ZOOLOGIA GERAL E COMPARADA II
ZOOLOGIA GERAL E COMPARADA II
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Zoologia Geral e Comparada II
SOMESB Sociedade Mantenedora de Educação Superior da Bahia S/C Ltda.
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Sumário
ECTOTERMIA
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INVERTEBRADOS SUPERIORES E PRIMEIROS VERTEBRADOS
Introdução ao Grupo dos Artrópodos
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Características Gerais dos Artrópodos
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O Ambiente Aquático e os Peixes Primitivos
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Os Peixes Cartilaginosos e Ósseos
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CONQUISTA DO AMBIENTE TERRESTRE
Modificações para a Vida na Terra
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Anfíbios: Biologia e Classificação Répteis: Biologia e Classificação
ENDOTERMIA
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EVOLUÇÃO DAS AVES A Evolução das Aves e a Origem do Vôo
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Características Gerais e Classificação
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Diversidade das Aves
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MAMÍFEROS E O HOMEM Zoologia Geral e Comparada II
Características e Diversidade dos Mamíferos
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Tamanho Corpóreo, Ecologia e Vida Social dos Mamíferos Evolução dos Primatas e o Surgimento dos Humanos Atividade Complementar
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Glossário
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Referências Bibliográficas
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Apresentação da Disciplina
Caro (a) graduando (a), A Biologia é, hoje, um dos ramos da ciência que tem crescido em um ritmo bastante acelerado. A divulgação desse progresso através dos meios de comunicação (jornais, televisão e internet) tem trazido para dentro das salas de aula assuntos que despertam muito o interesse dos alunos. Como exemplo, tem-se a terapia através do uso de células tronco. Ao iniciarmos os nossos estudos de Zoologia II, temos como objetivo principal fornecer todas as informações necessárias para que o discente de Licenciatura em Ciências Biológicas seja capaz de transmitir a seus futuros alunos, noções básicas sobre o mundo vivo que nos rodeia. O material didático desta disciplina foi estruturado para fundamentar seus conhecimentos, sendo aconselhado, portanto, a leitura e interpretação dos textos. No final de cada conteúdo são propostas atividades destinadas à fixação e à avaliação da aprendizagem, a fim de que se desenvolva uma reflexão orientada e crítica. Esperamos que vocês encontrem neste módulo um bom material para estudo!
Profª. Cláudia Borges
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Zoologia Geral e Comparada II
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ECTOTERMIA Quase todos os seres vivos dependem de fontes externas de calor para manter a temperatura interna do corpo. Trata-se de um modo antigo, seguro e bastante econômico de viver. Ectotermia é o nome dado a esse estilo de vida e os organismos que o utilizam são chamados de ectotérmicos. Plantas, fungos, micróbios e a grande maioria dos animais são ectotérmicos.
INVERTEBRADOS SUPERIORES E PRIMEIROS VERTEBRADOS CONTEÚDO 1 - INTRODUÇÃO AO GRUPO DOS ARTRÓPODOS O filo Arthropoda (do grego Arthros, articulação + podos, pés) contém a maioria dos animais conhecidos. Mais de um milhão de espécies já foram descritas (83% do Reino Animalia), e as estimativas dão conta que esse número deve representar menos de 10% do total de espécies. Pertencem ao filo Arthropoda: os insetos (borboletas, gafanhotos, moscas), os aracnídeos (aranhas, escorpiões, carrapatos), os crustáceos (caranguejos, camarões, siris, cracas) e outros subgrupos menores (centopéias, piolhos de cobra). A enorme diversidade de adaptação dos artrópodos tem-lhes permitido sobreviver em quase todos os habitats; e eles são talvez, os animais que com mais êxito invadiram o ambiente terrestre: há espécies marinhas, de águas doces, salobras e terrestres. Artrópodos ocorrem em altitudes acima de 6.000 metros em montanhas e crustáceos a profundidades que chegam a 9.500 metros no mar. Outras espécies são, ainda, ectoparasitas de plantas e, sobretudo, endoparasitas de outros animais. Outras são gregárias, e vários tipos de insetos coloniais desenvolveram organizações sociais, com divisão de trabalho entre os membros de diferentes castas. Muitos artrópodos são economicamente importantes. Os grandes caranguejos, lagostas e camarões são comidos pelo homem, crustáceos pequenos são os principais herbívoros no mar e a base da maioria das teias alimentares. A maioria dos zoólogos concorda que os artrópodos representam a culminação do desenvolvimento evolutivo nos protostômios. Estes animais tiveram origem a partir de um tronco comum de poliquetos ou, pelo menos, de um ancestral comum a ambos; as relações entre os artrópodos e os anelídeos se manifestam nos seguintes aspectos: 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 a) Os artrópodos, como os anelídeos, são metaméricos. 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 b) Primitivamente, cada segmento de artrópodo é portador de um par de 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 apêndices. Observa-se esta mesma disposição nos poliquetos, nos quais cada 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 metâmero possui um par de parapódios. Entretanto, a homologia exata entre 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 parapódios e os apêndices dos artrópodos é incerta. 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 c) A organização do sistema nervoso segue, em ambos os grupos, um 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 plano básico idêntico. Em ambos, o cérebro dorsal anterior é seguido de um cordão 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 nervoso ventral com expansões ganglionares em cada segmento. 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789
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Zoologia Geral e Comparada II
12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 d) O desenvolvimento embrionário de alguns artrópodos 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 apresenta, ainda, uma clivagem holoblástica determinada e o 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 mesoderma nestas formas tem origem no blastômero quatro d. 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 e) Outras características semelhantes incluem uma cutícula 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 produzida pela epiderme, um trato digestivo tubular desde uma boca 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 anterior até um ânus posterior e a concentração dos órgãos dos 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 sentidos na cabeça. 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345
As principais diferenças entre os anelídeos e os artrópodos refletem os diversos aspectos estruturais e fisiológicos associados ao corpo mole, hidraulicamente operado dos anelídeos, e o corpo duro, operado por um sistema de alavancas, dos artrópodos. Muitos aspectos, presentes nos artrópodos, mas não nos anelídeos, incluem: a) Grande redução do celoma. b) Presença de um exoesqueleto duro e não-flexível. c) Um sistema circulatório aberto, lacunar. d) Ausência de cílios em todos os sistemas de órgãos. e) Olhos compostos.
CONTEÚDO 2 - CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS ARTRÓPODOS Duas características ressaltam-se quando os aspectos gerais dos artrópodos são analisados: a) A presença de um esqueleto externo (ou exoesqueleto) constituído por quitina, um polissacarídeo nitrogenado (C8H18O5N) bastante resistente e insolúvel em água, álcalis, ácidos diluídos, ou pelos sucos digestivos de outros animais. Entretanto, a presença de uma carapaça limita o crescimento do animal, o que foi solucionado com o desenvolvimento de um processo periódico de substituição do exoesqueleto. Essa substituição periódica, chamada ecdise ou muda, permite que o animal cresça. b) A presença de patas articuladas, apêndices de locomoção que funcionam como um sistema de alavancas, potencializando a ação muscular e transformando com mais eficiência a contração muscular em movimento. No entanto, os artrópodos não possuem apenas patas articuladas, mas, sim, todas as extremidades, como antenas e peças bucais.
Além das características já mencionadas, existem outras, comuns a todos os artrópodos: 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 c) A circulação é aberta, com um coração alongado dorsal, que 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 apresenta orifícios (óstios) através dos quais o sangue entra ou sai: Não 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 existe cavidade pericárdica. Uma diferença importante entre o sangue dos 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 artrópodos e os vertebrados é que, nesses últimos, há grande quantidade 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 de células (glóbulos brancos e vermelhos), enquanto nos artrópodos essa 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 quantidade é muito reduzida. Esse sangue de baixa celularidade é 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 conhecido pelo nome de hemolinfa. 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 d) Os órgãos excretores podem ser genericamente denominados 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 glândulas renais, embora recebam nomes específicos, dependendo do 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234
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De acordo com o 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 ambiente ocupado por cada grupo, o seu principal resíduo metabólico pode 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 ser a amônia (crustáceos), o ácido úrico (insetos, diplópodos e quilópodos) ou 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 a guanina (aracnídeos). A eliminação de ácido úrico ou de guanina são as 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 mais adequadas para a vida terrestre, pois são produtos pouco tóxicos e que 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 exigem pouca diluição, representando uma boa estratégia de economia de 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 água. 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 e) O sistema nervoso dos artrópodos apresenta, em geral, gânglios 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 cerebrais bem desenvolvidos, de onde parte o cordão nervoso ventral, 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 ganglionar. As estruturas sensoriais dos artrópodos são eficientes e 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 diversificadas. Há sensores químicos capazes de reconhecer a presença de 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 alimentos ou de inimigos naturais; há receptores de paladar, como aqueles 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 localizados nas patas das moscas; há sensores posturais semelhantes aos 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 encontrados nos demais invertebrados (os estatocistos); receptores auditivos, 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 receptores luminosos, etc. 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678
2.1 Classificação dos Artrópodos O filo dos artrópodos pode ser subdividido em cinco classes principais, usando como critério o número de patas. A
Classe Insecta
São os artrópodos com seis patas (= 3 pares). Os insetos são os mais numerosos e diversificados de todos os artrópodos, com cerca de 1.500.000 espécies conhecidas e descritas.
Morfologia Externa Possuem o corpo dividido em três segmentos (=regiões): cabeça, tórax e abdome. A cabeça na maioria dos insetos é orientada de tal forma que as peças bucais ficam dirigidas para baixo (hipognatos). Em um inseto hipognato, as superfícies mais laterais e dorsais da cabeça apresentam um par de antenas (uma antena típica é formada por artículos ou antenômeros e apresenta 3 regiões distintas: escapo, pedicelo e flagelo), que são utilizadas para orientação, e um conjunto de olhos que proporciona aos insetos uma excelente visão. Eles podem enxergar coisas que não são visíveis ao olho humano. Este conjunto está formado por um par de olhos compostos (isto é, olhos formados por várias unidades denominadas omatídios), que permitem enxergar em várias direções ao mesmo tempo e três olhos simples também conhecidos como ocelos. O tórax, o qual forma a região média do corpo do inseto, é composto por três segmentos – um protórax, um mesotórax e um metatórax. Em cada um destes três segmentos, há um par de pernas articuladas com a pleura. É ainda no tórax que se prendem as asas, existentes na maioria dos insetos. Quanto ao número de asas, existem 3 tipos de insetos: sem asas (traças-de-livros, pulgas, piolhos) com um par de asas (como é o caso das moscas) e com dois pares de asas (como as libélulas). O abdome é composto de 9 a 11 segmentos. Exemplos: baratas, besouros, moscas, cigarras, mariposas, etc.
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Zoologia Geral e Comparada II
Figura 01 – Estrutura externa de um inseto. www.consulteme.com.br
Reprodução e Desenvolvimento Os insetos são animais de sexos separados (dióicos) e ovíparos. O sistema reprodutivo feminino típico consiste de dois ovários (um de cada lado) e de dois ovidutos laterais. O par de ovidutos usualmente se reúne para formar um oviduto comum que leva a uma vagina. O sistema reprodutor masculino inclui um par de testículos, um par de ductos laterais e um ducto mediano que se abre em um pênis ventral. Durante a copulação, o pênis do macho (freqüentemente extensível ou eversível) é inserido no orifício genital da fêmea. Os machos de muitas ordens – libélulas, moscas verdadeiras, borboletas, mariposas, para especificar uns poucos – possuem órgãos seguradores para agarrar o abdome da fêmea. Os órgãos seguradores (clásperes) derivamse de partes dos segmentos terminais variando muito em estrutura. Depois que os ovos são postos pelas fêmeas, eles se desenvolvem e formam um novo inseto. Alguns insetos têm desenvolvimento direto, sem metamorfose (desenvolvimento ametábolo: a= sem; metábolo = mudança): do ovo nasce uma forma jovem, que já tem o aspecto do adulto, embora menor. É por exemplo, o caso da traça-de-livro. O desenvolvimento da borboleta é indireto, com metamorfose completa (desenvolvimento holometábolo: holo = total; metábolo = mudança): ela nasce diferente do adulto. Do ovo eclode uma larva, bastante distinta do adulto. Essa larva passa por um período em que se alimenta ativamente, para depois entrar em estágio inativo e secretar um casulo que a envolve. Este estágio é o de pupa, quando ocorre a metamorfose. Dentro do casulo, a larva transforma-se no adulto ou imago. No imago, estão presentes todos os órgãos que caracterizam um adulto da espécie. A designação imago não significa, obrigatoriamente, adulto sexualmente ativo, mas uma forma na qual as estruturas sexuais já se encontram formadas, ainda que imaturas e afuncionais. Depois de adulto, o inseto não sofre mais mudas e, portanto, não cresce mais. Além das borboletas, outros insetos também possuem desenvolvimento indireto. É, por exemplo, o caso das moscas e pulgas. Alguns insetos holometábolos possuem fase larval aquática, como é o caso de importantes mosquitos vetores de doença. Como exemplo temos: Culex, que transmite a elefantíase, Anopheles, que transmite a malária e Aedes aegypti, que transmite a dengue e a febre amarela. Insetos Sociais Organizações sociais desenvolveram-se em duas ordens de insetos, os Isoptera que contém os cupins e os Hymenoptera que incluem as formigas, abelhas e vespas. Em todos os insetos sociais nenhum indivíduo pode existir fora da colônia nem pode ser membro de outra colônia senão aquela em que ele se desenvolveu.
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Existe um cuidado cooperativo na incubação e superposição de gerações. Todos os insetos sociais exibem algum grau de polimorfismo (do grego: muitas formas) sendo os diferentes tipos de indivíduos de uma colônia denominadas castas. As principais castas são os machos, as fêmeas (ou rainhas) e as operárias. Os machos funcionam na inseminação da rainha, a qual produz novos indivíduos para a colônia. As operárias fornecem o suprimento e manutenção da colônia. A determinação das castas é um fenômeno desenvolvimental regulado pela presença ou ausência de certas substâncias fornecidas aos estágios imaturos por outros membros da colônia.
A abelha Apis mellifera é o inseto social melhor conhecido. Supõe-se que esta espécie tenha-se originado na África e seja um invasor recente das regiões temperadas pois, diferentemente das outras abelhas e vespas de regiões temperadas, as colônias destas abelhas sobrevivem ao inverno e a multiplicação ocorre por divisão da colônia num processo denominado enxameamento. Estimulada em parte pela multidão de operárias (de 20.000 a 80.000 em uma única colônia), a rainha-mãe abandona a colônia com um punhado de operárias (um enxame) para fundar uma nova colônia. A colônia anterior é deixada com rainhas em desenvolvimento. Na eclosão, uma nova rainha faz vários vôos nupciais durante os quais ocorre a copulação com os machos (zangões). Ela acumula espermatozóides suficientes para o restante de sua vida. O macho morre após a copulação quando seus órgãos reprodutivos são literalmente explodidos para o interior da fêmea. Uma nova rainha pôde, eventualmente, partir com algumas das suas operárias com um pós-enxame, deixando as operárias restantes para desenvolverem outra rainha. Eventualmente, a colônia antiga consistirá de um terço do número original de operárias mais a sua nova rainha. B
Classe Crustacea Os crustáceos são artrópodos com 5 pares (= 10) de patas. São habitualmente aquáticos ( marinhos ou de água doce), embora existam espécies terrestres, como o tatuzinho-de-jardim.
Morfologia Externa O corpo dos crustáceos pode estar dividido em cabeça, tórax e abdome ou em cefalotórax e abdome, sendo que o cefalotórax corresponde à fusão de dois tagmas: a cabeça e o tórax. Na cabeça, estão presentes, além de dois pares de antenas, um par de olhos compostos que, geralmente, situam-se na extremidade de dois pedúnculos; são por isso, chamados de olhos pedunculados. Esses olhos são movimentados pelos pedúnculos, permitindo assim, uma ampla exploração do ambiente. Ao redor da boca, há um par de mandíbulas. Atrás das mandíbulas encontram-se dois pares de apêndices alimentares acessórios: a primeira e a segunda maxilas. O tronco é muito menos uniforme que a cabeça. Na região torácica encontramos os cinco pares de apêndices (pernas torácicas), denominados periópodos, que são usados para locomoção. O abdome é formado por diversos segmentos distintos e articulados. Seus apêndices (pernas abdominais) são denominados pleópodos, ajudam na respiração e carregam os ovos das fêmeas. Os últimos segmentos são estruturas achatadas; os dois laterais são denominados urópodos e o central, telso. Em conjunto eles formam um remo para natação.
Exemplos: siris, caranguejos, lagostas, camarões, etc.
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Zoologia Geral e Comparada II
Figura 02 – Estrutura externa de um crustáceo. www.consulteme.com.br
Reprodução A maioria dos crustáceos é dióica, mas as cracas e alguns membros de outros grupos são hermafroditas. As gônadas dos crustáceos são órgãos pares tipicamente alongados, que se encontram na porção dorsal do tórax ou do abdome, ou em ambos. Os ovidutos e os ductos espermáticos são geralmente túbulos pares simples que se abrem na base de um par de apêndices do tronco ou em um esternito. Entretanto, os segmentos portadores dos gonóporos podem variar de um grupo para outro. Mesmo nas espécies hermafroditas, a fecundação é cruzada, envolvendo a copulação. O macho dispõe de uma série de apêndices modificados para segurar a fêmea que incuba os ovos em apêndices do corpo, como ocorre nas lagostas e nos caranguejos, ou em sacos ovígeros formados quando os ovos são expelidos, como ocorre nos copépodos.
Você sabia? Caranguejo ou siri? Muita gente confunde caranguejo com siri. Eles podem, no entanto, ser diferenciados facilmente por várias características; duas delas muito evidentes: - O corpo do siri é mais achatado do que o corpo do caranguejo, que é mais “arredondado”. - As patas traseiras do siri são largas, como remos, ao passo que as patas do caranguejo são pontudas.
C
Classe Arachnida
São artrópodos com oito (= 4 pares) de patas. De acordo com o registro fóssil, as formas primitivas eram aquáticas. Os representantes atuais, entretanto, ocupam principalmente o ambiente terrestre, sendo mais comuns em regiões quentes e secas. A grande maioria dos membros do grupo tem tamanho reduzido. As aranhas, por exemplo, costumam medir menos de 25 milímetros de comprimento (as espécies avantajadas são poucas) e muitos ácaros não têm mais que 0,5 milímetros de comprimento.
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Morfologia Externa Aranhas As aranhas variam de tamanho desde pequeninas espécies com menos de 0,5 mm de comprimento até os grandes migalomorfos tropicais (chamados tarântulas, caranguejeiras ou aranhas-macaco em diferentes partes do mundo) que medem 9 cm, podendo a extensão das pernas ser muito maior. O corpo é geralmente dividido em dois segmentos: o cefalotórax (cabeça fundida ao tórax), coberto dorsalmente por uma carapaça sólida convexa, e o abdome. No cefalotórax, geralmente existem oito olhos anteriores e apêndices articulados. O par mais anterior é o das quelíceras, usadas na captura de alimento. Cada uma apresenta um acúleo em forma de garra onde se abre o ducto de uma glândula de veneno. O segundo é o par de pedipalpos, que são curtos nas fêmeas e semelhantes a pernas, sendo usados no esmagamento do alimento; mas nos machos eles se modificam, formando estruturas copulatórias. Os quatro pares restantes são as patas locomotoras, de tamanho variável; geralmente constam de oito segmentos: uma coxa basal, um trocânter pequeno, um fêmur longo, uma patela curta, uma tíbia longa e um metatarso, um tarso e um pequeno pré-tarso distal que termina em duas ou três garras. Não há antenas. As aberturas corporais, com exceção da boca, são abdominais e ventrais, com o destaque para a abertura genital, as aberturas respiratórias, as fiandeiras por onde saem os fios de seda para a construção da teia, e o ânus.
Exemplos: aranhas, escorpiões, pseudoescorpiões, ácaros, carrapatos, etc.
Figura 03 – Estrutura externa de um aracnídeo. BARNES, R. D. 1984.
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As aranhas possuem sexos separados (são animais dióicos) e, geralmente, são dotadas de um evidente dimorfismo sexual, ou seja, a fêmea e o macho são nitidamente diferentes. Habitualmente, os machos são menores Zoologia Geral e que as fêmeas. Na época da reprodução, o macho tece um casulo de seda, Comparada II no qual deposita uma gotícula de líquido contendo os espermatozóides; estes são tomados nas cavidades de seus palpos, para mais tarde serem introduzidos na cavidade genital da fêmea, onde ficam armazenados no receptáculo seminal. Há espécies que se acasalam várias vezes durante a vida; outras só realizam o acasalamento uma vez. A fêmea pode matar e comer o macho após o acasalamento, mas isto é incomum. Mais tarde, a fêmea tece um casulo de seda almofadado no qual os ovos são postos (ooteca). Este casulo ou ooteca pode ficar preso à teia ou ser carregado pela fêmea. O desenvolvimento é direto, e não há passagem por estágio larval. Existem cuidados com a prole; após a eclosão, os filhotes são protegidos pela mãe, podendo ser carregados sobre o abdome durante os primeiros dias de vida.
Figura 04 – Aranha na ooteca http://www.geocities.com/ apotecionegro/arac.html
Você sabia? A seda das Aranhas A seda das aranhas é uma proteína composta de glicina, alanina, serina e tirosina e é similar à seda das lagartas. É emitida como um líquido e o endurecimento não resulta da exposição ao ar mas, provavelmente do processo real de estriamento. Um único fio é composto de várias fibras, cada uma das quais procede de seda líquida produzida por um fuso. A maioria das aranhas produz mais de um tipo de seda e os vários tipos são secretados por dois a seis tipos diferentes de glândulas sericígenas. A seda desempenha um importante papel na vida das aranhas e é utilizada para diversos fins, mas todas as famílias de aranhas produzem teias para capturas presas. Uma função da seda comum à maioria das aranhas é o seu uso como fio guia. As aranhas vão deixando, continuamente, um fio de seda seco atrás delas à medida que se movem. A intervalos, esta seda atua como dispositivo de segurança, similar ao utilizado pelos escaladores de montanhas. A cena comum de uma aranha suspensa no ar, após cair de algum objeto, resulta da contínua retenção de seu fio de guia.
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Aranhas e Escorpiões de Interesse Médico As espécies de aranhas perigosas para o homem pertencem a quatro gêneros: Phoneutria, Loxosceles, Latrodectus e Lycosa. Outros gêneros podem picar o homem, mas a conseqüência é apenas uma forte dor local. Os escorpiões que podem causar perigo ao homem pertencem principalmente ao gênero Tityus. Esses animais possuem uma quilha longitudinal ao alongo do corpo e um espinho sob o ferrão do aguilhão. Os mais freqüentes no Brasil são o Tityus bahiensis ou escorpião marrom e o Tityus serrulatus ou escorpião amarelo.
O primeiro filme “Homem aranha” deveria ser, na verdade, “Homem opilião”, porque o símbolo no peito do herói não possuía o pedicelo, que é a sinapomorfia básica das aranhas. No segundo filme, os diretores corrigiram esse erro.
D
Classe Chilopoda
Os quilópodos são animais com 2 patas (= 1 par) por segmento do tórax.
Morfologia Externa São artrópodos que apresentam o corpo alongado, contendo grande número de segmentos e sem uma nítida separação entre a cabeça, o tórax e o abdome. Em cada segmento, encontram-se um par de pernas; sendo que o primeiro par é transformado em uma estrutura denominada fórcipula, na extremidade da qual se abre uma glândula de veneno, com o qual os quilópodos paralisam suas presas. No último segmento, o par de pernas merece especial atenção, pois é algo diferente dos outros pares restantes que servem apenas para locomoção: é mais longo e em geral dotado de fortes e robustos espinhos. Quando a lacraia anda, é dirigido para trás horizontalmente ou mesmo um pouco para cima, sempre um tanto aberto como uma pinça prênsil que ajuda a captura das presas. Na cabeça, apresentam um par de antenas. Exemplos: centopéias ou lacraias.
Reprodução A reprodução dos quilópodos é sexuada. São animais dióicos, com desenvolvimento direto (o jovem assemelha-se ao adulto, com o mesmo número ou um número menor de segmentos) ou indireto. A fecundação é interna: o macho deposita os espermatozóides no corpo da fêmea, dentro da qual encontram as células sexuais femininas. Algumas centopéias põem ovos e outras são vivíparas.
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E
Zoologia Geral e Comparada II
Classe Diplopoda
Os diplópodos são animais com 2 patas (=1 par) por segmento do tórax e 4 patas (2 pares) por segmento do abdome.
Morfologia Externa Os diplópodos têm corpo cilíndrico com muitos segmentos e a parede do corpo inclui depósitos de sais de cálcio. Não possuem forcípula. A cabeça dos diplópodos tende a ser convexa dorsalmente e achatada ventralmente, com dois grupos de muitos olhos simples e um par de antenas curtas e de mandíbulas. Uma estrutura em forma de placa (gnatoquilário) pode representar as maxilas fundidas. O tórax é curto, com quatro segmentos ímpares, todos menos o primeiro com um par de pernas. O longo abdome possui 9 a 100 segmentos duplos, cada um contendo dois pares de estigmas, ostíolos e gânglios nervosos e dois pares de pernas com sete artículos. Exemplo: piolhos de cobra ou gongolos.
Reprodução e Desenvolvimento A fecundação é interna. Os ovos são fecundados no momento da postura e, dependendo da espécie, são produzidos de 10 a 300 ovos de uma só vez. Alguns depositam os ovos em grupos no solo ou no humo; outros, como o Narceus, regurgitam um material que é moldado em forma de taça com a cabeça e as pernas anteriores. Um único ovo é depositado na taça, que depois é fechada e polida. A cápsula é depositada em humo e fendas e é comida pelo jovem diplópodo ao eclodir. O diplópodo europeu Glomeris tem hábitos similares, mas forma a cápsula com excremento. Os ovos da maioria das espécies eclodem em várias semanas e os jovens recémeclodidos geralmente possuem apenas sete segmentos e os três primeiros pares de pernas sendo os outros adicionados na frente do segmento anal durante mudas sucessivas (até 10) do crescimento. Muitos diplópodos sofrem ecdise (processo de mudança do exoesqueleto) dentro de câmaras de muda especialmente construídas, similares aos ninhos, e é dentro destas câmaras que muitas espécies tropicais sobrevivem na estação da seca. O exoesqueleto desprendido é geralmente comido, talvez para auxiliar na reposição de cálcio. Os diplópodos vivem de 1 a 10 ou mais anos, dependendo da espécie.
