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Principios e Valores Visão Estratégia Estrutura
Onde estamos? O que vemos? Aonde queremos chegar? 10 Mandamentos da Implementação
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Principios e Valores Visão Estratégia Estrutura
Onde estamos? O que vemos? Aonde queremos chegar? 10 Mandamentos da Implementação
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“Aigrejaéo “Aigrejaéopovopere povoperegrinode grinodeDeus.Elaestáemmo Deus.Elaestáemmovime vimento,corre nto,correndopara ndopara oscantosdaterraparaimplorarquetodososhomenssereconciliemcomDeus, correndoparaofinaldostemposparaencontraroseuSenhorquereuniráa todos...”(Leslie todos...”(Leslie Newbigin)1
A leitura do livro de Atos dos Apóstolos nos leva de volta a nossa história como Igreja. Tudo o que aconteceu no primeiro e no segundo capítulos de Atos foi o resultado de um grande mover de Deus e do relacionamento relacionamento discipulador desenvolvido entre Jesus e seus discípulos. Ele havia sido muito claro em suas últimas instruções (At. 1.1-11). Cerca de 120 discípulos, unânimes em oração, aguardavam em Jerusalém o cumprimento da promessa da chegada do Espírito Santo. Cinquenta dias depois da Pascoa, na festa de Pentecostes, a promessa do Consolador se tornou realidade. A cidade estava cheia de homens vindos de diversos lugares para celebrar a festa. De repente, um som como de um vento muito forte encheu a casa onde os discípulos estavam reunidos para orar e foram cheios do Espírito Santo. Então, começaram a falar em línguas diferentes da sua. Os estrangeiros que ali estavam ficaram assustados ao ouvir aqueles cristãos em seus próprios idiomas. Alguns sem entender até mesmo zombaram, dizendo que eles deviam estar embriagados (At. 2.13). Mas Pedro, pondo-se de pé, fez calar a multidão e começou a dar testemunho de que aquilo era o cumprimento do que havia sido predito pelo profeta Joel (Jl 2.28-32). Ele foi enfático ao apresentar Jesus como aquele cuja vinda fora profetizada. O tom evangelístico da pregação de Pedro é claramente demonstrado demonstrado no verso 21: “E acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”. O apóstolo ainda ressaltou que, mesmo tendo sido morto pelos homens, Jesus ressuscitou ao terceiro dia, de forma que Deus o fez Senhor e Cristo (2.36). Quando indagado pelos seus ouvintes sobre o que deveriam fazer, Pedro respondeu: “Arrependei-vos,ecadaumde “Arrependei-vos,ecadaumdevóssejabatizadoem vóssejabatizadoemnomedeJesus nomedeJesus Cristo,paraoperdãodevossospecados;erecebereisodomdoEspíritoSanto” (2.38). (2.38). A igreja experimentou um crescimento explosivo naquele dia, passando para quase três mil. Os novos discípulos, cheios do Espírito, começaram a viver os ensinos de Jesus, como nos mostra o restante do capítulo. Aconteceu ali um verdadeiro v erdadeiro movimento movimento de multiplicação. O que começou com André agora crescia exponencialmente. exponencialmente. André sempre levava pessoas a Jesus, como fez com seu irmão Simão Pedro (Jo 1.40-42). Em outra ocasião, também ajudou os gregos que gostariam de ver Jesus (Jo 12.21). Agora, já vemos Pedro levando outros a Jesus. Assim era o estilo de vida desses irmãos, com lemos em Atos 2.42-47:
1 John Stott citando o bispo
Leslie Newbigin, The Household of God (A Casa de Deus) em seu comentário do seu livro A Mensagem de Atos - STOTT. John R. H. AMensagemdeAtos H. AMensagemdeAtos.. São Paulo: ABU Editora, 1994. p. 43.
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“Eelesperseveravamnoensinodosapóstolosenacomunhão,nopartirdopão enasorações.Emcadaumhaviatemor,emuitossinaisefeitosextraordinários eramrealizadospelosapóstolos.Todososquecriamestavamunidosetinham tudoemcomum.Vendiamsuaspropriedadesebens,eosrepartiamcomtodos, segundoanecessidadedecadaum.Eperseverandodecomumacordotodos os dias no templo, e partindo o pão em casa, comiam com alegria e simplicidadedecoração,louvandoaDeusecontandocomofavordetodoo povo.EoSenhorlhesacrescentavaacadadiaosqueiamsendosalvos” .
