DICAS DE ESTUDO OLAVO DE CARVALHO
No começo, começo, poucas leituras, leituras, muito bem selecionadas, selecionadas, feitas lentamente, lentamente, de lápis na mão, com um dicionário de flosofa ao lado para rar cada dúvida, e repedas tantas vezes quantas você precise para tornar-se capaz de expor o argumento ainda mais claramente do que o fez o autor. autor . Busque muitos exemplos concretos para para dar maior visibilidade a cada idéia. Depois, aos poucos, vá ampliando o círculo, abrangendo estudos eruditos sobre pontos determinados, até conseguir dominar a histria inteira das discuss!es sobre cada tpico "eia os clássicos, escolhendo livros por tema e seleionando um para uma leitura pro#undada. Decida$se a consagrar a essa leitura alguns meses, como %uem s vesse um livro para ler até o fm da vida. não tema interromper a leitura principal p rincipal para vasculhar outros livros em busca de comparaç!es, voltando &%uela em seguida. A mente humana nunca avana em linha reta! precisa de interrup"es e rodeios. #$o force a aten$o quando ela foge para outro assunto! v% atr%s do assunto que ela sugere, depois volte ao ponto onde estava. ' estava. ' lembre sempre o conselho de (ristteles) a intelig*ncia deve ser e+ercitada com moderação. No começo, não estude mais de duas horas por dia. uando chegar a cinco, será um grande erudito. -á dos clássicos para os modernos e contemporneos, e não ao contrário
/ processo é trabalhoso, mas simples) cumprir as tare#as tradicionais do estudo acad*mico, dominar o trivium , aprender a escrever lendo e imitando os clássicos de tr*s idiomas pelo menos, estudar muito (ristteles, muito 0latão, muito 1omás de (%uino, muito "eibni2, 3chelling e 4usserl, absorver o %uanto possível o legado da universidade alemã e austríaca da primeira metade do século 55, conhecer muito bem a histria
comparada de duas ou tr*s civili2aç!es, absorver os clássicos da teologia e da mísca de pelo menos tr*s religi!es, e então, s então, ler 6ar+, Niet2sche, 7oucault. 3e depois desse regime voc* ainda se impressionar com esses tr*s, é por%ue é burro mesmo e eu nada posso #a2er por voc*. & importante é você n$o estudar por estudar, para 'adquirir cultura( ou seguir carreira universit%ria, mas para encontrar respostas a quest"es determinadas, que tenham import)ncia existencial para você, para sua forma$o de ser humano e n$o s* de estudioso. 8 claro %ue as %uest!es vão se defnindo aos poucos, no curso das leituras mesmas, mas & medida %ue isso acontece elas vão defnindo melhor o rumo dos estudos. ' é essencial %ue, na nsia de ler, voc* não dei+e sua acumulação de conhecimento ultrapassar o seu nível de autoconsci*ncia, de maturidade, de responsabilidade pessoal em todos os domínios da vida. #ada mais di+cil do que aliar a intensidade do esforo connuo longa espera de resultados incertos. ontra o desespero em tais circunst)ncias, o /nico remédio est% na f*rmula de 0oethe! '1 urgente ter paciência.( uando ler os clássicos, use tudo, absolutamente tudo o %ue vier a aprender com eles como instrumento analíco para a compreensão do presente, incluída nisso a sua prpria vida pessoal. ual%uer %ue se9a a %uestão em estudo, bus%ue atender a tr*s condiç!es! 234 a abrangência m%xima da informa$o b%sica, 254 o conhecimento do status quaesonis 26% explico4 e 274 a variedade das perspecvas. ( abrang*ncia da in#ormação obtém$se trocando a absorção casual pela pes%uisa sistemáca das #ontes. :ma lista bibliográfca o mais completa possível é o melhor começo em %ual%uer invesgação. 3e voc* souber somente os ;tulos e datas dos livros publicados sobre determinado assunto, 9á terá uma visão inicial bem apropriada do problema antes mesmo de ler o primeiro deles. Não se perca, porém, na muldão de trabalhos acad*micos atuais, a maioria deles produ2ida s por e+ig*ncia administrava ou carreirismo.
#acilitará a seleção das mais recentes. / status %uaesonis, =estado da %uestão> é a evolução dos debates sobre um determinado ponto desde a origem da discussão até ho9e. / conhecimento do status %uaesonis disngue o erudito profssional do palpiteiro amador. ?1odos os pro#essores universitários %ue conheço no @rasil, com e+ceç!es %ue não chegam a meia dú2ia, são palpiteiros amadores. ( variedade das perspecvas consiste na habilidade de pensar um problema e+atamente como o pensaram os diversos autores %ue trataram dele. Asso e+ige algo mais %ue leitura inteligente. '+ige a capacidade de voc* se idenfcar imaginavamente com a visão de cada um en%uanto a está estudando, sem se preocupar em 9ulgá$la ou contestá$la, mas sabendo %ue mais cedo ou mais tarde ela será 9ulgada e contestada automacamente %uando voc* passar & leitura de outros autores. Dei+e %ue a discussão, na sua mente, vá se montando so2inha, aos poucos, com os vários materiais contraditrios %ue voc* colhe das leituras. No momento em %ue a acumulação de material chegar a abranger o campo inteiro do status %uaesonis, voc* terá uma e+peri*ncia intelectual maravilhosa) %uando os vários ngulos pelos %uais voc* en+erga um problema não reBetem apenas a sua imaginação, mas tudo a%uilo %ue de melhor e mais inteligente se escreveu a respeito ao longo dos tempos, as conclus!es a %ue voc* chega 9á não são meras opini!es pessoais C elas 9á são conhecimento em sendo pleno. Asso não %uer di2er %ue voc* descobriu =a verdade>, é claro, mas signifca %ue se apro+imou dela tanto %uanto possível & parte mais dedicada e mais séria da humanidade. 3eu hori2onte 9á não será o da sub9evidade individual, será o do conhecimento humano. -oc* talve2 ainda se9a um anão. 6as 9á estará sentado sobre os ombros de gigantes. 8e sei, sei que sei. 8e n$o sei, sei que n$o sei. 9sto é tudo. 8aber que sabe é saber: saber que n$o sabe é também saber.