CONTEÚDO 3 – O AMBIENTE AQUÁTICO E OS PEIXES PRIMITIVOS Os primeiros vertebrados que surgiram na face da Terra eram provavelmente animais marinhos de pequeno porte, com todas as características dos cordados. Já apresentavam, entretanto, um encéfalo simples e um esqueleto cartilaginoso, com crânio e vértebras ainda não completamente formados. Esses vertebrados primitivos não possuíam mandíbulas verdadeiras e foram, por isso, denominados agnathas ou ciclostomatos, pois possuíam a boca arredondada.
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Os agnathas eram abundantes nos mares de eras geológicas passadas, mas na fauna atual estão representados por dois grupos: o das lampreias, com trinta espécies, e o das feiticeiras (ou peixes-bruxa), com vinte espécies. A
Petromyzoniformes
Morfologia Externa A lampreia tem corpo cilíndrico e cauda lateralmente comprimida. As nadadeiras são pequenas, mas isso não restringe seus movimentos natatórios, executados por ondulações do corpo. A boca é circundada por um grande funil ventral com forma de taça, sugador, com muitos dentes córneos cônicos e longa língua protrátil também armada com dentes córneos. A narina é medianodorsal na cabeça, seguida por pele fina sobre o órgão pineal. Os dois grandes olhos são laterais e cobertos com pele transparente, mas sem pálpebras. Apresenta, lateralmente no corpo, sete pares de bolsas branquiais, abrindo-se separadamente, por onde sai à água que banha estes órgãos respiratórios. O ânus abrese ventralmente na base da cauda e, imediatamente atrás, há uma pequena papila urogenital, perfurada por um ducto. Todo o animal é coberto com um epitélio liso, contendo muitas glândulas, porém sem escamas.
Figura 05 – Exemplo de um peixe primitivo: a lampreia. www. wikipedia.org
Reprodução e Desenvolvimento Quando as lampreias, tanto marinhas como de água doce, estão sexualmente maduras, na primavera ou início do verão, as gônodas incham e ambos os sexos locomovemse para os rios, às vezes “cavalgando” em peixes ou barcos que passam. Procuram águas claras e rasas nos rios e usando o funil bucal movem pedras no fundo e varrem os detritos por movimentos rápidos do corpo até preparar uma depressão arredondada, rasa, livre de lama, como ninho. A fêmea prende-se a uma pedra fazendo face à corrente, e o macho prende-se à fêmea, ambos usando seus funis bucais. Parcialmente entrelaçados, agitamse para frente e para trás, quando óvulos e espermatozóides são eliminados, sendo a fecundação externa. Os ovos são pequenos (1 mm na lampreia de rio) e adesivos; afundam rapidamente s são cobertos por areia e lodo. Uma fêmea de lampreia de rio pode conter 2.00 a 65.00 ovos e a da grande lampreia marinha até 236.000 ovos. Alguns casais geralmente desovam próximos uns dos outros, às vezes no mesmo ninho. Todos os adultos morrem depois da desova. Os jovens eclodem mais ou menos em um mês como pequenas larvas; quando atingem 12 a 15 mm de comprimento, abandonam o ninho à procura de águas calmas. Aí cada um constrói e habita um túnel em forma de U na areia e lodo, mas sai do túnel para se alimentar do limo que cobre o fundo. A água entra pela boca por ação ciliar
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e sai através das fendas branquiais. O alimento é capturado no muco secretado pelo endóstilo do assoalho da faringe, como no anfioxo. As larvas, conhecidas como amocetes, são muito parecidas com o Zoologia Geral e anfioxo (cordado marinho, pequeno e pisciforme). São cegas, desprovidas Comparada II de dentes e têm uma vida longa, de pelo menos 3 anos (Entosphenus tridentatus) até mais ou menos 7 anos (Petromyzon). Durante a metamorfose são seguidos dois caminhos por diferentes tipos de lampreias. No grupo mais primitivo o trato digestivo funcional é mantido e desenvolvem-se dentes fortes e afiado; tais lampreias alimentam-se de peixes, continuando a viver e a crescer no mar ou em grandes rios ou lagos, conforme a espécie. Depois de terem existido neaste estágio por um ano (talvez mais tempo nas espécies maiores), sobem pequenos rios durante a primavera, pra desovar e depois morrer. Membros do segundo grupo param de comer e de crescer após a metamorfose, de agosto a outubro; o tubo digestivo e os dentes degeneram parcialmente e após 4 a 11 meses os animais reproduzem-se e morrem. Tais lampreias degeneradas desenvolveram-se como ramos divergentes do tipo normal em diversos lugares, tanto no leste como no oeste dos Estados Unidos e em outras partes do mundo. B
Myxiniformes
Morfologia Externa Comparados com as lampreias, os membros da ordem Myxiniformes (feiticeiras) diferem de muitas maneiras:
(1) pela pequena boca sugadora mole, com 1 grande dente epidérmico dorsal e fileiras de pequenos dentes usados para arrancar pedaços do corpo da presa; (2) vários pares de tentáculos ao redor da boca e abertura nasal; (3) narina terminal e mediana com canal (e bolsa pituitária) abaixo do encéfalo até o teto da faringe, funcionando como canal para a entrada de água para arejar as brânquias; (4) olhos por baixo da pele (não-visíveis); (5) ovos grandes, com casca córnea formada no ovário.
Reprodução Os peixes-bruxa são hermafroditas. Um único animal pode produzir espermatozóides em uma época reprodutora e óvulos na seguinte. Óvulos e espermatozóides são eliminados para a cavidade abdominal como nas lampreias e penetram nos ductos celomáticos situados na parte posterior do abdome e que se unem com a cloaca. Os óvulos são poucos, com muito vitelo e uma casca córnea resistente; são ovais alongados e podem ser grandes (10 por 30 mm). Nas extremidades existem terminais em forma de âncora, que prendem os ovos a algas marinhas ou a outros objetos do fundo. O crescimento até a forma adulta aparentemente é direto, sem estágio larval. 3.1 História Natural As lampreias vivem tanto em água doce como no mar de regiões temperadas. As espécies ectoparasitas prendem-se a peixes e baleias. Por sucção do funil e uso dos dentes
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bucais abrem orifícios na pele por onde é injetada uma substância que evita a coagulação do sangue do hospedeiro enquanto este flui para dentro da boca da lampreia. Peixes e baleias sadios são atacados e podem ser mortos. Esta é também uma forma de se deslocarem. A ventosa bucal também lhes serve para se agarrarem a pedras ou vegetação aquática para descansarem. Por esta razão, em alguns locais da Europa são conhecidas por suga-pedra (“stone-sucker” em inglês). As lampréias, principalmente a larva ammocoetes, são usadas como isca na pesca. No entanto, em alguns países,os adultos são considerados uma especialidade culinária. Em Portugal, a lampreia é comida sobretudo em arroz de lampreia, com uma confecção próxima da cabidela. Alguns restaurantes e casas fazem-na também assada no espeto. A lampreia é comida de finais de janeiro a meados de abril. As feiticeiras não toleram luz forte e salinidades baixas. Procuram partes lodosas no fundo do mar, geralmente abaixo de profundidades de 24 metros onde cavam. Comem vermes e outros invertebrados que vivem sobre o fundo ou em seu interior e peixes mortos (necrófagos) ou doentes e outros animais que vão para o fundo.
CONTEÚDO 4 – OS PEIXES CARTILAGINOSOS E ÓSSEOS Várias espécies de animais que vivem na água são chamados peixes desde os peixes-boi até as estrelas-do-mar, mas o termo se aplica propriamente a vertebrados aquáticos inferiores. Os gregos conheciam os peixes como ichthyes, sendo a ictiologia o estudo científico dos peixes; o nome comum peixe deriva do latim, pisces. Os tubarões, as raias e as quimeras são os vertebrados viventes mais inferiores que têm vértebras completas e separadas, mandíbulas móveis e extremidades pares. Os condrícties (ou peixes cartilaginosos) podem ser classificados em dois grupos: Holocephali e Elasmobranchii ou Selachii. De acordo com a classificação científica tradicional, a classe Osteichthyes (Exemplos: sardinhas, atuns e bagres) agrupava os peixes ósseos, em contraposição com Chondrichthyes, os peixes cartilaginosos. No entanto, de acordo com as descobertas mais recentes sobre a filogenia dos animais, a classe Osteichthyes agrupa todos os animais com tecido ósseo e com dentes implantados nas maxilas. Esta classe inclui: os Sarcopterygii (Sarcos = carnoso; pterygium = nadadeira) e os Actinopterygii (actinos = raios). A
Holocephali
Estão representados pelas quimeras ou peixe coelho. São peixes grotescos do fundo das profundidades oceânicas (baixas latitudes) ou de águas rasas (altas latitudes). Têm um comprimento de 0,5 a 2 metros. Possuem brânquias protegidas por um opérculo, cauda longa e flexível, olhos muito grandes, corpo sem escamas e maxila fundida com o crânio. Suas mandíbulas contêm grandes placas achatadas. São ovíparos. As quimeras alimentam-se de algas marinhas, invertebrados e peixes. B
Elasmobranchii ou Selachii
Condrícties que possuem de cinco a sete fendas branquiais, não recobertas por opérculos. Estão representados pelos tubarões e raias. É o maior
Figura 06: Quimera http://palaeo.gly.bris.ac.uk/Palaeofiles/Fossilgroups/ Chondrichthyes/Modernforms/modernforms.html
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grupo entre os condrícties, integrado por cerca de 760 espécies. Ao contrário dos agnatha e dos holocephali, os elasmobrânquios possuem nadadeira caudal bem desenvolvida e o corpo recoberto por Zoologia Geral e escamas placóides, cada uma com um espinho voltado para trás, coberto de Comparada II esmalte e uma placa basal de dentina situada na derme. Essas escamas são também chamadas de dentículos dérmicos. B.1 - Tubarões Morfologia Externa Os tubarões possuem uma cabeça terminada em ponta arredondada (focinho), onde há duas narinas ventrais e uma boca larga. Os olhos laterais, movidos por três pares de músculos que prendem o globo ocular na sua base, não têm pálpebras. Como na maioria dos peixes elasmobrânquios, a retina contém apenas bastonetes e os olhos parecem estar adaptados para pouca luz. As narinas são dois orifícios localizados na região cefálica, que terminam em fundos cegos. Não se comunicam com a faringe, como ocorre na maioria dos peixes ósseos. Nos condríctes e na maioria dos osteícties, as narinas têm apenas a função olfativa: um dos sentidos muito desenvolvidos nos tubarões. O odor é percebido por quimiorrecepção: um dos mecanismos sensoriais utilizados para a percepção de presas a grandes distâncias. Uma vez próximos da presa, esses animais passam a utilizar-se da visão. Seus olhos enxergam bem em baixa luminosidade. O tronco é fusiforme, maior perto das nadadeiras peitorais, afilando para trás Há duas nadadeiras dorsais medianas separadas, uma nadadeira caudal mediana e dois pares de nadadeiras laterais, peitorais e pélvicas. A nadadeira caudal é bilobada, sendo a parte superior mais estreita do que o lobo ventral que se prende ao longo da parte inferior da coluna vertebral. Quando a cauda se move de um lado para outro durante a natação, o lobo ventral fornece elevação. Em cada movimento para dentro a superfície superior é inclinada em direção à linha mediana e o lobo ventral segue atrás dela. A força resultante tem um componente para cima e a cauda tende a elevar-se e a enviar as partes anteriores para baixo. As nadadeiras peitorais, entretanto, inclinam-se para cima e provocam a elevação das partes anteriores, contrabalançando a ação da cauda. O efeito combinado tende a elevar o peixe o que é importante para um animal sem bexiga natatória e que é mais pesado que a água do mar.
Figura 07: Exemplos de peixes cartilaginosos. A. Tubarão: estrutura externa; B e C. Raia: estrutura externa. Fonte: STORER, T.I.; USINGER, R. L.; STEBBINS, R.C.; NYBAKKEN, J. W.;1984.
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Reprodução Com relação à reprodução, os tubarões são animais dióicos, apresentando dimorfismo sexual. O macho diferencia-se extremamente da fêmea, pois as nadadeiras pélvicas foram transformadas em um órgão copulador denominado clásper. A cópula frequentemente é cíclica, durante curto período. Os machos são frequentemente agressivos e alguns tubarões induzem as fêmeas a acasalar-se mordendoas ou, em espécies menores, agarrando-as com as mandíbulas. Na cópula, os clásperes são colocados um junto do outro e os dois órgãos são inseridos na cloaca da fêmea. As fêmeas geralmente têm filhotes apenas em anos alternados. Os tubarões podem reproduzir-se de duas maneiras diferentes: Nos vivíparos forma-se uma placenta no saco vitelino. É aí que crescem os filhotes durante um período que pode atingir dois anos. Quando nascidos, os tubarões bebê já estão completamente formados. Por isso, a mãe tubarão não precisa tomar conta dos filhotes depois do nascimento. A maioria dos tubarões é ovovivípara, retendo os ovos no seu interior para o desenvolvimento, dando nascimento a filhotes vivos. Alguns meses depois, o tubarão bebê rompe a casca do ovo e nasce já pronto a viver sem ajuda.
Você sabia? Em muitos países, tubarões e raias são usados pelo homem como alimento. No oriente as nadadeiras dos tubarões são secas e depois cozidas para produzir um material gelatinoso usado para sopas. Antigamente, no Velho Mundo, a pele de tubarão era curtida com as escamas (denominada pele-de-lixa) para fazer capas para livros finos, caixas de jóias e bainhas de espadas. Com as escamas destruídas, as peles serviam como couro para sapatos e bolsas. Os tubarões também podem causar prejuízos ao homem. Em algumas praias populares têm sido registrados inúmeros ataques. O Brasil abriga três das espécies de tubarões consideradas perigosas: o Tubarão Branco, o Tubarão Tigre e o Tubarão Cabeça Chata – responsáveis pelos ataques na costa do nordeste e sudeste. Leia a reportagem publicada no dia 19/06/ 2006 – Jornal O Globo. Ataque de tubarão faz rever prática de surf O Comitê Estadual de Prevenção e Monitoramento de Incidentes com Tubarões se reúne nesta segunda-feira, em caráter extraordinário, em Recife, para discutir a ampliação do trecho onde a prática de surf e outros esportes náuticos são proibidos. Isso porque o ataque que matou no domingo o surfista Humberto Pessoa Batista, na praia de Punta Del Chifre, em Olinda, estava liberado para o surf. A limitação a surf e outros esportes existe desde 1994. Os ataques começaram a se intensificar em 1992 e desde então, já são quase 50 pessoas mordidas e mutiladas e 18 mortos. O ataque de tubarão neste fim de semana foi o terceiro do ano nas praias pernambucanas, o primeiro com morte. No dia 9 de abril, o catarinense José Ivair Pereira, 35 anos, foi mordido no joelho, na praia de Piedade. Em 21 de maio, a vítima foi o caminhoneiro Rogério Antônio de Cardoso, 33 anos, atingido na perna esquerda, na coxa e na panturrilha. Ele foi atacado em Boa Viagem e teve que fazer uma cirurgia.
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Zoologia Geral e Comparada II
B.2 - Raias Morfologia Externa
Apresentam um corpo muito achatado, com nadadeiras peitorais muito largas e delgadas, unidas à cabeça e ao tronco, dando a estes peixes um contorno rômbico ou em forma de disco. As brânquias, dispostas em cinco pares de fendas branquiais, localizam-se na face ventral do corpo. A cauda é normalmente longa e afilada, com a aparência de um chicote. Na superfície dorsal encontram-se os espiráculos (aberturas que levam água às cavidades branquiais), um par de olhos bem desenvolvidos, mas incapazes de enxergar colorido, uma vez que não possuem cones (células responsáveis pela percepção de cor). Reprodução Diferentemente dos peixes ósseos, as raias copulam, sendo a fecundação interna. Posteriormente os ovos são liberados na água, envoltos em bolsas coriáceas. O desenvolvimento dos ovos é muito lento, podendo demorar mais de um ano e meio, quando então eclodem os alevinos. C
Sarcopterygii
Os Sarcopterygii, como o próprio nome diz, são peixes que possuem nadadeiras carnosas, sustentadas por ossos semelhantes aos das patas tetrápodes. Em razão disso, acredita-se que os primeiros vertebrados terrestres – os anfíbios – teriam surgido de um grupo de sarcopterígeo primitivo, que vivia em águas rasas, respirando por brânquias e também pulmões. Os sarcopterígeos eram abundantes em períodos geológicos passados, mas na fauna atual estão representados por apenas quatro gêneros, classificados em dois grupos: o dos Actinistias e o dos Dipnoi. Os sarcopterígeos que deram origem aos anfíbios não têm representantes na fauna atual. No grupo dos actinístias está a Latimeria, peixe marinho que vive a, aproximadamente, 200 metros de profundidade, na costa da África. Sua característica mais importante é a presença de barbatanas pares (peitorais e pélvicas) cujas bases são pedúnculos que se assemelham aos membros dos vertebrados terrestres e se movem da mesma maneira. Os dipnóicos são peixes pulmonados. Corpo longo, delgado; sem pré-maxilas e maxilas; 3 pares de placas dentárias duras e nadadeiras pares. Vivem em rios de regiões tropicais e estão representados na fauna atual com apenas três gêneros: o Neoceratodus da Austrália, o Lepidosiren da América do Sul e o Protopterus da África. Os peixes pulmonados possuem brânquias reduzidas, insuficientes para suas necessidades respiratórias. A respiração aérea através do pulmão é obrigatória para eles. Ao contrário dos demais peixes, os dipnóicos possuem narinas em comunicação com a faringe através das coanas. Estas também estavam presentes nos sarcopterígeos primitivos (os crossopterígios que dera origem aos tetrápodos e permaneceram em todos os vertebrados terrestres.
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O peixe pulmonado brasileiro é a pirambóia (Lepidosiren paradoxa), que vive na região amazônica. Este peixe foi descoberto no Brasil (Amazonas) pelo naturalista austríaco Johannes von Natterer, que esteve dezoito anos percorrendo nosso país a serviço da ciência. O nome “pirambóia” foi dado pelos indígenas e significa peixe-cobra/peixe-réptil. D
Actinopterygii
Os Actinopterygii, como o próprio nome diz, são peixes cujas nadadeiras são sustentadas por raios, esqueleto interno tipicamente clacificado e aberturas branquiais protegidas por um opérculo ósseo É o grupo mais diversificado e que reúne mais de 27.000 espécies. Tipicamente os peixes ósseos não são maiores que 1 m de comprimento, mas existem formas reduzidas e gigantescas. São exemplos de actinopterígeos: as sardinhas, o salmão, a truta, o baiacu, o arenque, entre inúmeros outros. As suas características principais são:
- O corpo é fusiforme, mais alto que largo, de corte oval o que facilita a deslocação através da água. A cabeça estende-se da ponta do focinho até o canto posterior do opérculo, o tronco deste ponto até o ânus e o resto é a cauda. A grande boca é terminal, com maxilas e mandíbulas distintas que apresentam dentes finos. Na parte dorsal do focinho há duas narinas duplas (bolsas olfativas), os olhos são laterais, sem pálpebras, e atrás de cada um há uma cobertura fina das brânquias, o opérculo, com margens livres embaixo e atrás. Por baixo de cada opérculo existem quatro brânquias em forma de pente. O ânus e a abertura urogenital precedem a nadadeira anal. - O esqueleto apresenta 3 partes principais: coluna vertebral, crânio e raios das barbatanas. Da coluna vertebral partem as costelas e a cintura peitoral. Numerosos outros pequenos ossos sustentam os raios das barbatanas. O crânio é articulado com as maxilas e mandíbulas, ambas bem desenvolvidas, e suporta os arcos branquiais. A articulação do crânio com a coluna vertebral é tão forte que os peixes não podem virar a cabeça. - A pele cobre todo o corpo e contém inúmeras glândulas mucosas, cuja secreção facilita o deslizar através da água e protege contra infecções, e escamas no tronco e cauda, de várias formas (ciclóide, ctenóide, ganóide) mas sempre de origem dérmica. Algumas espécies não apresentem escamas ou estas podem ser revestidas de esmalte. - As escamas são finas, arredondadas e implantadas em fileiras longitudinais e diagonais, imbricadas como as telhas de um telhado. As extremidades livres das escamas estão cobertas por uma fina camada de pele que protege de parasitas e doenças. Em algumas espécies, esta camada de pele ajuda a manter a umidade quando o animal está emerso. Cada escama está fixa numa bolsa dérmica e cresce durante a vida do animal, o que geralmente origina anéis de crescimento (maiores no verão e muito pequenos no inverno). Estes anéis são mais notórios em peixes de regiões temperadas. Devido ao padrão de distribuição, forma, estrutura e número das escamas ser quase constante em cada espécie, esta é uma importante característica sistemática desta classe. - Um grande saco de paredes finas, a bexiga natatória, ocupa a porção dorsal da cavidade do corpo. Ela é ligada à faringe por um ducto pneumático em alguns peixes, especialmente nas espécies de raios moles, porém não na perca ou nas formas de raios espinhosos. A bexiga natatória é preenchida por gases (O2, N2, CO2) e atua como órgão hidrostático para ajustar o peso específico do peixe ao da água em diferentes profundidades, permitindo que eles subam, desçam ou fiquem parados. Em diversos peixes a bexiga natatória pode ajudar na respiração ou servir como órgão de sentido ou na produção de sons. A bexiga natatória é semelhante a um pulmão nos peixes pulmonados e em alguns outros.