O livro de Atos nos mostra vários princípios colocados em prática pela igreja neotestamentária, revelando a ação do próprio Deus por intermédio de seu povo. O fruto dessa ação foi uma grande multiplicação de discípulos e igrejas, os quais se reproduziam, fazendo novos discípulos e plantando novas igrejas. Em cerca de 15 anos, os discípulos de Jesus foram espalhados por grande parte do mundo conhecido da época. O fenômeno do Pentecostes inaugurou essa grande colheita para as nações! O Espírito Santo teve um papel fundamental na fundação e expansão da igreja de Cristo 2. Aqueles irmãos colocaram a Grande Comissão como prioridade de vida. A sua paixão era cumprir esse chamado. Por isso, estavam todos os dias no templo e de casa em casa (At 5.42). A perseverança no ensino, no cuidado uns dos outros, na comunhão e no partir do pão era algo visto por todos, inclusive pelos de fora. Os cristãos tinham um coração cheio de temor ao Senhor e muitos sinais e prodígios eram realizados. Eles viviam com muita alegria e simplicidade de coração. Como resultado dessa forma de viver, a igreja caiu na graça de todo o povo e muitos eram alcançados pelo poder do evangelho. Não existia um método, ou pelo menos não estavam preocupados com tal coisa. Eram cristãos vivendo naturalmente os ensinamentos de Cristo Jesus por onde quer que andavam. Jesus encarregou um pequeno grupo de onze homens para executar a maior tarefa de todos os tempos: levar o evangelho a todas as nações (Mateus 28.18-20). Ao observarmos suas histórias, notamos que eles não eram homens importantes nem tinham muito conhecimento, tampouco tinham pessoas poderosas por detrás deles. Eram pessoas comum, sem qualquer reconhecimento. Contudo, não olharam para as dificuldades. Eles apenas obedeceram à ordem do Mestre. Entenderam o que Jesus tinha dito em João 4.35: “Levantaiosolhosevedeoscamposjáestãoprontosparaacolheita” . Eles tornaram a Grande Comissão uma realidade e a multiplicação de discípulos e igrejas um propósito de vida. Não pensavam em outra coisa senão cumprir esse chamado. Diante disso, paramos e nos perguntamos: em pleno século XXI, temos em nosso estilo de vida os princípios e valores retratados no livro de Atos? Tudo bem que o nosso contexto é bem diferente daquele do primeiro século. Porém, não é verdade que os princípios da Palavra de Deus permanecem para sempre? Eles não são imutáveis. Então, tudo será uma questão de decidirmos viver ou não em 2 Earle
E. Cairns comenta o grande avanço do Cristianismos no império até o ano 100. Segundo ele, a razão desse avanço foi a atuação do Espírito Santo na igreja primitiva, em cumprimento às palavras de Jesus em João 14.16-18, 15.26-17 e 16.7-15. O autor mostra que os assuntos principais de Atos são a pregação dos apóstolos sobre o Cristo crucificado e ressurreto e o papel do Espírito Santo como capacitador e guia da igreja cristã a partir do Pentecostes - CAIRNES, Earle E. OCristianismoAtravésdosSéculos– UmahistóriadaIgreja Cristã. São Paulo: Vida Nova. 3ª Edição revisada e ampliada, 2013. p. 48 e 49. 4
conformidade com tais princípios. Nós podemos hoje experimentar uma grande multiplicação de discípulos e igrejas. Mas isso dependerá da nossa disposição em obedecer à Palavra de Deus e de sermos cheios do Espírito Santo. Queremos chamar a sua atenção sobre a importância de resgatarmos os princípios e valores bíblicos das igrejas neotestamentárias que foram perdidos ou que, no mínimo, estão adormecidos na maioria de nossas comunidades de fé. Precisamos urgentemente desse retorno à prática neotestamentária, voltar a ter o “fazerdiscípulos” como estilo de vida de todos os crentes. É tempo de voltarmos ao primeiro amor. Nunca podemos esquecer que somos chamados para abençoar as pessoas ao nosso lado, nossa cidade, nosso país e até as nações, como diz Christopher J. H. Wright em seu livro “ AmissãodopovodeDeus:umateologiabíblicadamissãodaigreja”: “OpovodeDeuséumpovodebençãoparaasnações.Naverdade,afirmaPaulo, essa é a boa-nova, o evangelho (Gl 3.8). Abençoar as nações é a missão declaradadeDeus.Époressarazãoqueelechamaseupovoàexistência,para seroveículodamissãodoSenhornomundohistóricodasnações.3” Ser benção a partir de onde estamos para alcançar as nações por meio de um grande movimento de multiplicação de discípulos é o grande objetivo da visão de Igreja Multiplicadora. Assim como, o objetivo deste livro em particular é promover uma reflexão sobre os princípios e as práticas das primeiras comunidades cristãs, especialmente em seu estilo de vida voltado para os relacionamentos de mutualidade vivenciados um a um e em pequenos grupos, e lançar um desafio no sentido de resgatá-los para o tempo presente à luz da nossa história como Batistas. Nas últimas décadas, nós, Batistas brasileiros, temos sidos despertados a esse retorno por meio de diversas publicações da Junta de Educação Religiosa e Publicações (JUERP). Duas delas foram escritas por Waylon B. Moore: Integração Segundo o Novo Testamento (1976) e Multiplicando Discípulos: O método neotestamentários para o crescimento da igreja (1983), as quais mostram a grande importância de um discipulado que envolva o cuidado mais efetivo, vivenciado um a um, com ênfase relacional: “Oslídereseclesiásticos,portodaparte,estãocomeçandoaperceberovasto potencialqueexistenaabordagemfeitaapequenosgrupos,eespecialmenteno discipuladoumaum,paraconseguiramultiplicaçãoefetiva” 4. “Odiscipuladononívelpessoal,umaum,éamaneiramaisrápidaqueconheço parasedesenvolverlíderesespirituaisquepodemmultiplicaroutrosdiscípulos” 5.
