para procurar respostas e justificações positivas e convincentes, nesse conteúdo iremos analisar a natureza da ciência, conceituando seu aspecto lógico como método de raciocínio e de inferência acerca dos fenômenos já conhecidos ou a serem investigados. A ciência aumentou sobremaneira a capacidade de instrumentalização do homem. Desenvolvendo tecnologias avançadas, liberou a mão de obra para atuar na área de serviços e pesquisas científicas. À medida que a ciência avança, o indivíduo se torna cada vez mais capaz de dominar as circunstâncias à sua volta.
A Ciência Do latim scientia, isto é, conhecimento, arte, habilidade. A ciência pode ser entendida como uma sistematização de conhecimentos, um conjunto de proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que se deseja estudar.
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Para Ander-Egg (1978) a ciência é um conjunto de conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodologicamente sistematizados e verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza. Para Freire-Maia (1991) a ciência é um conjunto de descrições, interpretações, teorias, leis, modelos, etc., visando ao conhecimento de uma parcela da realidade, em contínua ampliação e renovação, que resulta da aplicação deliberada de uma metodologia especial (metodologia científica). Desses conceitos emana a característica de apresentar a ciência como um pensamento racional, objetivo, lógico e confiável. São múltiplos os olhares lançados sobre a ciência, gerando diversas correntes do pensamento. Vejamos as considerações realizadas por Barros e Lehfeld sobre duas dentre essas correntes e seus principais postulados:
Positivismo A Ciência é uma postura epistemológica representada pela maturidade do espírito humano. A imaginação está subordinada à observação. A Ciência é eminentemente programática. O critério de definição sobre um conhecimento verdadeiro é um consenso entre humanos de boa-fé, competentes etc. O grande expoente do positivismo é Augusto Comte, que defende a tese de que o homem, em seu processo de conhecimento, assume três estágios de explicação: teológico; metafísico; positivo ou científico. No primeiro item, estão contidas as explicações mitológicas; no segundo, as explicações místicas e, só no terceiro as científicas. Positivamente, a Ciência trata de perscrutar e de encontrar ligações e descrições de como os fatos ocorrem. BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de Metodologia Científica: um guia para a iniciação científica. 2ª ed. São Paulo: Paerson, 2006. p.42
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Dialética A Ciência é definida como sendo o ato de se conhecer a análise do processo do fenômeno como uma parte do processo do conhecimento, realizada a partir de uma consciência crítica. A dialética não explica, não dá esquema de interpretação, ela [...] prepara os quadros da explicação. Assim sendo, a concepção dialética de Ciência reproduz um sistema de conhecimento em desenvolvimento que permite a elaboração de conceitos concernentes às atividades do individuo e, portanto, estabelece previsões a respeito da transformação da realidade e da sociedade. BARROS, Aidil Jesus da Silveira; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de Metodologia Científica: um guia para a iniciação científica. 2ª ed. São Paulo: Paerson, 2006. p.43.
Concepções da ciência Não existe uma única concepção de ciência. Podemos dividí-la em períodos históricos, cada um com modelos e paradigmas teóricos diferentes a respeito da concepção de mundo, de ciência e de método, destacando-se três grandes concepções: a ciência grega, que abrange o período que vai do século VIII a.C. até o final do século XVI; a ciência moderna, do século XVII até o início do século XX; e a ciência contemporânea, que surge no início deste século até nossos dias. Com os gregos, a ciência é tida e conhecida como filosofia da natureza. Tinha como única preocupação a busca do saber, a compreensão da natureza das coisas e do homem. A concepção de ciência moderna opõe-se à ciência grega e ao dogmatismo religioso. Propõe como caminho do conhecimento, o caminho da ciência, através do experimentar, do medir e comprovar. Surge o cientificismo, isto é, a crença de que o único conhecimento válido era o científico e de que tudo poderia ser conhecido pela ciência. A visão contemporânea de ciência centra-se na incerteza e na ruptura com o cientificismo (dogmatismo e a certeza da ciência). É o contexto de crise da ciência e da ruptura do paradigma cartesiano, fundamentado na experiência e adotando a indução e a confirmabilidade para constatar a certeza de seus enunciados.
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Os mitos da ciência Nos últimos três séculos, a ciência e a tecnologia foram capazes de alterar a face do mundo, com mudanças tão radicais como nunca se teve notícia antes. Era inevitável que se criasse uma aura em torno desse saber e desse poder, fazendo surgir, lá onde se pensava apenas existires as luzes da razão, algumas regiões “nebulosas”, os mitos da ciência. Esses mitos atingem leigos e cientistas, maravilhados com o rigor do saber e a eficácia da técnica, alcançando a sociedade como um todo, sempre que os critérios da razão instrumental [...] passam a interferir nos domínios da vida afetiva, fazendo com que a ciência e a técnica se desviem de sua destinação humana.
O mito do cientificismo À medida que a ciência se mostrou capaz de compreender a realidade de forma mais rigorosa, fazendo previsões e transformando o mundo, houve a tendência de desprezar as demais abordagens da realidade, tais como o mito, a religião, o bom senso da vida cotidiana, as intuições da vida afetiva, a arte e a filosofia, que passaram a ser consideradas formas “menores” de conhecimento. A confiança total na ciência valoriza apenas a recionalidade científica, como se ela fosse a única forma de resposta às perguntas que fazemos. Essa maneira de pensar começa com os primeiros sucessos da ciência, e foi valorizada no século XIX pelo filósofo francês Augusto Comte, fundador do positivismo [...]. Os críticos desse exagerado otimismo acusam o cientificismo de criar formas destrutivas e opressivas tanto da natureza quanto do ser humano. O filósofo alemão Max Weber (18641920) percebe que a formalização da razão, tendo em vista o rendimento e a eficácia, caminha ao lado do desencantamento do mundo , agora despojado de seus aspectos míticos, sagrados, para se tornar mecânico e casual. Também os pensadores da Escola de Frankfurt, como Horkheimer e Adorno, criticam a predominância da razão instrumental controladora – responsável por reduzir a atuação humana ao campo da eficácia, além de fazer esquecer que a relação do ser humano com a natureza não deve ser de dominação, mas harmonia [...].
O mito da neutralidade científica A ciência é um tipo de saber capaz de superar a subjetividade d o próprio cientista e os preconceitos do senso comum. O rigor do método permite atingir alto grau de objetividade, e seus processos e produtos podem ser verificados pela comunidade científica. Em decorrência disso, muitos pensam que a ciência é um saber neutro, ou seja, que as pesquisas científicas não sofrem influencia social ou política e visam apenas ao conhecimento “puro” e desinteressado. Nesse sentido, o cientista se ocuparia com a descrição dos fenômenos, e não com juízos de valor. Estando a atividade científica à margem das questões históricas, não caberia ao cientista discutir o uso político de suas descobertas.
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No entanto, sabemos que não é bem assim: a humanidade corre riscos diante do “aprendiz de feiticeiro” incapaz de discutir os fins a que se destinam suas descobertas. Basta indagarmos a respeito dos valores do indivíduo “urbano e civilizado” que sofre de solidão e tem sido vítima dos desconfortos do progresso, como a poluição ambiental. Isso nos leva a questionar o mito do progresso, que justifica as ilusões e preconceitos dos povos “civilizados” quando se julgam superiores aos “menos desenvolvidos” [...]. A bomba atômica não pode ser apenas o resultado do saber sobre a energia atômica, nem da simples técnica de produzir explosão. Trata-se de um saber e de uma técnica que dizem respeito à vida e à morte de seres humanos [...]. [...] As altas cifras destinadas às pesquisas exigem o apoio financeiro de instituições publicas e privadas, desejosas de subvencionar os trabalhos que mais lhe interessem. Pode-se falar que, por muito tempo, houve uma “indústria da guerra” alimentando a corrida armamentista e exigindo o constante desenvolvimento da ciência e tecnologia no campo militar. Diante dessas questões, não há como sustentar a neutralidade da ciência. Cabe ao cientista a responsabilidade social de indagar sobre os fins a que se destinam suas descobertas, sem alegar isenção, uma vez que a produção científica não se realiza fora de um determinado contexto social e político. ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Temas de Filosofia. 2ª ed. São Paulo: Moderna, 2000. p. 111 – 112.
Lembre-se que quanto mais informações adquirimos, mais condições temos de construir conhecimento. Portanto, busque investigar um pouco mais acerca dessas concepções de ciência: ciência grega, ciência moderna e ciência contemporânea. Aproveite para descobrir outras concepções de ciências que não estão citadas aqui. Após estudar tipos de conhecimento , concepções de ciência e cientificismo , dentre outras temáticas, veja um breve relato do mito de Ícaro e leia o poema “Todo Risco”. A partir dessas leituras, correlacionadas aos saberes e expectativas que você vem construindo ao longo de sua trajetória humano-estudantil, elabore reflexões sobre os significados das expressões a seguir: avanço tecnológico, progresso científico, desenvolvimento humano e educação. Por exemplo, pensado a questão dos limites... Existe um limite para o conhecimento científico? Se existe, qual seria? Por quê? E qual a relação entre os atos educativos e tais questões?
Visite nosso fórum! Para as questões acima, acesse o tópico “Considerações sobre conhecimento e educação”.
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Todo risco (Damário da Cruz)
A possibilidade de arriscar É que nos faz homens Vôo perfeito no espaço que criamos Ninguém decide sobre os passos que evitamos Certeza de que não somos pássaros e que voamos Tristeza de que não vamos por medo dos caminhos
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Natureza/Dimensão da Ciência A palavra ciência pode ser entendida em duas acepções:
Em se tratando de analisar a natureza da ciência, podem ser explicitadas duas dimensões, na realidade inseparáveis, ou seja, a compreensiva (contextual ou de conteúdo) e a metodológica (operacional), abrangendo tanto aspectos lógicos quanto técnicos. Pode-se conceituar o aspecto lógico da ciência como o método de raciocínio e de inferência acerca dos fenômenos já conhecidos ou a serem investigados; em outras palavras, pode-se considerar que o aspecto lógico constitui o método para a construção de proposições e enunciados, objetivando, dessa maneira, uma descrição, interpretação, explicação e verificação mais precisas. Podemos ainda considerar a natureza da ciência sob três aspectos. São eles:
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Componentes da Ciência
As ciências caracterizam-se por possuírem:
Objetividade ou finalidade: preocupação em distinguir a característica comum ou as leis gerais que regem determinados eventos.
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Função: aperfeiçoamento, através do crescente acervo de conhecimentos, da relação do homem com o seu mundo. Objeto: subdividido em material, aquilo que se pretende estudar, analisar, interpretar ou verificar, de modo geral; formal, o enfoque especial, em face das diversas ciências que possuem o mesmo objeto material. •
Classificação e Divisão da Ciência
Pode-se classificar as ciências em duas grandes categorias: formais e empíricas. As primeiras tratam de entidades ideais e de suas relações, sendo a Matemática e a Lógica as mais importantes. As segundas tratam de fatos e de processos, incluem-se nesta categoria ciências como a Física, a Química, a Biologia, a Psicologia. As ciências empíricas, por sua vez, podem ser classificadas em naturais e sociais. Dentre as ciências naturais estão: a Física, a Química, a Biologia, a Astronomia. Dentre as ciências sociais estão: a Sociologia, a Antropologia, a Ciência Política, a Economia, a Psicologia, a História. •
Características
De maneira geral, a ciência possui características e exigências comuns a serem consideradas. São elas: Conhecimento pelas causas (racionalismo); profundidade e generalidade de suas condições; objeto formal; controle dos fatos; exige investigação e a utilização de métodos ; é comunicável.
- Conhecimento pelas causas (racionalismo) Implica em conhecer pelas causas. Se o cientista observa a chuva, ele quer saber por que chove, dispensando a influência dos deuses. Utiliza-se o raciocínio analítico, lógico e despojado de impactos emocionais. Trata-se da racionalização do conhecimento.
- Profundidade e generalidade de suas condições O conhecimento pelas causas é o modo mais íntimo e profundo de se atingir o real. A ciência não se contenta em registrar fatos, quer também verificar a sua regularidade, a sua coerência lógica, a sua previsão etc. A ciência generaliza porque atinge a constituição íntima e a causa comum a todos os fenômenos da mesma espécie. A validade universal dos enunciados científicos confere à ciência a prerrogativa de fazer prognósticos seguros. - Objeto formal A finalidade da ciência é manifestar a evidência dos fatos e não das idéias. Procede por via experimental, indutiva, objetiva; suas demonstrações consistem na apresentação das causas físicas determinantes ou constitutivas das realidades experimentalmente controladas. Não se submete a argumentos de autoridade, mas tão-somente à evidência dos fatos. - Controle dos fatos Ao utilizar a observação, a experiência e os testes estatísticos tenta dar um caráter de exatidão aos fatos. Embora os enunciados científicos possam ser possíveis de revisões pela sua natureza 20
“tentativa”, no seu estado atual de desenvolvimento, a ciência fixa degraus sólidos na subida para o integral conhecimento da realidade. (RUIZ, 1979, p. 124 a 126). - Exige investigação e a utilização de métodos Investigar implica em pesquisar, e a ciência ocorre à base de questionamentos, buscas e descobertas. Na ciência, a investigação é também a disposição do pesquisador em submeter-se a um rigor metodológico. - É comunicável Os estudos e resultados das investigações científicas devem ser comunicados à sociedade. Para tal, o cientista deve fazer uso das definições, conceitos e termos, a fim de representar fielmente as idéias que se quer expressar.
Objetivos e Funções da Ciência Os objetivos da ciência são determinados pela necessidade que o homem tem de compreender e controlar a natureza das coisas e do universo. Delineados os objetivos, cabe à ciência realizar suas três funções, a saber: descrever, explicar e prever os dados que permeiam a realidade em estudo. Segundo Ferrari (1982), a ciência ainda deve proporcionar “aumento e melhoria de conhecimento; descoberta de novos fatos e fenômenos; aproveitamento espiritual; aproveitamento material do conhecimento”.
Metodologia Científica Aplicada às Ciências da Educação Metodologia Científica não é um simples conteúdo a ser decorado pelos estudantes. Numa definição em sentido amplo, é o estudo dos métodos de conhecer. Trata-se de fornecer aos estudantes um instrumental indispensável para que sejam capazes de atingir os objetivos da Academia, que são o estudo e a pesquisa em qualquer área do conhecimento. Trata-se, então, de se aprender também fazendo, conforme sugerido por perspectivas contemporâneas da Educação. O que se deve fazer, na medida do possível, é seguir rigorosamente as regras definidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT, para elaboração de trabalhos científicos. Caso alguma regra não esteja sendo cumprida, a responsabilidade é da desatenção do autor. Quando falamos de um curso superior, estamos nos referindo a uma Academia de Ciências, já que qualquer Faculdade corresponde ao local próprio da busca incessante do saber científico. Neste sentido, a Metodologia Científica tem uma importância fundamental na formação do profissional. Se os estudantes procuram a Academia para buscar saber, precisamos entender que a Metodologia Científica é também compreendida como o “estudo dos caminhos do saber”, se entendermos que “método” quer dizer caminho, “logia” quer dizer estudo e “ciência” quer dizer saber. •
Conceitos e Objetivos
Método, etimologicamente, significa methodos ou metodus meta = meta, hodos = caminho.
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Caminho para se chegar a determinado fim. O Método Científico é a ordem que se segue na investigação da verdade, no estudo feito por uma ciência, ou para alcançar um fim determinado. Não há ciência sem o emprego de métodos científicos.
Métodos científicos
A Metodologia Científica é uma disciplina que está intimamente relacionada com o estudo crítico dos fatos. Ela estuda e avalia os métodos disponíveis e suas implicações, além de avaliar as técnicas de pesquisa. De modo geral, ela é uma reunião de procedimentos utilizados por uma técnica. É por meio da Metodologia Científica que ocorre o contato entre o conhecimento e a análise crítica, possibilitando a ampliação do saber, posicionando-o no plano sócio-histórico e político. Vale considerar que a Metodologia Científica não aponta soluções, mas indica o caminho para encontrá-las. Visto que essa disciplina permite o questionamento da realidade, ela tem função também de oferecer suporte à Pesquisa Científica. Dessa forma, ela pode ser entendida como uma abstração, observando-se a relação intrínseca entre o conhecer e o intervir. Recordando o tempo de escola... Em sua formação estudantil, você vivenciou essa interação entre o conhecer e o intervir? De que forma a presença ou ausência dessa interação contribuiu ao modo pelo qual hoje você estabelece as relações e produz saberes? Visite nosso fórum!
A sua maior importância está na apresentação e exame de diretrizes para a eficácia do estudo e da aprendizagem. Ela está sincronicamente relacionada com o principal objetivo da universidade que é ensinar e divulgar o procedimento científico. Portanto, para adquirir o método de estudo mais adequado e conveniente, o estudante deve fazer uso dos fundamentos que o orientará no processo de investigação para tomadas de decisões oportunas na busca do saber e na formação do seu espírito crítico. •
Metodologia Científica e Universidade
A história da ciência é a da conquista gradual, pela ciência experimental, de uma posição central na cultura e na visão do mundo do homem moderno. A ciência se desenvolveu basicamente fora 22
das universidades tradicionais, e só no século XIX a ligação íntima entre ciência e universidade, que hoje muitos consideram natural, ocorre de forma efetiva. Os novos parâmetros curriculares serão propostos visando a orientar as ações educativas nas escolas e assegurar a todos "a aquisição do instrumental básico para acesso aos códigos do mundo contemporâneo (leitura, escrita, expressão oral, cálculo, etc.)". Também deverão incentivar um conjunto de conhecimentos de habilidades e valores que contribuam para que os estudantes desenvolvam-se para o exercício da cidadania, o desempenho das atividades cotidianas e a inserção no mercado de trabalho.
2º Tema Metodologia do trabalho científico "Aprendendo a Aprender" O aprendizado é um fenômeno bastante presente em nossas vidas, concorda? Algumas vezes aprendemos com prazer e entusiasmo, em outras travamos uma verdadeira luta com os livros e conteúdos que insistem em deixar a nossa vida sempre mais difícil. De qualquer forma, o fato é que aprender significa sobreviver, desde a origem da espécie humana e principalmente agora, na era da informação globalizada. E provável que vocês já tenham ouvido a expressão que serve de título para o nosso tema. “Aprender a aprender” tornou-se um verdadeiro lema da educação na atualidade, na qual se entende que a preparação para a vida e o trabalho depende muito mais do desenvolvimento de habilidades relevantes que dos conteúdos a que se tem acesso na vida escolar. Nosso objetivo aqui será, portanto, discutir atitudes e ações úteis para que você, estudante, possa aprender de maneira cada vez mais eficiente, organizada e integrada.
Para alcançar este objetivo, lançaremos um novo olhar para a prática do estudo, para que possamos adotar atitudes compatíveis com sua importância para a aprendizagem, em particular no ensino à distância. Discutiremos também a leitura como uma habilidade imprescindível para o
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estudo e a aprendizagem, e ofereceremos a você técnicas para melhorar a leitura e a compreensão de textos. Por fim, apresentaremos diversos recursos para organizar e sistematizar os conhecimentos aprendidos, para que você possa aproveitá-los durante toda a sua vida acadêmica e profissional. Esperamos, assim, que você termine a disciplina munido das ferramentas necessárias para alcançar o sucesso ao longo do curso e, mais importante, para sobreviver em uma sociedade que exige o aprendizado em tempo integral. Bom trabalho!