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Zoologia Geral e Comparada II
Figura 08: Estrutura externa de um peixe ósseo. http://curlygirl.no.sapo.pt/osteites.htm
Reprodução Os Actinopterygii possuem sexos separados e gônadas geralmente pares. São principalmente ovíparos com fecundação externa, embora existam espécies com fecundação interna e hermafroditas. Os ovos são pequenos e sem anexos embrionários mas com quantidade de vitelo muito variável. As espécies de mar alto produzem enormes quantidades de ovos, pois a maioria não sobrevive.Algumas espécies cuidam dos ovos e/ou dos juvenis, guardando os ninhos e mantendo-os oxigenados com jorros de água. Outros incubam os ovos na boca ou permitem que os jovens lá se recolham quando ameaçados. Várias espécies migram grandes distâncias (tanto de água salgada para doce, como algumas espécies de salmões, ou o inverso, como as enguias) para desovar. 4.1 Relações com o Homem Os peixes têm sido importantes como alimento humano desde os tempos do homem paleolítico que deixou ossos de peixes nos seus sambaquis, até os dias presentes. A carne da maioria dos peixes é branca (ou avermelhada) e de textura flocosa. Contém 13 a 20% de proteínas e tem um valor alimentar de 660 a 3.500 kcal por kg, dependendo do conteúdo em óleo (até 17% no salmão). O Brasil possui uma indústria pesqueira em grande desenvolvimento. Mas, como tem um litoral de mais de 9.000 quilômetros, além de muitos rios - maior bacia hidrográfica do mundo -, conta com possibilidade de ser um dos maiores produtores mundiais de pescado e a garantia de alimentação de sua população. A pesca é também uma recreação para milhares de pessoas. O sistema “pesque e solte” tem sido introduzido em diversas localidades do território brasileiro. Muitos peixes como os Lebistes são utilizados como ferramenta de controle biológico para combater os transmissores da Malária e da Febre Amarela. São também utilizados em laboratórios, nos experimentos ecotoxicológicos, genéticos, comportamentais e reprodutivos. Muitas espécies de peixes são mantidas e criadas em tanques e aquários por amadores ou por outras pessoas e muitas instituições públicas mantêm grandes aquários com paredes de vidro onde são expostos tanto peixes nativos como exóticos. Além disso,
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estes animais têm sido mencionados em numerosas letras musicais. Como é observado na composição de Oswaldo Montenegro. Aos Filhos de Peixes Composição: Oswaldo Montenegro É peixe quando pula e descortina a clara possibilidade de mudar de opinião é peixe quando sem ligar a seta muda o rumo inverte a coisa, embola o pensamento e então ... é peixe quando o germe da loucura se transforma em claridade e anda pela contramão é peixe quando anda no oceano de quarenta correntezas sem nenhuma embarcação é peixe quando salta o precipício da responsabilidade e tem uma queda pra ilusão é peixe quando anda contra o vento, desafia o sofrimento e carrega o mundo com a mão é peixe quando a luz do misticismo se transforma na procura do princípio e da razão é peixe quando anda no oceano de quarenta correntezas sem nenhuma embarcação
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR
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No aniversário da Cidade de Salvador, o Restaurante Iemanjá promoveu um “Festival de Crustáceos”: lagosta, lula, camarão, ostra e mexilhão. Quais desses animais não deveriam estar incluídos no cardápio? Por quê? _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________
2 O camarão e a abelha são animais pertencentes ao mesmo filo, embora separados em classes distintas. Cite:
a) Duas características que permitam agrupá-los no mesmo filo: _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ b) Duas características que os separam em classes distintas: _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________
3 Descreva as estruturas presentes na cabeça de um inseto. _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________
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4 Zoologia Geral e Comparada II
Como os aracnídeos se reproduzem? _______________________________________________________________ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _______________________________________________________________
5 Mencione aracnídeos que para o homem são: a) Parasitas: _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ b) Peçonhentos: _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ c) Causadores de alergia: _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________________
6 Por que os vertebrados primitivos foram denominados agnathas ou ciclostomatos? _________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
7 Descreva o ambiente e o modo de vida das: a) Lampreias: _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________________ b) Feiticeiras: _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________________________
8 Resuma o processo de reprodução dos tubarões _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________
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9 Caracterize os dipnóicos e dê exemplos desses peixes. _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________
10 Quais são as principais diferenças existentes entre os condrícties e os osteícties? _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________
CONQUISTA DO AMBIENTE TERRESTRE
CONTEÚDO 1 – MODIFICAÇÕES PARA A VIDA NA TERRA O primeiro grupo de vertebrados que invadiu o ambiente terrestre foi o dos anfíbios. A chamada saída da água ocorreu há mais ou menos 350 milhões de anos, quando alguns crossopterígeos subiram a terra, provavelmente a procura de áreas úmidas e assim devem ter originado os anfíbios. Para se adaptarem à vida terrestre os primeiros vertebrados tiveram de desenvolver as seguintes características: 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 1) Suporte do peso do corpo – que implica no desenvolvimento da estrutura 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 óssea, ossificação da coluna vertebral e das costelas. 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 2) Novas formas de locomoção – desenvolvimento de membros, quatro 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 (tetrápodes), a partir de barbatanas largas e carnudas. Os membros desenvolvidos 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 possuem 5 dígitos (pentadáctilos). Contudo os anfíbios mantêm a habilidade e a 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 capacidade de nadar, permanecendo ainda ligados ao meio aquático mesmo que 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 seja apenas nas primeiras fases de vida (larvares) e épocas de reprodução. 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 3) Maior mobilidade, que permita não só a locomoção em terra como 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 agilidade para a captura de presas e, mais tarde, a fuga. Os anfíbios desenvolvem 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 processos articulares no tronco e região anterior da cauda. Uma cintura entre o 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 crânio e o tronco (pescoço). Maior mobilidade da cabeça assim como lateral. 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 4) Respiração através do oxigênio aéreo, que é feita pelo desenvolvimento 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 de pulmões e, em simultâneo, no caso dos anfíbios, pela respiração cutânea (perda 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 de escamas). Em íntima conexão com a evolução dos mecanismos respiratórios 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 está a evolução do sistema circulatório - vasos e coração. Com a progressiva 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 adaptação ao meio terrestre e com a necessidade de tornar mais rentável o 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 processo respiratório do O2 atmosférico, o sistema circulatório evolui no sentido da 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 separação do sangue oxigenado do não oxigenado. Isto faz-se pela 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 compartimentação do músculo cardíaco e pela existência de canais separados – 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 artérias e veias – que asseguram a saída e retorno do sangue. 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 5) Capacidade de exploração de novos recursos alimentares. Uma 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 característica dos anfíbios primitivos é o desenvolvimento muito maior da região 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 anterior às órbitas em relação à região posterior inversamente aos peixes. O 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 desenvolvimento do focinho parece estar relacionado com a eficiência do 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 mecanismo de predação, e com o maior desenvolvimento dos lobos olfativos. 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 6) Adaptação dos órgãos sensoriais – aquisição de órgãos sensoriais 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 funcionais tanto no meio aquático como aéreo. Com a invasão do meio terrestre, o 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 olfato, já importante nos peixes, desenvolve-se ainda mais. A visão teve de se 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 adaptar no seu sistema de lentes, do ponto de vista óptico, e na presença de 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 estruturas protetoras que protegem os órgãos da visão da dissecação, pálpebras 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 (proteção física) e glândulas orbitais que segregam líquidos lubrificantes (proteção 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 química). Há ainda modificações auditivas com o aparecimento de uma membrana, 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 tímpano, sensível às vibrações do meio aéreo. 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 7) Adaptações Fisiológicas – um dos aspectos de índole bioquímica de maior 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 relevância da adaptação dos vertebrados ao meio terrestre é o da eliminação de 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121 123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121
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Zoologia Geral e Comparada II
1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 produtos finais muito menos tóxicos que a amônia excretada pelos 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 peixes. Desta forma, reduz-se o dispêndio de água, necessária em 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 grandes quantidades para dissolver os produtos tóxicos da excreção, 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 o que proporciona uma economia hídrica. 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 8)Proteção das fases juvenis da dissecação – a proteção do 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 embrião e juvenis é feita nos anfíbios através da metamorfose. Os 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 primeiros estágios de vida mantem-se ligados à água, os ovos são 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 protegidos apenas por uma substância gelatinosa e necessitam de 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 água para não desidratarem. 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890
CONTEÚDO 2 – ANFÍBIOS: BIOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO Anfíbios (do grego aphi, ambos ou dois modos, e bios, vida) são vertebrados cuja característica fundamental é o desenvolvimento na fase larvária em meio aquático e na fase adulta em meio terrestre. As principais características deste grupo são:
· A maioria dos anfíbios possui 4 membros pentadáctilos (são tetrápodos = dois pares de patas – andar/nadar/saltar) para locomoção em terra, lateralmente orientadas. Nas cecílias faltam as patas, nos sirenídeos faltam apenas as anteriores. · Pele úmida e lisa, com glândulas mucosas e venenosas, e sem escamas externas, apta para respiração cutânea (que nos anfíbios torna-se mais importante que a respiração pulmonar). A respiração cutânea é fundamental para esses animais, pois seus pulmões são simples e insuficientes para suas necessidades respiratórias. Tanto a água como os gases passam facilmente através da pele dos anfíbios. A pressão osmótica interna é inferior à dos outros vertebrados (cerca de 2/3 menor), os fluídos internos contêm menos sais. Os anuros do deserto, após a estação chuvosa, enterram-se absorvendo água do solo através da pele como se fossem uma planta aproveitando um gradiente de pressão osmótica entre o solo e a pele. Quando o gradiente deixa de ser suficiente param de excretar urina, o que eleva o potencial osmótico interior até 600 meq. Esse aumento de potencial permitelhes continuar a absorver água. Impedidos de respirar pela pele estes animais podem morrer. · Cavidade bucal sem queixo: na maioria dos anfíbios a língua é bem desenvolvida e extensível. Os dentes, quando presentes, são pequenos e situamse nos maxilares ou no palato. O esqueleto é em grande parte ossificado. A cabeça assenta numa única vértebra cervical, com a qual se articula através de dois côndilos. As costelas, quando existem, não apresentam externo. · São pecilotérmicos (animais de sangue frio); · Coração com três cavidades: duas aurículas ou átrios e um ventrículo. O sangue arterial, que entra na aurícula esquerda, e o sangue venoso, que chega a aurícula direita, vão se juntar ao nível do ventrículo único. Por isso a circulação destes animais é dita fechada, dupla, porém incompleta; · Presença de entalhe ótico, resultado do desaparecimento do opérculo que, nos peixes, protege as brânquias.
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Os anfíbios atuais podem ser divididos em três grupos pelo seu modo de locomoção embora haja outras características anatômicas, fisiológicas e de comportamento a separálas: A
Ordem Anura
A ordem Anura ou Salienta está representada por anfíbios sem cauda: os sapos e as rãs. No Brasil, há sapos e rãs de diversos gêneros e grande quantidade de espécies, inclusive dendrobatídeos perigosamente peçonhentos e sapos de curiosas denominações regionais, como o sapo-boi ou sapo-gigante (Bufo paracnemis), o sapo-cururu (Bufo marinus), o sapocanoeiro (Phrynohias hebes), o sapo-ferreiro (Hyla faber Wied) e o sapo-de-chifre ou untanha, dos maiores, assim como a rã-pimenta (Leptodactylus pentadactylus), a rãassobiadora, a rã-do-banhado, etc. Morfologia Externa – a rã Uma rã é inconfundível. Esteja onde estiver, reconhecemos sempre uma rã. Elas possuem a pele mole, lisa e úmida. A cabeça apresenta uma ampla boca, pequenas narinas valvulares, olhos grandes esféricos e salientes, fornecendo um amplo campo visual, que compensa a falta de movimento rotatório e, atrás de cada olho, um tímpano achatado ou membrana timpânica. Cada olho possui uma pálpebra superior carnosa e opaca e uma inferior menor. Internamente a elas existe uma terceira pálpebra transparente que se assemelha funcionalmente à membrana nictitante dos vertebrados superiores. Ela move-se para cima sobre o globo ocular para conservá-lo úmido no ar e para protegê-lo dentro da água. O corpo é compacto, com coluna vertebral curta e rígida; as vértebras estão ligadas de modo a restringir os movimentos laterais. A região pélvica é reforçada e firmemente ligada à coluna vertebral. A vértebra posterior forma uma estrutura alongada e rígida denominada uróstilo. A pélvis e o uróstilo conferem rigidez à parte posterior do tronco. As patas anteriores curta compõem-se de braço, antebraço, pulso e mão; esta tem quatro dedos e um polegar vestigial. O dedo interno espessa-se nos machos, principalmente na época da reprodução. As patas posteriores muito longas são empregadas para impulsionar o animal. Possuem membranas interdigitais que lhes permitem ainda atividade natatória. Reprodução Os Anuros possuem hábitos reprodutivos associados a vocalizações. Ao contrário dos ápodes e urodelos em que não existem vocalizações, nos Anuros a emissão de som é um fenômeno importante. O som é produzido pela deslocação do ar através das cordas vocais, situadas na laringe entre a boca e os pulmões. Os sons podem ainda ser intensificados por um saco de ressonância interno ou externo. Os chamamentos são diversos, variando com a espécie, e na mesma espécie existem vários tipos de vocalizações associadas a fins diferentes. As características do som podem identificar a espécie e o sexo do indivíduo. Estão identificados 5 tipos de sons:
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Zoologia Geral e Comparada II
a) “Courtship call” – produzido pelo macho para atrair as fêmeas; b) “Territorial call” – produzido por machos residentes é um som de aviso e marcação de território; c) “Reciprocation call” – produzido pelas fêmeas receptivas em resposta ao chamado dos machos; d) “Encounter call” – indica o reconhecimento específico de indivíduos; e) “Distress call” – exibido em situações de stress.
Quando uma fêmea atraída pelo canto, encontra um macho da mesma espécie, é por ele agarrada pelas costas, num abraço nupcial. A seguir, os ovos são postos em um local úmido, podendo ser dentro d´água, debaixo de pedras, no interior de uma toca no chão, sobre uma folha, na axila de uma bromélia, etc. À medida que a fêmea, estimulada pelo abraço nupcial, põe os ovos, estes vão sendo fertilizados pelo sêmen expelido pelo macho. Tanto o aspecto dos ovos como os arranjos que eles apresentam após a postura variam muito, dependendo da espécie considerada. Os ovos podem formar um cordão gelatinoso, que contem centenas de ovos; podem aderir-se a plantas, pedras, ou folhas enroladas, ou podem ficar protegidos dentro de um ninho de espuma. Com a eclosão dos ovos, nascem os girinos, que representam a primeira fase da vida dos anuros, conhecida como fase larval. Esta fase vai Figura 09: Abraço Nupcial. desde uma semana até mais de dois anos. Os girinos vivem na água e se assemelham aos peixes, geralmente de cor escura. São providos de cauda, não têm patas e respiram por meio de brânquias. Para que atinjam a forma adulta eles passam por uma transformação total do organismo conhecida como metamorfose. Durante essa transformação os animais adquirem patas, perdem a cauda, deixam gradualmente o ambiente aquático e passam a respirar através dos pulmões e da pele, o esqueleto é muito modificado e desenvolvem-se dentes na maxila superior.
Figura 10: Metamorfose dos anuros http://miscelaneos.webcindario.com
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· Proteção da Prole Diversos grupos de anfíbios desenvolveram meios de proteger seus filhotes. Algumas espécies podem guardar temporariamente os filhotes na boca, no estômago, ou em pregas da pele semelhantes às bolsas dos marsupiais. No sapo-aru (também conhecido como pipa), os ovos, depois de fecundados, são conduzidos pelo macho ao dorso da fêmea, onde ficam protegidos dentro da pele até o nascimento dos filhotes. A nossa rã mais comum, a rã-pimenta, monta guarda permanente desde a postura dos ovos até a metamorfose dos girinos, tornando-se muito agressiva com os eventuais predadores.
Você sabia? Todas as rãs são carnívoras, e tem um apetite voraz. Qualquer animal que caiba nas suas bocas serve de alimento. No entanto, esta dieta passa apenas por artrópodes e minhocas, uma vez que não há rãs suficientemente grandes para ingerir outros vertebrados. Os girinos são vegetarianos, embora haja os que comem invertebrados e outros girinos. Substâncias secretadas pelas rãs poderão ajudar no tratamento de herpes e de outras infecções. Dois pesquisadores australianos descobriram que as rãs produzem compostos químicos que podem ser a base de novos antibióticos e antivirais. Até agora já foram isolados 35 tipos de peptídios (compostos aminoácidos) secretados pelas glândulas de diversas espécies de rãs (glândulas das peles). O bioquímico John Bowie e o especialista em anfíbios Mike Tyler da Universidade de Adelaide começaram o estudo interessados na resistência que os batráquios têm a infecções. Eles descobriram que as rãs têm um verdadeiro coquetel de peptídeos que as protege da ação de microorganismos patogênicos, como as bactérias. Segundo Bowie, um dos peptídeos isolados se mostrou eficiente contra o agente infeccioso Estafilococo dorado, resistente a todos os antibióticos conhecidos. (www.consulteme.com.br/biologia/chordados/anfibios/anura.htm)
B
Ordem Urodela
A ordem Urodela está representada por anfíbios que apresentam cauda: são as salamandras e os tritões. A ordem Urodela só tem um único representante na fauna brasileira, Bolitoglossa altamazonica. Morfologia Externa – a salamandra As salamandras costumam ser confundidas com lagartos, sua silhueta tende a evocar um réptil. Mas, sua pele é muito mais fina e não possui escamas. São providos de quatro patas e uma cauda, com muitas vértebras. Possuem a cabeça e o pescoço diferenciados, o tronco largo e cilíndrico, por vezes achatado dorsoventralmente. A cintura pélvica é curta e
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os músculos segmentados são conspícuos. Os olhos são pequenos, mas funcionais, podendo ter ou não pálpebras e não emitem sons. Zoologia Geral e Comparada II
Figura 11: Salamandra salamandra http://www.xtec.es
Reprodução A maior parte dos Urodelos utiliza a fertilização interna, embora duas faílias mais primitivas, Hynobiidae e Cryptobranchidae, retenham a fertilização externa, na superfamília Salamandroidae a fertilização é sempre interna A fertilização interna é realizada pela transferência de um pacote de esperma (o espermatóforo) do macho para a fêmea. O comportamento mais típico compreende as seguintes fases:
1) o macho pressiona a região cloacal da fêmea com o focinho. Se esta está receptiva, monta-a e aperta-a com as patas traseiras. Glândulas hedônicas especiais no corpo do macho estimulam a fêmea durante esta fase; 2) o macho liberta a fêmea e avança indicando-lhe uma direção, normalmente o fundo da massa de água. A fêmea segue-o até ao fundo do charco, altura em que pressiona a região cloacal do macho induzindo-o a depositar um espermatóforo no fundo; 3) a fêmea passa então sobre o espermatóforo, apanha-o na sua cloaca, e o invólucro gelatinoso que reveste o espermatóforo dissolve-se na cloaca libertando o esperma.
Trata-se de um comportamento que envolve estímulos visuais, táteis e químicos, frequentemente específicos de cada espécie. No mesmo charco pode haver muitas espécies a procriar e a variabilidade de comportamento ajuda no isolamento genético. Em algumas espécies, vários machos depositam os espermatóforos, dos quais as fêmeas escolhem alguns. As salamandras que criam na água põem geralmente os seus ovos neste meio. Os ovos são postos isoladamente ou em uma massa gelatinosa. Formam-se larvas aquáticas branquiadas que mais tarde darão origem a adultos terrestres. Algumas famílias dispensam o estado larvar aquático (Plethodontidae), neste caso os ovos são postos em locais muito úmidos. Algumas salamandras são ovovivíparas em situações de secura. Outro comportamento de resistência à secura é a retenção do espermatóforo viável por 2 anos, até se obterem condições favoráveis à fecundação e postura.
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C
Ordem Apoda ou Gymnophiona
Morfologia Externa – a cecília Os Ápodes (cecílias) são anfíbios de corpo alongado, vermiforme, sem extremidades nem cinturas. A cauda está muito reduzida ou é ausente nos adultos, não existe um pescoço distinto, a cabeça é extremamente contínua com o corpo, o crânio é compacto, não possuem costelas nem membros. A pele é lisa com pregas transversais, que se assemelham a anéis o que contribui para o seu aspecto vermiforme. Possuem uma cobertura dérmica de escamas mesodérmicas, não perceptíveis exteriormente. Os olhos são reduzidos, cobertos por uma pele pigmentada ou por uma placa óssea, permitindo uma visão deficiente ou não funcional. Possuem um par de tentáculos sensoriais próximos dos olhos, que de certa forma deverão compensar a sua falta de visão. Reprodução Neste grupo as adaptações reprodutivas são muito especializadas. A fertilização é conseguida por um órgão masculino intromissor, protáctil, que sai junto à cloaca. Algumas espécies são ovovivíparas e transportam os ovos nos anéis do corpo, outras são vivíparas. Neste caso o crescimento do embrião no interior do corpo é suportado inicialmente pela albumina do ovo fertilizado. Mais tarde os embriões raspam o epitélio das paredes do oviduto com dentes embrionários especializados, sendo uma parte do epitélio ingerida. As trocas gasosas são conseguidas por aposição das brânquias embrionárias às paredes do oviduto. Antes do nascimento, as brânquias desaparecem. D
Hábitos Alimentares
Os anfíbios adultos atuam apenas como carnívoros, alimentam-se de presas vivas. O seu comportamento de caça está muito dependente da visão, reagem só a objetos que se movam. Enquanto os adultos podem suportar jejuns prolongados, as larvas necessitam de uma alimentação contínua. Tanto uns como outros são em geral polifágicos, embora existam alguns casos de monofagia (por exemplo: os Microhylidae comem só formigas e térmitas). De uma forma geral, a natureza e o tipo das presas reflete: 1) as características da fauna do meio no qual o anfíbio vive(aquático, terrestre, solo, árvore, etc); 2) a dimensão da armadura bucal que determina o tamanho de presas possíveis.
CONTEÚDO 3 – RÉPTEIS: BIOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO Os répteis surgiram, a partir de um grupo primitivo de anfíbios, há cerca de 340 milhões de anos. Apresentam uma série de características que lhes permitiram explorar o ambiente terrestre; diferindo de seus ”primos” em três aspectos fundamentais:
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1) a pele era rija, sem glândulas mucosas, e recoberta por escamas de origem epidérmica, o que os protegia do desgaste contínuo do movimento e da evaporação excessiva; 2) ovos com casca resistente à perda de água e contendo uma câmara cheia de líquido, a cavidade amniótica que protege o embrião em desenvolvimento contra a dessecação e lesões mecânicas; além disso, a casca é porosa, permitindo a entrada de oxigênio e a saída de gás carbônico, fundamentais para a respiração do embrião; 3) controle da temperatura corpórea. Os répteis aquecem seus corpos através de fontes externas de calor, como o sol ou a superfície quente de uma rocha. Por isso, é comum vermos os répteis expostos ao sol durante o dia. Quando muito aquecidos, eles, geralmente, procuram locais sombreados. Por meio desse comportamento, conseguem manter praticamente constante a temperatura de seus corpos, em torno de 37°C.
Classificação dos Répteis Embora em épocas remotas os répteis tivessem sido bastante comuns, atualmente a maior parte deles foi extinta, por razões que ainda não foram esclarecidas e que são objetos de muito debate. Estes representam apenas 4 das 16 ordens conhecidas que floresceram durante o Mesozóico: A
Ordem Rhincocephalia
Representada por animais cuja cabeça é prolongada em forma de bico. Há atualmente uma única espécie vivente que é o Sphenodon punctatus conhecido popularmente como “tuatara”, comprimento até 76 cm; vive na terra e na água e cava; come insetos, moluscos e pequenos vertebrados; as fêmeas põem cerca de 10 ovos, com casca branca e dura que são depositados em buracos na terra, necessitam de 13 meses para eclodir. São encontrados em uma das ilhas da Nova Zelândia. Morfologia Externa À primeira vista é semelhante a um lagarto, mas apresenta muitos caracteres primitivos incluindo
Figura 12: Tuatara (Sphenodon punctatum) http:// miscelaneos.webcindario.com
(1) dois arcos temporais no crânio, (2) uma boca com teto grande, (3) quadrado fixo, (4) dentes firmemente afixados aos bordos do maxilar e mandíbula, (5) um olho parietal mediano, (6) costelas abdominais persistentes, (7) ausência de órgãos copuladores, (8) abertura anal transversal e (9) preferência por temperaturas baixas – 4 a 28°C, média de 18°C – em experimentos de laboratório.
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B
Ordem Chelonia
Nesta ordem estão incluídas as tartarugas (marinhas), os cágados (água doce) e os jabutis (terrestres). Morfologia Externa – Tartarugas O corpo está encaixado numa concha oval, formada por uma camada de ossos semelhantes a placas com um padrão definido e intimamente suturado uns com os outros, havendo sobre elas placas cornificadas (= compactadas, cimentadas queratinizadas), também de arranjo regular. A porção dorsal convexa é a carapaça e a parte ventral é o plastrão. As vértebras torácicas e as costelas são geralmente soldadas com a carapaça óssea. Tartarugas de concha mole apresentam tegumento coriáceo, não-dividido em placas e a concha é fracamente ossificada. A cabeça, a cauda e as pernas das tartarugas aparecem entre as duas partes da concha e na maioria das espécies podem ser retraídas completamente para dentro de suas margens, como medida de segurança. Sua maxila e mandíbula não têm dentes, mas apresentam lâminas cornificadas fortes, que servem para esmagar o alimento. Os dedos terminam em garras córneas que são úteis para reptar e cavar. Nos jabutis os pés têm forma de tocos e nas tartarugas marinhas as pernas têm forma de remo, para a natação. Reprodução São ovíparos. As fêmeas procuram bancos de areia ou barrancos para escavar cavidades, cavando com as pernas posteriores, cobrindo os ovos mais tarde.
Você sabia? Projeto Tamar O Projeto TAMAR (Tartaruga Marinha) é um projeto criado em 1980 pelo IBDF, atual IBAMA, com a finalidade de proteger as cinco espécies de tartarugas marinhas que ocorrem no Brasil (Caretta caretta, Chelonia mydas, Dermochelys coriacea, Eretmochelys imbricata e Lepidochelys olivacea). No início foi feito o levantamento da real situação das tartarugas no país. O Brasil já possuiu uma grande população de tartarugas, que alimentou desde os índios às famílias de pescadores do último final de século, passando por colonizadores, comerciantes jesuítas, etc. O hábito de matar as fêmeas que sobem às praias para a desova fez com que a população, outrora abundante, fosse quase extinta. Para reverter esse quadro, o Projeto TAMAR decidiu estabelecer campos de trabalho nos principais pontos de reprodução para garantir a preservação das espécies. Foram escolhidas, inicialmente, a Praia do Forte, na Bahia; Pirambu, em Sergipe, e Regência, no Espírito
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Santo. De lá para cá se somam 21 estações que garantem o nascimento aproximado de 350 mil filhotes por ano. O que faz?
O Projeto TAMAR realiza importante trabalho de educação ambiental junto aos turistas e as comunidades litorâneas, cumprindo também uma função social através do envolvimento destas comunidades no trabalho de preservação. Cerca de 300 pescadores trabalham para o Projeto TAMAR em todo o país. Eles são os tartarugueiros, que patrulham as áreas de proteção, fiscalizando os ninhos. Também desenvolve projetos sociais, como creches e hortas comunitárias, e outros que oferecem fontes alternativas de renda, como confecções, artesanato, programas de ecoturismo, programa de guias-mirins e várias atividades de educação ambiental. Oferece, ainda, atividade de educação ambiental junto a escolas e instituições. Nas áreas de desova há o monitoramento da praia pelos tartarugueiros e pesquisadores. Eles marcam as nadadeiras anteriores, identificando o animal com um número individual e uma inscrição com o endereço do TAMAR e a solicitação de que seja notificado quando e onde aquela tartaruga foi encontrada. Quando isso acontece, é possível estudar o comportamento da desova, as rotas migratórias, e fazer um controle da população. É feita, ainda, análise biométrica para cada espécie, medindo o comprimento e a largura do casco. Os ninhos que estiverem em locais de risco são transferidos para trechos mais protegidos ou para os cercados nas bases do TAMAR, onde são reproduzidas as condições normais para a incubação dos ovos. Quando os filhotes saem à superfície, são contados, identificados e soltos para seguirem até o mar. Nas áreas de alimentação de juvenis e subadultos de tartarugas marinhas, o TAMAR monitora as redes de pesca e outras formas de armadilhas para peixes que possam existir nos locais, para verificar a incidência de captura acidental de tartarugas. Uma vez encontradas, essas são identificadas, muitas vezes recuperadas através de desafogamento e ressuscitação cárdio-pulmonar, e então medidas e marcadas a fim de que se possa estudar seu ciclo de vida, padrão de crescimento e rotas migratórias. O Projeto TAMAR desenvolve continuamente atividades de pesquisa visando a aumentar os conhecimentos sobre o comportamento das tartarugas marinhas e aprimorar técnicas que possam contribuir para o trabalho de preservação das espécies. Para descrever as populações de tartarugas marinhas são realizados
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estudos genéticos (DNA mitocondrial) e outros que revelam informações sobre comportamento de reprodução, condição de incubação de ninhos, distribuição espacial e temporal de ninhos para as diferentes espécies e áreas de reprodução, além de comparativos referentes a temperatura de ninhos e incubação em locais diferentes. Como ajudar? Não compre, e denuncie quem capturar ou vender produtos oriundos das tartarugas marinhas, tais como: ovos, carne, enfeites, cremes, etc. Quando avistar uma tartaruga, mesmo morta, comunique imediatamente a base mais próxima do projeto. Visite e ajude a divulgar o Projeto TAMAR junto a seus amigos, parentes, colegas, etc. Nas bases do projeto você poderá ver tartarugas vivas em tanques, assistir fitas de vídeo e exposições sobre o trabalho do Projeto TAMAR, além de poder adquirir camisetas, bonés e outros souvenirs. (www.geocities.com) C
Ordem Crocodilia
Representada pelos jacarés e crocodilos, animais aquáticos que vivem nas regiões tropicais e subtropicais do mundo. Morfologia Externa O corpo compreende cabeça, pescoço, tronco e cauda distintos; cada uma das curtas pernas possui dedos terminados por garras córneas e com palmouras entre eles. A longa boca é marginada com dentes cônicos, situados em alvéolos. Perto da extremidade do focinho existem duas pequenas narinas. Os olhos são grandes e laterais, com pálpebras superiores e inferiores e uma membrana nictitante transparente move-se para trás por baixo das pálpebras. A pequena abertura do ouvido situa-se atrás do olho, por baixo de uma dobra móvel da pele. O ânus é uma fenda longitudinal, atrás das bases das pernas posteriores. O crânio maciço inclui um longo focinho e os ossos são geralmente rugosos no adulto velho. A longa mandíbula articula-se em cada lado da margem posterior do crânio com um osso quadrado fixo. Reprodução Todas as espécies são ovíparas e carnívoras. Os ovos formam-se nos ovários e passam para dentro dos funis; nos ovidutos, cada um é fecundado e envolvido por albumina, membranas da casca e uma casca antes da ovipostura.