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WRIGHT, Christopher J. H. AmissãodopovodeDeus:umateologiabíblicada missãodaigreja. Tradução Waléria Coicev. São Paulo: Vida Nova: Instituto Betel Brasileiro, 2012. p. 98. 4 MOORE, Waylon B. MultiplicandoDiscípulos:OmétodoneotestamentáriosparaoCrescimentodaIgreja. Rio de Janeiro: JUERP, 1983. p. 5. 5 MOORE, Waylon B. MultiplicandoDiscípulos:OmétodoneotestamentáriosparaoCrescimentodaIgreja. Rio de Janeiro: JUERP, 1983. p. 135. 5
Cecil G. Osborne também era defensor dessa forma bíblica de ser igreja, como ensina em seu livro “A Arte de Conhecer a Si Mesmo” (1977), também da JUERP: “Aideiadegrupopequenoéumadasforçasespirituaismaisdinâmicasdoséculo vinte...Sobváriosnomes,pequenosgrupossãoformadoscomgranderapidez, emigrejas edenominações. Homens e mulheresestãoredescobrindo que os serviçoseatividadesrotineirasdaigrejalocalnãotrazemmotivaçãosuficiente paraocrescimentoespiritualsignificativo” 6. Quando falamos deste cuidado efetivo, esses e outros autores foram influenciados pelo Movimento dos Navegadores (The Navigators - www.navigators.org), que teve início na década de 30 por Dawson Trotman. O objetivo desse movimento era espalhar as boas novas de Cristo por meio de relacionamentos intencionais que capacitassem os novos discípulos à multiplicação. O fundamento era a palavra de Paulo em 2ª Timóteo 2.2: “ Oqueouvistedemim,diantedemuitastestemunhas, transmiteahomensfiéiseaptosparatambémensinaremaoutros”. Esse movimento teve como base o cuidado individual modelado por Barnabé para com Paulo e por este para com Timóteo, Tito e tantos outros. O Movimento do Navegadores enfatizava a importância de passarmos horas com novos crentes, individualmente e em pequenos grupos. Eles estudavam a Bíblia, oravam, encorajavam, aconselhavam e ensinavam os novos passos da caminhada cristã. Muitas vezes encontramos em seus escritos a expressão “vida na vida”. Esse movimento influenciou muitos Batistas americanos e chegou até nós aqui no Brasil ainda na década de 70. Segundo mencionado na história dos Navegadores, Billy Graham convidou Dawson Trotman para ajudálo a capacitar discipuladores para atender aos milhares de pessoas alcançadas pelas suas cruzadas evangelísticas 7. Durante esse tempo, tornaram-se amigos próximos, a ponto de Billy Graham ser o pregador em seu funeral, em 1956, quando testemunhou: “ C reioqueeletocou maisvidasdoquequalqueroutrapessoaquejáconheci.Nóshojerepresentamosmilharesde pessoastocadasporessegrandehomem” 8. Isso serve para mostrar que os Batistas brasileiros têm se esforçado há pelo menos quatro décadas para trazer de volta a suas igrejas os princípios do discipulado relacional e do cuidado mútuo entre os irmãos em pequenos grupos. A v isão de Igreja Multiplicadora, e este livro em particular, não é uma formulação de última hora para acompanhar tendências. É um chamado para assumirmos de uma vez por todas aquilo que, como batistas brasileiros, temos praticado muito timidamente ao longo de todos esses anos. Precisamos resgatar em nossa história aquele sentimento de inconformismo com a falta de multiplicação de discípulos, como bem nos alertou a querida irmã Cathryn Smith no Manual da Escola 6 OSBORNE, Cecil G. AArtedeCompreenderaSiMesmo. Rio
de Janeiro: JUERP. 7ª Edição, 1991. p. 17. mais sobre os navegadores visitando o site do Movimento dos Navegadores e conheça está bela história fé, onde o investimento em homens com o objetivo de leva-los a um crescimento espiritual e a multiplicação é algo impressionante. Vale a pena conferir. http://www.navigators.org/About-Us/History, em inglês. 8 EARLY, Dave. TransformandoMembrosemLíderes. CURITIBA: MIC, 2013. p.15. 7 Conheça
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Bíblica (1986): “Quando uma igreja se satisfaz com os membros que tem e aqueles que espontaneamenteseapresentam,nãoseinteressandoemalcançarasmultidões,eladeixadecumprir integralmente a sua missão como igreja” 9. Chegou o momento de vivermos esse grande movimento como denominação. Deus continua agindo em nosso meio para fazer isso acontecer, pois Ele é o mesmo “ontem, hoje e ternamente” (Hb 13.8) . Você aceita este desafio? Vamos percorrer juntos esse caminho de retorno? Para isso, queremos compartilhar nas páginas a seguir o caminho que devemos percorrer para fazermos da Grande Comissão o nosso foco para a vida como igreja.
9 SMITH, Cathryn.
ManualdaEscolaBíblicaDominical . 5. ed. Rio de Janeiro: JUERP, 1983, p. 14. 7
“Penso ser fundamental voltarmos a dois componentes estratégicos da tradiçãoBatistahojeesquecidosepulverizados:afunçãodaigrejaéadorara Deuseamissãodaigrejaéfazerdiscípulos.Omaisésubproduto...” (Josué Salgado)10
A pergunta “por quê?” é um bom ponto de partida para a nossa conversa. Por que precisamos retornar aos princípios e valores do Novo Testamento? Será se realmente os perdemos ao longo dos anos? Qual é a razão de sermos convidados a tal avaliação? Por que precisamos refazer algumas perguntas básicas sobre a missão da igreja ou até mesmo sobre o que é ser igreja? Não basta rediscutirmos oque fazemos? Por que precisamos mergulhar na profundidade do porque fazemos o que fazemos? Não é mais fácil continuar como estamos? O que estamos vivendo não está satisfatório? Com certeza, essas são perguntas intrigantes e que nem sempre gostamos de encarar. Elas exigem coragem para sujeitar a nossa visão à crítica e, mais ainda, para ajustarmos o nosso foco, quando necessário. A pergunta “por que estamos realizando isto ou aquilo?” nos apresenta duas possibilidades: a renovação da confiança para perseverarmos no que estamos fazendo ou a correção de rumo na direção certa. A nossa vida e o nosso ministério não devem se limitar a um ciclo de repetições sem reflexão. É fundamental que compreendamos bem a razão do que estamos fazendo. Muitos líderes fazem algum tipo de reavaliação uma vez ou outra, mas dificilmente ao nível dos porquês. Limitam-se às questões do tipo: Quais são os melhores métodos para este tempo? Quais as estratégias mais eficientes? Ou seja, permanecem na superfície do “o que” e do “como” , e não alcançam a profundidade das reais motivações à luz dos princípios bíblicos que nos norteiam. Por isso, não é suficiente ficarmos atentos às novidades em relação a métodos e estratégias para crescimento de igreja. Precisamos retornar aos princípios bíblicos, identificá-los, estudá-los, vivê-los e ensiná-los; enfim, contar com a direção do Espírito Santo quanto à forma com que será dada vazão a esses princípios em nossas igrejas, em nossos contextos. Não podemos afirmar que métodos e estratégias não sejam válidos. Como bem colocado por Vergil Gerber, “ métodose estratégias (...)emborasumamenteimportantes,nãosãoprodutivosem todasascondições” 11. Também não é descartada a grande ajuda que podemos obter por meio de aprender com as experiências daqueles que tentaram antes de nós. Contudo, existe um risco em simplesmente importarmos metodologias na esperança de que também funcionem em nossa realidade: o de trocarmos uma atividade por outra e, sem um propósito definido biblicamente, continuarmos presos a um ciclo sem fim de deslumbramentos e decepções com as novas estratégias que surgem o tempo todo ao nosso redor. Começar algo novo sem saber por que é um atalho perigoso. 10 Trecho