Registro e Sistematização do Conhecimento Informação e Conhecimento O mundo de hoje é um mundo de informação. A constatação de que as novas tecnologias mudaram a velocidade e qualidade das informações que circulam na sociedade, bem como nosso modo de interagir com elas, é tão óbvia que quase chega a ser um clichê. A compreensão dessa nova ordem mundial, no entanto, ainda está sendo construída, tanto pela sociedade em geral quanto pela academia. Uma coisa é certa: a dinâmica da informação demanda certas habilidades para que os indivíduos se integrem a ela de maneira autônoma e responsável. O ensino tradicional, centrado na transmissão de conteúdos, já não é mais suficiente para assegurar uma formação humana integral (ZABALA, 1998), e portanto fica aquém da missão de contribuir para a inserção autônoma e responsável dos indivíduos. Segundo Dudziak (2003), o reconhecimento da informação como um elemento-chave das relações sociais na contemporaneidade impõe a aquisição da “information literacy”, ou competência em informação, em uma tradução aproximada e provisória. Segundo esta autora, a competência em informação poderia ser definida como o domínio “dos fundamentos conceituais, atitudinais e de habilidades necessário à compreensão e interação permanente com o universo informacional e sua dinâmica” (DUDZIAK, 2003, p. 28). O objetivo dessa competência seria proporcionar aos indivíduos a possibilidade de aprendizado constante ao longo da vida e os meios de sobrevivência na sociedade atual, “tal qual um consumidor de informação” (DUDZIAK, 2003, p. 23, grifo no original). Mas será que consumir informação é equivalente a construir conhecimento? À primeira vista, parece que não: enquanto a informação corresponde a um dado da realidade, o conhecimento supõe uma elaboração intelectual desses dados, a reflexão. Evidentemente, a informação é necessária para construir o conhecimento, mas se tratam de objetos diferentes. Para o filósofo alemão Robert Kurz, o paradoxo da chamada “sociedade do conhecimento” é que nela estamos cada vez mais soterrados de informação e menos reflexivos, ou seja, mais ignorantes (KURZ, 2006). Acesse o texto em: http://obeco.planetaclix.pt/rkurz95.htm
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APRENDIZADO E METACOGNIÇÃO Como podemos, então, construir conhecimento a partir das informações a que temos acesso? Essa construção do conhecimento, ou aprendizado, depende de vários fatores relativos ao ambiente da aprendizagem e aos próprios aprendizes. Segundo revisão da literatura acerca dos padrões de aprendizado dos estudantes, Vermunt e Vermetten (2004), os fatores relativos aos estudantes que influenciam em seu aprendizado são de ordem cognitiva, metacognitiva e afetiva/motivacional. Os fatores de ordem cognitiva correspondem às ações mentais envolvidas no processamento do conteúdo, levando diretamente a resultados em termos de conhecimento, compreensão, habilidades, entre outras. Os fatores afetivos e motivacionais constituem a maneira com que os estudantes se relacionam com as emoções que emergem durante o aprendizado, que produz estados que podem influenciar o andamento da aprendizagem de forma positiva, neutra ou negativa. Por fim, os fatores metacognitivos dirigem os fatores cognitivos e afetivos/motivacionais, levando indiretamente aos resultados da aprendizagem. É sobre estes últimos que trataremos aqui; nas demais seções desse tema, discutiremos aspectos relacionados aos fatores cognitivos e afetivos/motivacionais. O que é a metacognição e como ela influencia no aprendizado?
Vamos primeiro examinar o próprio termo “metacognição”. Ele é formado por duas palavras: meta + cognição. A palavra “meta” corresponde a um prefixo grego, significando “mudança, posteridade, além, transcendência” (FERREIRA, 1975, p. 922). Cognição, segundo o mesmo dicionário, corresponde à “aquisição de um conhecimento” (FERREIRA, 1975, p. 343), ou segundo Ribeiro (2003, p. 110), “representação dos objetos e fatos” da realidade. Assim, o termo “metacognição” pode ser entendido como uma visão mais ampla do conhecimento. De acordo com Ribeiro (2003, p. 110): Assim, como objeto de investigação e no domínio educacional encontramos duas formas essenciais de entendimento da metacognição: conhecimento sobre o conhecimento (tomada de consciência dos processos e das competências necessárias para a realização da tarefa) e controle ou auto-regulação (capacidade para avaliar a execução da tarefa e fazer correções quando necessário - controle da atividade cognitiva, da responsabilidade dos processos executivos centrais que avaliam e orientam as operações cognitivas).
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As discussões acadêmicas sobre a metacognição ganharam proeminência a partir da década de 1970, e em pouco tempo a literatura estava repleta de termos derivados da definição original (VEENMAN; Van HOUT-VOUTERS; AFFLERBACH, 2006). O interesse na área surgiu depois que vários estudos demonstraram que estudantes bem-sucedidos em geral empregam estratégias tanto para “adquirir, organizar e utilizar seu conhecimento, como na regulação de seu processo cognitivo” (RIBEIRO, 2003, p. 109). Em suma: estudantes bem-sucedidos parecem monitorar conscientemente seu processo de aprendizado.
Por favor, pare um momento!
Essa é a sua oportunidade de parar para pensar sobre você mesmo. Como vai a sua vida de estudante? Quais são os seus hábitos de estudo? Em que tarefas você se sai muito bem, e quais são aquelas em que tem mais dificuldade? A disciplina de Metodologia é o ponto inicial de sua jornada na graduação. Por isso, vale a pena fazer uma “revisão de viagem”, para verificar como andam seus “equipamentos” de aprendizado. E claro que a partir de agora, essa terá de ser uma atividade rotineira, sobretudo no ensino a distância. Por fim, reflita: como você controla seu processo de aprendizado? Você dispõe de técnicas e hábitos de avaliação constante do andamento de seu estudo? Quando você percebe que o estudo não está chegando aos objetivos esperados, o que você faz? A influência da metacognição sobre o aprendizado e a motivação para os estudos foi verificada em um grande número de trabalhos. O desempenho no aprendizado foi melhorado independentemente da habilidade cognitiva, idade, e contexto social dos estudantes, e para diferentes tipos de tarefas e domínios do conhecimento (veja VEENMAN; Van HOUTVOUTERS; AFFLERBACH, 2006). Diversos autores reconhecem que a metacognição abrange pelo menos dois aspectos distintos (ver RIBEIRO, 2003): • Metaconhecimentos - Conhecimentos sobre os conhecimentos: referem-se às estratégias empregadas na aprendizagem, à natureza do assunto a ser aprendido, à tarefa a ser desempenhada (objetivos, critérios, dificuldade), bem como aos conhecimentos acerca das próprias capacidades e habilidades pessoais (auto-imagem, confiança, motivação).
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• Estratégias metacognitivas - Conhecimentos sobre a regulação dos processos de aprendizagem: referentes à execução da auto-regulação, apóiam-se nos metaconhecimentos para a monitoração e controle da aprendizagem. Incluem o planejamento, a decisão sobre as estratégias mais adequadas à realização de determinada tarefa, a aplicação dessas estratégias, a avaliação de seu desempenho e a correção de cursos de ação quando necessário. Toda essa discussão se relaciona diretamente com os conteúdos tratados no tema 2 de nossa disciplina. Agora que você já tem uma idéia geral do que é a metacognição e de sua importância, perceberá que todos aqueles conteúdos se referem a estratégias e atitudes relativas à consciência sobre o aprendizado, bem como a estratégias úteis para realizá-lo, e se destinam dar a você maior controle sobre ele. Estas estratégias, no entanto, precisam estar aliadas à reflexão, ou então ficarão reduzidas a um amontoado de procedimentos automatizados e vazios. Essa breve introdução nem mesmo se aproxima de esgotar todas as discussões relacionadas à metacognição. Nossa intenção aqui foi despertar seu interesse e sua atenção a você mesmo, a suas atitudes e ações, e temos certeza de que sua reflexão lhe tornará uma pessoa mais crítica e consciente.
O estudante no ensino a distância A educação a distância (EaD) tem sido vista como uma grande promessa por seu potencial para democratizar o acesso à educação. Trata-se de uma modalidade em expansão em todo o mundo, cada vez mais integrada às novas tecnologias de comunicação, e estendendo-se além do tradicional público adulto para alcançar jovens e mesmo crianças (SHERRY, 1995). A principal característica da educação a distância você já conhece até pela sua denominação: a separação física e temporal entre professores e aprendizes. Embora seja alvo de muitas críticas, diversos trabalhos apontam que seus resultados são pelo menos equivalentes aos alcançados pelo ensino tradicional. Uma outra marca inconfundível da EaD é a centralização da aprendizagem em torno do estudante.
Isso significa que o processo de ensino-aprendizagem é, na maioria das vezes, dirigido e controlado pelo estudante, e que os professores assumem de fato seu papel como facilitadores. No ensino tradicional, centrado em aulas expositivas, normalmente é o professor quem assume o papel central pois ele é quem detém o conteúdo e suas formas de transmissão, restando ao estudante o papel de receptor passivo das informações veiculadas. As críticas da Pedagogia a 27
esse modelo classificam-no como “verbalista, autoritário e inibidor da participação do aluno” (LOPES, 1991, p. 36-37). Na EaD, por outro lado, a distância entre alunos e professores ressalta ainda mais o fato de que a aula não é suficiente para que o estudante saia do curso com o domínio da matéria. Isto ocorre também no ensino tradicional, mas nos acomodamos com a conveniência de ter outra pessoa responsável pelo andamento do processo de ensino-aprendizagem e pela transmissão dos conteúdos: tudo o que temos a fazer é ouvir. Desse modo, na EaD opera-se uma mudança no papel de estudantes e professores, que pode ser de difícil assimilação no primeiro momento. No entanto, segundo Briggs (2005), o esclarecimento dos papéis de estudantes e professores é fundamental para o desenvolvimento das competências necessárias ao desempenho de cada um destes papéis. Para isso, podemos refletir um pouco acerca do que significa ser um estudante do ensino a distância. O perfil geral desse estudante é o de um adulto, que necessita de flexibilidade para superar dificuldades relativas a horários, distância de centros de ensino, e financiamento dos cursos (SHERRY, 2005). Desse público normalmente heterogêneo, no entanto, espera-se o mesmo comportamento (RAILTON; WATSON, 2005): a atuação como aprendizes autônomos desde o ingresso no curso superior.
De acordo com Railton e Watson (2005), ser um estudante autônomo exige que você domine as habilidades necessárias para gerir, com eficiência, uma grande porção de tempo de estudo independente, com pouca ou nenhuma orientação expressa. Tais habilidades incluem, principalmente (KERR; RYNEARSON; KERR, 2006):
Habilidades de leitura e escrita: a comunicação escrita é a forma preponderante 1. de troca de idéias e experiências entre professores e alunos e também entre alunos e alunos. Além disso, a mais importante do conteúdo é trabalhada com a linguagem escrita. Portanto, na EaD como em qualquer outra parte da vida acadêmica e profissional, o domínio da leitura e escrita é essencial. Técnicas de aprendizado independente: Lembra-se das habilidades 2. metacognitivas? Utilize-as!
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Motivação: Estudantes motivados guiam-se pelos objetivos que impõem a si 3. mesmos, assumindo maior responsabilidade pelo processo de aprendizagem. Familiaridade com a tecnologia: A facilidade com que os estudantes utilizam os 4. recursos tecnológicos disponíveis traduz-se também em maior facilidade no processo de aprendizagem. Afinal, a tecnologia é o meio através do qual os conteúdos são trabalhados. As informações acima são fruto de alguns estudos acadêmicos acerca da situação do estudante na EaD. De posse desses dados, avalie sua própria situação. Como estamos no início do curso, esta é a hora de estabelecer um programa de ações para melhorar seu desempenho acadêmico. O primeiro passo é a reflexão sobre as próprias características, e a avaliação de pontos fortes e fracos. A seguir, estabeleça prioridades: que aspectos necessitam ser trabalhados primeiro? Alguns deles provavelmente já serão abordados aqui na disciplina. Então, aproveite o máximo e mãos a obra!
ATIVIDADE PROPOSTA Complete o quadro abaixo com as atividades em que você tem mais facilidade e mais dificuldade durante o estudo, realizadas habitualmente. A seguir, liste os aspectos que você supõe que exigirão mais trabalho no estudo à distância. Essa parte do quadro será o DIAGNÓSTICO dos seus hábitos de estudo. Agora, apresente propostas de ações que você poderia utilizar para avaliar seu próprio desempenho; essa será a parte de AVALIAÇÃO. Por fim, na parte de SUGESTÕES, imagine que atividades você pode praticar, ou que conteúdos terá de aprender para se tornar um estudante bem-sucedido e... feliz!
DIAGNÓSTICO É FÁCIL: É DIFÍCIL: E na EaD, como será?
AVALIAÇÃO Como saber se aprendi?
SUGESTÕES O que fazer para aprender melhor?
Agora, pergunte aos seus colegas como ficou o quadro deles! Método e Estratégia de Estudo e Aprendizagem Estudar exige empenho responsável e dedicação generosa. Conseqüentemente, pressupõe sacrifícios e escolhas conscientes. Quem de fato quer estudar deve estabelecer uma hierarquia de valores em sua vida. Agir metodologicamente é condição básica de qualquer pesquisa científica, por mais elementar que seja.
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Trata-se efetivamente de um conjunto de processos que o espírito humano deve empregar na investigação e demonstração da verdade. Não devemos considerar o método como o essencial, mas lembrar que ele é um instrumento intelectual, um meio de acesso, enquanto a inteligência, junto com a reflexão, descobre o que os fatos realmente são. Um estudo é eficaz quando se torna significativo, isto é, quando os novos conhecimentos e informações são assimilados pessoalmente e confrontados e integrados no complexo de conhecimentos já existentes, podendo ser reutilizados em outras situações. Assim, o estudo contribui para a formação integral da pessoa e de sua maturação. •
Fundamentos do Método do Estudo
Entre duas pessoas que tenham o mesmo grau de escolaridade, processos cognitivos semelhantes e graus de motivação semelhantes, certamente aquele que fizer uso de um método de estudar compatível terá melhor rendimento. A eficiência do estudo depende de método, mas o método depende de quem o aplica, da maneira como o faz, adequando-o as suas necessidades e convicções. Podemos citar como pontos essenciais para eficiência nos estudos o que se segue:
a) finalidade: desenvolver hábitos de estudo eficientes que não se restrinjam apenas a determinado setor de atividade ou matéria específica; b) abrangência: servir de instrumento a todos os que tenham as mesmas necessidades e interesses, em qualquer fase de desenvolvimento e escolaridade, podendo aperfeiçoar-se à medida que o indivíduo progride, através de seus próprios recursos. •
Fatores Condicionantes do Estudo
O ofício de estudar requer algumas qualidades específicas que podemos sintetizar na seguinte trilogia: constância, paciência e perseverança. A constância vence as impressões de falso cansaço que freqüentemente se apoderam do espírito e do corpo. A persistência, no entanto, faz as articulações se desenferrujarem, os músculos se revigorarem, a respiração se dilatar, de repente, um novo ânimo empurra para frente, coisa semelhante pode acontecer com os estudos, em vez de ceder diante dos primeiros sintomas de fadiga, o estudante deve romper para frente, forçar a saída da energia interior. E a paciência para aguardar com amor o natural resultado dos esforços desenvolvidos. É regra de ouro não empreender nada além da capacidade pessoal. Cada um tem seu ritmo próprio e suas limitações. O presunçoso é aquele que se julga superior ao que realmente é e pode ser, contenta-se com aparências e facilmente é vítima de auto-ilusão. Conhecer os reais limites pessoais é fator de honestidade para consigo mesmo e para com os outros. Quando o trabalho é fruto do próprio esforço, então é que tem valor, mesmo não atingindo inteiramente a qualidade acadêmica exigida. Deve-se desistir da tentação de sempre querer comparar-se com os outros. O que eu mesmo sou capaz de produzir, dentro das minhas condições pessoais, é o que contribui efetivamente para minha realização humana. Portanto, as condições físicas e as do seu ambiente de estudo devem ser favoráveis, possibilitando o trabalho atento e tranqüilo.
Ambiente: Procura-se, se possível, um lugar sossegado. O quarto de estudo deve ser bem arejado e iluminado. Na escrivaninha do estudante devem ser afastados todos os objetos que 30
podem distrair. O que não pode faltar é um bom dicionário, papel ou fichas, lápis, borracha e caneta.
Saúde: Às vezes tratam-se de casos relativamente simples de serem resolvidos. Assim, por exemplo, sonolência constante em períodos de estudos pode ter como motivação a inadequação do horário de estudo ou tipo de alimentação efetuada antes do estudo. Intercâmbio: É de grande utilidade reunir-se de tempos em tempos com colegas estudantes para trocar experiências de estudo, confrontar resultados, preparar um exame ou um debate em aula. Esse tipo de intercâmbio abre novos horizontes, estimula o esforço e esclarece dúvidas. Motivação: Um fator absolutamente central no estudo é a motivação, ou seja, uma disposição interior que nos impulsiona a adotar e manter um estilo de vida e um comportamento que expressam e concretizam valores tidos como importantes. Sem objetivos concretos, que devem ser constantemente lembrados, corremos o risco de desanimar diante das primeiras dificuldades que se apresentam, enquanto a experiência de fracasso provoca uma profunda frustração psicológica. Ao contrário, uma forte motivação garante um estudo perseverante e bem-sucedido. Autodisciplina: No campo da formação intelectual nada se faz sem autodisciplina. A concentração – elemento primordial nos estudos – depende em boa parte dela, pelo fato de exigir força de vontade e tenacidade na ação. Sem esta disposição firme e empenho decidido não adianta absolutamente nada oferecer subsídios metodológicos, acompanhamento pessoal nos estudos ou técnicas sofisticadas de aprendizagem. •
A aprendizagem
Toda aprendizagem é uma “estrutura” que deve ser assimilada globalmente, portanto deve-se pensar sempre em termos de totalidade e relação das partes entre si. Um estudo eficiente passa necessariamente por três etapas que, articuladas, levarão o educando a atingir com mais eficiência a aprendizagem desejada, denominada aqui de síncrese, a primeira etapa, análise, a etapa intermediária, e síntese, a etapa final. Vejamos o quadro abaixo: SINCRESE Procurar o sentido estrutural do todo
ANÁLISE Procurar ver e compreender todos os detalhes
Visão difusa do conteúdo
Ordenar o conteúdo
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SÍNTESE Eliminar da investigação tudo que não for fundamental Conclusões, definições, princípios, esquemas, diagramas
Planejamento e Organização
Não se pode esperar ter êxito nos estudos sem planejamento e organização. O planejamento diz respeito ao tempo disponível, enquanto a organização se refere à utilização eficiente deste tempo em termos de estudo. Estudo exige, por sua própria natureza, autodisciplina e disponibilidade. Elaborar um “Quadro de Horário” prevendo a distribuição do tempo dedicado ao estudo é um excelente recurso para otimização do tempo, possibilitando o acompanhamento das tarefas a médio e longo prazo. Também no sentido de contribuir na organização das atividades seria bom elaborar um “Quadro de Tarefas”, possibilitando o acompanhar das atividades. 31
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Regras Gerais de Estudo
Se você adotar as técnicas aqui expostas, em pouco tempo terá aprendido a aprender. Seu estudo renderá mais, terá maior eficácia. Mas as regras apresentadas não devem escravizá-lo. Você deverá dominá-las e aplicá-las como um senhor, usando-as em seu proveito.