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D
A expressão popular derramar lágrimas de crocodilo, usada para dizer que alguém chora sem razão ou por fingimento, surgiu de um fato real que acontece com os crocodilos. Quando o animal come uma presa, ele a engole sem mastigar. Para isso, abre a mandíbula de tal forma que ela comprime a glândula lacrimal, localizada na base da órbita, o que faz com que os répteis lacrimejem. E são as lágrimas que lubrificam o olho.
Ordem Squamata
Enquadra animais recobertos por escamas ou pequenas placas. Dividem-se em duas subordens: Lacertilia e Ophidia. Os primeiros são animais tetrápodas e citamos como exemplo os camaleões, as iguanas, as a lagartixas, os dragões voadores, as cobras-de-vidro, as cobra de duas cabeças e o monstro de Gila (Heloderma), que tem a forma de um lagarto, sendo um dos raros exemplos de lagartos venenosos. Este lagarto pode ser encontrado no México e nos Estados Unidos. Os ofídios estão representados pelas cobras, as quais são todas ápodas (sem patas); embora existam algumas, como a jibóia e a sucuri, que apresentem membros rudimentares. Ao contrário dos demais répteis, as cobras não possuem tímpano nem cavidade do ouvido médio. A columela está presente unindo um osso da mandíbula, o quadrado, ao ouvido interno. Esses animais percebem com eficiência as vibrações no solo, mas praticamente não percebem sons. D.1 - Subordem Ophidia As serpentes são notáveis pela emoção que despertam no homem; relacionadas com a arte de curar desde a pré-história, se tornaram símbolo das profissões médicas e farmacêuticas. Os ofídios não constituem apenas os répteis mais numerosos, mas também os mais amplamente distribuídos; embora predominem nas regiões tropicais. A respeito delas, muitas noções falsas e superstições foram inventadas, sendo por este razão necessário esclarecer alguns pontos: elas não são viscosas e seu corpo é frio porque sua temperatura interna não é mais alta que a do ambiente; quando dão o bote, nunca saem do chão, pois necessitam de um ponto de apoio; as cascavéis não aumentam um guizo por ano, e sim, geralmente, dois ou três, dependendo do número de vezes que mudam de pele; a remoção das presas de uma cobra venenosa não a torna permanentemente inofensiva, pois nascer-lhe-ão novas presas. Podemos distinguir as cobras quanto aos dentes, em venenosas e não venenosas. Os dentes das venenosas têm um sulco ou canal que se comunica com a glândula de veneno (glândulas parótidas modificadas). De acordo com as características dentárias do maxilar, podemos classificar os ofídios na seguinte série: 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 · ÁGLIFAS (Aglifodonte) - desprovidas de dentes inoculadores de 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 veneno. Todos os dentes são iguais. Não são cobras venenosas, como é o 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 caso da Sucuri, Jibóia, Falsas Corais. 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123 12345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345678901212345678901234567890123
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Na realidade, 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 essas serpentes são quase todas inofensivas para o homem, mas há uma ou 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 duas delas que podem ser perigosas. Cobra-cipó. 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 · PROTERÓGLIFAS (Proteroglifodonte) - Apresentam os dentes 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 inoculadores de veneno na posição anterior do maxilar superior. Esses dentes 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 são sulcados (fendidos) e ocorrem em cobras venenosas. Coral verdadeira 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 (Micrurus), Naja Indiana, Mamba. 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 · SOLENÓGLIFAS (Solenoglifodonte) - Apresentam os dentes 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 inoculadores de veneno na porção anterior da maxilar superior, porém, os 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 sulcos modificam-se em canais formando um excelente sistema de injeção 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 hipodérmica. Cascavel, Jararaca, Urutu, etc. 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012345
Além da presença dos “dentes de veneno”, outras características externas ajudam a distinguir as cobras venenosas das não venenosas. Como por exemplo:
Figura 13: Outras características que diferenciam uma cobra peçonhenta de uma não-peçonhenta (LOPES,S. 1994)
D.1.1 - Tipos de Locomoção As cobras usam quatros métodos de locomoção que lhes permitem uma mobilidade substancial mesmo perante a sua condição de répteis sem pernas. a) Locomoção ondulatória horizontal (ou lateral): é comumente usada quando uma cobra rasteja com velocidade moderada a alta. O corpo forma curvas em S e o animal se impulsiona para frente por meio da pressão que as alças do corpo exercem para trás e para os lados contra irregularidades do substrato. Os lugares contra os quais a pressão é aplicada são indicados por cristas do solo na parte posterior de cada alça do corpo. A superfície ventral lisa da cobra reduz o atrito com o solo.
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Zoologia Geral e Comparada II
b) Locomoção retilínea (ou em “lagarta”): pode ser empregada ao aproximar-se lentamente de uma presa ou ao mover-se cautelosamente. A cobra rasteja lentamente, geralmente com o corpo quase reto. A pele frouxa do ventre avança em ondas ondulatórias que parecem passar da cauda até a cabeça Em vista lateral as ondulações baixas aparecem ao longo da superfície ventral quando as escamas avançam em série progressiva, pressionadas contra o solo e o corpo escorrega para frente dentro da pele. Ao contrário da locomoção ondulatória horizontal, o atrito entre a superfície ventral da cobra e o substrato é essencial. c) Locomoção em sanfona: envolve a extensão e a retração do corpo de um ou mais pontos de atrito ou âncora. Pode ser usada em superfície achatada, ao rastejar através de um túnel ou ao trepar. Os movimentos do corpo em sanfona talvez sejam melhor vistos. A cobra ancora a parte anterior de seu corpo pressionando-a contra as superfícies próximas por meio de alças do orpo. Puxa, então, suas partes posteriores, ancorando-as da mesma maneira. As partes anteriores são agora libertadas e estendidas (abrindo-se as alças) Às vezes há combinação de locomoção em sanfona com locomoção ondulatória horizontal. d) Locomoção por meio de alças laterais: é uma forma especial de locomoção encontrada em diversas víboras africanas e do oeste da Ásia e na cascavel norte-americano Crotalus cerastes. Todas são espécies de zonas áridas. A locomoção por meio de alças laterais parece ser uma adaptação para a movimentação rápida sobre superfícies sem obstáculos como areia ou terra muito dura. Evita escorregar e conserva energia. A velocidade atingida ajuda a fugir de inimigos. A locomoção por meio de alças laterais foi considerada uma forma modificada de locomoção ondulatória horizontal. As alças de um lado do corpo são ligeiramente elevadas do substrato e a força exercida pelas alças do outro lado impulsionam a cobra para o lado. A força propulsora não é mais exercida horizontalmente, mas em ângulo oblíquo em relação a superfície. Esta força inclinada compensa a ausência de irregularidades da superfície, necessárias para a locomoção ondulatória horizontal. A locomoção por meio de alças laterais tem sido considerada um caso especial de locomoção em sanfona.
D.1.2 - Cobras Peçonhentas do Brasil Existem no Brasil setenta espécies de cobras peçonhentas, pertencentes a dois grupos: o dos crotalíneos e o dos elapíneos. No grupo dos crotalíneos estão os gêneros Bothrops, Crotalus e Lachesis, e no dos elapíneos, o Micrurus. Observe as informações descritas abaixo que foram disponibilizadas pelo Instituto Butantã, São Paulo. Jararacas (gênero Bothrops) São as serpentes responsáveis por cerca de 90% dos acidentes ofídicos registrados no país. Também conhecidas por “jaracuçu”, “urutu”, “jararaca do rabo branco”, “cotiara”, “caicaca”, “surucucurana”, “patrona”, “jararaca-pintada”, “preguiçosa” e outros.
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Características: Coloração variada com padrão de desenhos semelhantes a um “V” invertido. Corpo fino medindo aproximadamente um metro de comprimento. Possui fosseta loreal (orifício entre o olho e a narina). A cauda é lisa e afilada. Habitat. É encontrada principalmente nas zonas rurais e periferia de grandes cidades, em lugares úmidos e em que haja roedores (paióis, celeiros, depósitos de lenha etc.). Distribuição geográfica: Encontrada em todo o território brasileiro. Sintomas após a picada: Dor, inchaço e manchas arroxeadas na região da picada. Pode haver sangramento no local, e em outras partes do corpo, como nas gengivas, ferimentos recentes e urina. E pode haver complicações, como infecção e morte do tecido (necrose) no local picado. Nos casos mais graves, os rins podem parar de funcionar. Tipo de soro: Antibotrópico ou antibotrópico-laquético. (Instituto Butantã – São Paulo. www.butantan.gov.br)
Surucucu (gênero Lachesis) Responsável por cerca de 1,5% dos acidentes ofídicos registrados no país. Também é conhecida como “surucucu pico de jaca”, “surucutinga”, “malha-de-fogo” e outros.
Características: É a maior das serpentes peçonhentas das Américas, medindo ate 3,5m. Possui fosseta loreal. As escamas da parte final da cauda são arrepiadas, com a ponta lisa. Habitat. Florestas densas. Distribuição geográfica: Encontrada na Amazônia e nas florestas da Mata Atlântica, do Estado do Rio de Janeiro ao Nordeste. Sintomas após a picada: Dor e inchaço no local; semelhante à picada da jararaca. Pode haver sangramentos, vômitos, diarréia e queda da pressão arterial. Tipo de soro: Antilaquético ou antibotrópico-laquético.
(Instituto Butantã – São Paulo. www.butantan.gov.br)
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Coral (gênero Micrurus) Zoologia Geral e Comparada II
É responsável por cerca de 0,5% dos acidentes ofídicos registrados no país. Também conhecida por “coral verdadeira”, “ibiboboca”, “boicorá” e outros.
Características: São as serpentes de pequeno e médio porte, com tamanho em torno de um metro. Não possuem fosseta loreal. Seu corpo é coberto por aneis vermelhos, pretos, brancos ou amarelos. Na Região Amazônica existem algumas espécies com padrão diferente, como, por exemplo, branco-e-preto. É importante prestar bastante atenção nas cores da coral. Em todo o país existem serpentes não-venenosas com coloração semelhante a das corais verdadeiras: são as falsas-corais. Habitat. Vivem no solo sob folhagens, buracos, entre raíz de arvores, ambientes florestais e próximo de água. Distribuição geográfica: Encontrada em todo o território brasileiro. Sintomas após a picada: No local da picada não se observa alteração importante, porem a vitima apresenta visão borrada ou dupla, pálpebras caídas e aspecto sonolento. Pode haver aumento da salivação e insuficiência respiratória. Tipo de soro: Antielapídico. (Instituto Butantã – São Paulo. www.butantan.gov.br)
D.1.2 - Como Prevenir Acidentes com Cobras · Oitenta por cento das picadas atingem as pernas, abaixo dos joelhos. Use botas ou botinas com pederneiras de couro; · Dezenove por cento das picadas atingem as mãos ou antebraços. Use luvas de aparas de couro para remexer em montes de lixo, folhas secas, buracos, lenhas ou palha. Afaste galhos com um pedaço de pau; · Cobras gostam de se abrigar em locais quentes, escuros e úmidos. Cuidado ao mexer em pilhas de lenha, palhadas de feijão, milho ou cana. Cuidado ao revirar cupinzeiros; · Onde tem rato, tem cobra. Não deixe amontoar lixo. Limpe paióis e terreiros. Feche buracos de muros, portas e janelas; · Atenção ao calçar sapatos e botas. Animais peçonhentos podem se refugiar dentro deles; · Lembre-se: na natureza não há vilões. Não mate cobras simplesmente por estarem vivas. Elas mantêm o equilíbrio natural, comendo roedores, que transmitem doenças e dão prejuízos nas plantações e paióis.
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(Instituto Butantã – São Paulo. www.butantan.gov.br)
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Zoologia Geral e Comparada II
(Instituto Butantã – São Paulo. www.butantan.gov.br)
D.2. - Subordem Sauria Onde vivem os répteis? - Dragão de Komodo:um réptil guloso e carnívoro O Dragão de Komodo é o maior de todos os lagartos atuais. Existente há centenas de séculos, este réptil já vivia na Terra muito antes do surgimento do homem. É uma espécie endêmica da Indonésia, sendo visto nas ilhas Komodo, Rintja, Padar e Flores, habitando florestas e clareiras. Aprecia bastante carniça e é capaz de devorar uma carcaça inteira de búfalo. Nada impede que o Dragão de Komodo coma animais vivos. Ele costuma derrubar a vítima com a força de sua cauda e cortá-la em pedaços com os dentes. Possui a cabeça grande, o corpo maciço e as patas poderosas, com fortes garras. São poderosos predadores que atacam e matam porcos selvagens, cabras, jovens búfalos, cavalos, macacos, veados e aves. O Dragão de Komodo chega a medir 3,5 m e a pesar até 110 kg, vivendo, em média, 50 anos. A sua cor é cinzenta e marrom. Ao terminar a estação das chuvas, a fêmea põe cerca de 25 ovos na areia, que se abrem depois de 6 a 8 semanas. Os filhotes ao nascerem, medem 20 a 25 cm de comprimento. Os jovens alimentam-se de lagartos, insetos, aves e pequenos mamíferos. O Dragão de Komodo encontra-se ameaçado pela caça, por envenenamentos feitos pelas populações locais e pela diminuição das presas de que se alimenta. Padar e Rintja foram classificadas como reservas pelo governo Indonésio, tanto para o dragão de Komodo como para as suas presas.
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Assim como os anfíbios, os répteis são animais ectotérmicos. Isto significa que eles não produzem boa parte da temperatura de seu corpo, por isso, são dependentes de fontes externas de calor. Por esta razão, eles são muito sensíveis às variações de temperatura, o que faz com que a maior concentração de répteis aconteça em locais próximos aos trópicos e à medida que nos aproximamos dos pólos, encontraremos cada vez menos espécies. Todavia, uma espécie bem resistente de lagarto e outra de serpente ocorrem acima do círculo ártico, na Escandinávia e em algumas montanhas existem lagartos que se situam nos bancos de neves em suas atividades diárias. Os Tuataras são conhecidos por caçarem pássaros durante a noite, quando a temperatura do ar é de apenas 7ºC, com chuva forte e ventos de 50 nós. Estes exemplos citados são incomuns e existem dois tipos de lugares apenas onde os répteis são realmente abundantes: regiões tropicais e desérticas. As tartarugas e crocodilos são, na sua maioria, aquáticos, enquanto os lagartos e serpentes são na maior parte terrestres e arborícolas. Existem exceções interessantes: algumas tartarugas não apenas vivem longe da água, mas vivem em regiões desérticas e algumas serpentes marinhas têm uma existência totalmente aquática. a) Répteis Terrestres Pelo fato de que viver na terra é algo muito familiar aos humanos, adaptações para outros locais são sempre consideradas “especiais” e adaptações terrestres são meramente consideradas como normais. No entanto, a vida terrestre impõe condições únicas que requerem modificações na forma e funções muito maiores do que as relacionadas à vida na água ou árvores. O esqueleto necessita ser forte o bastante para suportar o peso do corpo sem o suporte flutuante que a água oferece. A respiração é diferenciada e existe a necessidade de manter o corpo propulsionado ao longo do chão. A habilidade para enxergar à distância também é importante. Pulmões, membros e olhos parecem ser equipamentos padrões para os humanos, porque nós os possuímos e porque a maioria dos animais possui estruturas similares. No entanto, num contexto totalmente biológico, estas estruturas são adaptações extraordinárias! Os membros dos répteis são fortemente adaptados ao tipo de ambiente em que eles vivem. Lagartos terrestres que se movimentam rapidamente geralmente possuem patas longas com pés bem desenvolvidos e garras que ajudam na aderência ao solo. Alguns lagartos que possuem patas muito longas costumam ter a habilidade de correr de maneira bípede, aumentando muito sua velocidade. Estas espécies possuem uma cauda muito longa, que servem para dar equilíbrio durante a corrida do animal. Serpentes terrestres, totalmente desprovidas de membros, possuem um tipo de adaptação diferente. Elas são capazes de se mover ao longo do solo através de movimentos específicos de seu corpo, aproveitando-se das irregularidades do solo. As escamas grandes e transversais do ventre das serpentes são firmemente presas pelo seu centro, mas possuem as extremidades soltas, sobrepondo-se à escama seguinte. Essas extremidades soltas ajudam na aderência ao solo, prevenindo a derrapagem do animal. Muitas serpentes terrestres são longas e estreitas e possuem caudas compridas. Essas características favorecem o movimento rápido e ágil pelo solo. b) Répteis Arborícolas Viver nas árvores requer uma habilidade para escalar galhos e troncos e ter a habilidade de “saltar” de um galho para o outro. Muitos lagartos que escalam possuem garras afiadas que podem ser “cravadas” nas árvores, auxiliando o movimento do animal. Outros, como os geckos, possuem patas expandidas com uma camada aderente, que permite que eles escalem até mesmo superfícies lisas. A efetividade deste mecanismo fica evidente quando você vê uma lagartixa andando pelo seu teto ou pelos vidros da sua casa. Outros lagartos arborícolas, como os camaleões, possuem os dedos dos pés similares aos dos humanos, ou seja, capazes de agarrar as coisas. Os camaleões também possuem cauda preênsil, que podem servir como um quinto membro. Em relação às serpentes, a falta de membros fez com que elas passassem por diferentes adaptações. Muitas serpentes arborícolas são exímias escaladores, algumas
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capazes até mesmo de subir em troncos de árvores totalmente verticais, sem ter que se enrolar em volta dele. Estas serpentes usam as fendas e rachas do tronco para conseguirem se firmar e se impulsionar. As serpentes conhecidas como Vine Snakes são arborícolas e têm este nome por se parecerem muito com uma videira. Zoologia Geral e Elas são longas e finas e têm facilidade de andar pelos galhos das árvores. A Comparada II aparência deste animal serve como camuflagem, mas também é muito útil no seu processo de locomoção. Viver em um ambiente com muitas árvores requer grande habilidade em calcular e estimar distâncias. Muitos lagartos e serpentes arborícolas possuem os olhos direcionados para a frente, de tal maneira que ambos os olhos possam ser focados para a frente, possibilitando uma melhor precisão no cálculo de uma distância. Talvez a mais incomum adaptação de um réptil arborícola seja a habilidade de “voar” ou “planar”. Um gênero de lagarto asiático (Draco), possui costelas estendidas, que suportam o excesso de pele que existe nos flancos do animal, formando uma espécie de asa. Caso sejam molestados, estes “lagartos voadores” irão fugir de sua árvore “voando” por uma longa distância, ou para o chão, ou para outra árvore. Podemos encontrar também na Ásia as chamadas “Flying Snakes” ou serpentes voadoras, do gênero Chrysopelea. Ela costuma saltar das árvores e, aplainando seu corpo, pode “planar” e impedir sua queda. Mas não existe nenhum réptil moderno que faça algo comparado ao vôo do extinto Piterodáctilo. c) Répteis Subterrâneos Algumas das modificações que ocorreram nos répteis subterrâneos não são verdadeiras adaptações, mas apenas perda de estruturas que não tinham mais uma função biológica. Por exemplo, em um buraco escuro, onde a cabeça do animal está em contato direto com o solo, os olhos não têm uma função útil, portanto, algumas serpentes e lagartos subterrâneos possuem apenas olhos rudimentares. A falta de membros é também uma conseqüência comum da existência subterrânea. Embora os membros possam ser úteis para escavar, sendo que muitos répteis terrestres usam seus membros para este propósito, eles aumentam a fricção e fazem com que um animal que viva embaixo do solo tenha que cavar muito mais do que não tendo os membros. Por isso, boa parte dos répteis subterrâneos perdeu seus membros ao longo do tempo, ou tiveram os mesmos drasticamente reduzidos. Em contraste, outras características são adaptações à um estilo de vida subterrâneo. Muitos lagartos e serpentes subterrâneas possuem os ossos do crânio fundidos em uma estrutura sólida e compacta, preparada para suportar fortes impactos. As cobras cegas (família Typhlopidae) possuem ponto afiado em suas caudas, que serve como uma âncora, quando ela impulsiona seu corpo liso e polido através do solo. Os amphisbaenídeos utilizam outra tática: eles possuem ranhuras por todo o corpo que ajudam na tração, facilitando o processo de escavação. A falta de membros nas serpentes é provavelmente uma herança de seus ancestrais subterrâneos. Acredita-se que as serpentes vieram dos lagartos subterrâneos que possuem membros e olhos reduzidos. Os olhos das serpentes não possuem estruturas presentes na maioria dos vertebrados e parece terem sido desenvolvidos a partir de um rudimentar olho de lagarto. As serpentes modernas jamais recuperaram os membros funcionais e, como indicado anteriormente, esta condição conduziu a adaptação destes animais para ambientes arbóreos a terrestres de maneira diferente da ocorrida com os lagartos. d) Répteis Aquáticos Os ancestrais terrestres dos répteis modernos impuseram limitações em suas vidas na água. Sendo ovíparas, as fêmeas da maioria das espécies necessitavam ir para a terra para postarem seus ovos; apenas algumas das serpentes marinhas dá a luz à seus filhotes na água e nunca emergem voluntariamente para a terra. A respiração é outro limitante. Todos os répteis aquáticos precisam ir até a superfície periodicamente para respirar, embora alguns sejam capazes de prolongar ao máximo o tempo que ficam submersos. As serpentes marinhas podem ficar submersas por uma ou duas horas, pois podem absorver oxigênio pela sua pele a um nível que as serpentes terrestres não podem. Elas podem mergulhar a até 100 metros de profundidade sem nenhum problema,
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provavelmente devido à permeabilidade da pele à gases; o excesso de nitrogênio absorvido pelo sangue, sob pressão, pode passar pela pele para o ambiente externo. Para evitar que o ar saia do pulmão, a serpentes marinhas possuem válvulas que fecham as narinas quando o animal está submerso. As narinas e olhos dos crocodilianos e serpentes aquáticas tendem a ser localizados mais em cima, na parte superior do cabeça. Isto permite que o animal, estando na superfície, fique quase completamente submerso, mas com condições de ver e respirar, enquanto se movimenta. A locomoção dentro d’água é completamente diferente da locomoção na terra, principalmente pelo fato da pressão que o animal faz com seu corpo ter que ser aplicada contra a água e não contra uma superfície. Os répteis se adaptaram à esta condição de duas maneiras. Aqueles que possuem membros desenvolveram pés como teias ou, no caso das tartarugas marinhas, nadadeiras. Já as serpentes marinhas adaptaram suas caudas, deixando-as com um formato mais achatado. Os crocodilianos e alguns lagartos semi-aquáticos também possuem a cauda achatada, o que aumenta a superfície da cauda em contato com a água, facilitando a movimentação. O principal problema encontrado pelos répteis marinhos é a salinidade da água. O rim destes animais não pode deparar com uma alta salinidade e a vida no mar só é possível para alguns répteis devido à presença de uma glândula excretora de sal. Algumas serpentes marinhas possuem uma de suas glândulas salivares modificadas em uma glândula excretora de sal. Ela fica localizada debaixo da língua, e o sal é expelido pela pele da língua. Quando a serpente coloca sua língua para fora da boca, o sal é levado de volta para o mar. Outro grupo de serpentes, habitantes de águas salgadas (as Homalopsines), possui uma glândula similar, mas que é localizada na frente do céu da boca do animal. As tartarugas marinhas possuem uma glândula lacrimal modificada que excreta sal dos olhos. Já os crocodilos marinhos possuem pequenas glândulas excretoras de sal situadas em baixo da superfície da língua. Muitas iguanas terrestres possuem uma glândula nasal que excreta o excesso de sal presente em sua dieta. A iguana marinha, das Ilhas Galápagos, que costuma mergulhar no mar e se alimentar de algas, possuem esta mesma glândula só que bem mais desenvolvida. O sal é excretado para a passagem nasal e quando o animal está na terra ele espirra, eliminando assim o sal de seu corpo. Poucos animais são adaptados para se mover sobre superfície da água. Um dos poucos que possui esta habilidade é o lagarto Basilisco, da América Central. Eles possuem uma espécie de aba de pele, na lateral dos pés da pata traseira. Esta estrutura é dobrada quando o animal está andando na terra. Quando o animal se sente ameaçado, ele começa a correr de maneira bípede e abra as abas presentes em seus pés, criando uma superfície extra que possibilita que o animal consiga correr sobre a superfície da água. Caso pare de correr, irá afundar, porém são exímios nadadores. e) Répteis em Ilhas Algumas ilhas oceânicas remotas geralmente possuem muito poucas espécies de plantas e animais, especialmente aqueles capazes de sobreviver à longas viagens. Certos répteis, como os geckos, são geralmente bem representados, pelo fato de muitas adaptações terem contribuído para o animal estar presente em algumas ilhas e conseguirem se estabilizar nelas. Muitos lagartos vivem sob pedaços de madeiras flutuantes em algumas praias. A madeira é levada pela maré até longas distâncias, carregando com ela lagartos ou seus ovos. Alguns geckos possuem ovos resistentes ao sal, que são pegajosas quando postados, mas após ficarem secos, aderem fortemente às fendas e rachas nas madeiras flutuantes. O maior problema que um animal recém chegado à uma ilha encontra é estabelecer uma população. A dispersão pela água é um fenômeno relativamente raro e uma segunda dispersão pode não chegar à uma ilha durante toda a vida de um réptil. Espécies partenogênicas (aquelas em que a fêmea pode postar ovos férteis sem ter sido inseminada por um macho) costumam prosperar com mais sucesso em ilhas isoladas. É muito significante que a uma das características dos geckos encontrados em ilhas seja a partenogênese, sendo que nessas ilhas existem poucos ou nenhum macho.
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Zoologia Geral e Comparada II
Talvez o réptil terrestre recordista em dispersão seja a Iguana das Ilhas Fiji e algumas outras ilhas vizinhas, do Pacífico. Seus únicos parentes estão na América do Sul e Central. Certamente, seus ancestrais vieram através do Oceano Pacífico e, uma vez isolados, desenvolveram-se nas espécies que são hoje.