da apresentação do Pr. Josué Salgado ao livro Igreja Multiplicadora: 5 Princípios Bíblicos para o Crescimento organizado pelo Pr. Fernando Brandão publicado pela Editora Convicção e Missoes Nacionais em Janeiro de 2014. 11 GERBER, Vergil. FaçasuaIgrejaCrescer . São Paulo: Vida Nova, 1975. p.21. 8
Basicamente, porque os princípios são a base teológica que sustenta e dá sentido a tudo o que fazemos. Princípios respondem às perguntas “por quê?”. Tudo começa com eles. Os métodos são os meios pelos quais os princípios são liberados na vida da igreja. Os princípios, por serem extraídos da Palavra de Deus são imutáveis, estão disponíveis a todas as igrejas do mundo e em todas as eras, bastando que se tenha a Bíblia em mãos. As metodologias existem em tal quantidade quanto são os contextos em que as igrejas estão inseridas geograficamente e ao longo da história. Infelizmente, nossa inclinação ao pragmatismo muitas vezes nos leva a preferir fórmulas prontas a estudar as Escrituras e construir nossas próprias formas de aplicação dos princípios encontrados ali. Porém, a verdade é que geralmente gastamos muito mais tempo e energia nessa “pesquisa de mercado” e na experimentação de metodologias prontas do que seria necessário para o exame e a prática dos princípios que saltam do Novo Testamento. Além disso, é impossível que um determinado método, desenvolvido por uma igreja para um cenário e um tempo específicos, seja adequado para todos os contextos. Ao olharmos o Brasil, com suas dimensões continentais e tamanha diversidade social, econômica e cultural, como pensar em uma estratégia única que seja padrão para todo o país? Impossível. Nas próprias igrejas da nossa Convenção Batista Brasileira, embora mantenhamos uma identidade doutrinária, já conseguimos visualizar diversas formas de ser igreja! Preservamos nossos princípios, os quais conferem nosso sentido de unidade, mas cada igreja local é autônoma para decidir por si mesma como irá vivenciar esses princípios. Precisamos ressaltar os princípios e confiar que o Espírito dirige as igrejas. Precisamos nos voltar mais uma vez à Palavra de Deus, olharmos para tudo o que ocorreu nas igrejas no Novo Testamento e resgatarmos as verdades que encontramos ali, sabendo que são imutáveis e podem ser aplicadas em qualquer realidade. Por isso, enfatizamos que a Visão de Igreja Multiplicadora não é um método, mas o resgate de princípios e valores bíblicos que podem ser vivenciados em qualquer tempo e lugar. Cristão responsáveis, que se multiplicam, que entregaram suas vidas ao inteiro comando de Cristo, e em seus corações pulsa o deseja de levar outros a fazerem o mesmo; isso sim é uma igreja multiplicadora. No Manual de Crescimento de Igreja (1989), o Dr. Ruan Carlos Miranda nos mostra que o crescimento da igreja é fruto de um movimento espiritual em que características bíblicas que foram esquecidas são vivenciadas pelos discípulos de Jesus. E a primeira delas é a obediência. Se os discípulos de Jesus não crescerem em obediência de maneira nenhuma haverá expansão do Reino de Deus. A obediência está totalmente relacionada ao senhorio de Cristo. É muito mais que do uma declaração verbal; é um estilo de vida de produção de frutos que glorificam a Deus. É ser verdadeiramente um embaixador de Cristo levando a mensagem de salvação. “Senãoháobediência,nãohácrescimento” 12. O ide é algo que deve acontecer todos os dias à medida que vamos caminhado diariamente. Como afirma Christopher J. H. Wright falando sobre o cumprimento da Grande Comissão: “ Épreciso reconhecerqueaprimeirapalavranãoéumaordememsi,masumparticípio:“Namedidaemque 12 MIRANDA,
Ruan Carlos. ManualdeCrescimentodeIgreja. São Paulo: Vida Nova, 1989. p. 22. No Manual de Crescimento de Igreja o Dr. Ruan Carlos Miranda apresenta a obediência como um fator primordial para o crescimento da igreja local. Ele mostra claramente a relação lógica entre a obediência dos servos de Jesus em cumprir a missão e o crescimento e a expansão da igreja. 9
vocêsvão...”.Éclaroque,seasnaçõestivessemqueserdiscipuladas,osdiscípulosteriamqueiraté elas;portanto,podemosdetectar,comcerteza,naprimeiraordemdeDeusaAbraão,umprenúncio dadinâmicaquefinalmenteexplodirianaforçacentrífugamissionáriado“indo”atéaosconfinsda terra.”13 Atualmente tem se falado muito em métodos para crescimento de igreja, os quais dão uma grande ênfase na mudança de estrutura, na substituição de certos programas e ministérios e na reprodução em massa de estratégias ditas mais eficientes. Muitos desses modelos propõem uma simples cópia de uma experiência de sucesso, com a imitação de suas estruturas, programas e ministérios. No entanto, o que tem transformado vidas são os princípios e valores bíblicos atendidos pelas estratégias que compõem esses modelos e não a mera repetição dos modelos em si. Cremos firmemente que de nada adianta mudar a estrutura da igreja se não houver primeiro uma mudança de princípios e valores. Fazer discípulos é um estilo de vida em que buscamos todos os dias e em todos os lugares aproveitar as oportunidades para tornar o nome de Cristo conhecido e trazer para perto de nós todos que se disponham a segui-lo. Vale aqui uma breve distinção entre princípios e valores. Princípios são aquilo que é mais fundamental, aquilo que serve para nos nortear, como oração, evangelização discipuladora, formação de líderes, plantação de igrejas e compaixão e graça. Valores são verdades também imutáveis, mas que se desdobram dos princípios. Por exemplo, o princípio é a oração e o valor é que a oração deve ser sem cessar. Ainda, o princípio é a evangelização discipuladora e o valor é o cuidado pessoal, a mutualidade, que estão embutidos nesse princípio. Então, quando você se deparar com a expressão “princípios e valores”, lembre-se de que estamos falando de verdades bíblicas eternas fundamentais que devem ser vivenciadas pelos discípulos de Jesus.