MÉTODO DE ESTUDO Fases
G L O B A L
Atitude e Comportamento Curiosidade Interesse Propósito definido
“Olho clínico” Atenção Não-passividade
Concentração Análise Crítica
P A R C I A L
Síntese
Sistematização Ordenação lógica
G L O B A L
Concentração Persistência Adaptação às situações reais, fora do contexto lido
Técnicas Básicas do Estudo 1. Perguntar-se antes do estudo: - Qual é o assunto? - O que sei sobre isso? - Que acho que vai tratar-se aqui? 2. Pausa para responder-se mentalmente a essas perguntas. 3. Leitura rápida sobre todo o livro (quando é o primeiro contato com ele): - Tentar obter o plano da obra - Informações sobre o autor e seu trabalho - Tentar descobrir seu método expositivo4. Leitura rápida sobre o capítulo, a lição: - Tentar apenas se informar do que se trata - Tentar esboçar o plano do capítulo ou do texto - Estabelecer rapidamente relações com temas anteriores - Sem anotações – veloz - Esta primeira leitura é sem análise 5. Nova leitura: demorada, refletida - Assinalar as partes importantes - Obtenção da idéia principal - Obtenção dos detalhes importantes - Assinalar a lápis no livro - Relacionar as partes - Criticar (se for o caso) pontos de vista do autor - Confrontá-los com os próprios - Levantar dúvidas - Procurar respostas 6. Anotações (de preferência em fichas) - Breves transcrições - Esquemas - Resumos próprios - Conclusões tiradas - Análises e críticas pessoais (se for o caso) - Documentar-se não apenas para o presente, o imediato. A anotação deve servir para o futuro. Daí ser concisa, sem ser obscura 7. Relacionar o assunto com o anterior e o seguinte - Consultar outras fontes. Não se escravizar ao livro de textos 8. Revisão e assimilação - Rever toda a anotação feita - Confrontar com o texto - Repetir para si o aprendido, imaginando que o está comunicando a alguém - Treinar-se para que tal “comunicação” tenha clareza e seqüência lógica - Testar a memória para assegurar-se de que não esqueceu algo importante. Não decorar, mas assimilar.
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ATIVIDADE PROPOSTA Exercite agora com o próprio conteúdo de MTC. Na etapa de Síncrese, descubra qual o sentido da estrutura de nosso material: como a organização das partes se relaciona com o conteúdo apresentado no material inteiro? Na etapa de Análise, faça um resumo de tudo o que você aprendeu até aqui. Na etapa de Síntese, aponte suas principais conclusões em forma de tópicos.
Leitura e Análise de Textos É preciso ler, e principalmente, ler bem. Quem não sabe ler não saberá resumir, não saberá tomar apontamentos e, finalmente, não saberá estudar. Ler bem é o ponto fundamental para os que quiserem ampliar e desenvolver as orientações e aberturas das aulas. O processo de aprendizagem, no que tange as atividades estudantis, depende, dentre outros elementos, da capacidade de leitura e assimilação reflexiva dos conteúdos trabalhados. As leituras necessárias e justificáveis podem ser realizadas de modo proveitoso e com menor grau de esforço quando efetuadas com base em algumas técnicas. O que é uma leitura proveitosa, que técnicas podemos fazer uso, que cuidados devemos ter para maior proveito será agora objeto do nosso estudo. Vamos a ele!
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Elementos da Leitura
A leitura amplia e integra os conhecimentos, desonerando a memória, abrindo cada vez mais os horizontes do saber, enriquecendo o vocabulário e a facilidade de comunicação, disciplinando a mente e alargando a consciência pelo contato com formas e ângulos diferentes sob os quais o mesmo problema pode ser considerado. Quem lê constrói sua própria ciência; quem não lê memoriza elementos de um todo que não se atingiu. Apesar de todo o avanço tecnológico observado na área de comunicações, principalmente audiovisuais, nos últimos tempos, ainda é, fundamentalmente, através da leitura que se realiza o processo de transmissão/aquisição do conhecimento. Daí a importância capital que se atribui ao ato de ler, enquanto habilidade indispensável. Aprender a ler não é uma tarefa tão simples, pois exige uma postura crítica, sistemática, uma disciplina intelectual por parte do leitor, e esses requisitos básicos só podem ser adquiridos através da prática, da experiência. Os livros, de modo geral, expressam a forma pela qual seus autores vêem o mundo. Para entendê-los é indispensável não só penetrar em seu conteúdo básico, mas também ter sensibilidade e espírito de busca, para identificar, em cada texto lido, os vários níveis de significação e as várias interpretações das idéias expostas por seus autores. Os livros ou textos selecionados servem para leituras ou consultas: podem ajudar nos estudos em face dos conhecimentos técnicos e atualizados que contêm, ou oferecer subsídios para a elaboração de trabalhos científicos, incluindo seminários, trabalhos escolares, monografias etc.
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Modalidades de Leitura
A realidade da leitura é extremamente complexa e variada, visto que o diálogo que se estabelece entre emissor e receptor não se dá sempre da mesma forma. As nossas leituras têm origens e objetivos bastante diferenciados. Assim, há leituras de pura informação, como noticiários, jornais, revistas; leituras de passatempo, como revistas em quadrinhos, romances etc.; leituras literárias que são, antes de tudo, uma comunicação íntima entre o texto e o leitor. No caso específico de leituras acadêmicas, trata-se de uma linguagem científica que se caracteriza pela clareza, precisão e objetividade. Ela é fundamentalmente informativa e técnica, firma-se em dados concretos, a partir dos quais analisa e sintetiza, argumenta e conclui. A objetividade e racionalidade da linguagem científica a distingue de outras expressões, igualmente válidas e necessárias. O que é mais presente é a leitura de estudo ou informativa, pois visa à coleta de informações para determinado propósito, destacando-se três objetivos predominantes:
- certificar-se do conteúdo do texto, constatando o que o autor afirma, os dados que apresenta e as informações que oferece; - correlacionar os dados coletados a partir das informações do autor com o problema em pauta; - verificar a validade dessas informações. •
Etapas da Leitura
- Decodificação: Tradução dos sinais gráficos em palavras; - Intelecção: Percepção do assunto, emissão de significado ao que foi lido; - Interpretação: Apreensão das idéias e estabelecimento de relações entre o texto e o contexto; - Aplicação: Função prática da leitura, de acordo com os objetivos que se propôs. •
Motivação para Leitura
A leitura pode ser feita com diferentes finalidades. Em outras palavras, você está lendo para adquirir conhecimentos suficientes que o levará ao sucesso. A seleção dos seus textos de leitura deve ser feita a partir daí. As técnicas de leitura que você deverá usar serão escolhidas também a partir dessa finalidade principal. Portanto:
- determine inicialmente a principal finalidade da leitura mantendo as unidades de pensamento, avaliando o que se lê; - escolha os textos (livros, apostilhas, etc.) tendo em vista a finalidade principal da leitura; - use as técnicas de leitura mais indicadas à finalidade fixada e aos textos a ler; - leia com objetivo determinado, preocupe-se com o conhecimento de todas as palavras, utilizando para isso glossários, dicionários especializados da disciplina ou mesmo dicionário geral; - interrompa a leitura, quer periódica quer definitivamente, se perceber que as informações não são as que esperava ou não são mais importantes; 34
- discuta freqüentemente o que foi lido com os colegas, professores e outras pessoas. •
Condições para uma Leitura Proveitosa
Para um estudo proveitoso de um texto, de um artigo ou de um livro, com boa assimilação de seu conteúdo, alguns passos fazem-se necessários:
a) atenção - aplicação cuidadosa e profunda da mente, buscando o entendimento, a assimilação dos conteúdos básicos do texto; b) intenção - interesse ou propósito de conseguir algum proveito por meio da leitura; c) reflexão - consideração e ponderação sobre o que se lê, observando todos os ângulos, tentando descobrir novos pontos de vista, novas perspectivas e relações; d) espírito crítico - ler com espírito crítico significa fazê-lo com reflexão, não admitindo idéias sem analisar ou ponderar, proposições sem discutir, nem raciocínio sem examinar; e) análise - divisão do tema em partes, determinação das relações existentes entre elas, seguidas do entendimento de toda sua organização; f) síntese - reconstituição das partes decompostas pela análise, procedendo-se ao resumo dos aspectos essenciais, deixando de lado tudo o que for secundário e acessório, sem perder a seqüência lógica do pensamento. •
Etapas da Análise e Interpretação de Textos
DECOMPOSIÇÃO Verificação dos componentes de um conjunto e suas possíveis relações.
GENERALIZAÇÃO Permite a classificação, fundamentada em traços comuns, dos elementos constitutivos.
ANÁLISE CRÍTICA Objetividade, explicação e a justificativa são três elementos importantes para se chegar à validade.
O QUE DEVO IDENTIFICAR NUM TEXTO? TEMA: Idéia central ou assunto tratado pelo autor, o fenômeno que se discute no decorrer do texto. Em primeiro lugar, busca-se saber do que fala o texto. A resposta a esta questão revela o tema ou assunto da unidade. PROBLEMA: A apreensão da problemática, aquilo que “provocou” o autor, isto é, pode ser visto como o questionamento de motivação do autor. TESE: A idéia de afirmação do autor a respeito do assunto. Captada a problemática, a terceira questão surge espontaneamente: o que o autor fala sobre o tema, ou seja, como responde à dificuldade, ao problema levantado? Que posição assume, que idéia defende, o que quer demonstrar? A resposta a esta questão revela tese, proposição fundamental: trata-se sempre da idéia mestra, da idéia principal defendida pelo autor naquela unidade. OBJETIVO: A finalidade que o autor busca atingir. Que mensagem ele espera transmitir com o texto. O objetivo pode estar explícito ou implícito no texto. 35
IDÉIAS CENTRAIS: Idéias principais do texto. A cada parágrafo podemos selecionar idéias centrais ou secundárias. ATIVIDADE PROPOSTA Nada como a prática! Sugerimos que você utilize as técnicas que apresentamos na leitura de um texto que será muito útil na realização da sua Atividade Orientada. O texto se chama “ O professor, seu saber e sua pesquisa ”, de autoria da Profª Menga Lüdke. Para ler o artigo, acesse o endereço: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302001000100006 &lng=en&nrm= iso Técnicas para Sistematização do Conhecimento I A necessidade de romper com a tendência fragmentadora e desarticulada do processo do conhecimento, justifica-se pela compreensão da importância da interação e transformação recíprocas entre as diferentes áreas do saber. Essa compreensão crítica colabora para a superação da divisão do pensamento e do conhecimento, que vem colocando a pesquisa e o ensino como processo reprodutor de um saber parcelado que conseqüentemente muito tem refletido na profissionalização, nas relações de trabalho, no fortalecimento da predominância reprodutivista e na desvinculação do conhecimento do projeto global de sociedade. Faz-se necessário a produção e a sistematização do conhecimento, no sentido de minimizar a complexidade do mundo em que vivemos. Neste sentido, a interdisciplinaridade aparece como entendimento de uma nova forma de institucionalizar a produção do conhecimento, possibilitando a articulação de novos paradigmas, as determinações do domínio das investigações, as pluralidades dos saberes e as possibilidades de trocas de experiências. Você já aprendeu que o estudo envolve relações com o tema estudado em dois níveis, o global e o parcial, aprendeu as condições para um estudo eficiente, e os princípios de uma leitura proveitosa. Isso não é suficiente para ter um aprendizado ótimo do conteúdo? Em geral, um bom estudo envolve a consulta a diferentes fontes de informação e a integração e reelaboração dos conteúdos aprendido. A sistematização permite que os conteúdos aprendidos possam ser reelaborados: quando você escreve o que entendeu, está trabalhando de forma criativa com o conhecimento. Esse trabalho criativo permite que você integre o conhecimento de forma funcional a sua estrutura mental e além disso, possa organizar todo o seu estudo. Enquanto organiza, você estabelece relações significativas entre cada momento de estudo, articulando-os e reduzindo a fragmentação do conhecimento. Vamos agora ver técnicas para essa sistematização. A seguir, verificaremos as diversas técnicas de sistematizar o conhecimento e as suas devidas aplicações práticas. Vamos a elas!
Técnica para Sublinhar Devemos compreender que cada texto tem uma idéia principal, um conceito fundamental, que se apresenta como fio condutor do pensamento. Portanto, devemos captar o fato essencial do texto, destacando, com marcas e cores diferentes, cada parte importante do todo. A técnica de sublinhar tem por objetivo destacar, no próprio texto, as idéias principais e secundárias do argumento elaborado pelo(a) autor(a). Se não seguir essa técnica, muitas vezes o estudante acaba sublinhando idéias demais, o que prejudica a leitura do texto depois por deixar as páginas “poluídas”, ou então sublinha palavras ou idéias que se mais aparecem, levando à redundância. 36
a) Leitura integral do texto; b) Esclarecimento de dúvidas de vocabulário, termos técnicos e outras; c) Releitura do texto, para identificar as idéias principais; d) Não sublinhar após a primeira leitura; e) Ler e sublinhar, em cada parágrafo, as palavras que contém a idéia-núcleo e os detalhes mais importantes. Não sublinha-se a mesma palavra novamente; f) Sublinhar apenas as idéias principais e os detalhes importantes, usando dois traços para as palavras-chave e um para os pormenores mais significativos, assinalar com uma linha vertical, à margem do texto, os tópicos mais importantes, com dois os tópicos muito importantíssimos; g) Assinalar, à margem do texto, com um ponto de interrogação, os casos de discordância, as passagens obscuras, os argumentos discutíveis; h) Reconstruir o parágrafo a partir das palavras sublinhadas; i) Ler o texto sublinhado com continuidade e plenitude de um telegrama. Técnica para Esquematizar O esquema é utilizado como trabalho preparatório para o resumo, para memorizar mais facilmente o conteúdo integral de um texto. Utiliza-se de setas, linhas retas ou curvas, círculos, colchetes, chaves, símbolos diversos. Pode ser montado em linha vertical ou horizontal. É importante que nele apareçam as palavras que contém as idéias principais, de forma clara, compreensível. Um esquema é uma representação diagramática de um texto. Depois da leitura, você já percebeu as idéias principais discutidas pelo autor. Se você tiver sublinhado o texto, terá uma visão ainda melhor de quais são as idéias principais e secundárias do argumento. De posse dessas informações, comece a ordenar graficamente as idéias em uma hierarquia. Os esquemas têm formas variadas, conforme o objetivo de quem esquematiza; por isso, além de refletir a ordenação de idéias do texto, também refletem a compreensão de quem o leu. Assim, um bom esquema lhe dará uma visão global e rápida sobre como aquele texto está organizado, lembrando-lhe de como você o entendeu no momento da leitura.
Normas para Esquema a) seja fiel ao texto; b) aponte o tema do autor, destaque títulos, subtítulos; c) seja simples, claro, distribuindo organicamente o conteúdo; d) subordine idéias e fatos, não os reúna apenas;
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e) faça uma distribuição gráfica do assunto, mediante divisões e subdivisões que representem a sua subordinação hierárquica; f) construa o esquema através de chaves de separação ou por listagens itemizadas com diferenciação de espaço e/ou classificação numérica para as divisões e subdivisões dos elementos; g) lembre-se que o esquema tem, também, um conteúdo pessoal. Técnicas para Sistematização do Conhecimento II Depois que você verificou as principais técnicas que facilitam a compreensão do texto, vamos examinar algumas técnicas que permitem a organização das diversas leituras. A partir dessa organização você poderá construir um arquivo ou banco de dados a partir de suas leituras, armazenando sua interpretação, opiniões, resumos, citações, enfim: tudo o que você julgar pertinente em relação ao texto lido. Aqui, é importante adotar o espírito científico e perceber que, para a construção do conhecimento, é preciso organização e planejamento. Muito de nossas idéias é construído a partir de nossos estudos; por isso, convém sistematizá-los para que possamos lançar mão deles quando for necessário produzir qualquer trabalho intelectual.
Técnica para Fichar Fichar é transcrever anotações em fichas, para fins de estudo ou pesquisa. À medida que o pesquisador tem em mãos as fontes de referência, deve transcrever os dados em fichas, com o máximo de exatidão e cuidado. A ficha, sendo de fácil manipulação, permite a ordenação do assunto, ocupa pouco espaço e pode ser transportada de um lugar para outro. Até certo ponto, leva o indivíduo a pôr ordem no seu material. Possibilita ainda uma seleção constante da documentação e seu ordenamento.
Composição/Estrutura das Fichas A estrutura das fichas, de qualquer tipo, compreende três partes principais: cabeçalho, referência bibliográfica e corpo ou texto, a indicação da obra (quem, principalmente, deve lê-la) e o local em que ela pode ser encontrada (qual biblioteca).
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Elaboração de fichas passo a passo A elaboração de fichas pode parecer uma atividade nova para você. Na verdade, a técnica serve apenas para organizar algo que já realizamos cotidianamente, que é a anotação durante a leitura. À medida que vamos lendo, vamos naturalmente questionando, interpretando, estabelecendo elos com outras leituras. Essas idéias é que constituem a base dos trabalhos acadêmicos, então nada melhor do que registrá-las para que você se beneficie de seu pensamento.
Etapa 1 – Fazer um plano de estudos A primeira coisa a fazer para iniciar um fichamento é realizar um plano do tema que você quer estudar. Às vezes, não temos certeza ainda do que vamos estudar; nesse caso, você não vai conseguir fazer o plano, e vai precisar deixar vários campos do cabeçalho em branco. Mas não se apresse. Vamos ver uma hipótese em que sabemos o que queremos estudar e fazemos então um plano desse assunto. Um plano nada mais é que uma organização hierarquizada dos assuntos. Quando você faz um índice de um trabalho, você pode colocar, por exemplo, o nome do capítulo 1 numa linha, e depois, nas linhas seguintes, colocar as seções que aquele capítulo contém. No plano, vai ser a mesma coisa. coisa. Observe o nosso exemplo exemplo aí embaixo. Nosso Nosso exemplo aqui trata do ensino de ciências. Que tal tentar elaborar um esquema a partir de um tema de seu interesse?
1. Ensino de Ciências 1.1. História do ensino de ciências no Brasil. 1.2. Alfabetização científica 1.2.1. Concepção educacional educacional 1.2.2. Funções e competências 1.2.3. Dificuldades 1.3. Recursos didáticos 1.3.1. Mapas conceituais 1.3.2. Projetos Veja que, nesse exemplo, o Tema geral, mais abrangente, do meu estudo, é o ensino de ciências. Podemos, depois, estudar diversos aspectos diferentes do ensino de ciências. Por exemplo, poderia estudar métodos métodos de avaliação, planejamento planejamento de currículo, currículo, etc. Mas eu escolhi escolhi estudar três aspectos em especial: a história do ensino de ciências no Brasil, o processo de alfabetização científica e os recursos didáticos disponíveis para o ensino de ciências. Esses três aspectos estão contidos no tema geral, o Ensino de Ciências. Por sua vez, em cada aspecto desses, eu posso ainda particularizar meu estudo ainda mais. Por exemplo, eu escolho estudar apenas dois recursos didáticos dos muitos que existem disponíveis: os mapas conceituais e os projetos. Da mesma forma, esses dois recursos estão contidos no item “Recursos Didáticos”. Você percebeu a hierarquia? Agora perceba, no exemplo, que essa hierarquia está marcada pela atribuição de uma seqüência de números a cada item. Examine o exemplo e veja como essa numeração funciona.