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR
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Cite 3 adaptações sofridas pelos anfíbios durante a conquista do ambiente terrestre. _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________
Classifique as cobras quanto à presença de dentes, de veneno e dê exemplos dos diferentes tipos. _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________
2
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Cite as principais características dos anfíbios: _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________
Diferencie as cobras peçonhentas das nãopeçonhentas pelas características:
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Mostre que os répteis são vertebrados tipicamente terrestres, através de suas características relacionadas com: a) Pele
_______________________________________________________________ b) Ovos
_______________________________________________________________ c) Controle da Temperatura Corpórea
_______________________________________________________________
4 Cite os quatro grupos de répteis e seus representantes. _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________
5 Caracterize morfológica e funcionalmente o ouvido das cobras. _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________
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a) da cabeça: b) da cauda:
______________________________________________________________________________________________________________________________ c) das escamas:
______________________________________________________________________________________________________________________________
8 Faça uma lista de cobras peçonhentas brasileiras _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________
9 Sobre acidentes com cobras, relacione: a) medidas de prevenção:
_______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________
10 Onde vivem os répteis? _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________
OS HOMENS, A SOCIEDADE E A ECONOMIA As aves e mamíferos são animais endotermos, ou seja, produzem grande quantidade de calor através das altas taxas metabólicas. Mas esse calor seria perdido para o ambiente se não fosse à presença de pêlos e penas que funcionam como isolantes térmicos. Diferentemente, dos ancestrais ectotermos que dependem do calor do meio externo, uma vez que suas taxas metabólicas são baixas. Além disso, apresentam pouco isolamento térmico, o que permite que a troca de calor seja realizada. Assim, as duas características fundamentais para a endotermia seriam: alta taxa metabólica (que permite a produção de calor) associada ao isolamento térmico.
EVOLUÇÃO DAS AVES CONTEÚDO 1 – A EVOLUÇÃO DAS AVES E A ORIGEM DO VÔO Aves Ancestrais Acredita-se que as aves evoluíram a partir dos dinossauros Therapoda a cerca de 150.000 anos atrás, devido a diversas características comuns entre este grupo de dinossauros e as aves, como por exemplo, a presença de penas. A ave mais primitiva que se conhece é o Archaeopteryx (que significa “asa antiga”), que viveu no período Jurássico. Seu fóssil foi descoberto em 1861 em Baviera, ele tinha características de répteis, como a boca com dentes, ossos pesados, uma longa cauda, andar bípede e o corpo recoberto pelas penas, sendo esta uma das características mais marcantes das aves. Muitas evidências sugerem que esta ave primitiva era capaz de voar, as proporções do seu esqueleto, por exemplo, eram semelhantes às de algumas aves atuais que voam, possuíam um esterno retangular que, provavelmente, era associado a fortes músculos de vôo. A descoberta de outros fósseis fornece dados da evolução subseqüente ao Archaeopteryx. Um grupo conhecido como Enantiornithes, viveu entre 141 e 70 milhões de anos atrás (Período Cretáceo), a maioria era de tamanho pequeno a médio e viviam em árvores, alguns tinham pernas longas, outros garras potentes como as dos gaviões atuais. Muitas características dos Enantiornithes estão associadas com o vôo: o pulso podia curvar-se fortemente para trás, como nas aves modernas, de tal forma que a asa podia ser dobrada contra o Figura 14: Archaeopterix (Fonte:http:// curlygirl.naturlink.pt/aves.htm )
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corpo. Já os Ichthyornithiformes eram aves voadoras com uma quilha bem desenvolvida no esterno, cauda e dorso curtos, e possuíam dentes, eram do Zoologia Geral e tamanho de gaivotas e devem ter tido hábitos semelhantes. Outro grupo de Comparada II aves do Cretáceo, os Hesperornithiformes, possuía dentes, eram nadadoras e especializadas para o mergulho através de pés-propulsores. Essas aves tinham o corpo e o pescoço alongados, o esterno não tinha quilha, os ossos não eram pneumáticos (ossos ocos), e sim mais densos o que dava maior peso, facilitando o mergulho. Os pés eram localizados próximos à cauda (posição característica de muitas aves mergulhadoras com pés-propulsores) e essas aves não eram capazes de andar em terra. Diferentemente das aves mergulhadoras modernas, os Hesperornithiformes não possuíam asas. Origem do Vôo Existem duas hipóteses para explicar a origem do vôo das aves: a teoria arborícola e a teoria terrícola. De acordo com a teoria arborícola as aves ancestrais eram trepadoras de arvores, que pulavam de galho em galho e de árvore em árvore, de modo semelhante a alguns esquilos, lagartos e macacos. O lagarto arborícola Draco, por exemplo, utiliza asas de pele de cada lado do corpo para planar de uma árvore para outra. O vôo das aves teria evoluído de estágios planadores, passando por estágios intermediários (com planeio auxiliado por um vôo batido, como em Archaeopteryx), até voadores com vôo batido totalmente desenvolvido. Por outro lado, os dromeossauros (dinossauros terópodos emplumados que se acredita ser o ancestral das aves) eram corredores bípedes terrestres, como explicar então a origem do vôo a partir de árvores? A teoria terrícola (ou teoria do chão-para-cima) postula que o vôo batido evoluiu diretamente dos corredores bípedes terrícolas, como os dromeossauros. Esses corredores bípedes utilizariam suas asas como planadores para aumentar a força de ascensão e aliviar o peso durante a corrida. Porém, em termos mecânicos, o batimento das asas não é um mecanismo eficiente para aumentar a velocidade de corrida, o que levou a falha dessa teoria. As características observadas em Archaeopteryx e vários dromeossauros sugerem que eles utilizavam os membros anteriores para capturar as presas e posteriormente teriam auxiliado nos saltos horizontais sobre a presa. Assim, Archaeopteryx seria um predador cursor terrícola que poderia saltar no ar para capturar insetos voadores, além de voar rapidamente para escapar de seus predadores, correndo e batendo as asas para decolar (como fazem muitas aves grandes atualmente). As aves que não voam possuem restrições mecânicas associadas à produção de potência para o vôo, mas mesmo assim o tamanho de seus corpos não se aproxima ao dos mamíferos. Além disso, as aves a apresentam uniformidade morfológica maior que os mamíferos, que é devido, em grande parte, as suas especializações para o vôo. O tamanho do corpo, por exemplo, apresenta um limite máximo para que o vôo seja possível, pois, a potência muscular exigida para a decolagem aumenta com a massa corpórea. Outro fator importante é a freqüência da batida das asas. Portanto, as aves grandes necessitam de corridas mais longas para decolar do que as aves pequenas. A avestruz é a maior ave atual que não voa e pesa cerca de 150 Kg, entre as aves extintas a maior que se conhece é a ave-elefante que estima-se que pesava 450 Kg. Contrariamente, o maior mamífero, a baleiaazul, pesa acima de 135.000Kg.
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CONTEÚDO 2 – CARACTERÍSTICAS GERAIS E CLASSIFICAÇÃO Características das Aves As aves possuem modificações estruturais importantes para a realização do vôo; muitos ossos são pneumatizados (cheios de ar) e o crânio é leve. Em geral, a pneumatização dos ossos é mais desenvolvida nas aves grandes que nas pequenas e, as mergulhadoras como pingüins e mergulhões, por exemplo, têm pouca pneumatização. Em contrapartida os ossos dos membros posteriores são mais pesados do que aqueles dos mamíferos. Assim, a massa total do esqueleto de uma ave é semelhante àquela de um mamífero de tamanho semelhante, no entanto, a maior parte da massa está concentrada nos membros inferiores. As características de alguns órgãos das aves também reduzem a sua massa corpórea, elas não têm bexiga urinária, por exemplo, e a maioria das espécies têm somente um ovário. As gônadas dos machos e das fêmeas são, geralmente, pequenas, se hipertrofiam durante a estação reprodutiva e regridem quando a reprodução termina. Os corações são grandes e a velocidade de fluxo sanguíneo é alta, os pulmões complexos usam fluxos de correntecruzada de ar e sangue para maximizar a troca de gases e dissipar o calor produzido pelos altos níveis de atividade muscular durante o vôo. O encéfalo das aves é semelhante, em tamanho, ao dos roedores. Elas dependem bastante da informação visual e os lobos ópticos são especialmente grandes, sendo o olfato pouco desenvolvido na maioria. As penas são estruturas epidérmicas peculiares, constituindo um revestimento do corpo leve e flexível, mas resistente. Além do vôo, as penas são responsáveis pelo isolamento térmico necessário à endotermia, protegem a pele contra o desgaste e as penas finas, achatadas e sobrepostas das asas e da cauda formam superfícies para sustentar a ave durante o vôo. As penas sofrem mudas regulares, num processo gradual e ordenado, de modo que nunca se formam áreas nuas. A mudança de penas nunca se realiza em épocas críticas (de elevado investimento metabólico), como quando se reproduzem, migram ou durante condições adversas (escassez de alimentos ou secas, por exemplo). O crescimento de uma pena começa, com uma papila dérmica local, forçando para cima a epiderme sobreposta. A base deste primórdio de pena aprofunda-se em uma depressão circular, o futuro folículo, que manterá a pena na pele. Esses folículos a partir dos quais as penas desenvolvem-se, geralmente estão arranjados em regiões chamadas pterilas, estas são separadas por áreas de pele sem penas ou aptérias. Mas em algumas espécies, como os pingüins, por exemplo, as penas distribuem-se uniformemente sobre a pele. As penas são compostas em sua maior parte (cerca de 90%) por beta-queratina, uma proteína relacionada com a queratina, 8% de água, 1% de lipídeos e o restante de pequenas quantidades de outras proteínas e pigmentos, como a melanina, que conferem cores as penas. O conjunto de todas as penas de uma ave é chamado de plumagem e o processo de substituição das penas é conhecido como muda. Uma pena completa é formada por um tubo transparente (cálamo) que, mergulhado no folículo (“poro” da pele), prolonga-se no raque. Em cada lado do raque há uma série de barbas (“ramificações”) paralelas, cujo conjunto constitui o vexilo ou estandarte. Cada barba, por sua vez, é provida de numerosas barbelas, que se unem entre si por delgadas bárbulas em forma de gancho.
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Zoologia Geral e Comparada II
Figura 15: Pena típica da asa com suas principais características estruturais. (Fonte: Pough et al.,1999).
São encontrados 5 tipos de penas: (1) rêmiges e rectrizes (penas de contorno que incluem as penas do corpo e as do vôo); (2) semiplumas; (3) plúmulas; (4) cerdas; e (5) filoplumas. 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 · As rêmiges (penas das asas) e as rectrizes (penas da cauda) são grandes, 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 rijas e modificadas para o vôo. As rêmiges mais internas são chamadas secundárias 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 e as mais internas primárias. Estas últimas, em muitas espécies, são afiladas 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 abruptamente, deixando espaços ou fendas entre elas quando as asas estão abertas. 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 Isto permite torcer as pontas das penas quando as asas batem, agindo como se 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 cada uma delas fosse a pá de uma hélice. 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 · As semiplumas possuem estrutura intermediária entre as penas de contorno 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 e as plúmulas. Geralmente estão escondidas sob as penas de contorno, fornecem 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 isolamento térmico e ajudam a preencher o contorno do corpo da ave. 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 · As plúmulas fornecem isolamento térmico para as aves adultas de todas 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 as espécies e no recém-nascido antecedem, usualmente, o desenvolvimento das 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 primeiras penas de contorno. As plúmulas da glândula uropigial estão associadas 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 à glândula sebácea grande, encontrada na base da cauda da maioria das aves, que 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 possui um tufo de plúmulas modificadas, em forma de pincel, que ajudam a transferir 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 a secreção oleosa da glândula para o bico, a fim de fornecer à plumagem uma 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 cobertura à prova d’água. 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 · As cerdas são penas encontradas na base do bico, ao redor dos olhos 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 como pestanas e na cabeça. Estas penas repelem partículas estranhas, protegendo 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 as narinas e os olhos de muitas aves, servem como olhos sensoriais tácteis e, 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 possivelmente, auxiliam na captura aérea de insetos voadores. 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 · As filoplumas são penas finas, capilares e auxiliam na ação das outras 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 penas. Elas possuem numerosas terminações nervosas livres nas paredes de seus 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 folículos e aparentemente, transmitem informações sobre a posição e o movimento 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 das penas de contorno, através destes receptores. Este sistema sensorial tem, 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 provavelmente, o papel de manter as penas de contorno no lugar, ajustando-as 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 adequadamente para o vôo, isolamento térmico, banho ou exibição. 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 1234567890123456789012345678901212345678901234567890123456789012123456789012345678901234567890121234567890123456789012 52
Figura 16: Tipos de penas. (a) Semipluma. (b) Pena de contorno do corpo. (c) Cerda. (d) Filopluma. (Fonte: idem fig.14)
Diferentemente das asas fixas de um avião, as de uma ave funcionam não apenas como superfície de ascensão, como também um propulsor de movimento para frente. As rêmiges primárias, implantadas nos ossos da mão, executam a maior parte da propulsão quando a ave bate suas asas e as secundárias, dispostas no antebraço, fornecem a força de ascensão. As aves podem modificar a área a e forma de suas asas, assim como suas posições em relação ao corpo. Tais mudanças produzem alterações correspondentes na velocidade e na força de ascensão, que permite uma ave manobrar, mudar de direção, aterrissar e decolar. A forma das asas e cauda também é importante para o vôo: aves que devem levantar vôo rapidamente para fugir a predadores têm asas largas e arredondadas, que lhes dão aceleração. Aves que voam durante muito tempo têm asas longas, enquanto voadores rápidos e poderosos (aves de rapina, por exemplo) têm asas longas e curvas, de extremidades pontiagudas para reduzir o atrito. Aves que mudam bruscamente de direção em pleno vôo terão, por sua vez, caudas profundamente bifurcadas. Os segmentos da asa (mão, antebraço e braço) são alongados em graus diferentes a depender se a ave é, primariamente, uma potente voadora, ou uma forma que plana em altitude. Os beija-flores, por exemplo, possuem os ossos da mão mais longos do que o braço e o antebraço juntos. A maior parte de sua superfície de vôo é formada pelas rêmiges primárias e eles têm apenas seis ou sete rêmiges secundárias, assim, obtêm batidas de asas rápidas e potentes. Já as fragatas, espécies marinhas com asas longas e estreitas possuem os três segmentos dos membros anteriores aproximadamente iguais em
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Zoologia Geral e Comparada II
comprimento e são especializadas tanto para o vôo potente quanto para o vôo planado. Os albatrozes, planadores de altitude, são as aves que possuem as asas mais longas: o braço é o segmento mais longo e na sua asa interna podem ser encontradas até mesmo 32 rêmiges secundárias.
Figura 17: Proporcões das asas. Comparacão dos comprimentos dos segmentos dos ossos das asas de um beija-flor (em cima), uma fragata (no meio) e um albatroz (em baixo). (Fonte: idem fig.14)
Apesar das vantagens que o vôo mostra, muitas aves perderam essa capacidade, geralmente em locais onde a falta de predadores e abundância de alimento não o exigia. Outras aves optaram pela força e velocidade no solo, como as aves corredoras atuais (avestruzes, nandus e emas). Sistema Respiratório e Circulatório O sistema respiratório das aves é único entre os vertebrados atuais e ajuda a dissipar o calor gerado pelos altos níveis de atividade muscular durante e vôo, sendo composto por sacos aéreos e pulmão parabronquial. Os sacos aéreos garantem um fluxo de ar em sentido único através dos pulmões, ao invés de fluxo e refluxo (entra e sai) como nos pulmões dos mamíferos. Eles ocupam uma porção considerável da parte dorsal do corpo e estendem-se até os espaços pneumáticos de muitos ossos, são pouco vascularizados e a troca de gases só ocorre no pulmão parabronquial. O volume de todos os sacos aéreos juntos é cerca de nove vezes o volume do pulmão parabronquial. Durante a inspiração o volume do tórax aumenta, conduzindo o ar pelos brônquios e sacos aéreos torácicos posteriores e abdominais, bem como para o pulmão parabronquial. Simultaneamente, o ar do pulmão parabronquial é conduzido para os sacos clavicular e torácicos mais craniais. Na expiração, o volume do tórax diminui e o ar, dos sacos torácicos mais caudais e abdominais, é impelido para o pulmão parabronquial e o ar, dos sacos clavicular e torácicos, é expelido pelos brônquios.
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Figura 18: Pulmão e sistema de sacos aéreos do periquito australiano.
A troca de gases ocorre numa rede de capilares finíssimos com fundo cego, que se entrelaçam com os capilares sanguíneos igualmente finos. Os fluxos de ar e de sangue caminham em direções opostas e os pares de capilares compõem assim um sistema de troca com corrente-cruzada. Este arranjo é mais eficiente nas trocas gasosas pulmonares que nos mamíferos. A segunda função do sistema respiratório é a vocalização. O órgão responsável é chamado siringe e situa-se na base da traquéia onde os dois brônquios bifurcam-se. O mecanismo de produção do canto nas aves é controverso. O sistema circulatório é composto de coração e vasos sangüíneos. O coração tem quatro cavidades: dois átrios e dois ventrículos, o sangue venoso não se mistura ao sangue arterial. Persiste apenas o arco aórtico direito, glóbulos vermelhos, ovais e biconvexos. Sistema Digestório O tubo digestivo das aves é completo, composto por boca, faringe, esôfago, papo, estômago glandular (proventrículo), estômago muscular (moela), intestino, cloaca e órgãos anexos como o fígado e o pâncreas. Existe ainda a adição de sucos digestivos no proventrículo. Na boca das aves não há dentes, mas um bico que é adaptado ao tipo de alimentação mais comum de cada espécie. À boca, segue-se a faringe e no esôfago é encontrada uma bolsa chamada papo. A boca é rodeada por um bico pontiagudo, leve e flexível e com revestimento córneo (queratina) que cresce continuamente, para substituir possíveis desgastes. Quando aberto, tanto o maxilar inferior como o superior se deslocam, obtendo-se uma ampla abertura. A forma do bico revela os hábitos alimentares da ave, pois a sua forma está a eles adaptada. O papo de algumas aves é simplesmente uma porção dilatada do esôfago, enquanto em outras é uma estrutura unilobada ou bilobada. Sua função é estocar temporariamente os
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alimentos e adicionalmente transportar alimento para os filhotes. Na rolas e pombos o papo de indivíduos de ambos os sexos produz um fluido nutritivo (leite do papo) que alimenta os filhotes. O leite é produzido por células ricas Zoologia Geral e em gorduras, que se destacam do epitélio escamoso do papo e ficam Comparada II suspensas em um fluido aquoso. O leite do papo é rico em lipídeos e proteínas, mas não contém açúcares. A forma do estômago das aves está relacionada com a sua dieta. As aves carnívoras e piscívoras (que comem peixes) precisam expandir as áreas de estocagem para acomodar grandes volumes de alimentos moles. Já aquelas que comem sementes ou insetos precisam de um órgão muscular, que possa contribuir para a trituração mecânica do alimento. Normalmente o trato digestório das aves é composto por duas partes relativamente distintas: o estômago glandular (proventrículo) e o estômago muscular (moela). O proventrículo contém glândulas que secretam ácido e enzimas digestivas e, em espécies que ingerem alimentos grandes (como frutos inteiros), é especialmente desenvolvido. A moela, além de poder estocar alimento, dar continuidade à digestão química iniciada no proventrículo, porém sua função mais importante é triturar os alimentos. As paredes musculares espessas da moela esmagam o seu conteúdo e pequenas pedras, que são mantidas nas moelas de muitas aves, ajudam a moer o alimento. A digestão completa do alimento ocorre no intestino delgado, onde as enzimas do pâncreas e do intestino degradam o alimento em pequenas moléculas, que podem ser absorvidas através da parede intestinal. A mucosa do intestino delgado é modificada em uma série de dobras, lamelas e vilosidades que aumentam a sua superfície. O intestino grosso é relativamente curto, normalmente menos que 10% do comprimento do intestino delgado. Existe um par de cecos na junção entre os intestinos delgado e grosso, eles são pequenos nas espécies carnívoras, insetívoras e granívoras (que se alimentam de grãos), porém grandes nas espécies herbívoras e onívoras. A cloaca (saída comum aos aparelhos digestório e reprodutor) estoca, temporariamente, os produtos residuais enquanto a água é reabsorvida. A absorção da água é realizada através da precipitação do ácido úrico, na forma de uratos, que dá a coloração branca a uma parte das fezes das aves. Sistema Excretor Os rins são metanéfricos, com dois ureteres que desembocam na cloaca, pois não possuem bexiga urinária já que não produzem urina líquida, isso reduz o peso total do animal. A água corporal é mantida pela reabsorção tubular e a excreção da maior parte dos compostos nitrogenados ocorre sob a forma de ácido úrico. Na cloaca, há uma reabsorção adicional de água e o ácido úrico é eliminado sob a forma de cristais brancos misturados às fezes. Sistema Nervoso Apresentam sistema nervoso central e periférico com doze pares de nervos cranianos. O encéfalo apresenta cerebelo bem desenvolvido, pois necessitam de muito equilíbrio para o vôo. Têm visão bem desenvolvida. Percebem cores nitidamente, pois a retina contém muitos cones com gotículas de óleo. Os ouvidos abrem atrás dos olhos, protegidos por penas especiais, e são igualmente eficientes. As narinas abrem no maxilar superior, mas a quimiorrecepção (olfato e gustação) é muito pobre, devido ao estilo de vida destes animais. Entretanto, muitas aves predadoras e espécies que vivem no chão têm um olfato bem
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desenvolvido. Por exemplo, o quivi noturno da Nova Zelândia tem narinas no ápice de um longo bico e encontra minhocas pelo cheiro, quando fareja a terra. Esqueleto Totalmente ossificado, é simultaneamente delicado e forte, pois muitos ossos estão fundidos (o que diminui a necessidade de grandes músculos e tendões para uni-los) e muitos outros são ocos. O fato de não conterem medula no seu interior poderia torná-los frágeis, porém eles são suportados internamente por uma rede de trabéculas ósseas. Muitos destes ossos ocos contêm sacos aéreos no seu interior, associados ao sistema respiratório. O esqueleto das aves é modificado de modo a que se adapte ao vôo, a locomoção é bípede. O pescoço é tipicamente longo e flexível, permitindo a alimentação e o tratamento das penas. O esterno é grande e com quilha, onde se apóiam os poderosos músculos das asas, o que impede a sua expansão durante a respiração. A cintura pélvica é largamente aberta ventralmente, permitindo a passagem fácil dos ovos nas fêmeas. As vértebras caudais são pouco numerosas e comprimidas. As patas anteriores são transformadas em asas para voar, embora tenham o padrão tetrápode típico, estão bastante modificadas: o número de dedos está reduzido e muitos ossos estão fundidos. As patas posteriores são muito fortes e resistentes, permitindo ao animal lançar-se para o ar e amortecer a aterragem. Geralmente têm 4 dedos (3 virados para a frente e um para trás, o sistema ideal para se empoleirar) com garras córneas e revestidas por escamas epidérmicas, adaptadas a andar ou nadar (neste caso com membranas interdigitais). No entanto, existem aves com apenas 2 dedos no total (avestruzes, por exemplo) ou com 2 dedos virados para a frente e dois para trás (pica-paus, por exemplo). Reprodução A grande maioria das aves é monogâmica (pelo menos aparentemente), formando casais reprodutores. Os machos defendem um território e realizam complexos rituais de acasalamento, exibindo-se ou cantando para atrair as fêmeas. Todas as aves são ovíparas e produzem ovos com muito vitelo e casca calcária. Os ovos são sempre depositados externamente (geralmente num ninho) para incubação. O ninho fornece segurança, calor e um local isolado e longe de predadores para cuidar das crias. Os materiais de construção de ninhos dependem da disponibilidade local, podendo ser usados galhos, penas, pêlos, teias de aranha e até pele de réptil ou artefatos humanos. Nas fêmeas, apenas um dos ovários embrionários se torna funcional no adulto, num esforço para reduzir o peso da ave durante o vôo. Um ovário maduro tem o aspecto de um cacho de uvas, podendo conter até 4000 óvulos, que podem potencialmente desenvolverse em gemas. Cada um está ligado ao ovário através de uma fina membrana - folículo coberta por uma rede de vasos sanguíneos. A gema é formada por deposição de camadas sucessivas de vitelo. Após a ovulação, a gema é mantida íntegra pela membrana vitelina e é recolhido da cavidade abdominal pela extremidade em forma de funil do oviduto, designada funículo ou infundíbulo, nesta zona do oviduto ocorre a fecundação, se os espermatozóides a tiverem alcançado. As restantes zonas do oviduto formam os componentes do ovo: no magnum a clara é acrescentada, estando a forma do ovo definida; no istmo, uma zona mais estreita do canal, formam-se as membranas da casca; no útero ou glândula da casca forma-se a casca, a etapa mais demorada da formação do ovo, e diferencia-se a calaza; na vagina o ovo recebe uma fina película anti-bacteriana e anti-partículas designada cutícula, impedindo-as de
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penetrar através da casca porosa. Também na vagina o ovo é virado, pois deverá ser posto com a extremidade arredondada primeiro. Os ovos são geralmente pigmentados, devendo-se a sua cor à mistura Zoologia Geral e em percentagens variáveis de apenas dois tipos de pigmento, um derivado Comparada II da hemoglobina e outro da bílis. O pigmento é adicionado à casca durante a passagem deste pelo oviducto da fêmea. Os ovos esbranquiçados pertencem geralmente a espécies que os colocam em cavidades, como os pica-paus, permitindo-lhes identificar facilmente o ovo no escuro. Pelo contrário, ovos pigmentados são geralmente colocados em ninhos abertos, permitindo-lhes passarem despercebidos aos predadores. Ao pôr o ovo, a fêmea everte parcialmente a cloaca, como se virasse uma luva ao contrário, impedindo, assim, que o ovo entre em contacto com o ânus e seja contaminado por fezes. Os sistemas restantes são também bloqueados, impedindo descargas acidentais durante o esforço de postura do ovo. O sistema reprodutor masculino mantém no adulto os dois testículos embrionários, ligados a um par de epidídimos e canais deferentes, que conduzem à cloaca os espermatozóides e as secreções espermáticas. A fecundação é sempre interna, com a cópula resultando apenas do encosto das aberturas das cloacas masculina e feminina - “beijo” cloacal. No entanto, existem aves (algumas espécies de patos e gansos, cisnes, avestruzes ou búfagos, por exemplo) que apresentam órgãos copuladores, embora sem vasos sanguíneos no seu interior. É comum que apresentem um sulco espiralado ao longo da sua superfície, por onde o esperma escorre para o interior da cloaca e oviducto da fêmea. As crias, pouco desenvolvidas ao nascer, são alimentadas e vigiadas pelos pais, após a eclosão. Na maioria das espécies, os pintos nascem cegos, sem penas e sem capacidade reguladora de temperatura corporal. Algumas espécies (principalmente aves aquáticas), no entanto, têm pintos um pouco mais desenvolvidos, com penas e capazes de procurar alimento poucas horas após o nascimento. Os ovos das aves, bem como dos répteis e mamíferos ovíparos, são telolecíticos e iniciam a segmentação ainda no oviducto, antes de serem expulsos pela fêmea para o ninho. Os principais componentes do ovo de uma ave, em tudo semelhante ao de um réptil, são: Casca - formada por diversas camadas sobrepostas, neste caso é de natureza calcária, o que a torna resistente, mas porosa. O seu exterior é coberto por uma fina película - cutícula - cuja função é impedir a entrada de partículas e microrganismos. Interiormente é revestida por duas membranas da casca (interna e externa), que apenas podem ser diferenciadas na zona do espaço aéreo (parte mais larga do ovo). A função destas membranas é controlar a evaporação do conteúdo hídrico do interior do ovo.