A fonte de autoridade para a visão de Igreja Multiplicadora não é a experiência, nem a nossa tradição ou tradicionalismo, tampouco a razão. É a Escritura. Vamos compreender isso mais detalhadamente. A visão de Igreja Multiplicadora não está baseada na experiência. Grande parte das literaturas atuais sobre crescimento de igreja retrata casos de crescimento expressivo. Por meio delas, o leitor é inspirado a tornar a experiência de alguém a sua própria. Seria mais ou menos a ideia de transplantar um modelo bem sucedido para uma igreja que ainda não deslanchou. George Barna, em seu livro Igrejas Amigáveis e Acolhedoras, diz algo muito importante sobre essa prática:
“Aimitação, conformeafirma oditado popular,pode ser mais sincera lisonja, porém,dentrodocontextodecrescimentoeclesiástico,aimitaçãoéaveredamais
13
WRIGHT, Christopher J. H. AmissãodopovodeDeus:umateologiabíblicadamissãodaigreja. Tradução Waléria Coicev. São Paulo: Vida Nova: Instituto Betel Brasileiro, 2012. p. 94. 10
rápidaparaacondenação.Ministérioporimitaçãoquaseinvariavelmenteresulta deterioração,enãocrescimento” 14.
Nunca esqueçamos que o nosso Deus opera na sua multiforme (e não uniforme) graça. Em sua primeira epístola, capítulo 4, verso 10, Pedro afirma: “ Serviunsaosoutrosconformeodomquecada umrecebeu,comobonsadministradoresdamultiformegraçadeDeus” . Nessa passagem, a Palavra revela claramente que o nosso Deus tem maneiras diferentes de agir. Ele quer nos ensinar particularmente como espera que coloquemos a Sua vontade em prática onde estamos. Quando olhamos apenas para a experiência, relacionamos a benção de Deus aos métodos em si. Porém, muitas vezes nos deparamos com métodos que deram muito certo em um determinado contexto e foram um desastre em outro. Sem dúvida alguma, exemplos de sucesso nos motivam e ensinam, mas não podem ser o fundamento da nossa vida cristã e do nosso ministério. A fonte de autoridade da visão de Igreja Multiplicadora também não é a tradição ou o tradicionalismo. Há uma diferença entre as duas coisas. Como bem lembrado pelo Pr. Oswaldo Jacob em seu artigo “Tradição ou Tradicionalismo”, valendo-se de citação de Jaroslav Pelikan, “ t radicionalismo é a fé morta dos que vivem na fé viva dos que morreram” 15. Já a tradição é a transmissão de nossas doutrinas e práticas biblicamente sadias para as próximas gerações. O tradicionalismo é a simples repetição irrefletida de métodos e programas sob o pretexto de que “sempre foi assim”. A tradição é boa, mas até ela está sujeita à reanálise de tempos em tempos. Se investigarmos bem, veremos que muitos métodos que defendemos hoje por simples tradição foram concebidos a partir da contextualização adequada para o momento dos exatos princípios bíblicos que hoje queremos trazer de volta à tona. “ Apesardoesforçoconjuntodenossoslíderes,osprogramasdenossa igreja,comfrequência,tambémsetornamumhábitocomopassardosanos,semforçaparapenetrar navidadaspessoassentadasnosbancos.Continuamoscomasmesmasnormasemétodosapenas porque funcionaramno passado, com aexpectativade que continuem asurtirefeitonofuturo.” 16 Muitas vezes ficamos com medo só de falar em mudanças, pois “não podemos perder nossa tradição”. O que não percebemos é que, quando dizemos isso, às vezes estamos nos referindo não a verdades bíblicas imutáveis, mas a formas e métodos criados pelos nossos antepassados e que serviram bem há algum tempo e que hoje podem e devem ser reavaliados. Mas os princípios e os valores permanecem. Em todas as épocas, o mais importante sempre foram esses princípios e valores, e não propriamente a forma com que eles se materializavam. Se pararmos para pensar, veremos que por trás de todos os métodos que frutificaram no passado havia um ou mais princípios bíblicos que lhes
14 BARNA,
George. IgrejasAmigáveiseAcolhedoras. São Paulo: Abba Press, 1995. p. 16.