Etapa 2 – Que ficha você quer fazer? Você pode fazer vários tipos de fichas diferentes. Tenha em mente que cada ficha vai se referir a apenas um livro ou artigo ou qualquer tipo de trabalho científico. No entanto, para um mesmo livro, você pode fazer uma ficha bibliográfica, e depois decidir fazer uma outra ficha, de citação. 40
Veja que, nesse exemplo, a ficha de citação não é seqüência da ficha bibliográfica, elas atendem a objetivos diferentes. Digamos que eu queira, agora, fazer uma ficha bibliográfica. Decida qual o tamanho da ficha (do papel cartão que você compra na papelaria). Para ter mais flexibilidade, você pode escolher um tamanho grande, caso depois decida fazer uma ficha de resumo, ou citação, etc. No entanto, agora eu vou fazer a ficha bibliográfica.
Etapa 3 – Preencha o cabeçalho da ficha O cabeçalho da ficha é o elemento que vai organizar todo o seu fichamento. Isso porque ele deve ser preenchido de acordo com o esquema que você fez anteriormente. Veja abaixo quais são os campos do cabeçalho, isto é, os espaços que você vai ter que preencher. Então, vejam que o cabeçalho deve ocupar duas linhas. Na primeira, você vai colocar o Título genérico remoto, isto é, aquele título que é o mais abrangente do planejamento que você fez. No nosso exemplo, vai ser, então, Ensino de Ciências. A linha de baixo tem quatro campos, ou espaços, delimitados pelas caixinhas na figura. No primeiro, você vai colocar o título genérico próximo, ou seja, o tema de seu estudo que se refere de forma mais próxima ao texto que vai ser fichado. Digamos que, no nosso exemplo, eu esteja lendo um trabalho sobre mapas conceituais. Então, no local destinado ao Título Genérico Próximo, eu vou preencher com o item “Recursos Didáticos”. Vejam que esse título inclui o tema do meu texto, mas ainda é mais abrangente do que ele; no esquema, o item “Recursos Didáticos” inclui “Mapas conceituais” e “Projetos”. Então, no próximo campo, o do título específico, eu coloco o Título que se refere mais diretamente ao assunto do meu texto. No caso, então, vai ser o item “Mapas Conceituais”. Vejam que eu usei, até agora, as informações do esquema, e não disse nada sobre o texto.
Nos dois últimos espaços temos o número de classificação e o código indicativo da seqüência. O número de classificação corresponde àquele número da hierarquia do plano de trabalho que você fez antes. No exemplo, chegamos até o item “mapas conceituais”. Lá no nosso plano, o número associado a ele é “1.3.2”, e colocamos esse número no espaço adequado. Por fim, o código da seqüência só é preenchido quando você precisa usar mais de um papel para a mesma ficha. Digamos que você queira fazer uma ficha de esboço, que é extensa, e apenas uma folha daquele papel que você comprou não foi suficiente para escrever todo o seu esboço. Você então pode pegar outro papel, repetir todas as informações do cabeçalho, exceto esse código, vai repetir a referência, e simplesmente continuar seu esboço a partir do ponto em que parou no papel anterior. Daí, para você diferenciar as duas e indicar a seqüência de leitura, pode preencher esse campo no primeiro papel com uma indicação da seqüência, como por exemplo “1/2”, em que se lê “primeira página de duas”, e nesse campo, na segunda ficha, preencher com “2/2”, ou “segunda página de duas”. Assim você vai saber por qual ficha começar a leitura. 41
Etapa 4 – Referência . Aqui, você coloca a referência bibliográfica do texto que você leu, de acordo com as normas da ABNT. Por exemplo, digamos que o texto seja: VILLANI, Alberto; CABRAL, Tânia Cristina Baptista. Mudança Conceitual, Subjetividade e Psicanálise. Disponível em: . Acesso em: 13 mai. 2005.
Etapa 5 – Corpo . Aqui, você vai preencher com as informações que pretende armazenar com o fichamento. No caso da ficha bibliográfica, basta uma descrição breve do que o texto trata. No nosso exemplo, exemplo, vou colocar colocar simplesmente o seguinte: seguinte: “Aborda a influência da subjetividade do aluno na realização das quatro etapas necessárias ao processo de mudança mudança conceitual conceitual e na realização de mapas conceituais.”
Etapa 6 – Indicação . Aqui, você indica para que público aquele texto é interessante. Nosso exemplo: “Indicado para alunos de licenciatura em ciências e para estudos de psicologia cognitiva”.
Etapa 7 – Localização . Escreva em que local o texto pode ser encontrado. Pode ser na sua biblioteca pessoal, na biblioteca municipal, pode ser que o texto original seja de um amigo seu. Não importa, diga exatamente onde ele pode ser encontrado. No nosso exemplo, poderia ser: “Página da revista eletrônica Investigações no Ensino de Ciências - Instituto de Física, Universidade Federal do Rio e m . Grande do Sul . Disponível em
Construa agora sua ficha! Experimente construir uma ficha de um texto que você já leu.
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E se você não conseguiu fazer o plano de estudos? Não deixe de fichar suas leituras, mesmo que você ainda não tenha o plano definido. Você pode preencher no cabeçalho somente o título genérico remoto. Coloque pelo menos um título bem geral, como “Didática”, “Filosofia da Educação” ou “Avaliação”. E não esqueça de colocar a referência de maneira correta, porque sem isso seu fichamento perderá a função de organizador dos seus estudos. Espero que a técnica de fichamento tenha ficado mais clara para você. Relaxe e aproveite suas leituras!
Ficha Bibliográfica Também denominada de ficha de indicações bibliográficas, trata da reunião de elementos que permitem a identificação, no todo ou em parte, de documentos impressos ou registrados em diversos tipos de material, sendo fundamentalmente os seguintes: autor, título, número da edição (da segunda em diante); local de publicação; editora; data da publicação; outras informações (campo do saber; tema; aspectos significativos). Essas indicações bibliográficas obedecem às normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Constituem-se, também, num grande auxílio no momento de colocar as obras em ordem alfabética, para organizar a bibliografia de um trabalho. Recomenda-se:
a) Ser breve - quando se desejam maiores detalhes sobre a obra, o ideal é a ficha de resumo ou conteúdo, ou, melhor ainda, a de esboço. Na ficha bibliográfica algumas frases são suficientes; b) Utilizar verbos ativos - para se caracterizar a forma pela qual o autor escreve, as idéias principais devem ser precedidas por verbos tais como: analisa, compara, contém, critica, define, descreve, examina, apresenta, registra, revisa, sugere. c) Evitar repetições desnecessárias - não há nenhuma necessidade de colocar expressões como: esse livro, esta obra, este artigo, o autor. Ficha de Citações Enquanto se realiza a leitura analítica ou interpretativa das fontes bibliográficas, convém selecionar trechos de alguns autores, que poderão (ou não) ser usados como citações no trabalho ou servir para destacar idéias fundamentais de determinados autores, nas obras consultadas. Deve-se observar os seguintes cuidados:
a) Toda citação tem de vir entre aspas - é através desse sinal que se distingue uma ficha de citações das de outro tipo. Além disso, a colocação das aspas evita que, mais tarde, ao utilizar a ficha, se transcreva como do fichador os pensamentos nela contidos; b) Após a citação, deve constar o número da página de onde foi extraída - isso permitirá a posterior utilização no trabalho, com a correta indicação bibliográfica; c) A transcrição tem de ser textual - isso inclui os erros de grafia, se houver. Após eles, colocase o termo sic, em minúsculas e entre parênteses ou colchetes;
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d) A supressão de uma ou mais palavras deve ser indicada , utilizando-se no local da omissão, três pontos, precedidos e seguidos por espaços, no início ou final do texto e entre parênteses, no meio; e) A supressão de um ou mais parágrafos também deve ser assinalada, utilizando-se uma linha completa de pontos; f) A frase deve ser complementada, se necessário - quando se extraí uma parte ou parágrafo de um texto, este pode perder seu significado, necessitando de um esclarecimento, o qual deve ser intercalado, entre colchetes; g) Quando o pensamento transcrito é de outro autor, tal fato tem de ser assinalado - muitas vezes o autor fichado cita frases ou parágrafos escritos por outra pessoa. Nesse caso, é imprescindível indicar, entre parênteses, a referência bibliográfica da obra da qual foi extraída a citação. Ficha de Resumo Apresenta uma síntese bem clara e concisa das idéias principais do autor ou um resumo dos aspectos essenciais da obra. Na sua elaboração, considere que a ficha de resumo: a) Não é um sumário ou índice das partes componentes da obra, mas exposição abreviada das idéias do autor;
b) Não é transcrição, como na ficha de citações, mas é elaborada pelo leitor, com suas próprias palavras, sendo mais uma interpretação do autor; c) Não é longa, apresenta mais informações do que a ficha bibliográfica, que por sua vez, é menos extensa do que a do esboço; d) Não precisa obedecer estritamente à estrutura da obra, lendo a obra, o estudioso vai fazendo anotações dos pontos principais. Ao final, redige um resumo, contendo a essência do texto. Ficha de Esboço Na ficha de esboço, você registrará impressões gerais sobre a obra sendo fichada. Um esboço corresponde a um rascunho, uma primeira tentativa de alguma ação. Pode-se entender a natureza de esboços e rascunhos observando seu emprego nas artes: o artista, antes de iniciar o desenho ou pintura definitiva, traça as linhas gerais do objeto a ser representado. No caso da ficha de esboço, o texto que você escreverá é o primeiro passo na elaboração de um outro texto posterior, definitivo, que pode ser um resumo ou uma resenha. Assim, ao escrever seu esboço você deverá treinar sua redação tendo em mente o trabalho final. Como se trata da ficha mais extensa, é interessante que você indique as páginas do texto original às quais correspondem os parágrafos ou seções do seu texto de esboço.
Ficha de Comentário Sempre que estamos lendo um texto, estamos ao mesmo tempo avaliando-o. A leitura é interessante e acessível? O conteúdo é relevante? A argumentação é convincente ou apresenta 44
contradições? Todas essas impressões do leitor, e muitas outras, podem ser registradas na ficha de comentário. Este modelo de fichamento destina-se a explicitar o julgamento, a avaliação, a opinião do leitor sobre os mais diversos aspectos do texto sendo fichado, incluindo a forma, o estilo, a argumentação, os propósitos, as conclusões, entre outras. É interessante que você compare a obra sendo fichada a outros trabalhos lidos sobre o mesmo tema, para que se estabeleça uma rede de conexões entre suas leituras. Não é preciso que se transcreva as partes do texto a serem comentadas.
Técnica para Resumir Um resumo é uma apresentação breve, concisa e seletiva de um texto que permite ao destinatário tomar conhecimento de um documento sem a necessidade de ler as partes componentes. Nele destacam-se os elementos de maior interesse e importância, identificando as idéias principais do autor e da obra. Um resumo precisa explicitar a abordagem implícita, o valor dos achados e a originalidade, se houver. A finalidade de se resumir consiste na difusão das informações contidas em livros, artigos, teses etc., permitindo a quem o ler decidir sobre a conveniência ou não de consultar o texto completo. O como fazer um resumo depende muito do objetivo ou demanda que se tenha. Ele pode ser uma apresentação de um sumário narrativo das partes mais significativas, não dispensando a leitura do texto; uma condensação do conteúdo, expondo ao mesmo tempo, tanto a metodologia e as finalidades quanto os resultados obtidos e as conclusões, permitindo a utilização em trabalhos acadêmicos, dispensando, assim, a leitura posterior do texto original; uma análise interpretativa de um documento criticando os diferentes aspectos inerentes ao texto.
Como Resumir Levando-se em consideração que quem escreve obedece a um plano lógico através do qual desenvolve as idéias em uma ordem hierárquica, ou seja, proposição, explicação, discussão e demonstração, é aconselhável, em uma primeira leitura, fazer um esboço do texto, tentando captar o plano geral da obra e seu desenvolvimento. A seguir, volta-se a ler o trabalho para responder a duas questões principais: de que trata este texto? o que pretende demonstrar? Com isso, identifica-se a idéia central e o propósito que nortearam o autor. Em uma terceira leitura, a preocupação é com a questão: como disse? Em outras palavras, tratase de descobrir as partes principais em que se estrutura o texto. Esse passo significa a compreensão das idéias, provas, exemplos etc. que servem como explicação, discussão e demonstração da proposição original (idéia principal). É importante distinguir a ordem em que aparecem as diferentes partes do texto. Geralmente quando o autor passa de uma idéia para outra, inicia novo parágrafo. Uma vez compreendido o texto, selecionadas as palavras-chave e entendida a relação entre as partes essenciais, pode-se passar à elaboração do resumo.
Tipos de Resumo Um resumo pode ser de três tipos:
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a) Resumo descritivo ou indicativo - nesse tipo de resumo descrevem-se os principais tópicos do texto original, e indicam-se sucintamente seus conteúdos. b) Resumo informativo ou analítico - é o tipo de resumo que reduz o texto a 1/3 ou 1/4 do original, abolindo-se gráficos, citações, exemplificações abundantes, mantendo-se, porém, as idéias principais. c) Resumo crítico - consiste na condensação do texto original a 1/3 ou 1/4 de sua extensão, mantendo as idéias fundamentais, mas permite opiniões e comentários do autor do resumo sobre o trabalho e não sobre o autor. Estes comentários podem se centrar na forma (com relação aos aspectos metodológicos), no conteúdo (análise do teor em si do trabalho), do desenvolvimento (da lógica utilizada na demonstração); e na técnica de apresentação das idéias principais. Para elaborar um bom resumo crítico, você pode seguir a seqüência das estratégias que mostramos aqui: 1. Leia o texto a fim de obter uma idéia geral do conteúdo e do argumento; 2. Faça uma segunda leitura, mais atenta, e sublinhe as idéias principais e secundárias. Não esqueça de tirar as dúvidas de vocabulário. 3. Construa um esquema que organize hierarquicamente as idéias que você sublinhou, para que você tenha uma idéia mais clara da seqüência e organização do argumento do autor. Comece a escrever seu resumo com base nesse esquema, utilizando uma linguagem clara e direta: evite frases longas e repetições. É essencial manter a fidelidade às idéias do autor mas observe: isso NÃO significa que você deve COPIAR o texto original, nem fazer transcrições. A elaboração do resumo exige que você reescreva as idéias apresentadas com a suas palavras; assim asseguramos a construção do seu conhecimento.
ATIVIDADE PROPOSTA Sei que você adorou o texto que sugerimos, da profª Lüdke: então, que tal trabalhá-lo um pouco mais? Faça a união do útil com o agradável e elabore uma ficha de resumo para ele!
Vamos concluir este tema exercitando? Para fechar com chave de ouro seu estudo do tema 2, propomos abaixo uma representação conceitual dos temas que trabalhamos até aqui. Seu desafio será relacionar entre si os conceitos colocados nas caixas, por meio de setas, reorganizando-os de modo a formar uma rede. Cada seta deverá vir acompanhada de uma palavra ou expressão que informe o tipo de relação representada por ela. Por exemplo, se você vir os conceitos abaixo:
Você poderá reorganizar e relacionar as caixas de diversas maneiras, adicionando uma ou outra nova caixa quando julgar necessário (abaixo, as caixas acrescentadas estão com a linha pontilhada), como por exemplo:
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Exemplo 01
Exemplo 02
Não há uma única maneira certa de organizar os conceitos, o importante é que você pense bem antes de fazer as relações. Tente estabelecer uma hierarquia de conceitos, identificando quais são os mais importantes e quais são os secundários; de preferência, coloque os conceitos principais no topo da sua rede. Quanto mais conexões você fizer, melhor; isso significará que seu conhecimento está bastante integrado. Os conceitos que propomos são:
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Agora, pode começar a organizá-los e a relacioná-los. Ao terminar, que tal comparar sua rede com a de outro colega? Comparem as hierarquias e relações estabelecidas, e discutam os motivos pelos quais colocaram um conceito como muito importante ou atribuíram certa relação. Será que é possível elaborar uma rede conjunta? Pode ser um pouco difícil, mas vencer desafios é sempre divertido.
3º Tema Existem algumas técnicas e procedimentos que podem ser adotados para a eficiente elaboração de seus trabalhos acadêmicos. De posse dos conhecimentos adquiridos ao longo da nossa disciplina, podemos agora aprofundar mais um pouco e aplicar tais conhecimentos nos trabalhos que serão elaborados por você daqui para frente. Portanto, aprenderemos adiante como é a estrutura adequada para elaboração de trabalhos acadêmicos, bem como a melhor maneira de redigi-los, segundo as normas da ABNT que já veremos em nossos estudos. Vamos lá? Mãos à obra!!! Bom estudo!!!
Estrutura e Organização de Trabalhos Acadêmicos A partir de agora trataremos da parte prática do nosso curso, ou seja, todo conhecimento adquirido até então serviu de base para a construção adequada dos seus trabalhos acadêmicos. Daqui a diante, você será mais exigido quanto ao rigor das normas técnicas. Esteja atento às normas e à redação dos seus textos.
A LINGUAGEM CIENTÍFICA E AS REGRAS DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). É sabido que a linguagem se processa por uma manifestação mental que juntamente com o pensamento, significa e orienta o contacto inter-pessoal, ou seja, ela é responsável pela comunicação entre aquele que fala (o emissor) com aquele que recebe a mensagem (o receptor). Quando estudamos a linguagem, devemos perceber sua distinção, a expressão verbal (fala) e a expressão gráfica (escrita). Ambas as expressões são um conjunto de sinais próprios de cada língua com os quais manifestamos nosso pensamento.
Ela também se faz a partir de um sistema constituído por diversos elementos de signos, gestos, sinais, sons, símbolos ou palavras, que tem como principal objetivo a comunicação, que podemos definí-la como permuta de informações entre sujeitos ou objetos. Redação Científica (Normas da ABNT) Toda atividade pressupõe o uso de normas que visam auxiliar e uniformizar os procedimentos, melhorando a comunicação de modo geral, além de imprimir qualidade e facilitar o intercâmbio de informações. Desta forma, a normatização ou o conjunto de procedimentos padronizados se
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aplica à elaboração de documentos técnicos e científicos, organizando assim, todo o seu conteúdo. No caso específico de redação de trabalhos acadêmicos, esta deve atender algumas características para que a transmissão da informação e a sua compreensão por parte do leitor sejam eficazes. Alguns dos princípios básicos desta interação que deve existir entre autor e leitor são os seguintes: Clareza de expressão Objetividade na apresentação
Precisão na linguagem Utilização correta das regras da língua
Clareza de expressão Todo o texto escrito deve ser perfeitamente compreensível pelo leitor. Este não deve ter nenhuma dificuldade para entender o texto. As sentenças estão bem construídas? As idéias estão bem encadeadas? Há uma seqüência adequada na apresentação dos seus resultados e de sua argumentação? Leia cuidadosamente o que escreveu como se você fosse o seu leitor.