Figura 19: Estrutura do ovo de uma ave. (Fonte: http://curlygirl.naturlink.pt/aves.htm ).
Clara - também chamada albúmen, é formada por um material semi-sólido ou gelatinoso, com elevado conteúdo hídrico e protéico (albumina). Esta zona do ovo protege o embrião dos choques e fornece uma reserva de água e nutrientes.
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No seu interior diferenciam-se dois cordões protéicos - calaza - que manterão a gema no centro da clara, mas permitindo-lhe girar e oscilar; Gema - corresponde ao óvulo propriamente dito, com grande quantidade de vitelo disposto em camadas concêntricas e envolvido por uma membrana vitelina.
Classificação das Aves Na Classe Aves encontramos cerca de 9.000 espécies, divididas em dois grandes grupos, que totalizam 27 ordens. A. Ratitas Apresentam asas atrofiadas ou ausentes e osso esterno sem quilha. Representado por duas ordens: Apterigiformes, Rheiformes e Estrucioniformes. B. Carinatas Apresentam asas bem desenvolvidas e esterno com quilha. São representadas por todas as demais ordens.
CONTEÚDO 3 – DIVERSIDADE DAS AVES - Apterigiformes: Quivi O quivi ou kiwi é um tipo de aves encontrada comumente na Oceania e é o símbolo da Nova Zelândia. O kiwi não voa e tem hábitos noturnos e vive em um buraco no solo. O seu tamanho é aproximadamente o de uma galinha, tem a plumagem do corpo fofa, semelhante a pêlos, bico longo e delgado com narinas na extremidade, pés com garras fortes e asas atrofiadas. Usam o olfato em busca de alimento. São onívoros, alimentado-se de frutas, sementes, pequenos vermes e larvas de insetos.São monogâmicos. Depois do encontro durante a estação do acasalamento ( março a junho), o par fica no ninho chocando o ovo, só põem um ovo por ano, onde este é dez vezes maior que o ovo de uma galinha e pesa aproximadamente 450 gramas. O kiwi põe os maiores ovos do mundo, tendo em conta o seu tamanho. - Rheiformes: ema (Rhea americana) Estão distribuídas apenas na América do Sul, são aves não voadoras, de grande porte, adaptadas à vida terrícola. É a maior e mais pesada ave brasileira (~1,50m e até 100 Kg). São onívoras, ou seja, comem de tudo (folhas, brotos, sementes, insetos e pequenas serpentes e animais), excelentes dispersores de sementes. .Além disso, a ema come muitas pedrinhas, que servem para facilitar a trituração dos alimentos. A ema é uma ave corredora que vive nas planícies da América do Sul, do Brasil até o sul da Argentina, vive nas regiões campestres e cerrados, em bandos. Embora possua grandes asas, ela não voa. Usa as asas para equilibrar-se e mudar de direção na corrida. Bebe pouca água. Suas penas são usadas para decoração. A ema está na lista dos animais que estão em perigo de extinção.
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- Estrucioniformes: avestruzes O avestruz é uma ave não voadora originária da África que leva o nome científico Struthio camelus. Embora não voe, as longas, fortes e ágeis pernas, permitem que ele atinja até a velocidade de 120 km/h, pois em uma só passada cobre 4 a 5 metros. Os avestruzes são considerados a maior espécie viva das Aves, normalmente pesam de 90 a 130 Kg, embora alguns avestruzes machos tenham sido registrados com pesos de até 155 Kg. Na maturidade sexual (entre 2 e 4 anos de idade), avestruzes machos podem possuir de 1,8 m a 2,7 m de altura, enquanto as fêmeas alcançam de 1,7 m a 2 m. Possui dimorfismo sexual (ou seja, machos diferentes das fêmeas): nos adultos, o macho tem plumagem preta e as pontas das asas são brancas, enquanto que a fêmea é cinza. O dimorfismo só se apresenta com um ano e meio de idade. As pequenas asas vestigiais são usadas por machos como exibição para fins de acasalamento.As penas são macias e servem como isolante térmico e são bastante diferentes das penas rígidas de pássaros voadores. As pernas fortes do avestruz não possuem penas. Suas patas têm dois dedos, sendo que apenas um tem unha enquanto o maior lembra um casco. Seu aparelho digestivo é semelhante ao dos ruminantes e seus olhos, com grossas sobrancelhas negras, são os maiores olhos dos animais terrestres.
Zoologia Geral e Comparada II
Você sabia? a) Raças de Avestruz Existem, atualmente, três subespécies de avestruzes: Blue Neck (pescoço azul) - habita o Nordeste africano, é a subespécie mais corpulenta, apresentando pele de um tom cinzento azulado. Red Neck (pescoço vermelho) - habita o Quênia e parte da Tanzânia, é uma ave de corpo corpulento e apresenta a pele de um tom vermelho. African Black - é um híbrido resultado do cruzamento entre subespécie da África do Sul e as subespécies do Nordeste da África, sendo normalmente a mais baixa de todas as subespécies. Possui como característica principal a qualidade de suas penas, superior em relação às outras subespécies. Obs: Não existe uma subespécie que produza mais filhotes, ou que, seja mais dócil que a outra. O que existe são animais dentro de uma subespécie que se destacam na produtividade, e ganho de peso. Por isso o futuro criador deve adquirir seus reprodutores de uma fonte confiável e que possua um rígido controle genético e de aperfeiçoamento.
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b) Você sabia? · Que a carne de Avestruz é recomendada pelas Sociedades Brasileira e Americana de cardiologia, pois possui Ômega 3, que faz muito bem para o coração? · Que as avestruzes fêmeas possuem plumagem acinzentada? · Que o avestruz não voa, mas pode chegar a uma velocidade de até 60km/h? · Que o couro do avestruz é o 2º mais caro do mundo; só perdendo para o couro de crocodilo? · Que a estimativa de vida do avestruz é de 70 anos? · Que existem registros da existência de avestruzes que datam de 5.500 a.C? · Que a carne do avestruz é livre do hormônios e aditivos? · Que os egípcios usavam a pluma de avestruz como leque? · Que os romanos usavam plumas de avestruz como adorno em seus capacetes? · Que o avestruz é considerado a maior ave do planeta? · Que a prole do avestruz chega a ser de 30 a 60 por ano? · Que a aparência e o sabor da carne de avestruz é muito similar à carne bovina? · Que o avestruz é considerado o ser vivo de maior resistência imunológica do reino animal? · Que 1 ovo de avestruz equivale aproximadamente a 25 ovos de galinha? · Que o avestruz suporta bem baixas e altas temperaturas? · Que os bicos e unhas são utilizados na confecção de jóias e botões? · Que o avestruz pode botar até 100 ovos no período fértil?
- Sphenisciformes: pingüins O pingüim é uma ave que não pode voar, suas asas evoluíram para nadadeiras e eles praticamente voam pela água usando as patas carnudas como lemes. Chega a nadar com uma velocidade de até 40 km/h e passa a maior parte do tempo na água. Os pingüins existem exclusivamente no hemisfério Sul. Apesar da maior diversidade de pingüins se encontrar na Antártida e regiões polares, há também espécies que vivem nos trópicos como ,por exemplo, nas Ilhas Galápagos. A morfologia dos pingüins reflete várias adaptações à vida no meio aquático: o corpo é fusiforme; as asas atrofiadas desempenham a função de barbatanas e as penas são impermeabilizadas através da secreção de óleos. Os pingüins alimentam-se de pequenos peixes e outras formas de vida marinha. - Pelicaniformes: pelicanos, atobás, fragatas, biguás Pelecaniformes é uma ordem de aves constituída por seis famílias e 67 espécies. O grupo está distribuído por todo o globo e habita sobretudo regiões costeiras marinhas e perto de grandes lagos ou estuários. São aves aquáticas de médio a grande porte que se caracterizam por patas onde todos os quatro dedos se encontram unidos por uma membrana interdigital. A plumagem tem coloração muito diversa de acordo com a espécie e varia entre negra e branca. O pescoço é comprido na maioria das espécies e as patas são curtas. O bico é bastante longo e em muitos casos termina num gancho.A maioria das
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espécies está especialmente adaptada para a pesca de peixes, cefalópodes e crustáceos a partir do vôo. Não apresentam dimorfismo sexual (ou seja,machos e fêmeas são aparentemente iguais) e vivem habitualmente em Zoologia Geral e grupos, reproduzindo-se em colônias numerosas. Durante a época de Comparada II reprodução a cor das patas e do saco torna-se mais intensa. Os ninhos são feitos no chão e a incubação leva entre 20 a 55 dias de acordo com a espécie. - Ciconiformes: garça, cegonha, flamingo Ciconiiformes é uma ordem de aves de médio a grande porte com distribuição mundial. O grupo habita preferencialmente zonas costeiras, ou perto de lagos, rios ou estuários, mas inclui também aves terrestres. Alguns exemplos de ciconiformes são a cegonha, as garças e o íbis. As aves ciconiformes têm habitualmente patas longas e sem penas e pescoço comprido. A forma do bico varia de acordo com os hábitos alimentares entre direito, encurvado ou espatulado. As patas terminam em quatro dedos, dispostos como três para a frente e um para trás, sem membrana interdigital. As asas são grandes e alongadas. As cores da plumagem são bastante variáveis de acordo com a espécie.Os ciconiformes vivem normalmente em grupos, que se reproduzem em colônias, mas que emitem pouca ou mesmo nenhuma vocalização. Todas as formas de comunicação fazem-se através de exibições rituais que podem ser muito elaborados. Os juvenis nascem indefesos e requerem o cuidado parental de pelo menos um dos progenitores para sobreviver.Estas aves alimentam-se à base de peixe, crustáceos ou insetos. Os ciconiformes não se alimentam por filtração, ao contrário dos flamingos, nem mergulham na água, o que os separa de outros grupos de aves aquáticas como os Anseriformes ou Gaviiformes. - Anseriformes: pato, ganso, cisne Anseriformes é uma ordem de aves aquáticas que contém 161 espécies, incluem animais como o pato, o ganso e o cisne e têm distribuição cosmopolita. As aves anseriformes habitam zonas aquáticas continentais como lagos, pântanos, rios e estuários, no entanto algumas espécies mudam-se para habitats marinhos durante a época de reprodução. São aves de médio a grande porte que medem entre 30 a 180 cm de envergadura e pesam entre 200 gramas e 20 kg. A plumagem destas aves é muito variada, sendo algumas espécies monocromáticas enquanto que outras bastante coloridas. Estas aves têm membranas interdigitais nas patas, numa adaptação ao meio aquático. Os anseriformes são aves onívoras que se alimentam de folhas, frutos e raízes de plantas terrestres e aquáticas, mas também de insetos e larvas e pequenos crustáceos. Muitas das espécies de anseriformes são migratórias. - Falconiformes: urubu, falcão, águia, abutre, gavião. A ordem Falconiformes é um grupo de cerca de 300 espécies que inclui as aves de rapina diurnas. A ordem caracteriza-se pelas suas adaptações a predação, como um bico curvo e garras afiadas. Enquanto animais diurnos, estas aves têm normalmente um sentido da visão bastante apurado. Os falconiformes têm uma espectativa de vida média muito alta para as aves e levam muito tempo a atingir a maturidade sexual. Em geral a fêmea é maior do que o macho e fica no ninho para proteger os filhotes. Muitas espécies estabelecem relações monogâmicas.
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- Galiformes: codornizes, faisão, peru, galinha, perdiz. Galliformes é uma ordem de aves muito diversa que integra 70 gêneros e cerca de 250 espécies, conhecidas geralmente como aves galináceas. O grupo inclui animais domésticos como a galinha ou o peru e espécies caçadoras como as perdizes e faisões. As aves galiformes têm distribuição mundial e ocupam uma enorme variedade de habitats.Os galináceos são aves de pequeno a médio porte, pesando entre cerca de 250 kg até 10 kg, robustas e com asas pequenas e arredondadas. A sua plumagem é bastante variada. Muitas espécies apresentam ornamentação na cabeça, que pode incluir papos e cristas coloridas. O dimorfismo sexual é comum e em algumas espécies pode ser extremo. O tamanho e tipo de cauda é também bastante diverso no grupo, variando entre a quase inexistência a cerca de um metro de comprimento no caso do pavão. As estratégias de reprodução dos galiformes são bastante variadas e adaptadas aos ecossistemas ocupados por cada espécie. Os galináceos podem ser tanto migratórios como sedentários, solitários ou gregários (vivem em grupos). Em espécies que vivem socialmente, os grupos mostram uma estrutura social hierarquizada. Os galináceos são aves onívoras, que se alimentam pequenos invertebrados e material vegetal. Em nível ecológico, têm importância como dispersores de sementes e fonte de alimento para diversos grupos de predadores, como aves de rapina, serpentes, e carnívoros de pequeno porte. As espécies domesticadas de galináceos são de enorme importância econômica como fonte de carne e ovos para consumo humano. - Columbiformes: pombo. Columbiformes é uma ordem de aves que inclui os pombos e rolas, assim como os extintos dodós. Apresentam distribuição cosmopolita (por todo o mundo). Possuem cabeça pequena e redonda, bico fraco (na base é coberto pela “cera”), corpo pesado, plumagem cheia e macia (rica em pó), glândula uropigiana, em geral, ausente, pernas e dedos moles e hábitos arborícolas. Alimentam-se de grãos (granívoros) e frutas (frugívoros) sendo por isso importantes dispersores de sementes. Ambos os sexos são responsáveis por cuidar das crias e produzem o “leite de papo” (secreção rica em gorduras e proteínas, produzidas pelo epitélio do papo). Habitam regiões campestres, beneficiados pelo desmatamento e expansão das culturas. Podem causar grandes prejuízos a plantações. O pombo doméstico (Columba livia domestica) é uma espécie introduzida e causa estragos nas cidades.
Você sabia? O pombo-correio é fruto de cruzamentos entre raças belgas e inglesas, efetuados na segunda metade do século XIX. Foi seleccionado para apurar duas características principais: - o sentido de orientação - robustez física -vivacidade - velocidade – chega a percorrer 700 a 1.000 km/dia, a mais de 90 km/hora. - penas abundantes e brilhantes - rabo sempre pregueado - pescoço, fortemente implantado, muito erguido. - grande resistência à fadiga - peso médio - machos entre 425 e 525 g, fêmeas cerca de 480 g
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A Aprendizagem Zoologia Geral e Comparada II
A aprendizagem do pombo-correio começa a partir do seu nascimento, e tem como principais objetivos:
- Promover a ligação ao pombal - Proporcionar a preparação, para que, quando solto, regresse ao seu pombal com rapidez e segurança. A capacidade que têm em regressar ao pombal manifesta-se tanto nos machos como nas fêmeas, através de um treino cuidadoso: - borrachos com 25 dias que já se alimentam por si - separação dos pais (designada pelos columbófilos por “desmame”) - borrachos com três meses de idade e mais de um mês de vôos livres começarem os vôos de reconhecimento em grupo nos arredores - depois do primeiro vôo - aumentar, progressivamente, as distâncias a 40, 75, 100, 150 km (borrachos em grupo) - segundo ano - os “pombos de ano” voam até 500 km, ou mais, começando com treinos progressivos, até alcançar a distância desejada. - pombos adultos de mais de 3 anos – podem entrar nos grandes concursos de fundo
Orientação Os pombos correio são transportados a grandes distâncias e quando soltos retornam invariavelmente ao seu pombal de origem. As hipóteses mais aceitas para explicar este fenômeno, são as que consideram a conjugação de vários fatores: - a posição do sol - o campo magnético terrestre - o olfato - a memória espacial Esta capacidade de orientação permanece ainda pouco conhecida pelos cientistas.
- Psitaciformes: papagaios, periquitos, araras Psittaciformes é uma Ordem de aves que inclui cerca de 350 espécies agrupadas em duas famílias: Psittacidae (papagaios, araras e piriquitos) e Cacatuidae (cacatuas).Os psitacídeos caracterizam-se pelo bico encurvado, com a mandíbula superior recurvada sobre a inferior. Esta forma de bico é uma adaptação à alimentação à base de sementes e frutos. Estas aves são normalmente muito coloridas e algumas espécies são capazes de aprender a reproduzir sons de fala humana. As cacatuas são muito semelhantes aos papagaios (família Psittacidae) no seu bico curvo e morfologia dos pés (dois dedos para a frente, dois para trás). Como características distintivas, as cacatuas apresentam uma crista móvel e plumagem de cores simples. Apresentam distribuição geográfica restrita à Austrália e ilhas vizinhas. Há cerca de 20 espécies de cacatua.
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- Strigiformes: corujas As corujas e os mochos são caçadoras eficientes, usando sobretudo seus olhos extremamente aguçados e movimentos rápidos. Além disso a coruja é extremamente atenta ao ambiente podendo girar sua cabeça em até 270° e voar silenciosamente devido a penas especiais muito macias e numerosas que compõem suas asas. Alimenta-se de pequenos vertebrados,principalmente ratos. A coruja é uma ave noturna e suas características fazem dela um dos caçadores mais sofisticados do mundo. - Piciformes: pica-paus, tucanos Piciformes é uma ordem de aves que inclui animais de médias dimensões que habitam o meio arbóreo. O grupo tem cerca de 400 espécies, divididas em seis famílias e inclui o tucano, cuitelão e o pica-pau. - Passeriformes: passarinhos (cotovias, andorinhas, pardais, etc) Os passerídeos (ou vulgarmente pássaros) são bastante numerosos e diversificados, com cerca de 5,400 espécies o que representa metade do total de aves. Geralmente, os passerídeos são aves de pequenas dimensões, cantoras, com alimentação baseada em sementes, frutos e pequenos invertebrados. - Casuariformes: casuares e emus O emu vive principalmente nas planícies semi-áridas da parte oriental da Austrália. Depois do avestruz, ele é a maior espécie viva de ave. Não consegue voar, mas é um corredor de primeira, capaz de manter uma velocidade de cerca de 50 quilômetros por hora durante um certo tempo. Os emus vagueiam pelos campos em grupos de três a seis, formando pares na estação do acasalamento, que vai de fevereiro a abril. O ninho é um simples buraco no chão, ao pé de uma árvore, revestindo de capim e folhas. O macho choca os ovos durante dois meses e continua a cobri-los por vários dias. O pai ainda toma conta dos filhotes por algum tempo, embora estes logo se tornem capazes de se alimentarem e se cuidarem por si mesmos. O Casuar tem na testa uma crista óssea protuberante, de aspecto estranho e aparentemente sem utilidade. A cabeça e o pescoço são azuis, com barbelas (dobras de gordura) vermelhas no pescoço. Esconde-se de dia em arbustos cerrados e, em geral, sai à noite. Atravessa com rapidez as moitas mais densas, rompendo os galhos com as asas, que tem penas muito resistentes. Chega a saltar quase 1 m e nada bem. - Gruiformes: saracuras, galinhas-dágua Gruiformes é uma ordem de aves que engloba 11 famílias de características muito distintas, estão distribuídas por toda a Terra, exceto na Antártida e algumas ilhas oceânicas. Habitam zonas de todos os climas e habitats diversos, desde zonas áridas ou desérticas até áreas banhadas por lagos ou rios. A maioria das espécies é terrestre, mas existem também exemplos de gruiformes arborícolas.
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- Caradriformes: aves aquáticas (pernaltas, maçaricos, gaivotas, trinta-réis) Zoologia Geral e Comparada II
Aves de médio e grande porte muito diversificada. A maioria dos seus membros vive nas zonas costeiras e correspondem, de modo geral, às aves marinhas, embora também ocorram em florestas e desertos. - Cuculiformes: cucos, anus
Cuculiformes é uma ordem de aves com três famílias, que inclui os animais conhecidos como cucos. De uma forma geral, a aves cuculiformes são de pequeno a médio porte, bico curto e arqueado e patas curtas. As espécies do grupo não apresentam dimorfismo sexual e alimentam-se sobretudo de insetos e outros pequenos invertebrados. As estratégias de reprodução variam bastante, desde o assalto de ninhos alheios (típico dos cucos) à incubação normal das posturas. O grupo tem distribuição global, mas vive sobretudo em climas tropicais a temperados. - Tinamiformes: inambus, codornas Os tinamídeos são aves que se alimentam predominantemente de sementes. Diferentemente da maioria das aves, a incubação e o trato dos filhotes são tarefas exclusivas dos machos. Outra constante é a dominância do sexo feminino e a monogamia. Cabe às fêmeas definir territórios, mantê-los, atrair e competir pelos machos que as fecundarão e, feita a postura, chocarão seus ovos e cuidarão de sua descendência. Existem aproximadamente 45 espécies de tinamídeos, divididos em 9 gêneros, conhecido, a maioria, como codornas ou inhambus. - Gaviiformes: gavia, mergulhões Gaviiformes é uma ordem de aves que contem apenas a família Gaviidae, o gênero Gavia e as suas cinco espécies. Estas aves aquáticas habitam sobretudo lagos de água doce e rios, podendo deslocar-se para zonas costeiras durante a época de reprodução. A sua distribuição geográfica está limitada ao Norte da Europa e América do Norte. Exteriormente, assemelham-se a patos, a sua plumagem é preta, branca e cinzenta, e em algumas espécies apresenta padrões reticulados muito complexos. O bico tem forma de lança. Outra diferença importante é a estrutura óssea, bastante densa quando comparada com outras aves. Alimentam-se de peixes, moluscos e crustáceos, que caçam debaixo d” água em mergulhos. São excelentes nadadoras mas deslocam-se em terra com grande dificuldade. As suas asas estão bem adaptadas ao vôo e podem percorrer longas distâncias pelo ar. No entanto a fase de descolagem e aterragem é complicada e requer, como nos aviões, uma “pista” sobre a água de algumas centenas de metros. É a ave nacional do Canadá e está representada nas moedas de 1 dólar canadense. - Caprimulgiformes: bacuraus, curiangos São animais conhecidos como noitibó e bacurau. Enquanto grupo, estão representados em todos os continentes, exceto na Nova Zelândia, regiões polares e maioria das ilhas oceânicas. As famílias têm distribuição mais limitada. A maior diversidade do grupo encontra-se em regiões tropicais e semi-tropicais.
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Os caprimulgiformes são aves exclusivamente noturnas. Têm o bico muito pequeno e cabeça quadrada, com olhos muito grandes e adaptados à visão com pouca luz. As patas e pés são pequenos e frágeis. As asas são relativamente grandes e alongadas e adaptadas a um vôo rápido e silencioso. O formato da cauda, de comprimento médio a longo, varia conforme a espécie. A plumagem é bastante diversa dentro do grupo, mas é normalmente escura. Os caprimulgiformes alimentam-se exclusivamente de insetos, que caçam durante o vôo, e representam um papel importante no controle das populações das suas presas. - Podicipediformes: mergulhões, pescaparas O grupo está presente em todos os continentes, exceto nas regiões polares e a maioria das ilhas oceânicas. Os podicipediformes são aves de médio porte, sobretudo aquáticas que habitam zonas de água doce como estuários, lagos e rios. A plumagem é geralmente castanha ou cinzenta, sendo a zona ventral mais clara. O dimorfismo sexual, se presente, ocorre apenas na época de reprodução. O pescoço é alongado e termina numa cabeça arredondada com bico curto, por vezes encurvado. O corpo é estreito, com as patas localizadas quase na zona terminal, uma adaptação à natação e ao mergulho que torna estas aves bastante desajeitadas em terra. As asas são curtas, porém fortes e permitem vôo durante longas distâncias; algumas espécies são migratórias. Os mergulhões alimentam-se de peixes, insectos, moluscos e crustáceos, que caçam durante os mergulhos. São aves solitárias, mas formam casais durante a época de reprodução ou grandes grupos nas épocas de migração. - Apodiformes: andorinhões, beija-flores Apodiformes é uma ordem de aves de pequeno porte, caracterizadas pelo bico longo e asas afiladas. Estes animais têm um metabolismo muito acelerado, asas muito longas, músculos de vôo muito desenvolvidos, penas secundárias curtas, 10 penas caudais, pés muito pequenos com garras recurvadas. A ordem é dividida em três famílias: Apodidae (andorinhão, gaivão), Hemiprocnidae e Trochilidae (colibri, beija-flor). - Procelariiformes: albatrozes, procelárias Procellariiformes (do Latim procella, tempestade) é uma ordem de aves marinhas de hábitos pelágicos, ou seja, que habitam o oceano aberto. Estas aves caracterizam-se por terem as narinas inclusas em tubos situados no bico, que é normalmente longo e encurvado na ponta. Esta adaptação permite-lhes expulsar do corpo o sal adquirido por ingestão de água do mar. Os procelariformes têm asas compridas e estreitas, o que lhes dá uma forma aerodinâmica e minimiza a energia gasta durante os seus longos vôos. A sua plumagem é normalmente branca, podendo apresentar tons de cinzento ou preto. Os procelariformes têm os dedos dos pés unidos por membranas interdigitais, estando o dedo posterior ausente ou pouco desenvolvido. Estas aves alimentam-se no mar alto de cefalópodes e pequenos peixes. - Coliiformes: coliídeos Coliiformes é uma ordem de aves, que representada atualmente pela família Coliidae e suas três espécies, classifcadas em dois gêneros. O grupo inclui os rabos de junco, aves de pequeno porte, nativas de África, caracterizadas por uma cauda longa e pela morfologia
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das patas traseiras. Os coliiformes distinguem-se das restantes aves pela capacidade de inverter a orientação do primeiro e quarto dedo. Zoologia Geral e Comparada II
- Trongoniformes: surucuás
Trogoniformes é uma ordem de aves com 39 espécies pertencentes apenas a uma única família, Trogonidae. O grupo habita preferencialmente as florestas tropicais da América Central e do Sul. No Brasil, estas aves são chamadas de surucuá. As aves trogoniformes têm geralmente um bico curto e encurvado e patas também curtas. Os dedos têm uma distribuição distintiva do grupo, estando o primeiro e o segundo dirigidos para a frente enquanto que o terceiro e quarto apontam para trás. As asas são curtas e arredondadas e embora sejam bem adaptadas ao vôo, estas aves não têm o hábito de voar grandes distâncias e preferem saltitar de árvore em árvore. A plumagem é bastante colorida e varia conforme a espécie entre tons de verde, azul, rosa e/ou encarnado com brilho metálico. Os trogoniformes apresentam dimorfismo sexual, tendo as fêmeas um padrão de cores semelhante ao machos, embora muito menos exuberante.Estas aves alimentam-se de insectos e outros pequenos invertebrados, por vezes de frutos. - Coraciiformes: martins-pescadores, barrancolis, poupas, rolieiros Coraciiformes é uma ordem de aves de médio a grande porte com onze famílias oriundas da África e da Europa. As aves coraciformes têm em geral um bico robusto e colorido, geralmente vermelho ou amarelo. As pernas são curtas e terminam em patas pequenas mas fortes. A plumagem é bastante variável de acordo com a família, assim como a presença ou ausência de dimorfismo sexual. As asas arredondadas e curtas são especialmente adaptadas ao vôo curto. A cauda varia entre dimensões médias a muito grandes. Os coraciformes são aves geralmente arborícolas que preferem climas tropicais.