15 Vale a pena você investir um tempo lendo todo o artigo escrito pelo Pr. Osvaldo Jacob - Tradição ou Tradicionalismo. Ele está postado
no seguinte endereço: http://www.prazerdapalavra.com.br/colunistas/oswaldo-jacob/4018-tradicao-ou-tradicionalismo-oswaldo jacob 16 HORRELL, John Scott. AessênciadaIgreja:fundamentosdoNovoTestamentoparaaIgrejacontemporânea. São Paulo: Hagnos, 2006. p.15.
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davam sustentação. Fico pensando que os mesmos homens de Deus que no passado buscaram na Palavra os “porquês” (princípios bíblicos) e depois formularam os “como” (métodos e estratégias), se vivos hoje preservariam os mesmos “porquês” e investigariam novas formas de aplicação desses princípios ao tempo presente. Se queremos tê-los como referência, devemos, como eles fizeram, responder biblicamente aos desafios de nossa própria época. Todas as vezes que valorizamos mais os métodos do que os princípios por trás dos métodos, estamos, na realidade, valorizando mais o tradicionalismo do que a nossa verdadeira história. Peçamos a Ele sabedoria para desenvolver as estratégias mais apropriadas para a prática dos princípios neotestamentários neste tempo. Outro fator que contribui para a nossa recusa em refletir sobre a multiplicação de discípulos e igrejas é a associação indevida com certas propostas por nós rejeitadas. Apenas um exemplo disso: os grupos pequenos. Muitas pessoas logo confundem essa prática encontrada no livro de Atos com determinados movimentos recentes e de doutrina duvidosa. É como se recusássemos a cédula verdadeira só porque existe a falsificada. O problema é que durante muitos anos nós vivemos só de discernir a cédula falsa e comentar sobre o prejuízo que ela nos causou. Aos poucos, até esquecemos que existe a verdadeira, lá guardada em nosso baú. Até hoje olhamos com suspeita para pequenos grupos nas casas. Some-se a isso o fato de que historicamente centralizamos as nossas atividades no templo, de modo que temos muita dificuldade de pensar uma maneira diferente de vivermos como igreja. O resultado é que o valor dos relacionamentos de mutualidade em pequenos grupos tem significado pouco mais do que letras impressas nas páginas do Novo Testamento. Sepultamos um princípio que é bíblico debaixo de sete palmos de tradicionalismo. A razão também não é base para visão de Igreja Multiplicadora. Vivemos em um tempo onde impera o pragmatismo, que é uma filosofia nascida no final do Século XIX nos Estados Unidos pela qual o que valida um método são os seus resultados. Muitos pensam: “Porque alguém fez algo e deu certo, então eu irei copiar que dará certo também”. Mas nem tudo que “dá certo” é biblicamente certo. Muitas pessoas querem validar suas ações a partir do atingimento de um objetivo. Parece o famoso “os fins justificam os meios”. Pelo pragmatismo, o que importa não é oque fazemos nem porque estamos fazendo, e sim os resultados. Infelizmente, esse pensamento está presente em muitas vertentes de crescimento de igreja, inclusive no Brasil. Para quem pensa assim, a fundamentação bíblica é o menos importante. O que vale mesmo é o crescimento a qualquer preço. Augustus Nicodemos, falando sobre a grande influência desse assunto em solo brasileiro nos diz: “O pragmatismo tem penetrado profundamente nas igrejas evangélicas, produzindo um estrago tremendo. Mas será que devemos ser pragmáticos enquantocristãos? Vamosusar certas coisas nocultoe navida cristãapenas porqueelas“funcionam”?Ouvamosusarporquesãobíblicas?Opragmatismo abre o caminho para outroserrose nosfará pensarque osfins justificamos meios” 17 . 17 LOPES, Augusto Nicodemos.
OquevocêprecisaSabersobrebatalhaEspiritual. São Paulo: Mundo Cristão. 5ª Edição aumentada e
revisada, 2012. p. 49. 12
O anseio de ser líderes de uma mega-igreja e administrar uma grande estrutura, tem levado muitos pastores a trilhar caminhos que não são bíblicos, produzindo, como disse Barna, deteriorização e não crescimento. Uma amostra disso é tratar a obra de Deus somente do ponto de vista científico ou técnico, esquecendo que é Deus quem dá o crescimento. Sem dúvida, planejamento estratégico, gestão, marketing, estatísticas e gráficos podem ser ferramentas úteis, mas jamais devem se sobrepor à ação do Espírito Santo. Um crescimento numérico não gerado pelo Espírito estará longe de ser uma real multiplicação de discípulos. Temos que tomar cuidado para que o pragmatismo não nos leve a buscar crentes clientes, que procuram apenas satisfação pessoal sem o compromisso do verdadeiro discipulado. O que está em pauta é olharmos para o Novo Testamento e adotarmos em nosso viver diário os princípios ali encontrados. É muito mais que termos um programa de oração: é termos uma vida de oração. É fazermos discípulos intencionalmente. É resgatarmos a plantação intencional de igrejas locais. É formarmos líderes que se multipliquem. É sermos socialmente relevantes. Por isso, reafirmamos que a base de autoridade para a Igreja Multiplicadora é a Palavra de Deus, pois tudo isso era vivido pela igreja primitiva. Precisamos urgentemente retornar a esses princípios, porque sermos bíblicos não é só uma questão de termos as doutrinas corretas, mas de termos as práticas corretas. Infelizmente, temos muitas e formas e prática dentro de nossas igrejas locais que não se assemelham com as da igreja do Novo Testamento. John Scott Horrell nos chama a atenção para esse fato:
“ Dizemos,comocristãos,queaBíblia,emespecial,oNovoTestamento,éo fundamentodenossaféedenossapráticanasigrejaslocais.Contudo,nossa herançaeclesiológica,comoconduzimosaigrejacomtodasnossastradiçõese estruturas,revelaumamisturadepráticas,algumasdasquaisencontram-se,de maneiraconsiderável,foradodomíniodoNovoTestamento” 18. Ao termos a Palavra de Deus como única regra de fé e prática e as igrejas neotestamentárias como modelo, precisamos fazer da Grande Comissão a nossa mais alta prioridade, multiplicar discípulos e igrejas onde quer que estejamos. Não por causa da experiência que deu certo em outro lugar. Não por causa da tradição ou do tradicionalismo. Não por causa da razão ou somente para ver a igreja crescer. Mas porque é bíblico!