Precisão na linguagem A linguagem científica deve ser precisa. Cuidado com termos vagos ou que podem ser mal interpretados. As palavras e figuras que entrarão no seu texto devem ser escolhidas com cuidado para exprimir o que o você tem em mente.
Objetividade na apresentação Convém selecionar os conteúdos que farão parte do seu texto. Selecione a informação que você dispõe e apresente só o que for relevante. Elabore um relato lógico, objetivo e, se possível, retilíneo tanto das observações como do raciocínio. Isto é ainda mais importante em um artigo, em que a concisão é geralmente desejada pelo periódico e pelo leitor.
Utilização correta das regras da língua Escrever erradamente pode resultar de ignorância ou de desleixo. Se for por ignorância, informese melhor, consulte dicionários e textos de gramática. Se for por desleixo, o leitor (e membro da Banca Examinadora) terá todo direito de pensar que o trabalho em si também foi feito com desleixo. Seja qual for a razão, é um desrespeito ao leitor. •
Trabalho Científico
São Teses, Dissertações, Resenhas, Artigos, Memoriais, Projetos de Pesquisa, Relatórios, Monografias, e Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC). Faz-se necessário lembrar que , todos devem ser inéditos, datilografados ou digitados , desde que sejam obedecidas as dimensões, disposições, margens e espaços exigidos pelas Normas Oficiais. Aqui, como já foi dito, estudaremos a elaboração dos trabalhos acadêmicos , seguindo as normas da ABNT mais atual. Os trabalhos científicos devem ser elaborados de acordo com normas preestabelecidas e com os fins a que se destinam, devendo ser inéditos ou originais e contribuírem não só para a ampliação 49
de conhecimentos ou a compreensão de certos problemas, mas também servirem de modelo ou oferecer subsídios para outros trabalhos. Os trabalhos científicos, originais, devem permitir a outro pesquisador,baseado nas informações dadas:
a) Reproduzir as experiências e obter os resultados descritos, com a mesma precisão e sem ultrapassar a margem de erro indicada pelo autor; b) Repetir as observações e julgar as conclusões do autor; c) Verificar a exatidão das análises e deduções que permitiram ao autor chegar às conclusões. Aponta-se como trabalhos científicos, aqueles que apresentam, concomitantemente, uma das seguintes características:
a) observações ou descrições originais de fenômenos naturais, espécies novas, estruturas e funções e variações, dados ecológicos etc.; b) trabalhos experimentais cobrindo os mais variados campos e representando uma das mais férteis modalidades de investigação, por submeter o fenômeno estudado às condições controladas da experiência; c) trabalhos teóricos de análise ou síntese de conhecimentos, levando à produção de conceitos novos por via indutiva ou dedutiva; apresentação de hipóteses, teorias etc. Os trabalhos científicos podem ser realizados com base em fontes de informações primárias ou secundárias e elaborados de várias formas, de acordo com a metodologia e com os objetivos propostos. Para elaboração de trabalhos científicos, consulte as normas atualizadas da ABNT. Mas o que é ABNT? Associação Brasileira de Normas Técnicas – Órgão responsável pela normalização técnica no país, fornecendo a base necessária ao desenvolvimento tecnológico brasileiro. É uma entidade privada, sem fins lucrativos, reconhecida como Fórum Nacional de Normalização – ÚNICO – através da Resolução n.º 07 do CONMETRO, de 24.08.1992. É membro fundador da ISO (International Organization for Standardization), da COPANT (Comissão Panamericana de Normas Técnicas) e da AMN (Associação Mercosul de Normalização. Disponível em . Acesso em de out.2006
Você sabe responder: O QUE É UM PROJETO? A palavra projeto, vem do latim que quer dizer pro-jicere: literalmente falando é colocar adiante. A elaboração de qualquer projeto, seja ele de pesquisa ou não, depende exclusivamente de dois fatores fundamentais. São eles: 50
1. A capacidade de construir uma imagem mental de uma situação futura; 2. A capacidade de conceber um plano de ação a ser executado em um tempo determinado que vai permitir sua realização. No projeto define-se: - O que fazer; - Porque fazer; - Para quem fazer; - Onde fazer; - Como, com que, quanto e quando fazer; - Com quanto fazer e como pagar; - Quem vai fazer. E aí, você já tem condições de elaborar projeto?
Estrutura do trabalho acadêmico Já sabemos que para elaboração do trabalho científico é necessário seguir uma estrutura composta por partes definidas. Usaremos ABNT, que estabelece uma ordenação lógica, esclarecendo que, algumas dessas partes são consideradas essenciais e outras opcionais. Abaixo elas se encontram na ordem em que devem ser apresentadas. Partes do trabalho científico: Todo o trabalho científico é definido em três partes: pré-textual; textual e pós-textuais.
Pré-textuais Capa (obrigatório) Folha de rosto (obrigatório) Errata (opcional) Folha de aprovação (obrigatório) Dedicatória (opcional) Agradecimento (opcional) Epígrafe ( opcional) Resumo na língua vernácula (obrigatório) Resumo em língua estrangeira (obrigatório) Lista de ilustrações ( opcional) Lista de tabelas se ( opcional) Lista de abreviaturas e siglas (opcional) Lista de símbolos (opcional) Sumário (obrigatório)
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A seguir, veja modelos de capa, folha de rosto e sumário
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TEXTO COMPLEMENTAR Para a elaboração de trabalhos científicos, é necessário seguir orientações conforme adaptação das regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas para Trabalhos Acadêmicos NBRs 6022/1994, 6023/2002 e 10520/2002. 1. Tipo de fonte Arial ou Times New Roman; 2. Número da fonte :12; 3. Papel formato A4: 210mm X 297mm.; 4. Cor da folha: Branca; 5. Margens: 54
5.1 Superior 3 cm; 5.2 Inferior 2 cm; 5.3 Esquerda 3 cm; 5.4 Direita 2 cm. 6. Espaçamento: entre linhas e entre parágrafos é 1,5; 7. Parágrafos: justificados; 8. Numeração de páginas: no canto superior direito iniciando na introdução do trabalho; 9. Estruturas de parágrafos: iniciar sempre o parágrafo com uma tabulação para indicar o início (faça um recuo no começo do parágrafo). Agora vamos apresentar, de maneira bastante detalhada, os chamados Elementos textuais. São eles:
Introdução - parte do texto que deve constar a formulação, delimitação do tema e os objetivos do trabalho a ser apresentado. O modo como se inicia um texto, e basicamente, o título, são de grande importância para despertar e segurar a atenção do leitor. Desenvolvimento - É a parte mais importante do texto, é considerada por muitos como a principal e a mais extensa etapa do trabalho, aqui, deve ser apresentada a fundamentação, os embasamento da pesquisa, a metodologia aplicada, os resultados obtidos pelas observações e a discussão. Precisar ser dividido em seções e subseções. Conclusões - Na conclusão é indispensável apresentar as respostas do questionamento indicados na pesquisa, correspondentes aos objetivos e hipóteses; aconselha-se que sejam elaborados de maneira breve podendo apresentar recomendações e sugestões para trabalhos futuros. Elementos Pós-textuais Referências (obrigatório) Obras consultadas(opcional) Glossário (opcional) Apêndice (opcional) Anexos(opcional)
ATENÇÃO: As referencias são obrigatórias em qualquer trabalho acadêmico. Os demais elementos póstextuais apresentados são opcionais.
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Saiba Mais Na introdução deve-se expor a finalidade e os objetivos do trabalho de modo que o leitor tenha uma visão geral do tema abordado. A introdução deve apresentar: a)”o assunto” objeto de estudo; b) o ponto de vista sob o qual o assunto foi abordado; c) trabalhos anteriores que abordam o mesmo tema; d) “as justificativas que levaram a escolha do tema, o problema de pesquisa, a hipótese de estudo, o objetivo pretendido, o método proposto, a razão de escolha do método e principais resultados.” (GUSMÃO; MIRANDA 1997 apud RELATÓRIO... 2003). Agora que já sabemos como estruturar uma pesquisa, vamos falar de cada um dos trabalhos científicos estudados, apontando características específicas de cada um deles. Começaremos com a elaboração da Resenha.
RESENHA, ARTIGO CIENTÍFICO E MEMORIAL Resenha A Resenha é a apresentação do conteúdo de uma obra. Consiste na leitura, no resumo, na crítica e na formulação de um conceito de valor do livro feitos pelo resenhista. - É um tipo de trabalho que exige conhecimento do assunto, para estabelecer comparação com outras obras da mesma área e maturidade intelectual para fazer avaliação e emitir juízo de valor. (ANDRADE, 1995); - Tipo de resumo crítico, contudo mais abrangente: permite comentários e opiniões, inclui julgamentos de valor, comparações com outras obras da mesma área e avaliação da relevância da obra com relação às outras do mesmo gênero. (ANDRADE, 1995). Elementos da Resenha • •
Reais: reunião e acontecimentos em geral; Textuais: livros, peças teatrais, texto, filme e etc. *Tipos de Resenha
Descritiva: Trabalho com a estrutura da obra, resumo da obra, a perspectiva teórica, o método dotado etc; Critica: possui todos os elementos da descritiva, além da apreciação (comentário e julgamento) •
•
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Aspectos Gerais da Resenha Desenvolve a capacidade de síntese, interpretação e crítica; Ultiliza-se a linguagem na terceira pessoa; Conduz o leitor para informações puras; Resenha é diferente de Resumo. Ela admite juízo valorativo, comentários, crítica, enquanto o resumo, pode abolir tais elementos. • • • •
Modelo de resenha
Em algumas revistas estão elaboradas boas resenhas de livros e filmes. Vale a pena verificar.
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Estrutura da Resenha Crítica Estrutura da Resenha Crítica a ) Referência Bibliográfica: Autor. Título da obra. Local da edição, Editora, Data. Número de páginas. b) Credenciais do autor: Informações sobre o autor, nacionalidade, formação universitária, títulos, cargos exercidos e obras publicadas. c) Resumo da obra (digesto): - Resumo das principais idéias expressas pelo autor; - Descrição sintetizada do conteúdo dos capítulos ou partes em que se divide a obra.
d ) Conclusões da autoria: - Indica os resultados obtidos pelo autor - Quais as conclusões que o autor chegou?
e) Crítica do resenhista (apreciação da obra): - É o momento de posição pessoal do resenhista: - Qual a contribuição da obra? - Como é o estilo do autor: conciso, objetivo, simples? Idealista? Realista?
f) Indicações do resenhista: - A quem é dirigida a resenha (estudantes, especialistas, leitores em gerais) - Fornece subsídios para o estudo de que disciplina(s)? - Pode ser adotado(a) em que tipo de curso?
Artigo Científico É a apresentação do resultado de uma pesquisa, de forma sucinta, para ser lido ou estudado por um grupo de pesquisadores ou comunidades afins. É um texto dissertativo sobre determinado tema, de pequena extensão (máximo de 20 páginas), usado para publicação em revistas especializadas. Deve conter introdução, desenvolvimento e conclusão. Para se fazer um bom artigo científico deve-se fazer uma descrição seqüencial dos componentes típicos de um documento desta natureza. O artigo científico comunica idéias e informações de maneira clara e concisa. Sua característica principal é ser publicado em periódicos científicos. Quanto à análise de conteúdo, os artigos estão divididos nos seguintes tipos:
- Artigo de divulgação: É o relato analítico de informações atualizadas sobre um tema de interesse para determinada especialidade. Não requer necessariamente uma revisão de literatura retrospectiva.
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- Artigo de revisão: São conhecidos como “reviews”. Os artigos de revisão com enfoque histórico devem obedecer a uma ordem cronológica de pensamento. É necessário conter em um artigo: • • • • •
Título Autores (caso tenha mais de um autor, colocar em ordem alfabética ) Resumo Texto Referência bibliográfica das obras citadas no texto.
O artigo é uma pequena parcela de um saber maior, cuja finalidade, de um modo geral, é tornar pública parte de um trabalho de pesquisa que se está realizando. São pequenos estudos, porém completos, que tratam de uma questão verdadeiramente científica, mas que não se constituem em matéria para um livro.
Modelo de primeira página de artigo
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Saiba Mais Para elaboração de artigos, a ABNT traz novidade: 1. Tamanho da fonte: 1.1 No título do artigo (em letras maiúsculas) = 12; 1.2 No nome do(s) autor(es) = 10; 1.3 Na titulação (nota de rodapé) 10; 1.4 No resumo = 10; 1.5 Nas palavras-chave = 12; 1.6 Na redação do texto (introdução, desenvolvimento e conclusão) = 12; 1.7 Nas citações longas = 10 1.8 Nas referências = 12. 2. Citação: 2.1 Destacar a fonte em negrito itálico, quando citação breve de até três linhas no mesmo parágrafo; 2.2 Utilizar um recuo maior do parágrafo, quando citação longa, com tamanho da fonte 10, aplicar espaço simples no parágrafo (não é necessário negrito nem itálico) no parágrafo; 2.3 Atentar para NBR 10520/2002; 2.4 Apor o sobrenome do autor, ano da publicação da obra e número da página.
Título do Artigo (Modelo de estrutura) (apor o nome do tema abordado; centralizado em letras maiúsculas; tamanho da fonte 12) Apor(colocar) dois espaços 1,5 Resumo: elaborar um resumo para convidar o leitor para a leitura do artigo, um parágrafo estruturado de cinco a dez linhas, sobre o tema indicando os objetivos do estudo desenvolvido com espaço entre linha simples; tamanho da fonte 10; com parágrafo justificado. Apor dois espaços 1,5 Palavras-chave: escolher entre três e cinco palavras importantes sobre o tema que foi desenvolvido, e colocar como palavras-chave do artigo (fonte 12; espaço entre linhas 1,5; parágrafo justificado). Apor dois espaços 1,5 Iniciar a redação sobre o tema com estruturação de parágrafos, introdução, desenvolvimento e conclusão de forma clara e ortograficamente correta. (tamanho da fonte 12; espaço entre linhas 1,5; parágrafos justificado). Apor dois espaços 1,5 Iniciar em ordem alfabética as Referências, conforme modelo e adaptação da NBR 6023/2002 . Disponível em . Acesso dia 24 de out.2006.
Texto Complementar
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NBR 6023 – Referências é o “[ . . . ] conjunto padronizado de elementos descritivos, retirados de um documento, que permite sua identificação individual” (ABNT, 2002, p. 2) no todo ou em parte, impressos ou registrados em diversos tipos de suporte. As referências aparecem sempre alinhadas à margem esquerda e de forma a se identificar individualmente cada documento, em espaço simples e separado entre si por espaço duplo. São de mera importância para identificação de uma obra, é imprescindível conter na sua elaboração, dados minuciosos, para facilitar ao leitor a identificação do texto citado ou estudado pelo pesquisador.
Saiba Mais As citações são apresentadas no texto com objetivo de ilustrar ou completar as opiniões do autor, dando suporte para as afirmações. Toda documentação consultada deve ser obrigatoriamente citada em decorrência aos direitos autorais, e para possíveis consultas. As citações se justificam quando nos referir às idéias de outros autores, a frases específicas e conclusões de outros autores/trabalhos. Elas podem ser transcrições do texto original ou referências que nem sempre precisam ser cópias. A própria natureza da pesquisa pressupõe a inspiração em outras obras, buscando nelas o apoio necessário para fundamentar pontos de vista, elaborar exemplos e ilustrações. Desta forma, podemos usar citações literais (textuais), isto é, quando transcrevemos as palavras de um texto incorporando-as ao nosso ou citações livres (paráfrases), quando retiramos do texto a idéia que nos interessa e apresentamos com nossas próprias palavras. SANTOS, Gildenir Carolino ; PASSOS,Rosemary .Curso Online de Citações Bibliográficas . Disponível em Acesso em 14 de nov.2007
No texto, devemos apresentar os seguintes sinais para indicar: Supressões: [...] Interpolações, acréscimos ou comentários: [ ] Ênfase ou destaque: grifo, ou negrito ou itálico Citações diretas no texto (até três linhas) No caso das citações que possuam até 3 linhas, devemos mantê-las dentro do parágrafo, incorporadas ao texto. Observe o exemplo abaixo: Para Piaget (2001, p. 26) “a escola deve atender as necessidades básicas do aluno [...]”. Como a citação possui menos de 3 linha, a citação apresenat aspas e está dando continuidade ao parágrafo. Os colchetes com reticências indicam que uma parte do texto foi suprimida.
Citações diretas no texto (mais de três linhas) Para as citações mais longas, com mais de 3 linhas, devemos recuar 4 cm à margem esquerda, mas não é necessário o uso de aspas. Veja o exemplo:
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A concepção materialista de Marx carrega em sua base uma concepção de natureza e da relação do homem com essa natureza. Para Marx, [...] o homem é um ser natural porque foi criado pela própria natureza, porque depende da natureza, da sua transformação para sobreviver. Por outro lado, o homem não se confunde com a natureza, [...] já que usa a natureza transformando-a conscientemente segundo suas necessidades e, nesse processo, faz-se homem. (ANDERY, 2004, P. 403).
Citação indireta no texto A escola deve perceber o educando e suas necessidades (PIAGET, 2001).
Citar no texto o nome do autor Piaget (2001) considera que a escola deve atender as necessidades do educando.
Grifo em citação Deve-se utilizar itálico ou negrito para destacar a parte fundamental da citação, indicando, por meio da expressão “grifo nosso” ou “grifo do autor”. Veja os exemplos: Sendo assim, a escola deve atender as necessidades básicas do aluno levando em consideração seu conhecimento [...] (PIAGET, 2001, p. 26, grifo nosso).
OU Sendo assim, a escola deve atender as necessidades básicas do aluno levando em consideração seu conhecimento [...] (PIAGET, 2001, p. 26, grifo do autor).
Citação de Citação (Apud) Aplicamos a citação de citação quando queremos fazer referência a uma idéia à qual não tivemos acesso direto, mas por intermédio de outro texto. Ela só pode ser utilizada se for impossível entrar em contato com o texto original. Veja o exemplo: Piaget, citado por Zabala, afirma que a escola deve atender as necessidades básicas do aluno levando em consideração seu conhecimento [...]. A expressão “citado por” pode ser substituída pela expressão latina apud , como no exemplo a seguir: Para Piaget, ( apud ZABALA, 2002, p. 57) a escola deve atender as necessidades básicas do aluno levando em consideração seu conhecimento [...].
REFERÊNCIA: SANTOS, Gildenir Carolino ; PASSOS,Rosemary .Curso Online de Citações Bibliográficas . Disponível em Acesso em 14 de nov.2007.
Memorial Trata-se de uma autobiografia que descreve, analisa e crítica acontecimentos sobre a trajetória acadêmico-profissional e intelectual do autor, avaliando cada etapa da sua experiência. Deve 62
incluir todas as fases do autor, enfatizando-se as fases mais significativas e importantes. Deve-se destacar as experiências mais relevantes, fazendo-se um comparativo entre a vida profissional e a vida pessoal, evidenciando-se as influências de uma para com a outra, e vice-versa. O memorial deve ser iniciado com uma breve introdução, evidenciando a finalidade da elaboração do mesmo. Deve-se incluir em sua estrutura informações significativas como formação do autor, atividades tecno-científicas e artístico-culturais importantes, produções científicas, dentre outras. O texto do memorial deve ser escrito na primeira pessoa do singular.