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR
1 Por que se acredita que as aves surgiram a partir dos dinossauros? Quais as evidências? _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________
2 Fale sobre as teorias que explicam a origem do vôo das aves, enfatizando as falhas de cada uma delas. ______________________________________________________________________________________________________________________________
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3 Explique como se acredita que surgiu a capacidade de voar nas aves primitivas (Archaeopteryx). _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________
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Quais as adaptações das aves relacionadas a sua capacidade de vôo? _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________
A maioria das aves tem hábitos diurnos, pode voar e possui olfato pouco desenvolvido. Considerando as aves que estudamos, responda:
5 Quais as funções das penas? Explique qual o papel delas no vôo. _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________
a) Que tipo de ave mais se distancia dessas características gerais?
_______________________________________________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ b) Quais são suas características mais marcantes?
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MAMÍFEROS E O HOMEM
Zoologia Geral e Comparada II
CONTEÚDO 1 – CARACTERÍSTICAS E DIVERSIDADE DOS MAMÍFEROS Introdução ao Grupo dos Mamíferos Os mamíferos formam o grupo mais evoluído e mais conhecido dos cordados. Juntamente com os artrópodes, dominam completamente os ambientes terrestres atuais, embora também tenham colonizado o ar e a água. Contudo, a diversidade de suas espécies é menor que a dos outros grupos de vertebrados como aves (cerca de 9.000 espécies), répteis (cerca de 6.800 espécies) e anfíbios (cerca de 4.900 espécies). Este grupo inclui os maiores vertebrados viventes, aquáticos e terrestres. A baleia azul, por exemplo, é o maior animal da atualidade e pesa cerca de 120 toneladas. Além disso, nenhum outro grupo de vertebrados apresenta formas tão diferenciadas como, por exemplo, uma baleia e um morcego ou uma topeira e uma girafa. Todos (com raras exceções) apresentam o corpo coberto de pêlos, alimentam as crias com leite produzido pelas glândulas mamárias (o que deu o nome à classe) e têm temperatura interna constante. Os cuidados com a prole são os mais desenvolvidos do reino animal e atingem o seu clímax com a espécie humana. São, ainda, extremamente adaptáveis, modificando o seu comportamento de acordo com as condições do meio. Alguns grupos, principalmente primatas, formam sociedades muito complexas. Os antepassados dos mamíferos foram um grupo de répteis designados terapsídeos. Estes animais eram pequenos carnívoros ativos e viveram no período Triássico (225 milhões de anos atrás). Além de importantes diferenças em nível do crânio, os terapsídeos desenvolveram um esqueleto mais leve e flexível, com os membros alinhados por baixo do corpo, tornando-os mais ágeis e rápidos. A transição de réptil para mamífero terminou há cerca de 195 milhões de anos, coincidindo com a ascensão dos dinossauros, ameaçando os recém-formados mamíferos de extinção. No entanto, a sua capacidade de controlar a temperatura interna talvez explique porque os mamíferos sobreviveram ao arrefecimento global do fim do Mesozóico. Classificação dos Mamíferos A classe Mammalia é dividida em três subclasses: Prototheria (monotremados), Metatheria (marsupiais) e Eutheria (placentários).
Os monotremados são os mamíferos mais primitivos que existem. Eles botam ovos e não possuem dentes na idade adulta. O nome do grupo, Monotremata, refere-se à presença de uma abertura única para eliminação das fezes e dos produtos urinários e genitais (a cloaca). Seus representantes mais conhecidos são os ornintorrincos e as équidnas, ambos vivem na Austrália e na Tasmânia e as équidnas são encontradas também na Nova guiné.
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As fêmeas carregam os ovos numa bolsa de pele ventral ou os mantêm aquecidos em um ninho (donde nasce um minúsculo embrião que se desloca para a bolsa). Diferentemente dos outros mamíferos, elas não possuem mamilos e os filhotes se alimentam do leite que escorre pelos pêlos da barriga da mãe. O ornitorrinco é uma espécie subaquática com pés palmados, pêlos curtos e um bico semelhante ao do pato, usado para cavar o lodo à procura de invertebrados de corpo mole. As garras foram mantidas e são usadas para cavar longos túneis nos bancos lamacentos. As équidnas têm grandes garras, um focinho longo adaptado para ingerir formigas e muitos dos seus pêlos são modificados em espinhos. Os marsupiais são caracterizados pela presença de uma bolsa de pele (marsúpio) no ventre das fêmeas. Os exemplares mais conhecidos deste grupo são os cangurus da Austrália e os gambás da América do Sul. Diferentemente dos monotremados, nos quais o desenvolvimento embrionário ocorre fora do corpo da mãe, os marsupiais iniciam o desenvolvimento embrionário no interior do útero materno. Aí se alimentam de substâncias armazenadas no ovo e de líquidos nutritivos produzidos pela parede uterina. Após algumas semanas, o embrião ainda imaturo nasce, agarra-se nos pêlos da mãe e se desloca até o marsúpio, onde completa o seu desenvolvimento. Muitas vezes o período de vida dentro da bolsa é maior que o período de gestação. No interior do marsúpio estão localizados os mamilos, onde desembocam as glândulas mamárias, que nutrem os filhotes. As fêmeas possuem um sistema reprodutor “duplo”, com dois úteros e duas vaginas laterais. As crias nascem através de um canal de nascimento central independente, que se forma antes de cada parto, podendo ou não permanecer aberto. Por esse motivo, em algumas espécies o pênis do macho é bifurcado. Os placentários são mamíferos nos quais o embrião completa todo seu desenvolvimento no interior do útero materno, ao qual se liga por meio da placenta. Através da placenta o embrião recebe nutrientes e gás oxigênio do sangue da mãe e elimina gás carbônico e excreções. Os mamíferos placentários nascem num estágio mais maduro, mas esta maturidade é derivada do considerável dispêndio de energia materna. Uma mãe placentária tem que carregar seus embriões até o seu nascimento relativamente tardio, mesmo que alimento ou outras condições ambientais não estejam favoráveis. Se necessário, durante o período de lactação, o filhote poderá ser abandonado, mas assim haverá uma perda dos consideráveis esforços reprodutivos da mãe. Os filhotes dos marsupiais são menos desenvolvidos e talvez mais vulneráveis no momento do seu nascimento prematuro, mas pouca reserva materna é investida nele. A vida da mãe dificilmente é afetada por eles. Se as reservas ambientais forem escassas, o filhote dentro da bolsa pode ser facilmente abortado e a mãe terá perdido poucos esforços reprodutivos. Ela terá maiores chances de sobreviver e reproduzir-se novamente. No entanto, os placentários são os maiores grupos de mamíferos, dominando totalmente a classe e os habitats terrestres atuais. Características da Classe Pele coberta de pêlos Os pêlos têm uma variedade de funções, incluindo a camuflagem, a comunicação e a sensação por meio das vibrissas (bigodes), que crescem sobre o focinho ou ao redor dos olhos e possuem receptores tácteis associados. Características importantes da pelagem dos mamíferos são seu crescimento, sua substituição, sua cor e sua mobilidade. Um pêlo é composto de queratina, e ele cresce a partir de uma invaginação profunda na epiderme, chamada folículo piloso. Os pêlos são sempre mudados periodicamente (cada pêlo é mudado individualmente, formando-se um novo a partir do mesmo folículo). A cor do pêlo
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depende da qualidade e quantidade de melanina injetada, no pêlo em formação, por células especiais que estão na base do folículo piloso, chamadas melanócitos. A pele é formada por duas camadas principais: epiderme, mais externa, Zoologia Geral e Comparada II e derme, mais interna. Nesta camada mais interna estão presentes as glândulas (estruturas secretoras) que podem ser mamárias, sebáceas, sudoríparas e odoríferas. As glândulas mamárias produzem o leite necessário para a alimentação dos filhotes e são funcionais apenas nas fêmeas. As glândulas sebáceas são encontradas em toda a superfície do corpo e produzem uma secreção oleosa que lubrifica e impermeabiliza o pêlo e a pele. As odoríferas apresentam uma distribuição restrita na maioria dos mamíferos, e suas secreções são utilizadas na comunicação química entre os animais. A marcação por odor é utilizada para indicar a identidade do animal e para definir territórios. Já as glândulas sudoríparas auxiliam a regulação da temperatura e a excreção de sais. Abaixo da derme, com os vasos sanguíneos que alimentam a epiderme e nervos sensoriais, existe uma camada de gordura subcutânea mais ou menos espessa, dependendo do habitat do animal. Alguns apêndices tegumentares estão envolvidos na locomoção, nas ofensivas e na defesa. São estruturas como as garras, unhas e cascos (que crescem permanentemente a partir da base para compensar o desgaste), bem como chifres e cornos (com centro ósseo e permanentes) e armações (caem anualmente). O corno do rinoceronte é um caso particular destas estruturas, pois apesar de não cair anualmente é composto por um emaranhado denso de pêlos. Esqueleto Os mamíferos possuem um esqueleto desenvolvido, totalmente ossificado, permanecendo cartilagem apenas nas zonas articulares, sendo composto por:
1) Crânio — protege o cérebro e pode ter um volume muito grande, apresenta uma arcada onde se alojam poderosos músculos, o que permite movimentos complexos como a mastigação (capacidade exclusiva da classe). A mandíbula inferior é formada por apenas um osso - dentário - ligado diretamente ao resto do crânio (noutros vertebrados essa ligação é sempre indireta, existindo pelo menos um outro osso a fazer a ligação), e onde se implantam dentes em alvéolos. 2) Coluna vertebral — eixo formado por peças articuladas chamadas vértebras, que protegem a medula espinhal; 3) Costelas — formam a caixa torácica, muito eficiente nos movimentos respiratórios, que protege os pulmões e o coração; 4) Ossos — formam as duas extremidades anteriores e as duas posteriores. Tais extremidades podem estar adaptadas a várias funções, como correr, cavar, voar ou nadar.
Extremidades Quatro patas (exceto cetáceos, onde não existem membros posteriores) com 5 dedos (ou menos) com garras, unhas, cascos ou almofadas carnudas e adaptadas variadamente a andar, correr, trepar, cavar, nadar ou voar. A marcha quadrúpede é a mais comum, mas existem muitas espécies bípedes, como os cangurus ou o Homem. As extremidades localizam-se por baixo do corpo e não para o lado como nos répteis, o que não só sustenta melhor o peso do corpo mas também permite maior velocidade e
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reflexos. A velocidade está igualmente associada á flexibilidade da coluna vertebral (chita, por exemplo, acrescenta cerca de 30 Km/h à sua velocidade máxima devido ao efeito de mola da sua coluna) e ao aumento do comprimento da zona inferior dos membros (gazelas, por exemplo). Órgãos dos Sentidos e Cérebro O olfato da maioria dos mamíferos é bastante apurado provavelmente devido ao seu comportamento primariamente noturno. Os primatas, no entanto, possuem olfação pouco desenvolvida uma vez que possuem hábitos diurnos. E nas baleias este sentido é reduzido ou ausente, em associação com sua vida aquática. Os mamíferos evoluíram como animais noturnos, e a sensitividade visual (formação de imagens sob pouca luz) era mais importante do que a acuidade (formação de imagens precisas). Assim, possuem retina formada por células que apresentam uma grande sensibilidade à luz, mas são relativamente fracas para uma visão acurada. Os olhos com pálpebras móveis. Os ouvidos possuem pavilhão auditivo externo carnudo e móvel que ajuda a determinar a direção do som, sua acuidade auditiva é maior do que nos demais tetrápodes. O ouvido médio contém uma série de três ossos (estribo, martelo e bigorna), em vez de um único osso. Os mamíferos aquáticos utilizam sistemas inteiramente distintos para ouvir sob a água, tendo perdido ou reduzido suas orelhas externas. Sistema Nervoso O cérebro dos mamíferos possui muitas circunvoluções ou dobras, que aumentam a superfície do órgão e o número de células nervosas. Por esta razão, os mamíferos desenvolveram um comportamento complexo, com alto grau de coordenação em todas as atividades, aprendizagem e memória retentiva. Isso pode ser percebido em atitudes como as estratégias de caça, o cuidado com os filhotes, a adaptação a qualquer ambiente e os diferentes sistemas de comunicação estabelecidos entre os indivíduos da mesma espécie. Os mamíferos são considerados animais inteligentes, embora a inteligência seja difícil de definir. Geralmente considera-se indicador de inteligência a capacidade de aprendizagem associada à flexibilidade de comportamento. Estas capacidades permitem solucionar problemas relacionados com a invasão de novos habitats e de captura de presas, por exemplo. Sistema Digestivo Boca, separada da cavidade nasal pelo palato duro, com língua móvel e dentes grandes e diferenciados, em relação aos hábitos alimentares. a) Os dentes Os mamíferos apresentam uma grande variedade de dentes com funções específicas. Os incisivos são planos e servem para cortar; os caninos são pontiagudos e são usados para desgarrar a carne. Os molares são largos e com protuberâncias e servem para esmagar e triturar o alimento. O número e o tipo de dentes variam de acordo com a alimentação de cada espécie. Os carnívoros possuem os caninos e os molares muito desenvolvidos; os herbívoros não têm caninos, já que não precisam deles para cortar o pasto. A maioria dos mamíferos possui dois conjuntos de dentição em suas vidas (diodonte). O primeiro conjunto, os dentes de leite, consiste somente de incisivos, caninos e pré-molares. A dentição adulta permanente consiste no segundo conjunto de dentes originais, com adição de molares. Os últimos molares dos humanos são conhecidos como dentes do siso (ou do juízo), pois eles aparecem na idade que supostamente atingimos a maturidade – final da adolescência.
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Sistema Respiratório Exclusivamente pulmonar, laringe com cordas vocais (exceto girafas). Zoologia Geral e O coração e pulmões são separados da cavidade abdominal pelo diafragma Comparada II muscular completo. Sistema Circulatório Nos mamíferos, a circulação do sangue percorre um duplo circuito. No primeiro, entre o coração e os pulmões, o sangue é oxigenado. No segundo, entre o coração e os tecidos, o sangue perde aos poucos o oxigênio. O coração está dividido em quatro cavidades: dois átrios e dois ventrículos. Desta forma, o sangue oxigenado não se mistura com o sangue rico em gás carbônico, o que aumenta o rendimento do animal. Os glóbulos vermelhos são bicôncavos e anucleados. Sistema Excretor Rins metanéfricos; formados por unidades filtradoras chamadas néfrons. O néfron termina em uma espécie de taca, denominada cápsula de Bowman, que remove as excreções diretamente do sangue. Regulação de Temperatura Tal como as aves, os mamíferos são endotérmicos ou homeotérmicos, o que lhes permite permanecer ativos mesmo a temperaturas muito elevadas ou muito baixas. Este fato justifica a sua larga distribuição em todos os tipos de habitats, mais vasta que qualquer outro animal (exceto as aves). Uma zona do cérebro - hipotálamo - controla a temperatura do corpo, procedendo aos ajustamentos necessários. A temperatura do corpo pode ser alterada aumentando ou diminuindo o metabolismo, dilatando ou estreitando os vasos sanguíneos que irrigam a pele, elevando ou baixando os pêlos de modo a que se forme ou não uma camada de ar isoladora, tremendo ou transpirando. A temperatura também pode ser controlada com a ajuda de comportamentos, como deitar-se ao sol ou em tocas frescas a certas horas do dia e de coloração da superfície do corpo: os animais de regiões frias são escuros (cor absorve calor) e os de regiões quentes são claros (cor reflete o calor). No entanto tal pode entrar em conflito com a necessidade de camuflagem, os ursos polares, por exemplo, vivem em regiões frias e têm a pelagem clara. Reprodução Os mamíferos têm reprodução sexuada e dividem-se em três grandes grupos em relação à reprodução: monotremados, marsupiais e placentários (discutido anteriormente). Contudo, todos apresentam sexos separados, a fecundação é interna e as crias são alimentadas com leite secretado pelas glândulas mamárias da fêmea. O leite produzido pelas fêmeas de mamífero é muito rico em gorduras e proteínas, o que o torna altamente nutritivo, mas fornece igualmente anticorpos que ajudam o juvenil a desenvolver-se saudável. Dado que os jovens não necessitam de procurar o seu próprio alimento nas primeiras semanas, permite um início de vida mais seguro que nos outros grupos de vertebrados. As ninhadas podem ter até 20 crias ou apenas uma, com períodos de gestação de apenas 12 dias (bandicute, um tipo de marsupial onívoro) até 22 meses (elefante africano). Os machos
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apresentam órgão copulador (pênis) e os testículos estão geralmente num escroto externo ao abdômen. Principais Grupos de Mamíferos As principais ordens de mamíferos placentários e algumas de suas características são: Chiroptera (morcegos) São os únicos mamíferos voadores, devido à transformação de seus membros anteriores em asas. Essa ordem possui atualmente quase 1.000 espécies, representando cerca de um quarto de toda a fauna de mamíferos do mundo. Esta ordem encontra-se dividida em duas subordens: Megachiroptera e Microchiroptera. A subordem Megachiroptera está restrita ao Velho Mundo (África, Ásia e Oceania). Nesta subordem encontram-se os maiores morcegos do planeta, conhecidos popularmente como “raposas voadoras”, podendo alcançar até 2 metros de envergadura. A subordem Microchiroptera ocorre no Novo Mundo (as Américas). Geralmente são menores, podendo medir de 10 a 80 cm de envergadura. Os microquirópteros dependem de um sistema de orientação noturna mais eficiente do que a visão dos megaquirópteros. No Brasil, existem aproximadamente 140 espécies de morcegos. Eles podem ser divididos em diferentes grupos de acordo com os hábitos alimentares: Insetívoros Alimentam-se de mosquitos, mariposas, besouros, baratas e outros insetos, capturando-os em pleno vôo. São os únicos predadores eficientes de insetos noturnos, desempenhando um importante papel no controle das populações destes insetos. Polinívoros/Nectarívoros Alimentam-se de néctar, pólen e, às vezes, de parte florais. São responsáveis pela polinização de diversas espécies de plantas como: pequi, ingá, cuietê, unha-devaca, imbiriçu, dedaleira, merindiba, alguns maracujás e muitas outras. Dessa maneira, a sua atividade é muito importante na manutenção dos complexos ecossistemas tropicais. Frugívoros Alimentam-se basicamente de frutas. São os mais eficientes dispersores de sementes, pois chegam a transportar aproximadamente 500 sementes de plantas típicas de florestas. Sendo assim, estes morcegos são importantes para a regeneração de hábitats fragmentados. Carnívoros Alimentam-se de peixes, rãs, camundongos, aves e outros morcegos. São importantes no controle das populações de pequenos vertebrados, inclusive de pequenos morcegos. Piscívoros Alimentam principalmente de peixes, mas inclui também em sua dieta crustáceos e insetos. Fazem o controle da população de pequenos peixes. Hematófagos Alimentam exclusivamente de sangue. Ao contrário do que a maioria das pessoas pensa os morcegos-vampiros não chupam o sangue (fazendo dois furinhos na vítima), mas sim usam os dentes incisivos para fazer um corte (parecido com uma raspagem)
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Zoologia Geral e Comparada II
na pele do animal e usam a língua dobrada, em forma de tubo, para lamberem o sangue até se saciarem. A saliva tem um anticoagulante muito eficiente. Nos ecossistemas naturais, os morcegos hematófagos auxiliam no controle das populações de vertebrados herbívoros. Esse controle populacional ocorre não somente pela sangria que os animais sofrem, mas também por transmissão de doenças, como a raiva.
Primata Ordem da qual fazemos parte, e estão também incluídos os micos, macacos, gorilas, chimpanzés, orangotangos, lêmures e babuínos, vulgarmente chamados símios. O cérebro é bastante desenvolvido, visão binocular, mãos e pés com cinco dedos (primeiro dedo, ou polegar, geralmente oponível aos demais). Alguns macacos têm os polegares apenas nos seus pés e não nas mãos. Carnivora Alimentam-se de carne, os dentes caninos e incisivos são afiados e desenvolvidos. Ex: cães,lobos, gatos,leões, tigres, onças, hienas, focas, leões-marinhos, etc. Proboscidea É uma ordem de mamíferos placentários, à qual pertencem os elefantes, que se caracteriza pela presença de um nariz e lábio superior transformados em tromba e dentes incisivos superiores desenvolvidos (presas de marfim). São animais herbívoros de grandes dimensões, embora em algumas zonas isoladas, como na Ilha de Malta, desenvolveram-se espécies anãs. A ordem foi mais diversificada durante o Cenozóico e contou com cerca de 170 espécies ao longo do registo fóssil, incluíndo animais agora extintos como o mamute. Sirenia São mamíferos marinhos herbívoros, de que faz parte o peixe-boi ou vaca-marinha. Estes animais passam toda a sua vida na água e, para isso, têm várias adaptações como: membros anteriores transformados em nadadeiras; membros posteriores reduzidos a um pelvis vestigial; e a cauda é alargada e achatada horizontalmente, formando um “remo”. Algumas espécies atingem grande tamanho, pesando mais de uma tonelada. Os lábios são grandes e móveis, cobertos de cerdas rijas. As narinas estão localizadas na parte superior do focinho e fecham-se com válvulas. Os olhos não têm pálpebras, mas podem fechar-se por um mecanismo que funciona como um esfíncter. Os ossos são mais densos que o da maioria dos mamíferos, tornando-os mais pesados, o que facilita a sua posição na água. Os sirênios parecem ter um antepassado em comum com os elefantes. Conhecemse fósseis deste grupo desde o Eoceno (há 20-30 milhões de anos) ,como o do gênero Prorastomus, mas, nessa altura já as famílias atuais estavam estabelecidas; pensa-se, por isso, que a sua origem tenha sido anterior a essa época. São herbívoros e sociais, podendo formar grandes grupos.
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Perissodactyla É o grupo de mamíferos terrestres ungulados com um número ímpar de dedos (um ou três) nas patas, caminham sobre o casco (unha) do terceiro dedo, os demais dedos são reduzidos ou ausentes. O dedo médio é sempre maior que os outros e por ele passa o eixo do pé. Inclui os rinocerontes, as antas, os cavalos e as zebras. Os perissodátilos têm um estômago simples, ao contrário dos artiodátilos, que o têm dividido em várias câmaras, e o seu ceco é grande e com divertículos, onde se dá uma parte da digestão bacteriana da celulose. Artiodactyla Essa ordem inclui os mamíferos ungulados com um número par de dedos nas patas, guarnecidos por cascos. É um grupo muito variado, com cerca de 220 espécies descritas, que incluem muitos animais com grande importância econômica para o homem, como bois, cabras, camelos, hipopótamos, porcos, lhamas, girafas, carneiros, entre outros. Há espécies nativas de artiodátilos de todos os continentes, exceto da Austrália e Antártida. A maioria vive em habitats terrestres, incluindo savanas, montanhas e florestas, mas com um grupo semi-aquático, o dos hipopótamos. A maioria são herbívoros – e nesta ordem se encontram os ruminantes, com o seu aparelho digestivo especializado -, mas alguns são onívoros, como o porco. Entre estes animais se encontram alguns dos mamíferos mais rápidos. Cetacea São mamíferos marinhos cujos membros anteriores foram transformados em nadadeiras, membros posteriores ausentes, cauda desenvolvida utilizada para nadar. O nome da ordem deriva do grego ketos que significa monstro marinho. Os cetáceos estão divididos em duas sub-ordens: · As baleias sem dentes (subordem Mysticeti) são caracterizadas pelas barbas de baleia, que são estruturas parecidas com peneiras localizadas na parte superior da boca e são feitas de queratina. As baleias utilizam as “barbas” para filtrar plâncton da água. Elas compreendem as maiores espécies de animais. · As baleias com dentes (subordem Odontoceti) têm dentes e se alimentam de peixes e lulas. Uma habilidade notável deste grupo é a de localizar a suas presas por ecolocalização.
Os golfinhos também fazem parte desta ordem.