18 HORRELL,
John Scott. AessênciadaIgreja:fundamentosdoNovoTestamentoparaaIgrejacontemporânea. São Paulo: Hagnos, 2006.
p.16.
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“ A igreja no Novo Testamento está ligada com um grupo de pessoas que acreditavamemCristo.Elesgeralmentesereuniamnumacasa(At12.5,12;Rm 16.5; Cl 4.15; Fm 2) e não se consideravam uma organização ou denominação” 19.(Earle E. Cairns)
Quando falamos no retorno aos princípios e valores neotestamentários, não podemos deixar de tratar do que é ser igreja. Essa reflexão é fundamental para compreendermos o que o Senhor Jesus espera de nós como seu povo. A Declaração doutrinária da Convenção Batista Brasileira assim define: “Igreja é uma congregação local de pessoas regeneradas e batizadas após profissãodefé.Énessesentidoqueapalavra"igreja"éempregadanomaior número de vezes nos livros do Novo Testamento. Tais congregações são constituídasporlivrevontadedessaspessoascomfinalidadedeprestaremculto a Deus,observaremasordenanças deJesus,meditarem nos ensinamentosda Bíbliaparaaedificaçãomútuaeparaapropagaçãodoevangelho...Cadaigrejaé umtemplodoEspíritoSanto.HátambémnoNovoTestamentoumoutrosentido dapalavra"igreja"emqueelaaparececomoareuniãouniversaldosremidosde todosostempos,estabelecidaporJesusCristoesobreeleedificada,constituindosenocorpoespiritualdoSenhor,doqualelemesmoéacabeça.Suaunidadeéde naturezaespiritualeseexpressapeloamorfraternal,pelaharmoniaecooperação voluntárianarealizaçãodospropósitoscomunsdoreinodeDeus.” A Igreja de Cristo nasceu de uma intenção sua. Ele disse em Mateus 16.18 b: “edificareiaminha igreja,easportasdoinfernonãoprevalecerãocontraela.” A igreja foi estabelecida com o objetivo de reunir discípulos em uma comunidade de fé, adoração, comunhão, serviço e missões. Igreja não é uma instituição. É um povo, um ajuntamento de pessoas redimidas pelo sangue do Cordeiro. Melvin L. Hodges, diz: “A igreja nasce com a pregação do evangelho. Os homens escutam a proclamaçãodamensagemdeCristo,anunciandoquesearrependamdeseus pecadosecreiamemCristocomoúnicoSalvador.OEspíritoSantoosconvence desuanecessidadedearrepender-seedepositarsuaféemCristoJesuscomo Seu Salvador. Deus perdoa seus pecados e o Espírito Santo os regenera 19 CAIRNS, Earle E.
OCristianismoTravesdosSéculos:UmahistóriadaIgrejaCristã. São Paulo: Vida Nova. 3ª Edição revisada e ampliada,
2013. p. 48 e 49.
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espiritualmente, desta forma ‘nascem de novo’ no Espírito. Em continuação segue-se para o batismo por agua, como testemunho visível de uma transformaçãointerior.Aspessoasconvertidas,aoseremregeneradaspassam asermembrosdocorpodeCristo,queéasuaIgreja” 20. Os discípulos entenderam isso e se mantiveram obedientes à ordem do Mestre. O resultado foi um grande progresso da igreja. Três mil pessoas foram salvas em um único dia. Pouco depois, aproximadamente cinco mil já serviam a Jesus e a igreja não parava de crescer. A propagação do Cristianismo nos anos seguintes marcou o mundo da época. O evangelho chegou a Roma, Corinto, Galácia, Filipos, Colossos e Tessalônica, além das sete cidades cujas igrejas são mencionadas no livro de Apocalipse e muitas outras. Igreja é muito mais do que uma instituição formal ou religiosa. A série de estudos “Maturidade Cristã”, produzida por Missões Nacionais, já nos alertava que: “quandosefalaemigrejahojeemdia logosepensaemumaorganizaçãoouinstituição.MasnostemposdoNovoTestamentoaigrejaera conhecidacomoumorganismovivoedinâmico” 21.As escrituras mostram que é o corpo de Cristo, a família de Deus e a morada do Espírito Santo. Paulo escreve em Romanos 12.4,5 e Efésios 2.19-22: “Poisassimcomoemumcorpotemosmuitosmembros,etodososmembrosnão têmamesmafunção,assimtambémnós,emboramuitos,somosumsócorpoem Cristoe,individualmente,membrosunsdosoutros” . “Assim, não sois mais estrangeiros, nem imigrantes; pelo contrário, sois concidadãos dos santos e membros da família de Deus, edificados sobre o fundamentodosapóstolosedosprofetas,sendoopróprioCristoJesusaprincipal pedradeesquina.Nele,oedifíciointeiro,bemajustado,cresceparasertemplo santono Senhor,noqualtambémvós,juntos,soisedificadosparamorada de DeusnoEspírito” . Nossa compreensão é clara que “OcorpodeCristonoNovoTestamentoéoriginalmenteuma entidadeespiritual,umorganismovivosobocomandodoSalvadoresobadireçãodoEspíritoparaa glóriadoPai.”22 O nosso conceito de igreja está bem fundamentado na Palavra e não precisa ser revisto. Mas o mesmo não podemos dizer da nossa compreensão sobre o que é “serigreja” . Parece estranho dizer, mas podemos saber muito bem o que é uma igreja e mesmo assim não estarmos vivendo como uma. Por isso, é essencial que reflitamos sobre como a igreja deve ser e viver, como ela deve se parecer e se expressar no dia a dia.