Estrutura de um Memorial a) Capa e folha de rosto – deve conter nome, título (memorial), local, ano; b) Sumário – deve vir logo depois da folha de rosto; c) Corpo do memorial – apresenta-se de forma narrativa. Devem-se inserir comentários sobre as diversas etapas da vida pessoal, acadêmica e profissional do autor. As folhas devem vir numeradas com algarismos romanos. Apresentação Gráfica de um Memorial (formatação) a) Formato do papel – recomenda-se a utilização de papel A4 (210x297mm); b) Digitação – margens: superior e esquerda = 3cm; inferior e direita = 2cm; c) Entrelinhamento do texto – 1,5 linha; d) Fonte e tamanho da letra – preferencialmente Times New Roman ou Arial 12; e) Paginação – Numerar as páginas dos elementos pré-textuais com algarismos romanos minúsculos no centro inferior, sendo que a capa e a folha de rosto não são contadas e não recebem número. As folhas textuais são numeradas com algarismos arábicos, no canto superior direito ou centralizados ao pé da folha. A primeira folha de texto é contada, mas não numerada. Fiquem bem atentos na elaboração do memorial, pois ele será muito presente na sua caminhada do conhecimento. Ele será exigido para ingressar em alguns cursos de pós-graduação de Lato e Stricto Sensu.
Seminário, Painel e Mesa Redonda Agora que já sabemos como elaborar trabalhos científicos com a linguagem escrita, vamos passar para os trabalhos que usam a oralidade como meio de divulgação de suas pesquisas. Também conhecidos como eventos acadêmicos, suas propostas levam o caráter educativo, esportivo, cultural, social, científico, artístico ou tecnológico, sem necessariamente possuir o caráter de continuidade. São desenvolvidas de forma planejada com objetivos e períodos de curto prazo.
Seminário O seminário é uma técnica de estudo que inclui pesquisa, discussão e debate, constituindo-se numa das técnicas mais eficientes de aprendizagem, quando convenientemente elaborado e 63
apresentado. A pesquisa, especialmente a bibliográfica, é o primeiro passo, requisito indispensável na elaboração do Seminário. A pesquisa leva à discussão do material pesquisado, mas, para que os objetivos sejam alcançados, não se pode dispensar o debate.
Objetivos dos Seminários As finalidades gerais da técnica de Seminário basicamente são duas: aprofundar o estudo a respeito de determinado assunto; desenvolver a capacidade de pesquisa, de análise sistemática dos fatos, através do raciocínio, da reflexão, preparando o aluno para a elaboração clara e objetiva dos trabalhos científicos. O Seminário possibilita ensinar pesquisando; revelar tendências e aptidões para a pesquisa; ensinar a utilização de instrumentos lógicos de trabalho intelectual; ensinar a coletar material para análise e interpretação e crítica de trabalhos mais avançados; ensinar a trabalhar em grupo e desenvolver o sentimento de comunidade intelectual entre os educandos e professores; ensinar a sistematizar fatos observados e a refletir sobre eles; levar a assumir atitude de honestidade e exatidão nos trabalhos.
Estrutura de um Seminário Coordenador - geralmente o professor, pode eventualmente orientar as pesquisas. Organizador - figura que surge apenas quando o seminário é grupal, e as tarefas são divididas entre seus integrantes. Relator ou Relatores - é aquele que expõe os resultados dos estudos; pode ser um só elemento, vários ou todos do grupo, cada um apresentando uma parte. Comentador - pode ser um só estudante ou um grupo diferente do responsável pelo seminário. Só aparece quando se deseja um aprofundamento crítico dos trabalhos e é escolhido pelo professor. Deve estudar com antecedência o tema a ser apresentado com o intuito de fazer críticas adequadas à exposição, antes da discussão e debate dos demais participantes da classe. Debatedores - correspondem a todos os alunos da classe. Depois da exposição e da crítica do comentador (se houver), devem participar fazendo perguntas, pedindo esclarecimentos, colocando objeções, reforçando argumentos ou dando alguma contribuição. As etapas de um seminário, de modo geral, são as seguintes:
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1. o coordenador propõe determinado estudo, indica a bibliografia mínima, forma os grupos de seminário, escolhe o comentador e o secretário; 2. formado o grupo, este escolhe o organizador, decide se haverá um ou mais relatores, divide as tarefas, inicia o trabalho de pesquisa, de procura de informações, através de bibliografia, documentos, entrevistas com especialistas, observações etc. Depois reúne-se diversas vezes, sob a coordenação do organizador, para discutir o material coletado, confrontar pontos de vista, formular conclusões e organizar os dados disponíveis. Normas para Apresentação de um Seminário A apresentação escrita de um Seminário segue normas gerais da apresentação dos trabalhos de graduação. Quanto à apresentação oral, compreende os seguintes aspectos:
a) Domínio do assunto (por todos os componentes do grupo); b) Clareza nos conceitos expostos; c) Seleção qualitativa e quantitativa do material coletado; d) Adequação da extensão do relato ao tempo disponível; e) Encadeamento das partes (seqüência discursiva). Quanto ao material de ilustração, comumente, constitui-se de cartazes, retroprojeções e projeções de slides. Os dizeres ou legendas do material, devem estar em cor contrastante a cor do papel utilizado, observando o tamanho que deverá permitir a leitura do que foi escrito até pelos alunos sentados na última fila de carteiras, no fundo da sala. Quando se tratar de imagens ou desenhos, os critérios de tamanho e inteligibilidade da ilustração devem ser igualmente observados, devendo assim evitar a apresentação de vários desenhos pequenos acumulados na mesma folha.
Para refletir O Seminário é uma atividade acerca de um tema ou assunto, onde educador e educando, de modo teórico e/ou prático, interagem suas percepções , sentimentos e experiências buscando suscitar, através de análise, raciocínio e reflexão, novas considerações dos seus participantes. Você já participou de algum seminário? Gostou? Você acha que realmente é uma prática adequada para facilitar o estudo? Tente formular um seminário no decorrer do curso. O seu conhecimento na prática, com certeza, fará a diferença.
Painel O Painel é uma reunião de vários alunos interessados que vão expor suas idéias sobre determinado assunto, diante dos demais colegas, de maneira informal e dialogada, em tom de conversa, de troca de idéias, mesmo que exponham posições diversas e apreciem perspectivas diferentes. Tem por objetivo proporcionar o conhecimento mais aprofundado de um tema, através da 65
discussão informal que implica a participação mais ativa dos presentes, que não se limitam a ouvir as exposições. A discussão do assunto entre os expositores, diante do auditório, induz o ouvinte à participação espontânea, por meio de perguntas e respostas dirigidas aos componentes do painel. O tom da conversa informal não dispensa a participação de um coordenador, que elabora um roteiro, de acordo com os componentes, cujo número vai de três a seis. Sua duração mais adequada é de 50 a 90 minutos, a depender do número de participantes.
O Painel pode ser: a) de interrogação, onde cada um dos participantes buscará responder algumas questões básicas indicadas pelo professor consideradas centrais ao tema; b) de debate, onde os participantes, além de expressar seu pensamento, questionaram o pensamento e sentimento dos demais, que preferencialmente devem ter posições diferentes. Condução de um Painel: Exige do coordenador, além do domínio do assunto, grande habilidade para produzir as discussões que não devem gerar polêmicas. As atribuições do coordenador são as seguintes: • •
abrir a sessão e apresentar os componentes do painel; levar os componentes a apresentarem os esclarecimentos que os presentes esperam
ouvir; propiciar as condições materiais necessárias ao desenvolvimento dos trabalhos, inclusive os solicitados pelos convidados; distribuir os painelistas ä mesa de forma que fiquem em posição oposto aos que tiveram opiniões divergentes; intervir na discussão, quando necessário, a fim de: •
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- pedir esclarecimento de pontos que deixaram dúvidas; - encerrar assuntos e iniciar outros, não permitindo que se voltem a discutir temas já debatidos; - evitar a dispersão, comprometendo a obtenção dos resultados pretendidos; mesmo sem expor seu ponto de vista, propor questões para discussão entre os componentes; levar a platéia ä participação organizada,através de perguntas pertinentes; fazer uma síntese dos trabalhos; agradecer aos componentes e encerrar a sessão. •
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Mesa Redonda Trata-se da apresentação de pontos de vistas ou análises diferentes ou mesmo divergentes, fundamentados sobre um tema específico, seguido de sessão de perguntas e debates. Envolve apresentação de pontos de vista sobre um mesmo tema. Cada mesa poderá ser composta por no mínimo, dois profissionais e no máximo seis, tendo em média um total de 2 horas e meia, sendo esse tempo dividido entre os que compõem a mesa.
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Estudo de Caso, Palestra e Conferência Estudo de Caso A técnica do estudo de caso no processo de aprendizagem parte do pressuposto de que aprendizagem é fundamentalmente preparar-se para resolver situações ou problemas não habituais, fazendo uso para tanto do pensamento reflexivo na busca de uma solução satisfatória. Pode ser aplicado de modo individual, acentuando-se os traços de solução do problema e decisão pessoal, quando grupal, a solução de caso, requer que cada participante do grupo tenha clara compreensão da questão, além de conhecimentos e argumentos que permitam convencer os demais membros, na busca de uma solução comum ou aceita por todos. Esta capacidade de convencimento deve ser desenvolvida, pois será fundamental na vida profissional. Se você já é professor ou aluno, faça da sua sala de aula o objeto a ser observado. Perceba que existem vários pontos interessantes que precisam ser estudados. A sala de aula será o objeto usado na pesquisa do Estudo de Caso.
Saiba Mais DISSERTAÇÃO – Documento resultante de uma pesquisa científica sobre um tema, tratado de forma aprofundada e extensa, contendo ampla discussão dos fundamentos e dos dados coletados. Usando na pós-graduação stricto sensu (curso de mestrado). TESE - Documento resultante de uma pesquisa científica sobre um tema, inédito, tratado de forma aprofundada, contendo ampla discussão dos fundamentos e dos dados coletados. Usado para obtenção do grau de doutor. Comunicação (paper) – Texto dissertativo sobre um tema, de pequena extensão (máximo de 20 páginas), usando para publicação em revistas especializadas. Deve conter introdução, desenvolvimento e conclusão. Ensaio – Texto com a estrutura de um artigo que busca expressar a visão ou impressões pessoais do autor sobre um tema, de forma aprofundada. O estudo de caso estimula a tomada de decisão ou escolha, haja visto que ,sempre haverá mais de uma solução adequada para um problema,e que cada indivíduo poderá propor uma das diferentes alternativas. Buscar, ainda assim, a unidade na ação. Quando aplicado em grupo, faz-se necessário a escolha de um coordenador que deverá volver-se com a tarefa e contribuir para que o grupo efetivamente trabalhe de modo conjunto e articulado, buscando considerar a contribuição dos membros, de maneira que todos venham a contribuir com suas percepções e intuições, evitando que um membro venha a prevalecer sobre os demais participantes. *Etapas Básicas do Estudo de Caso O Estudo de Caso envolve algumas etapas básicas na solução do problema, que podem ser apontados como: 67
leitura cuidadosa do caso: o caso, habitualmente tem nexos com situações do cotidiano das pessoas,incluindo fatos e opiniões congruentes ou divergentes, que podem esconder ou distorcer fatos que realmente ocorreram; identificação dos fatos: deve-se reunir os principais elementos contidos no caso, de modo sistematizado por escrito, dos elementos objetivos, assim como dos elementos subjetivos, podendo já considerar as opiniões, sentimentos, intuições; avaliação dos fatos: em função da relevância dos fatos reunidos, separe-os deixando de lado, aqueles que não tem importância para o caso. Por isso, importa indicar os fatos de maior e menor importância, através de alguma indicação ou sinalização; identificação do problema: parte mais delicada do caso, e que pressupõe a clara compreensão do caso e do elemento central do mesmo, o problema , além claro, dos seus possíveis desdobramentos. identificação das alternativas de solução para o problema: não se preocupe em encontrar de imediato uma solução, mas, nesse momento,diversas soluções sempre embasadas em fatos, relatando todas as alternativas e seus desdobramentos no presente e no futuro; escolha da alternativa mais adequada: pressupõe a escolha de uma das alternativas que melhor se aplique a situação, verificando se é claro para você as razões de tal escolha, que o nível de argumentos objetivos, como de elementos subjetivos, a exemplo de sentimentos , intuições; implementação: aponte com base nos elementos envolvidos, uma proposta para implementação da alternativa escolhida; respeite suas percepções e sentimentos: não se deixe levar por preconceitos, juízo de valor , ousando construir algo baseado no seu sentimento para com o caso trabalhado. •
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Palestra A palestra é uma atividade pedagógica centrada em exposição oral acerca de um tema ou assunto. Objetiva suscitar, motivar, esclarecer e divulgar, em linhas gerais, a experiência e o trabalho desenvolvido pelo palestrante acerca de um dado tema ou assunto. A palestra caracteriza-se enquanto atividade onde o palestrante desenvolve de modo metódico e estruturado o tema ou assunto, sem aprofundar-se, ainda que de modo esclarecedor e contribuitivo para a sua audiência, evidenciando a relevância de tais estudos e/ou experiências.
A duração considerada adequada para uma palestra e esclarecimento de possíveis indagações é de 1:30 min (uma hora e trinta minutos), que poderão ser dirigidas durante ou ao final da palestra, como melhor convier ao palestrante.
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Saiba Mais Para saber mais como elaborar uma palestra acesse o site: www.milpalestras.com.br
Conferência Conferência é uma exposição científica, oral, acerca de um determinado tema, realizada por especialista, de modo simples e direto, permitindo ao público compreender e assimilar melhor o que está sendo exposto. Ao término da conferência, o conferencista poderá facultar aos participantes a formulação de indagações sobre os pontos que o desejam esclarecer.
A duração considerada adequada para a conferência deve ser de 01h (uma hora), em razão de indagações dirigidas pela platéia ao conferencista. Considera-se 30min (trinta minutos) um tempo ideal para exposição, pois o alongar da mesma torna-a cansativa, com perda de interesse.
TEXTO COMPLEMENTAR Também é conhecido na comunidade acadêmica: - Oficina: atividade pedagógica centrada na valorização da experiência por parte dos alunos, através de estudos teóricos já estudados e, principalmente, práticos. - Simpósio: reunião ou colóquio geralmente de cunho educativo, pedagógico e científico, para discussão acerca de um assunto ou tema, com a intenção de realizar um intercâmbio ou uma rede de conhecimentos diversos. - Fórum: local ou reunião pública para discussão de assuntos relevante, não só de cunho acadêmico, mais principalmente de interesse social. Disponível em: . Acesso em: 09 de nov.2006.
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4º Tema Já vimos que lidaremos constantemente com o conhecimento nessa disciplina e em todas as outras ao longo do nosso Curso. Por isso, tenho certeza que você já tem conhecimento suficiente para aprofundarmos um pouco mais os nossos conteúdos. Iniciaremos agora o estudo acerca da pesquisa científica, sua importância para a descoberta de novos acontecimentos e novos fatos. Iremos abordar também como elaborar um projeto de pesquisa, buscando capacitá-lo nesta jornada rumo ao seu trabalho de conclusão. Bom estudo!!!
A PESQUISA CIENTÍFICA E SUAS FASES Conceito, finalidades e requisitos da Pesquisa Científica Pode-se definir pesquisa como um processo formal e sistemático, controlado e crítico, que permite descobrir novos fatos ou dados, relações ou leis, em qualquer campo do conhecimento. Esse processo é reflexivo, pois avalia a todo o momento sua própria realização; é sistemático, uma vez que se organiza de acordo com um sistema de pensamento e ação; é controlado, tendo em vista que consiste na observação de características específicas de um fenômeno em um dado contexto; e crítico porque pressupõe o conhecimento dos fundamentos lógicos, teóricos e as implicações de suas ações na interpretação dos resultados. (Ander-Egg 1978:28 apud Marconi & Lakatos 2003). Existem diversos aspectos da realidade que podem despertar o nosso interesse em compreendêlos e desvendá-los, constituindo questões para investigação e pesquisa. Isso porque, a realidade é o mundo exterior a nós mesmos, sujeitos cognoscentes, e que representa o principal objeto de nossa curiosidade. Mas a realidade é múltipla, diversa nas relações sociais, políticas, culturais e nos aspectos naturais, biológicos, físicos e químicos que permeiam a interação entre os seres humanos e a natureza. A partir dessa imensidão de objetos do nosso conhecimento, que integram a realidade em que vivemos, podemos nos perguntar: quando uma pesquisa se torna necessária? A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informações suficientes para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema. A pesquisa, portanto, é um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais. Entretanto, a atividade de pesquisa, por ser um “ato dinâmico de questionamento, indagação e aprofundamento” (Barros; Lehfeld, 2000, p. 67), está relacionada ao questionamento, à indagação e à necessidade de obter respostas para um problema específico. Desta forma, a pesquisa não se conforma com as aparências, mas perguntam o porquê, examina, analisa, explica, interpreta, aprofundando o entendimento da realidade ao estabelecer relações mais profundas. Esta atividade deve ser realizada com rigor e critério. Como alguns de seus principais 70
elementos, encontram-se: a seleção do assunto que se deseja investigar, a formulação e delimitação do problema/questão para a qual se pretende buscar uma (ou várias) resposta (s), o levantamento de hipóteses para indicar as possibilidades de solução para o problema, a coleta, sistematização e classificação dos dados, análise e interpretação dos dados e a elaboração de um documento científico capaz de comunicar os resultados da pesquisa realizada.
Disponível em: < http://www.cbpf.br/~caruso/tirinhas/webvol03/einstein_com_dados.jpg >. Acesso em: 7 Nov. 2006.
O Método Científico Na tentativa de compreender a realidade, a ciência necessita de critérios precisos que sejam capazes de perceber criticamente os preconceitos, as ilusões dos sentidos, as superstições. Mas o que é o método científico? Podemos dizer que é um conjunto de critérios definidos pela comunidade científica, destinado à busca de explicações e à construção de conhecimento. É por isso que todos que querem estudar e fazer ciência precisam conhecer os métodos específicos da investigação científica: eles representam o percurso a ser seguido nessa viagem rumo à construção do saber!
Fases da Pesquisa Científica Veremos agora com detalhes quais são as fases que constituem o método de investigação científica. - Escolha do Tema: tema é o assunto que se deseja estudar e pesquisar. O trabalho de definir adequadamente um tema pode, inclusive, perdurar por toda a pesquisa. Nesse caso, deverá ser freqüentemente revisto.
- Levantamento de Dados: Para obtenção de dados podem ser utilizados três procedimentos: pesquisa documental, pesquisa bibliográfica e contatos diretos. A pesquisa bibliográfica é um apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados, revestidos de importância, por serem capazes de fornecer dados atuais e relevantes relacionados com o tema. Esta fase inclui a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental e a pesquisa de campo, realizada por meio de contatos diretos com as fontes. Aqui serão coletados os dados e informações necessários à pesquisa.