Orca Orcinus orca
A orca é, por vezes, denominada injustamente “Baleiaassassina”, devido aos seus hábitos alimentares, que incluem pinípedes (focas, morsas e leões marinhos) e outros cetáceos, entre os quais, ocasionalmente, grandes baleias como a baleiaazul e a baleia-comum. No entanto, esta espécie, como qualquer outro cetáceo, mata as suas presas para se alimentar e, portanto, não pode ser qualificada como “assassina”.
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As orcas são os maiores representantes da Família Delphinidae, que inclui outras espécies como os golfinhospintados, roazes, moleiros, etc. As suas características Zoologia Geral e particulares tornam esta espécie de fácil identificação. Os Comparada II padrões de branco na parte inferior e a mancha branca acima dos olhos, assim como o dorso negro e a cabeça cónica são característicos desta espécie. O dimorfismo sexual, ou seja, a diferença na forma do corpo entre machos e fêmeas, é bastante evidente no tamanho desproporcional que a barbatana dorsal atinge nos machos adultos, podendo chegar a medir quase 2m de altura. Nas fêmeas, a barbatana dorsal nunca cresce tanto. O tamanho é outra diferença bastante evidente entre o sexos nesta espécie. Os machos adultos medem em média 9,5m e podem pesar cerca de 8 toneladas, enquanto que as fêmeas são bastante menores, tendo em média 5,6m e pesando 4 toneladas. As orcas são cosmopolitas, isto é, podem ser encontradas em todos os oceanos e, em alguns casos as populações são residentes, mantendo-se fieis a uma área restrita de ocupação. Além de outros mamíferos marinhos, as orcas predam grandes peixes como atuns e salmões, utilizando meios de caça cooperativa. A sua estrutura social é bem organizada e complexa, e sendo animais gregários formam grupos que podem ter algumas dezenas de animais. As crias nascem com 208 a 220 cm pesando 180kg, após uma gestação de 11 a 12 meses, e dependem da mãe por mais de um ano. O período entre gestações é muito variável e pode ser de 3 ou3,5 anos ou até 8,3 anos. A maturidade sexual é atingida aos 15 ou 16 anos nos adultos e 8 a 10 anos nas fêmeas. Esta espécie não é muito frequente nos Açores, mas ocasionalmente podem ser vistos grupos que ficam por curtos períodos nas imediações das ilhas. (http://www.horta.uac.pt/species/Cetacea/textos_especies/Odontocetes/Oor.htm)
Rodentia Os roedores possuem dois pares de dentes incisivos adaptados para roer.. Ela é a ordem mais numerosa dentre os mamíferos, contendo mais de 2000 espécies, o que corresponde a cerca de 40% das espécies da Classe Mammalia. A maior parte são de pequenas proporções, o camundongo-pigmeu Africano tem 6 cm de comprimento e pesa 7
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g. Por outro lado, o maior deles, a capivara, pode pesar até 45 kg. Acredita-se que o extinto Phoberomys pattersoni teria pesado 700 kg. Roedores são encontrados em grande número em todos os continentes, exceto a Antártida, na maioria das ilhas e em todos os hábitats, com exceção dos oceanos. Juntamente com os morcegos (Chiroptera), foram os únicos mamíferos placentários a colonizar a Austrália independentemente da introdução humana. Ex: marmotas, ratos,camundongos, cobaias,porcos-espinhos, capivaras. Ecologicamente são muito diversos. Algumas espécies passam a vida inteira no dossel (região formada pela copa das árvores) das florestas, outras raramente deixam o chão. Algumas espécies apresentam um hábito marcadamente aquático, enquanto outras são altamente especializadas para o ambiente desértico. Muitas são em certa medida onívoras, assim como outras têm uma dieta bem específica, comendo, por exemplo, algumas espécies de fungos ou invertebrados. No entanto, todos compartilham uma característica: uma dentição altamente especializada para roer. Todos os roedores possuem um par de incisivos na arcada dentária superior e inferior seguidos por um espaço, o diastema, e por um ou mais molares e prémolares. Nenhum roedor possui mais de quatro incisivos e nenhum roedor possui caninos. Seus incisivos não têm raiz e crescem continuamente. As superfícies anterior e laterais são cobertas de esmalte, enquanto a posterior tem a dentina exposta. No ato de roer, os incisivos se atritam, desgastando a dentina, o que mantém os dentes bastante afiados. Esse sistema de “afiamento” é muito eficiente e é uma das chaves do enorme sucesso dos roedores. Esses animais são importantes em muitos ecossistemas porque se reproduzem rapidamente, servindo de alimento para predadores, são dispersores de sementes e vetores de doenças. Humanos usam roedores para testes laboratoriais, na alimentação e para obtenção de sua pele. Alguns grupos são comumente confundidos com roedores e erroneamente inclusos entre eles: Chiroptera (morcegos), Insectivora (toupeiras), Lagomorpha (coelhos, lebres). Lagomorfa Também possuem dois pares de dentes incisivos adaptados para roer e além disso, um par adicional de incisivos superiores pequenos, atrás do primeiro par. Ex: coelhos e lebres.
Você sabia? Páscoa As origens do Termo A Páscoa é uma das datas comemorativas mais importantes entre as culturas ocidentais. A origem desta comemoração remonta muitos séculos atrás. O termo “Páscoa” tem uma origem religiosa que vem do latim Pascae. Na Grécia Antiga, este termo também é encontrado como Paska. Porém, sua origem mais remota é entre os hebreus, onde aparece o termo Pesach, cujo significado é passagem.
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Entre as Civilizações Antigas Historiadores encontraram informações que levam a Zoologia Geral e concluir que uma festa de passagem era comemorada entre Comparada II povos europeus há milhares de anos atrás. Principalmente na região do Mediterrâneo, algumas sociedades, entre elas a grega, festejavam a passagem do inverno para a primavera, durante o mês de março. Geralmente, esta festa era realizada na primeira lua cheia da época das flores. Entre os povos da antiguidade, o fim do inverno e o começo da primavera era de extrema importância, pois estava ligado a maiores chances de sobrevivência em função do rigoroso inverno que castigava a Europa, dificultando a produção de alimentos. A Páscoa Judaica Entre os judeus, esta data assume um significado muito importante, pois marca o êxodo deste povo do Egito, por volta de 1250 a.C, onde foram aprisionados pelos faraós durantes vários anos. Esta história encontra-se no Velho Testamento da Bíblia, no livro Êxodo. A Páscoa Judaica também está relacionada com a passagem dos hebreus pelo Mar Vermelho, onde liderados por Moises, fugiram do Egito. Nesta data, os judeus fazem e comem o matzá (pão sem fermento) para lembrar a rápida fuga do Egito, quando não sobrou tempo para fermentar o pão. A Páscoa entre os Cristãos Entre os primeiros cristãos, esta data celebrava a ressurreição de Jesus Cristo (quando, após a morte, sua alma voltou a se unir ao seu corpo). O festejo era realizado no domingo seguinte a lua cheia posterior al equinócio da Primavera (21 de março). Entre os cristãos, a semana anterior à Páscoa é considerada como Semana Santa. Esta semana tem início no Domingo de Ramos que marca a entrada de Jesus na cidade de Jerusalém. A História do Coelhinho da Páscoa e os Ovos A figura do coelho está simbolicamente relacionada à esta data comemorativa, pois este animal representa a fertilidade. O coelho se reproduz rapidamente e em grandes quantidades. Entre os povos da antiguidade, a fertilidade era sinônimo de preservação da espécie e melhores condições de vida, numa época onde o índice de mortalidade era altíssimo. No Egito Antigo, por exemplo, o coelho representava o nascimento e a esperança de novas vidas.
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Mas o que a reprodução tem a ver com os significados religiosos da Páscoa? Tanto no significado judeu quanto no cristão, esta data relaciona-se com a esperança de uma vida nova. Já os ovos de Páscoa (de chocolate, enfeites, jóias), também estão neste contexto da fertilidade e da vida.A figura do coelho da Páscoa foi trazido para a América pelos imigrantes alemães, entre o final do século XVII e início do XVIII.
CONTEÚDO 2 – TAMANHO CORPÓREO, ECOLOGIA E VIDA SOCIAL DOS MAMÍFEROS Tamanho Corpóreo Os mamíferos apresentam grande diversidade por ser um grupo que colonizou todos os ambientes da terra (terrestre, aéreo e aquático) seja em temperaturas muito baixas ou elevadas. O tamanho do corpo é uma característica que varia muito entre os grupos de mamíferos indo desde animais muito pequenos, como os camundongos, que podem medir 5 cm de comprimento e pesar alguns gramas, até animais muito grandes como as baleias que podem alcançar 30 m de comprimento, sendo o maior mamífero conhecido. O tamanho do corpo pode influenciar na vida social e nos hábitos alimentares. Entre os antílopes africanos, por exemplo, as espécies pequenas geralmente vivem solitárias ou aos pares e escondem-se dos predadores. Eles utilizam alimentos mais nutritivos e energéticos, pois ingerem uma quantidade menor de alimentos devido ao seu pequeno tamanho. Diferentemente, as espécies grandes vivem em bandos numerosos e se defendem em grupo para intimidar os predadores, podem se alimentar de componentes com baixo teor nutritivo e ingeri-los em grande quantidade para compensar. Vida Social e Ecologia Todos os animais têm que encontrar um lugar para viver, obter alimentos, evitar ser comido e reproduzir-se. Eles têm que desenvolver estas atividades de forma a perpetuarem a espécie e, ao mesmo tempo, não interferindo com outras espécies com as quais interagem e dependem em muitos aspectos. Dessa forma, os animais precisam interagir favoravelmente com outros da mesma espécie e com outras espécies com as quais têm que conviver. Um fator principal na determinação da estrutura social de uma espécie é a distribuição no hábitat dos recursos necessários a sua sobrevivência. Em um ambiente no qual os recursos são limitados demais para permitir que mais de um indivíduo habite a área, há pouca chance que se desenvolvam agrupamentos sociais. A maioria dos animais possui uma área domiciliar, isto é, uma área dentro da qual gasta a maior parte do tempo e encontra o alimento e abrigo que precisa. As áreas domiciliares não são defendidas contra invasões de outros indivíduos (uma área defendida é chamada de território). A área domiciliar é importante, pois permite maior familiarização do indivíduo com o ambiente, facilitando assim a localização de alimento e abrigo. O tamanho da área domiciliar de um indivíduo depende das suas necessidades quanto aos recursos e da distribuição dos recursos no ambiente. Por exemplo, indivíduos que precisam de grandes quantidades de alimento devem possuir áreas domiciliares maiores que indivíduos que necessitam de menos alimentos.
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Comportamento Social Um grupo social é uma associação de indivíduos da mesma espécie Zoologia Geral e que se agruparam devido a algumas vantagens mútuas e são mantidos juntos Comparada II através de uma troca de sinais. Os mamíferos comunicam ativamente entre si, seja por meio de odores produzidos pelas glândulas odoríferas (localizadas na face, patas ou virilhas), urina ou fezes, ou por posições do corpo, expressões faciais, tato e ruído, que podem formar mensagens complexas. As vantagens comuns são a redução na predação ou um aumento na eficiência na busca do alimento. Um leão solitário, por exemplo, pode pegar uma zebra aproximadamente 15% das vezes, mas um grupo de cinco leões é capaz de abater uma zebra em 40% das tentativas; a zebra fornece alimento para satisfação de muitos dias. Quando as zebras migram os leões têm de predar as gazelas, que são menores, e alimentam apenas um leão por um ou dois dias. Nesse caso, os leões caçam individualmente. Os grupos sociais também apresentam desvantagens. A competição dentro do grupo por alimento, parceiros e outros recursos em geral é maior. As vantagens devem superar as desvantagens para que o grupo possa ser formado. A socialização tem início logo após o nascimento através de sinais entre progenitores e crias, continuando na juventude com a interação entre crias (brincadeiras). Algumas espécies apenas interagem para acasalar, mas a grande maioria forma grupos, permanentes ou temporários. Em algumas espécies, como as focas ou os elefantes, os sexos vivem separados a maior parte do ano, vivendo os machos isolados ou em pequenos grupos de solteiros. Nesse caso, a concorrência para acasalar é feroz, sendo os machos melhor sucedidos os maiores, mais fortes e melhor equipados (hastes, chifres ou presas).Outras espécies, como as zebras, formam pequenos haréns com um único macho, sendo os restantes expulsos para grupos de solteiros, a não ser que vençam o macho dominante em combate, roubando-lhe as fêmeas. O tipo de grupo social mais complexo é formado por vários machos e várias fêmeas, e, quase sem exceção, é reservado a primatas e carnívoros sociais. Nos primatas formamse geralmente uma hierarquia em permanente mudança, sendo os machos de posição mais elevada os primeiros a acasalar. Nos leões, os machos (geralmente irmãos) colaboram na defesa das fêmeas, não competindo pelo acasalamento. Nos lobos, as alcatéias ou matilhas são formadas por um casal alfa, o único que acasala e pelos filhos de anos anteriores, que em vez de formarem novas alcatéias permanecem e ajudam a criar os irmãos mais novos. Como em todos os aspectos, também na caça e na exploração os mamíferos estão no topo do reino animal. Certas espécies foram, e são perseguidas implacavelmente, quer por serem “nocivas”, quer pela beleza das suas plumagens ou por apresentarem presas imponentes, encontrando-se à beira da extinção.
CONTEÚDO 3 – EVOLUÇÃO DOS PRIMATAS E O SURGIMENTO DOS HUMANOS A ordem Primata é dividida em duas subordens: Prosimii (do grego pro, antes + do latim símia, macaco) que compreende cinco famílias de primatas pequenos, na sua maioria arborícolas do Velho Mundo e Anthropoidea (do grego anthropos, homem + oeides, semelhantes) em que se incluem a família dos hominídeos e a dos pongídeos, esta com importantes espécies atuais (gorila, chimpanzé, orangotango e gibão). Os macacos antropóides denominados pongídeos diferenciaram-se no Mioceno, há cerca de 25 milhões de anos. Como os fósseis dessa época não revelam estruturas tão
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especializadas quanto à das espécies vivas atuais, que têm braços longos e pernas curtas, há quem os suponha antecessores dos hominídeos, hipótese que ainda se discute. Para alguns cientistas, os dentes já muito especializados que se observam em alguns fósseis de antropóides não poderiam ter evoluído para a dentadura humana. De qualquer forma, considerando-se que a evolução atravessa incontáveis gerações até modificar de maneira perceptível determinadas características, é muito difícil traçar um paralelo entre tipos pongídeos e hominídeos, devido à carência de fósseis disponíveis: a maior parte são dentes e fragmentos de crânios nem sempre satisfatoriamente preservados para mostrarem as adaptações em que as respectivas espécies se distinguiriam claramente. Na evolução do gênero humano é possível distinguir três etapas principais. Na primeira, certas espécies de antropóides adaptaram-se ao meio; na segunda, o Homo erectus fabricou utensílios e ferramentas, passo decisivo para o aparecimento, na terceira, do Homo sapiens, que, por sua capacidade intelectual, dominou o habitat. Os hominídeos constituíram uma família da ordem dos primatas cuja única espécie atual é o homem (Homo sapiens sapiens). Os fósseis indicam a existência, no gênero Homo, das espécies extintas H. habilis (“homem habilidoso”) e H. erectus (“homem ereto”), das subespécies de H. sapiens de Neandertal e de Cro-Magnon e, em épocas mais remotas, de antecessores de outros gêneros, o Ramapithecus e o Australopithecus. Os primatas experimentaram um processo de adaptação que começou no paleoceno, há cerca de 65 milhões de anos. Muitos constituíram linhas evolutivas que perduraram e, no conjunto, distinguiram-se os que podem ser considerados ancestrais do gênero humano. Assim, durante o mioceno e o início do plioceno, num intervalo de tempo de 18,4 milhões de anos que terminou há 5,3 milhões de anos, diferençaram-se os hominídeos, família de antropoídeos dotada de muitas peculiaridades evolutivas que a caracterizavam dentro de sua ordem. Em 1932 o paleontólogo inglês G. E. Lewis descobriu nas colinas de Siwalik, na Índia, restos de mandíbulas e dentes de um primata que apresentava caracteres evolutivos diferenciadores. O Ramapithecus, nome que lhe foi dado, foi considerado o elo entre os antropóides e os hominídeos evoluídos, mas algumas teorias discordam da afirmação e associam esse gênero à evolução do orangotango. Em 1924, ao ser dinamitada uma pedreira em Taung, na África do Sul, encontrou-se por acaso um pequeno crânio com alguns traços do chimpanzé, embora prevalecessem outras características que apontavam uma clara linha de hominização. Esse fóssil, o Australopithecus africanus, conhecido como Baby Dart, em virtude dos estudos que lhe dedicou o paleontólogo inglês Raymond Arthur Dart, não possuía viseira frontal, própria dos macacos antropóides, tinha uma capacidade craniana de 500cm3 (que, na idade adulta, teriam chegado a 600 ou 700cm3) e uma dentadura com apenas dois caracteres gorilóides, nenhum próprio do chimpanzé e vinte comuns com o homem. Pouco depois, Dart encontrou outros restos adultos semelhantes, com pelve de características 95% humanas, a que deu o nome de Australopithecus prometheus. Achou nas imediações restos de fogo, assim como pedras talhadas esferoidais que indicavam a fabricação de alguns instrumentos. As várias espécies de Australopithecus de que já se encontraram fósseis persuasivos incluem, além de A. africanus, A. robustus, A. boisei e A. afarensis, esta a mais remota já estudada, com cerca de três milhões e meio de anos, e descoberta em 1974. Apesar da aparência simiesca, o Australopithecus, cuja ocorrência alguns situam entre oito e pouco menos de dois milhões de anos atrás, é sem dúvida o mais antigo gênero conhecido de hominídeos. Descobertas posteriores permitiram estabelecer duas ramificações: um mais robusto, vegetariano, que se manteve nas florestas; e outro mais frágil, pequeno e atarracado, bípede, ereto e onívoro, que vivia em terreno aberto e
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relativamente seco. Alguns especialistas atribuem as diferenças de porte à hipótese de serem fósseis de machos e fêmeas, e outros incluem o ramo mais frágil no gênero Homo. Em 1960 descobriram-se em Olduvai Gorge, na Tanzânia, uma Zoologia Geral e Comparada II mandíbula infantil com os parietais, uma clavícula e alguns ossos da mão e do pé, rodeados de objetos de pedra. Embora tais restos estivessem num nível de solo inferior ao de fósseis do Australopithecus robustus, seus traços anatômicos levaram à sua classificação dentro de uma nova espécie, mais evoluída: a do Homo habilis, assim denominado em 1964 por L. S. B. Leakey. Os espécimes mais recentes de H. habilis têm aproximadamente dois milhões de anos. Em consonância com as teorias de Darwin, o naturalista alemão Ernst Haeckel já afirmava que certamente existiria um ser metade macaco (pithecos) e metade homem (anthropos). Em 1891, o cientista holandês Eugène Dubois procurou e achou em Trinil, na ilha de Java, o tipo que denominou Pithecanthropus erectus. Era um ser totalmente bípede, com capacidade craniana de 900 cm3, quase o dobro da de seu ancestral, o Australopithecus, mas com a fronte, as órbitas e as mandíbulas semelhantes às dos macacos antropóides. A antiga denominação, que compreendia também o chamado homem de Pequim, foi substituída pela de H. erectus. Mais tarde se localizaram outros fósseis semelhantes a esse na Europa (homem de Heidelberg) e na África (Atlanthropus). Tais variedades da espécie genericamente H. erectus tiveram, segundo as diversas hipóteses paleontológicas, um período de duração variável, entre 1,6 milhão a 130.000 anos atrás.
[ ] Agora é hora de
TRABALHAR
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Quais os principais grupos que podemos classificar os mamíferos? E qual a principal diferença entre eles? _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________ Ornitorrinco Qual é o animal que tem quatro patas e um bico? Lúcia Helena Salvetti De Cicco É uma verdadeira charada ambulante. Tem quatro patas, um bico e dentes quando é pequeno. É peludo, mas as patas dianteiras são como asas. As traseiras têm esporões venenosos. Bota ovos, choca-os e depois amamenta os filhotes. É o ornitorrinco. Durante um século após sua descoberta, os cientistas quebraram a cabeça pensando em um modo de classificá-lo como um mamífero numa ordem especial, a dos Monotremados. O ornitorrinco vive na Austrália e na Tasmâmia, às margens dos rios e banhados. Tem patas palmadas e por isso é um bom nadador, capaz de ficar debaixo da água por cinco minutos. Dentro
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da água seus olhos e ouvidos fecham. Ele cavoca a lama com seu bico, à procura de comida. O bico não é ósseo, mas coberto por uma membrana sensível. Alimenta-se de girinos, crustáceos, vermes e peixinhos. Embora passe a maior do tempo na água, o ornitorrinco cava sua toca na margem. A fêmea cava uma toca de até 1,80 m de comprimento, onde choca seus ovos. Ela amamenta os filhotes durante quatro meses. Os filhotes têm menos de 2,5 cm ao nascer, e chegam a 30 cm de comprimento antes de serem desmamados.
CARACTERÍRSTICAS: Comprimento do macho: 40 cm, mais 13 cm de cauda. Esporões nas patas traseiras. Período de incubação: 10 dias Ovos: 2 ou 3 de cada vez Maturidade: 1 ano Tempo de Vida: 15 anos http://www.saudeanimal.com.br/curio9.htm
Baseado no texto responda:
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Cite as características do ornitorrinco que permitem classificá-lo como um mamífero. _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________
O que nós, humanos, temos em comum com os outros primatas? _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________
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Durante o desenvolvimento embrionário das aves, o embrião é nutrido graças à grande quantidade de vitelo presente no ovo. Já nos mamíferos o ovo é pobre em vitelo. Como a grande maioria dos embriões de mamíferos consegue obter os nutrientes necessários para seu desenvolvimento? _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________
Explique como e porque os mamíferos formam grupos sociais. _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________
4 Quais as características que diferenciam os humanos dos outros primatas? _______________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________
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Atividade
Zoologia Geral e Comparada II
Orientada
Etapa
1
Coleta de Arthropoda (equipe). Parte I Partindo da grande diversidade de forma que os Arthropda apresentam, realize uma coleta de representantes desse filo, de modo que sejam demonstrados os padrões de cada uma das classes do filo.
Atenção! Sigam as orientações do roteiro de coleta aplicado na disciplina Zoologia Geral e Comparada I
Parte II Realizada a coleta, identificação e fixação dos organismos as equipes deverão montar um quadro comparativo, agrupando os animais de acordo com as seguintes características:
· Divisões do corpo · Número de patas · Número de antenas · Hábito · Habitat (ambiente onde foram coletados) · Classe · Ordem (se possível)
Etapa
2
Elaboração de um Jogo Didático (atividade lúdica) Em equipe, os alunos, nessa etapa, deverão elaborar uma atividade lúdica que envolva a caracterização dos representantes dos seguintes filos e suas respectivas classes:
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· Peixes Ósseos Cartilaginosos · Anfíbios Anuros Caudata
Apoda · Répteis Squamata Crocodilia Chelonia · Aves
É importante que as equipes reúnam, anteriormente, as informações sobre os filos e suas respectivas classes para que durante a atividade orientada seja apenas confeccionado o jogo. Lembrem-se, cada equipe deverá montar um jogo diferente. Algumas sugestões:
Perguntas e respostas (tipo Jogo do milhão) Bingo de animais Dominó Caça palavras Quebra cabeças
É fundamental que essa atividade seja planejada para ser aplicada em turmas de ensino fundamental e médio. É preciso que haja uma adequação a essas realidades educacionais para que os objetivos de caracterizar e identificar os filos sejam alcançados.
Etapa
3
Preservação da fauna brasileira de mamíferos
Usando o texto anexo: Conservação de mamíferos no Brasil, as equipes deverão planejar, apresentar e discutir estratégias voltadas para a conservação de mamíferos da fauna brasileira. Após a leitura do texto e sistematização deste conhecimento elabore uma Campanha Educativa direcionada a preservação da biodiversidade de mamíferos. Lembre-se que esta campanha deverá ser apresentada para a sua comunidade, seja escolar ou extra-classe.
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Zoologia Geral e Comparada II
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Zoologia Geral e Comparada II
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Zoologia Geral e Comparada II
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Zoologia Geral e Comparada II
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Zoologia Geral e Comparada II
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Glossário
Zoologia Geral e Comparada II
BLASTÔMERO: uma das primeiras células formadas pela divisão do ovo. CHARCO: Um charco, ou charca, é uma massa de água de dimensões inferiores à de um lago. CLIVAGEM HOLOBLÁSTICA: a segmentação envolve todo o ovo. COANAS: um funil, especialmente a abertura entre as fossas nasais e a faringe (ou boca). ESTIGMAS: aberturas externas para o sistema traqueal ou respiratório dos insetos. GLÂNDULA UROPIGIAL: glândula que fica perto da cloaca e que produz uma secreção oleosa capaz de tornar as penas impermeáveis. GLÂNDULAS HEDÔNICAS: glândulas que estão presentes nos machos das salamandras e servem para produzir substâncias que atraem as fêmeas durante o período de reprodução. HARÉNS: grupo de fêmeas de uma espécie animal destinada a um único macho. INVÓLUCRO: aquilo que cobre, que envolve; envoltório; cobertura; revestimento. METAMÉRICOS: animais que possuem anéis formando o seu corpo; vermes ou artrópodes. MONOGÂMICA: reprodução que ocorre em algumas espécies de aves onde os machos possuem apenas uma parceira. Exemplo: Jacutinga – ave encontrada na Floresta Atlântica. PALATO DURO: céu da boca; teto da cavidade bucal. PARAPÓDIOS: projeção muscular lateral, provida de muitas cerdas, característica dos poliquetas, classe dos anelídeos. PROTOSTÔMIOS: animais que possuem o tubo digestivo com abertura única QUILHA: modificação do esterno das aves voadoras TELOLECÍTICOS: são ovos nos quais a quantidade de vitelo é tão grande que ocupa quase todo o citoplasma (pólo vegetativo), enquanto que o núcleo ocupa um espaço mínimo na periferia (pólo animal ou disco germinativo). VITELO: substâncias nutritivas (gorduras e outras) armazenadas dentro ou com um ovo para a nutrição do futuro embrião.
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Referências
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Zoologia Geral e Comparada II
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