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O que é um dado? “O termo revela-se um pouco enganador. Contrariamente ao que poderia fazer crer a definição do Dicionário Aurélio transcrita, [elemento ou quantidade conhecida que serve de base à resolução de um problema], ele designa, na verdade, algo que não é dado, que não é evidente, mas que é preciso ir procurar com o auxílio de técnicas e de instrumentos, busca que demanda esforços e precauções. Para os pesquisadores, os dados são esclarecimentos, informações sobre uma situação, um fenômeno, um acontecimento. A verificação da hipótese apóia-se sobre tais informações; nesse sentido, os dados constituem um dos ingredientes que fundamentam a pesquisa, a matéria de base que permite construir a demonstração”. (Laville; Dionne, 1999, p. 132) O levantamento de dados pode ser feito de duas maneiras:
1. Pesquisa bibliográfica: busca o reconhecimento da área de pesquisa na qual está incluído o tema selecionado. Desenvolve-se a partir da busca de todo material já elaborado que trate do mesmo tema, especialmente de livros, artigos científicos e textos. A pesquisa bibliográfica é prérequisito para pesquisas em qualquer área, pois ela contribui para que o pesquisador construa um domínio sobre o tema, a partir do conhecimento de todo, senão de grande parte, de tudo o que já foi escrito acerca do seu tema de investigação. 2. Pesquisa documental: Embora pareça com a pesquisa bibliográfica, a pesquisa documental se diferencia pela natureza das fontes pesquisadas. Enquanto a pesquisa bibliográfica se caracteriza pela busca de fontes secundárias, isto é, de documentos científicos produzidos por autores como resultado de seus estudos, a pesquisa documental investiga as fontes primárias, isto é, documentos que foram produzidos no momento em que os fatos / fenômenos se desenrolaram. As fontes primárias são materiais que ainda não foram utilizados como objeto de análise ou documentos que já receberam tratamento analítico, mas que podem ser usadas em novas investigações, conferindo-lhes uma abordagem distinta. - Formulação do Problema: Problema é uma dificuldade, teórica ou prática, no conhecimento de alguma coisa de real importância, para a qual se deve encontrar uma solução. Definir um problema significa especificá-lo em detalhes precisos e exatos. Na formulação de um problema deve haver clareza, concisão e objetividade. - Definição dos Termos: O objetivo principal da definição dos termos é torná-los claros, compreensivos e objetivos e adequados. É importante definir todos os termos que possam dar margem a interpretações errôneas. O uso de termos apropriados, de definições corretas, contribui para a melhor compreensão da realidade observada. - Indicação de Variáveis: Ao se colocar o problema e a hipótese, deve ser feita também a indicação das variáveis dependentes e independentes. Elas devem ser definidas com clareza e objetividade e de forma operacional. - Delimitação da Pesquisa: Delimitar a pesquisa é estabelecer limites para a investigação. A pesquisa pode ser limitada em relação ao assunto – selecionando um tópico, a fim de impedir que se torne ou muito extenso ou muito complexo; a extensão – porque nem sempre se pode abranger todo o âmbito onde o fato se desenrola.
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- Seleção dos Métodos e Técnicas: Os métodos e as técnicas a serem empregados na pesquisa científica podem ser selecionados desde a proposição do problema, da formulação das hipóteses e da delimitação do universo ou da amostra. - Organização do Instrumental de Pesquisa: A elaboração ou organização dos instrumentos de investigação não é fácil, necessita de tempo, mas é uma etapa importante no planejamento da pesquisa. Em geral, as obras sobre pesquisa científica oferecem esboços práticos que servem de orientação na montagem dos formulários, questionários, roteiros de entrevistas, escalas de opinião ou de atitudes e outros aspectos, além de dar indicações sobre o tempo e o material necessários à realização de uma pesquisa. Saiba Mais “Entendendo o mundo como uma partida de futebol” Vamos nos permitir alguma liberdade criativa e imaginar que um alienígena recém chegado à Terra, interessado em conhecer nossos costumes, decide ir ao Maracanã assistir a uma partida de futebol. Certamente no início da partida o ET ficaria bastante confuso, vendo todas aquelas pessoas correndo atrás de uma bola, e muito intrigado ao ver como alguns jogadores ficam tão sensíveis quando ela se aproxima demais daquelas redes localizadas nas extremidades do campo. Mas ao longo da partida, percebendo que alguns lances se repetem e têm sempre o mesmo desfecho (por exemplo, a partida é sempre interrompida quando a bola sai dos limites traçados no campo), ele provavelmente formularia algumas hipóteses sobre o jogo: “será que o objetivo é enviar a bola o mais distante possível?”, ele talvez pensasse após assistir um infeliz chute de fora da área; “ou talvez o objetivo seja matar o humanóide que carrega a bola”, pensaria ao ver um zagueiro aplicando uma tesoura na altura do pescoço de um outro jogador. É quase certo que após algum tempo observando a partida e depois de vários palpites errados, o visitante extraterrestre fosse capaz de compreender a maior parte das regras do nosso futebol. Pois nós somos como este alienígena. Estamos imersos no grande “jogo” da natureza tentando entender suas “regras”: será que tudo o que sobe desce? Por que as coisas têm cor? Será que a posição que os corpos celestes ocupavam no instante de nosso nascimento pode afetar nossa personalidade? Em outras palavras, ou melhor, nas palavras do físico Richard Feynmann, “Entender a natureza é como aprender a jogar xadrez somente assistindo a partida”. Porém ainda que nossa metáfora seja didática, ela não é completa. Pois nela o ET assiste passivamente ao desenrolar dos lances na partida e propõe hipóteses que somente tem como verificar esperando que se repitam. Nós por outro lado, não somos meros expectadores da natureza mas participamos dela; podemos interagir com ela realizando experimentos”. REIS, Widson Porto. “Método Científico”. 30 de Março de 2003. 10p (artigo não publicado).
Os métodos empregados, portanto, variam entre as ciências em função, principalmente, da natureza do objeto de estudo. Mas nem sempre foi assim. No início do século XX, os cientistas sociais começaram a questionar se o método de investigação utilizado pelas ciências naturais e físicas deveria continuar sendo aplicado no 73
entendimento de fenômenos sociais. Até então, os métodos de investigação eram orientados pela perspectiva positivista que supunha: que os fatos humanos são, como os da natureza, fatos que começam a ser observados tais quais, sem idéias preconcebidas; fatos que, em seguida, devem ser submetidos à experimentação, para que se possa determinar sua ou suas causas; depois, tomando uma medida precisa das modificações causadas pela experimentação, daí tirar explicações tão gerais quanto possível. Esse procedimento é realizado com a esperança de determinar, no campo do humano, as leis naturais que o regem. (Laville ; Dionne, 1999, p. 31)
A produção científica do século XIX entendia a construção da ciência a partir da abordagem positivista, acreditando que ela poderia ser aplicada com sucesso a todos os objetos de conhecimento, fossem naturais ou sociais / humanos. No entanto, a percepção de que se tratava de objetos de naturezas diferenciadas, com graus de complexidade distintos não tardou a acontecer. Os cientistas sociais buscaram uma metodologia diferente para as ciências humanas, considerando a dinâmica das relações e dos fenômenos que envolvem o comportamento dos seres humanos, o que impossibilita o estabelecimento de leis gerais, comumente aplicadas nos estudos da física ou da biologia. Com base nessas especificidades, houve uma valorização da abordagem metodológica pautada na hermenêutica, que busca conhecer a partir da interpretação dos significados de um texto, que pode ser entendido como a própria realidade. Desta forma, a prioridade das ciências sociais deveria se voltar para a compreensão dos significados das ações dos sujeitos e dos significados que eles atribuem às suas próprias ações. Para isso, é necessário colocar essas ações dentro de um contexto de relações, considerar que a natureza humana é diferente, pois o ser humano é sujeito, possui valores, opiniões e capacidade de agir de maneira autônoma, o que faz suas ações serem imprevisíveis e impossíveis de se encaixarem em leis gerais que sirvam para compreendê-las. O debate acerca da metodologia mais adequada para os diversos objetos de pesquisa, fossem eles de natureza física ou social, permaneceu ativo até a década de 1980 e, ainda hoje se reflete nas discussões sobre objetividade/subjetividade os nos debates sobre pesquisa qualitativa/pesquisa quantitativa. Sobre isso, veremos mais adiante. Importa saber que as ciências em geral se distanciaram da perspectiva positivista e construíram uma orientação que representa o seu principal método de construção de conhecimento: o método hipotético-dedutivo. Ao definir um objeto de investigação, o pesquisador precisa delimitar e estabelecer uma questão que lhe inquieta, isto é, o problema que ele deseja solucionar. Ao perceber este problema, o pesquisador levanta possíveis respostas ou explicações lógicas capazes de fornecer uma solução para o questionamento inicial: as hipóteses. Caberá ao pesquisador testar as suas hipóteses e conservar aquela que ele pensa ser mais adequada para a compreensão do problema. Quando considerar a explicação obtida por meio da hipótese é satisfatória e válida, o pesquisador já pode divulgá-la para a comunidade científica. Para tanto, dirá quais são as delimitações do problema, como as percebeu, por que sua hipótese é legítima e o procedimento de verificação empregado justificado. Desse modo, cada um poderá julgar os saberes produzidos e sua credibilidade. Essa operação de objetivação, como a concentração em um problema, está hoje no centro do método científico. (Laville ; Dionne, 1999, p. 46. Grifos dos autores).
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Em linhas gerais, esboça-se um caminho que se caracteriza pela definição de um problema, levantamento de hipótese(s), verificação da(s) hipótese(s) e conclusão. Confira o quadro a seguir:
(Laville ; Dionne, 1999)
Técnicas de Pesquisa Técnica é um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência ou arte; é a habilidade para usar esses preceitos ou normas, a parte prática. Toda ciência utiliza inúmeras técnicas na obtenção de seus propósitos. As técnicas de pesquisa podem ser categorizadas em três grandes grupos: documentação indireta; documentação direta e observação direta intensiva, a seguir delineadas.
- Documentação Indireta: Toda pesquisa implica o levantamento de dados de variadas fontes, quaisquer que sejam os métodos ou técnicas empregadas. É a fase da pesquisa realizada com intuito de recolher informações prévias sobre o campo de interesse. Esse levantamento de dados, primeiro passo de qualquer pesquisa científica, é feito de duas maneiras: pesquisa documental (ou de fontes primárias) e pesquisa bibliográfica (ou de fontes secundárias). 1. Pesquisa documental: a fonte de coleta de dados está restrita a documentos, escritos ou não, constituindo o que se denomina de fontes primárias. Estas podem ser feitas no momento em que o fato ou fenômeno ocorre. 2. Pesquisa bibliográfica: A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, monografias, teses etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações 75
em fita magnética e audiovisuais: filme e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo aquilo que foi escrito sobre determinado assunto. Esses documentos permitem ao cientista o reforço paralelo na análise de suas pesquisas ou na manipulação de suas informações.
- Documentação Direta: A documentação direta constitui-se, em geral, no levantamento de dados no próprio lecal onde os fenômenos ocorrem. Esses dados podem ser obtidos de duas maneiras: através da pesquisa de campo ou da pesquisa de laboratório. 1. Pesquisa de campo: Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações e/ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. 2. Pesquisa de laboratório: A pesquisa de laboratório é um procedimento de investigação mais difícil, porém mais exato. Ela descreve e analisa o que será ou ocorrerá em situações controladas. Exige instrumental específico, preciso, e ambientes adequados. •
Níveis de Pesquisa
Outro modo de delinear os diferentes tipos de pesquisa é considerar o nível de progresso decorrente da pesquisa, assim como do uso de conhecimentos já a disposição, da utilização dos mesmos, e da constituição desse conhecimento inovador.
- Pesquisas Exploratórias: Têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e idéias, com vistas na formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. De todos os tipos [e níveis] de pesquisa, estas são as que apresentam menor rigidez no planejamento. Habitualmente envolvem levantamento bibliográfico e documental, entrevistas não padronizadas e estudos de caso. Procedimentos de amostragem e técnicas quantitativas de coleta de dados não são costumeiramente aplicados nestas pesquisas. São desenvolvidas, tais pesquisas, com o objetivo de proporcionar visão geral, de tipo aproximativo, acerca de determinado fato. Este tipo de pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado e torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis. - Pesquisas Descritivas: Têm como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados. Dentre as pesquisas descritivas salientam-se aquelas que têm por objetivo estudar as características de um grupo: sua distribuição por idade, sexo, procedência, nível de escolaridade, estado de saúde, etc. Pesquisas que se propõem estudar o nível de atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as condições de habitação de seus habitantes, etc. Algumas pesquisas descritivas vão além da simples identificação da existência de relações entre variáveis, pretendendo determinar a natureza dessa relação. Neste caso, tem-se uma pesquisa descritiva que se aproxima da explicativa. - Pesquisas Explicativas: Têm como preocupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Este é o tipo de pesquisa que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica o porquê das coisas. Por isso mesmo é o 76
tipo mais complexo e delicado, já que o risco de cometer erros aumenta consideravelmente. Pode-se dizer que o conhecimento científico está assentado nos resultados oferecidos pelos estudos explicativos. Isto não significa, porém, que as pesquisas exploratórias e descritivas tenham menos valor, porque quase sempre constituem etapa prévia indispensável para que se possam obter explicações científicas. Uma pesquisa explicativa pode ser a continuação de outra descritiva, posto que a identificação dos fatores que determinam um fenômeno exige que este esteja suficientemente descrito e detalhado. As pesquisas explicativas nas ciências naturais valem-se quase que exclusivamente do método experimental. Nas ciências sociais, em virtude das dificuldades já comentadas, recorre-se a outros métodos, sobretudo ao observacional. Nem sempre se torna possível a realização de pesquisas rigidamente explicativas em ciências sociais, mas em algumas áreas, sobretudo da Psicologia, as pesquisas revestem-se de elevado grau de controle, chegando mesmo a ser designadas “quase-experimentais”. - Pesquisa Bibliográfica: A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. As pesquisas sobre ideologias, bem como aquelas que se propõem à análise das diversas posições acerca de um problema, também costumam ser desenvolvidas quase exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. - Pesquisa Documental: A pesquisa documental assemelha-se muito à pesquisa bibliográfica. A diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes. Enquanto a pesquisa bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições dos diversos autores sobre determinado assunto, a pesquisa documental vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser reelaborados de acordo com os objetos da pesquisa. O desenvolvimento da pesquisa documental segue os mesmos passos da pesquisa bibliográfica, cabendo considerar que, enquanto na pesquisa bibliográfica as fontes são constituídas sobretudo por material impresso localizado nas bibliotecas, na pesquisa documental, as fontes são muito mais diversificadas e dispersas. Há, de um lado, os documentos “de primeira mão”, que não receberam nenhum tratamento analítico, e os “de segunda mão”, que de alguma maneira já foram analisados. - Pesquisa Experimental: De modo geral, o experimento representa o melhor exemplo de pesquisa científica. Essencialmente, a pesquisa experimental consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. - Estudo de Caso: O estudo de caso é caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira que permita o sem amplo e detalhado conhecimento, tarefa praticamente impossível mediante os outros delineamentos considerados. A maior utilidade do estudo de caso é verificada nas pesquisas exploratórias. Por sua flexibilidade, é recomendável nas fases iniciais de uma investigação sobre temas complexos, para a construção de hipóteses ou reformulação do problema. Também se aplica com pertinência nas situações em que o objeto de estudo já é suficientemente conhecido a ponto de ser enquadrado em determinado tipo ideal. Por exemplo, se as informações disponíveis fossem suficientes para afirmar que existem três tipos diferentes de comunidades de base e houvesse interesse em classificar uma comunidade específica em algum desses tipos, então o estudo de caso seria o delineamento mais adequado. 77
- Pesquisa-Ação: A pesquisa-ação tem sido objeto de bastante controvérsia, em virtude de exigir o envolvimento ativo do pesquisador e a ação por parte das pessoas ou grupos envolvidos no problema, a pesquisa-ação tende a ser vista em certos meios como desprovida da objetividade que deve caracterizar os procedimentos científicos. A despeito, porém, destas críticas, vem sendo reconhecida como muito útil, sobretudo por pesquisadores identificados por ideologias “reformistas” e “participativas”. - Pesquisa Participante: A pesquisa participante, assim como a pesquisa-ação, caracteriza-se pela interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas. Há autores que empregam as duas expressões como sinônimas. Todavia, a pesquisa-ação, geralmente supõe uma forma de ação planejada, de caráter social, educacional, técnico ou outro. A pesquisa participante, por sua vez, envolve a distinção entre ciência popular e ciência dominante. Esta última tende a ser vista como uma atividade que privilegia a manutenção do sistema vigente e a primeira como o próprio conhecimento derivado do senso comum, que permitiu ao homem criar, trabalhar e interpretar a realidade sobretudo a partir dos recursos que a natureza lhe oferece.
Tipos de pesquisa - Pesquisa Quantitativa Adequada quando se deseja conhecer a extensão (estatisticamente falando) do objeto de estudo, do ponto de vista do público pesquisado. Aplica-se nos casos em que se busca identificar o grau de conhecimento, as opiniões, impressões, seus hábitos, comportamentos, seja em relação a um produto, sua comunicação, serviço ou instituição. Ou seja, o método quantitativo oferece informações de natureza mais objetiva e aparente. Seus resultados podem refletir as ocorrências do mercado como um todo ou de seus segmentos, de acordo com a amostra com a qual se trabalha. O instrumento de coleta de dados mais utilizado é o questionário, que pode conter questões fechadas (alternativas pré-definidas) e/ou abertas (sem alternativas e com resposta livre). Na pesquisa quantitativa, a fim de comprovar as hipóteses, os recursos de estatística nos dirá se os resultados obtidos são significativos ou mero fruto do acaso. A Pesquisa Quantitativa é baseada em rígidos critérios estatísticos, que servem de parâmetro para definição do universo a ser abordado pela pesquisa. Como o nome já diz, o método quantitativo é útil para o dimensionamento de mercados, levantamento de preferências por produtos e serviços de parcelas da população, opiniões sobre temas políticos, econômicos, sociais, dentre outros aspectos. Os passos para o desenvolvimento e aplicação do método quantitativo tem início com a definição dos objetivos que o cliente pretende alcançar. Em seguida faz-se o levantamento amostral do universo, ou seja, o número de entrevistas a serem realizadas; elaboração aplicação de pré-teste para validação do questionário e, posteriormente, a pesquisa em campo; apuração, cruzamento e tabulação dos dados; e, por fim, elaboração de relatórios para análise estratégica.
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- Pesquisa Qualitativa A pesquisa qualitativa é uma designação que abriga correntes de pesquisa muito diferentes. Em síntese, essas correntes se fundamentam em alguns pressupostos contrários ao modelo experimental e adotam métodos e técnicas de pesquisa diferentes dos estudos experimentais. Os cientistas que partilham da abordagem qualitativa em pesquisa se opõem, em geral, ao pressuposto experimental que defende um padrão único de pesquisa para todas as ciências, calcado no modelo de estudo das ciências da natureza. Estes cientistas se recusam a admitir que as ciências humanas e sociais devam-se conduzir pelo paradigma das ciências da natureza e devam legitimar seus conhecimentos por processos quantificáveis que venham a se transformar, por técnicas de mensuração, em leis e explicações gerais. Um segundo marco que separa a pesquisa qualitativa dos estudos experimentais está na forma como apreende e legítima os conhecimentos. A abordagem qualitativa parte do fundamento de que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, uma interdependência viva entre o sujeito e o objeto, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito. O conhecimento não se reduz a um rol de dados isolados, conectados por uma teoria explicativa; o sujeito-observador é parte integrante do processo de conhecimento e interpreta os fenômenos, atribuindo-lhes um significado. O objeto não é um dado inerte e neutro; está possuído de significados e relações que sujeitos concretos criam em suas ações. Algumas pesquisas qualitativas não descartam a coleta de dados quantitativos, principalmente na etapa exploratória de campo ou nas etapas em que estes dados podem mostrar uma relação mais extensa entre fenômenos particulares. A pesquisa qualitativa privilegia algumas técnicas que coadjuvam a descoberta de fenômenos latentes, tais como a observação participante, pesquisa-ação e pesquisa-intervenção, história ou relatos de vida, análise de conteúdo, entrevista não diretiva, estudo de caso, etc., que reúnem um corpus qualitativo de informações que, segundo Habermas, se baseia na racionalidade comunicacional. Observando a vida cotidiana em seu contexto ecológico, ouvindo as narrativas, lembranças e biografias, e analisando documentos, obtém-se um volume qualitativo de dados originais e relevantes, não filtrados por conceitos operacionais, nem por índices quantitativos. A pesquisa qualitativa pressupõe que a utilização dessas técnicas não deve construir um modelo único e exclusivo. A pesquisa é uma criação que mobiliza a acuidade inventiva do pesquisador, sua habilidade artesanal e sua perspicácia para elaborar a metodologia adequada ao campo de pesquisa, aos problemas que ele enfrenta com as pessoas que participam da investigação. O pesquisador deverá, porém, expor e validar os meios e técnicas adotadas, demonstrando a cientificidade dos dados colhidos e dos conhecimentos produzidos.
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QUADRO COMPARATIVO DOS TIPOS DE PESQUISA PESQUISA QUALITATIVA PESQUISA QUANTITATIVA Questões abertas e exploratórias Predomínio de questões fechadas Amostra pequena Amostra grande Análise estatística, a partir de informações rigorosas e Análise subjetiva e interpretativa científicas Pesquisa exploratória Pesquisa descritiva ou casual Resultado da linha de conduta (opiniões, atitudes e Resultados quantificáveis condensados em tabelas expectativas) e gráficos Caráter subjetivo Caráter objetivo Interpretação Mensuração Múltiplas realidades Uma realidade Sistema Organicista Sistema Mecanicista Raciocínio dialético Raciocínio lógico e dedutivo e indutivo Utiliza a comunicação Utiliza instrumentos específicos (ex.: questionário) e a observação (ex.: entrevista) Trabalha com particularidades Trabalha com generalizações
Saiba Mais “Quantitativo versus qualitativo O desmoronamento da perspectiva positivista não se deu sem debates entre seus defensores e adversários. Esses debates continuam ainda hoje. Pode-se verificá-lo principalmente na oposição entre pesquisa quantitativa e pesquisa qualitativa A pesquisa de espírito positivista aprecia números. Pretende tomar a medida exata dos fenômenos humanos e do que os explica. É, para ela, uma das principais chaves da objetividade e da validade dos saberes construídos. Conseqüentemente, deve escolher com precisão o que será medido e apenas conservar o que é mensurável de modo preciso. Para os adversários desse método, trata-se de truncar o real, afastando numerosos aspectos essenciais à compreensão. Os adversários propõem respeitar mais o real. Quando se trata do real humano, afirmam, tentemos conhecer as motivações, as representações, consideremos os valores, mesmo se dificilmente quantificáveis; deixemos falar o real a seu modo e o escutemos. Os defensores da quantificação apenas das características objetivamente mensuráveis respondem, então, que esse encontro incontrolado de subjetividades que se adicionam só pode conduzir ao saber “mole”, de pouca validade. Esquecem, desse modo, que para construir suas quantificações, tiveram que afastar inúmeros fatores e aplicar inúmeras convenções estatísticas que, do real estudado, correse o risco de não ter restado grande substância. Mas é verdade que o que resta é assegurado por um procedimento muito rigoroso, testado e preciso. E alguns gostam de afirmar que são as exigências estritas desse rigor que afastam os pesquisadores qualitativos (o que infelizmente 80
parece, às vezes, correto, sobretudo em vista do saber matemático e do estatístico necessário!). Na realidade, esse debate, ainda que muito presente, parece freqüentemente inútil e até falso. Inútil, porque os pesquisadores aprenderam, há muito tempo, a conjugar suas abordagens conforme as necessidades. Vê-se agora pesquisadores de abordagem positivista deixar de lado seus aparelhos de quantificação de entrevistas, de observações clínicas, etc., e inversamente, vêse pesquisadores adversários da perspectiva positivista que não procedem de outro modo quando é possível tratar numericamente alguns de seus dados para melhor garantir a sua generalização. Inútil, sobretudo, porque realmente é querer se situar frente a uma altura estéril. A partir do meomento em que a pesquisa centra-se em um problema específico, é em virtude desse problema específico que o pesquisador escolherá o procedimento quantitativo, qualitativo, ou uma mistura de ambos. O essencial permanecerá: que a escolha da abordagem esteja a serviço do objeto de pesquisa, e não o contrário, com o objetivo de daí tirar, o melhor possível, os saberes desejados. Nesse sentido, centralizar a pesquisa em um problema convida a conciliar abordagens preocupadas com a complexidade do real, sem perder o contato com os aportes anteriores”. (Laville ; Dionne, 1999, p. 43) •
Projeto de Pesquisa Científica
Em uma pesquisa, nada se faz ao acaso. Desde a escolha do tema, fixação dos objetivos, determinação da metodologia, coleta dos dados, sua análise e interpretação para a elaboração do relatório final, tudo é previsto no projeto de pesquisa. Este, portanto, deve responder às clássicas questões: o quê? porquê? para quê e para quem? onde? como, com quê, quanto e quando? quem? com quanto? Entretanto, antes de redigir um projeto de pesquisa, alguns passos devem ser dados. Em primeiro lugar, exigem-se estudos preliminares que permitirão verificar o estado da questão que se pretende desenvolver sob o aspecto teórico e de outros estudos e pesquisas já elaborados. Tal esforço não será desperdiçado, pois qualquer tema de pesquisa necessita de adequada integração na teoria existente e a análise do material já disponível será incluída no projeto sob o título de “revisão da bibliografia”. A seguir, elabora-se um anteprojeto de pesquisa, cuja finalidade é a integração dos diferentes elementos em quadros teóricos e aspectos metodológicos adequados, permitindo também ampliar e especificar os quesitos do projeto, a “definição dos termos”. Finalmente, prepara-se o projeto definitivo, mais detalhado e apresentando rigor e precisão metodológicos. •
Estrutura do Projeto de Pesquisa
CAPA: Constituída pelos seguintes elementos: a) entidade; b) título (e subtítulo, se houver) - denominação do projeto. SUMÁRIO: Relacionar nos itens e subitens que compõe o projeto, com o respectivo número da página, onde o mesmo pode ser encontrado. 81
APRESENTAÇÃO: Composto por dois elementos chaves, Quem apresenta, que deverá efetuar um breve histórico e experiências desenvolvidas e realizadas pela Organização e pela Coordenação responsável, e O que apresenta, que também se composto por um breve histórico da atividade em questão e O que espera com tal apresentação. OBJETO: Composto pela caracterização do O que é a atividade ou trabalho científico de maneira sucinta, óbvia e lúcida. FINALIDADE: Composto pelo termo Para que é tal trabalho científico, descritos no seu contexto geral e específico. a) Objetivo Geral: b) Objetivos Específicos: JUSTIFICATIVA/FUNDAMENTOS: Versa acerca do O por quê da existência da atividade proposta, evidenciando ainda os fundamentos, quer teóricos, quer práticos que o sustenta. MÉTODO: Versa acerca de como será realizado a atividade, o modo, a maneira. RECURSOS: Busca atender as indagações acerca de Com quem, com quanto e com que será realizado, desdobrando-se nos seguintes elementos: a) Humanos b) Financeiros c) Técnicos (Conhecimento teórico/prático científico) d) Materiais - De consumo - De uso permanente BIBLIOGRAFIA: Relacionar as fontes consultadas, indicadas e/ou existentes afeita ao assunto desenvolvido no projeto em questão. ANEXOS: Relacionar e inserir os formulários citados no corpo do projeto e que serão utilizados no desenvolvimento das atividades propostas pelo mesmo. CAPA DE FUNDO: Contento a identificação e o contato do autor/realizador. Saiba mais http://www.cbj.g12.br/~bibcal/bca_manual.html
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Relatório de Pesquisa e Monografia Ao iniciar a redação do relatório de um projeto de pesquisa, o pesquisador deve sentir-se gratificado por ter conseguido chegar ao término de um processo, que na maioria das vezes foi trabalhoso, cheio de dificuldades. Significa o ápice de um trabalho realizado, podendo representar o surgimento de novos projetos de pesquisa, a partir de questionamentos não concluídos ou da descoberta de aspectos relevantes no estudo da problemática. A preocupação do relator será a de poder deixar registrado todo o caminho percorrido durante a pesquisa, especificando os elementos que possam ser importantes para a análise posterior do estudo realizado. •
Estrutura do Relatório de Pesquisa
No relatório de pesquisa, fazendo uso da metodologia, dá-se a sua divisão nas seguintes partes:
a) INTRODUÇÃO: Na introdução considerada como introdutória ao corpo geral do relatório, o pesquisador descreverá, em termos gerais, os objetivos e a finalidade do estudo realizado. É uma justificativa que o autor tratará da relevância do tema-problema trabalhado, tentando motivar o interesses do leitor. Aqui é necessário clarear a definição do assunto e a delimitação do tema, situando-o no espaço e no tempo; é o significado do problema. Segue-se ainda a apresentação da hipótese formulada e que se há de demonstrar. O suporte teórico utilizado para o estudo poderá agora ser enfocado, tanto para clarear as definições operacionais consideradas, bem como a inter-relação da fundamentação teórica com o material empírico coletado, quando o trabalho possui está fase.
b) APRESENTAÇÃO: Poucas diferenças há entre a apresentação do projeto e a do relatório. Pode também conter elementos de natureza opcional, a exemplo de Dedicatória, Agradecimentos e Epígrafe (citação, seguida da autoria, relacionada à matéria tratada no trabalho). c) SINOPSE: Consiste numa breve síntese, de no máximo 15 a 20 linhas, acerca do conteúdo do relatório, realizado pelo autor do trabalho, não devendo ser confundido com uma relação de partes ou capítulos, nem com a enumeração das conclusões. Quando realizado por uma outra pessoa, recebe o nome de resumo. Denomina-se de abstract a síntese do trabalho, redigido na língua inglesa, visando a divulgação da pesquisa de modo abrangente, não deve ser confundido com uma tradução da sinopse, ainda que seja comum, pois a construção do enunciado deve ser efetuado na língua inglesa. d) SUMÁRIO: Relação das partes, capítulos, itens e subitens do trabalho, com a respectiva indicação do número de páginas iniciais. e) INTRODUÇÃO: A introdução, enquanto parte inicial do texto, na qual se expõe o assunto como um todo. Inclui informações sobre a natureza e a importância do trabalho, relação com outros estudos sobre o mesmo assunto, razões que levaram à realização do trabalho, suas limitações e, principalmente, seus objetivos. Devem constar também as partes principais que compõem o trabalho. Abrange ainda, três itens do relatório: objetivo, justificativa e objeto, incorporando as modificações realizadas depois de aplicada a pesquisa-piloto.
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f) DESENVOLVIMENTO: O desenvolvimento de um relatório, também denominado corpo, é a parte mais extensa. Nesta fase deve-se apresentar muito claramente a metodologia usada e todo o traçado e caminho do estudo envolvendo variáveis e componentes. Estes elementos são de especial importância pois a partir da análise dos mesmos é que se pode julgar a validade científica do estudo. O corpo ou desenvolvimento de um relatório de pesquisa tem por objetivo fornecer a análise dos componentes mais importantes de um tema-problema. O desenvolvimento de um relatório de pesquisa deve sofrer um processo metodológico divisório. O corpo do trabalho distribui-se em partes, as partes em capítulos, os capítulos em secções ou subtítulos, os subtítulos em parágrafos, os parágrafos em frases ou orações.
g) CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES: Em um relatório de pesquisa é imprescindível que se institua um item especial para as conclusões. Nas conclusões e recomendações os resultados considerados valiosos e finais para a compreensão e exame da problemática estudada serão aqui apresentados. Como fechamento do trabalho, a conclusão é expressa em termos de síntese dos elementos relevantes analisados no trabalho. A conclusão define o ponto de vista do autor, por isto mesmo expressa as suas características pessoais acerca do assunto tratado – é a sua ideologia. h) BIBLIOGRAFIA: Inclui todas as obras já apresentadas no projeto, acrescidas das que foram sendo sucessivamente utilizadas durante a execução da pesquisa e a redação do relatório, de modo ordenado, organizado por autor, em ordem alfabética. i) APÊNDICES: Apresentando tabelas, quadros, gráficos e outras ilustrações que não figuram no texto; assim como o(s) instrumento(s) de pesquisa, o apêndice é composto de material trabalhado pelo próprio pesquisador. Deve ter ordenação própria e, no sumário, constar apenas o título genérico “Apêndices”. j) ANEXOS: Constituídos de elementos esclarecedores de outra autoria, devem ser limitados, incluindo apenas o estritamente necessário à compreensão de partes do relatório. Deve ter ordenação própria e, no sumário, constar apenas o título genérico “Anexos”. - Monografia Trata-se de um estudo sobre um tema específico ou particular, com suficiente valor representativo e que obedece a rigorosa metodologia. Investiga determinado assunto não só em profundidade, mas também em todos os seus ângulos e aspectos, dependendo dos fins a que se destina. Tem como base a escolha de uma unidade ou elemento social, sob duas circunstâncias:
1) ser suficientemente representativo de um todo cujas características de análise; 2) ser capaz de reunir os elementos constitutivos de um sistema social ou de refletir as incidências e fenômenos de caráter autenticamente coletivo. Localiza-se na origem histórica da monografia aquilo que até hoje caracteriza essencialmente esse tipo de trabalho científico: a especificação, ou seja, a redução da abordagem a um só assunto, a um só problema. Mantém-se assim o sentido etimológico: monos (um só) e graphein (escrever: dissertação a respeito de um assunto único).
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Estrutura da monografia
Os trabalhos científicos, em geral, apresentam a mesma estrutura: introdução, desenvolvimento e conclusão. Pode haver diferenças quanto ao material, ao enfoque dado, a utilização desse ou daquele método, dessa ou daquela técnica, mas não em relação à forma ou à estrutura.
a) Introdução - formulação clara e simples do tema da investigação; é a apresentação sintética da questão, importância da metodologia e rápida referência a trabalhos anteriores, realizados sobre o mesmo assunto; b) Desenvolvimento - fundamentação lógica do trabalho de pesquisa, cuja finalidade é expor e demonstrar. No desenvolvimento, podem-se levar em consideração três fases ou estágio: explicação, discussão e demonstração. • Explicação. Explicar é apresentar o sentido de uma noção, é analisar e compreender, procurando suprimir o ambíguo ou obscuro. • Discussão é o exame, a argumentação e a explicação da pesquisa, ou seja, explica, discute, fundamenta e enuncia as proposições. • Demonstração é a dedução lógica do trabalho; implica o exercício do raciocínio. Demonstra que as proposições, para atingirem o objetivo formal do trabalho e não se afastarem do tema.
c) Conclusão - é a fase final do trabalho de pesquisa, mas não somente um fim. Como a introdução e o desenvolvimento, possui uma estrutura própria. A conclusão consiste no resumo completo, mas sintetizado, da argumentação dos dados e dos exemplos constantes das duas primeiras partes do trabalho. Da conclusão devem constar a relação existente entre as diferentes partes da argumentação e a união das idéias e, ainda, conter o fecho da introdução ou síntese de toda reflexão. - Elementos da Monografia A
praxe
é
apresentar
a
monografia
com
os
seguintes
elementos:
1. Elementos Pré-textuais a) capa, deverá conter apenas os dados indispensáveis à identificação do trabalho: título em destaque na parte superior, o nome do autor em destaque; especificação do trabalho (dissertação, monografia etc.); dados referentes ao curso; dados referente a instituição acadêmica, com a respectiva localização; data; b) dorso com o título e nome do autor; c) contracapa, geralmente sem gravação ou impressão, às vezes utilizada para apresentar um resumo da obra; d) após a capa, uma a duas folhas em branco; e) uma página que repete a capa;
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f) a página de rosto que contém: na parte superior, o nome completo do autor, sem abreviaturas, com seus títulos ou cargos logo abaixo; o título real do trabalho com subtítulos, se houver; indicação de prefácio ou prólogo ou apresentação com o nome do apresentador (quando não houver apresentador, esse item não deve aparecer); nome da instituição; cidade, ano; g) página de dedicatória, se houver; h) epígrafe, ou página destinada a um pensamento, frase, dístico, se o autor achar conveniente; i) sumário completo (de todos os capítulos e suas seções) ou sumário (enumeração das partes principais) com a indicação das páginas iniciais dos capítulos ou partes destacadas; j) listas de tabelas e/ou quadros, ilustrações, abreviaturas, siglas, símbolos, etc.; k) prefácio, caso haja; l) apresentação, caso haja. 2. Elementos Textuais a) introdução; b) desenvolvimento com a seqüência dos capítulos destinados ao corpo do trabalho; c) capítulo(s) das conclusões. 3. Elementos Pós-textuais a) anexos, elementos que se acrescentam para demonstração, exemplificação ou comprovação do texto, ordenados de acordo com o desenvolvimento; b) adendos, dados que se acrescentam para complementação do trabalho; c) notas, fruto de observações ou aditamentos do texto; d) apêndices, elementos que se anexam para complementação do trabalho; e) bibliografia ou referência bibliográfica em ordem alfabética dos sobrenomes dos autores; f) índice de assuntos, nomes de pessoas, nomes geográficos, acontecimentos, etc., em ordem alfabética, com indicação de sua localização no texto; g) glossário, caso se julgue importante; h) uma ou duas páginas em branco antes da contracapa.
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VAMOS PRATICAR? Para que possamos por em prática alguns dos conhecimentos adquiridos nesse tema que você acaba de estudar, sugiro a atividade seguinte: 1. Escolha três temas que lhe interessem dentro da área científica da sua licenciatura ou da área de Educação. Delimite-os utilizando uma frase ou palavras-chave. 2. Para observar se os temas que você escolheu são relevantes ou se são de interesse da comunidade científica, faça uma pesquisa bibliográfica buscando artigos, livros virtuais e textos na internet que estejam relacionados aos temas que você escolheu. Você pode começar pesquisando em sites como: www.google.com.br ou www.scielo.br, iniciando a busca a partir das palavras-chave que você elaborou no item 1 deste exercício.
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3. Procure também livros, textos e artigos em revistas especializadas. 4. Construa um diário de pesquisa no qual você deve anotar todas as etapas da sua investigação separando-as por data: Para cada dia de pesquisa, descreva os passos que você realizou, anotando as idéias que surgiram, as impressões obtidas com as leituras, refletindo sobre a atividade que você está realizando. 5. Depois disso, converse com seus colegas sobre os temas que lhe interessam e veja se eles também acham interessantes. Tenho certeza que será uma troca de conhecimentos bastante rica! Quem sabe dessa atividade não surge um bom projeto de pesquisa? Vamos lá! Mãos à obra!
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