20 HODGES, Melvin L.
UmguiaparaFundaçãodeIgrejas. Miami-EUA: Editora Vida. 1975, p. 11 e 12. Janeiro: Junta de Missoes Nacionais, 2014. p. 45. 22 HORRELL, John Scott. AessênciadaIgreja:fundamentosdoNovoTestamentoparaaIgrejacontemporânea. São Paulo: Hagnos, 2006. p.95. 21 MATURIDADE CRISTÃ, Lição 5. Edição Revisada. Rio de
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O melhor retrato de igreja que podemos extrair da Bíblia é o da igreja de Jerusalém, como visualizamos em Atos 2.42-47 e 5.42: “Eelesperseveravamnoensinodosapóstolosenacomunhão,nopartirdopãoe nasorações.Emcadaumhaviatemor,emuitossinaisefeitosextraordinários eramrealizadospelosapóstolos.Todososquecriamestavamunidosetinham tudoemcomum.Vendiamsuaspropriedadesebens,eosrepartiamcomtodos, segundoanecessidadedecadaum.Eperseverandodecomumacordotodosos diasnotemplo,epartindoopãoemcasa,comiamcomalegriaesimplicidadede coração,louvandoaDeusecontandocomofavordetodoopovo.EoSenhorlhes acrescentavaacadad iaosqueiamsendosalvos”. “Etodososdias,notemploedecasaemcasa,nãocessavamdeensinarede anunciarJesus,oCristo”. Os seguidores de Jesus estavam focados em obedecer a tudo o que aprenderam nos mais de três anos de convivência com Ele. Michael Green, em seu livro “A Evangelização na Igreja Primitiva”, diz: “Ocristianismoirrompeuomundocomtodaasurpresadeboasnovas:boasnovas proclamadascomgrandeentusiasmoecoraçãopordefensores,ecomprovadas comoprópriotestemunhoeexperiência.Elaseramfrutodasuaconvicçãodeque Deus tinhatransformado a aparentederrota dasexta-feira santanasuprema vitóriadodiadapascoa” 23. Os discípulos impactaram o mundo da época. Que convicção eles tinham! Eram perseverantes no ensino, na comunhão, no partir do pão e nas orações. Viviam em unidade. Tinham tudo em comum e muita alegria no coração. Isso tocava os de fora. Muitas pessoas conheceram o Cristo ressurreto através do estilo de vida daqueles nossos irmãos. Atos 2.47 resume bem essa realidade, dizendo que eles permaneciam “louvando a Deus e contandocomofavordetodoopovo.EoSenhorlhesacrescentavaacadadiaosqueiamsendo salvos”. Era uma vida de adoração e testemunho que resultava na salvação de muitos ao redor. Em atos 5.42, observamos que eles entenderam e obedeceram a ordem de testemunhar, de fazer novos discípulos. Cumpriam isso todos os dias! Essa era a sua agenda diária! Se pudéssemos viajar em uma máquina do tempo até o Século I, perceberíamos quantas coisas interessantes, talvez, até intrigantes! Imagine-se fazendo perguntas a um cristão daquela época: (1) Qual o endereço da sua igreja? (2) Quais os horários dos cultos? (3) Quando acontece a Escola Bíblica Dominical? (4) Tem alguém para cuidar das crianças? (5) O estilo de música é tradicional ou contemporâneo? (6) Quanto tempo um novo convertido deve esperar até que esteja apto a assumir 23 GREEN,
Michael.EvangelizaçãonaIgrejaPrimitiva. São Paulo: Vida Nova. 2ª Edição, 1989. p. 55. 16
um cargo? Agora imagine qual seria a reação daquele irmão a essas perguntas. Talvez nenhuma delas faria sentido para ele. Então, imagine que esse irmão o convidasse para conferir de perto como a sua igreja funcionava. Você o segue até um lugar. Ele diz: “Veja! Essa é a minha igreja!” Impressionado, você para e tira uma foto. O que estaria nessa foto? Como a igreja se pareceria? Se você pensou em uma reunião de pequeno grupo na casa de um irmão, pensou bem! É assim que a igreja vivia, de casa em casa! Esse era o conceito de ser igreja! A razão pela qual as perguntas acima pereceriam tão inadequadas é porque estão baseadas em estruturas (1 e 6), programas (2 e 3) ou naquilo em que a igreja pode me servir (4 e 5). Querendo ou não, há um contraste gigantesco entre o estilo de vida da igreja primitiva e o nosso. E não é porque estamos a séculos de distância, mas porque deixamos de lado os princípios e abraçamos as estruturas como a coisa mais essencial. Em geral, temos hoje uma vida cristã basicamente voltada para consumir programas dominicais. Vamos à igreja muito mais do que somos a igreja.
Por que nos afastamos dos ensinos do Novo Testamento e nos tornamos meros repetidores de práticas que nem sempre são bíblicas? Por que viver em função da Grande Comissão se tornou algo tão fora da nossa realidade? Por que ficamos resistentes a ser avaliados à luz dos princípios bíblicos? Quando e como passamos a ser consumidores em vez de produtores? Ao olharmos para a história, vemos tudo isso acontecendo a partir do Século III, quando houve uma mudando radical no conceito e no funcionamento da igreja. William A. Beckham, missionário da IMB (International Mission Board da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos) na Tailândia, onde atuou por mais de 15 anos plantando igrejas, nos mostra em seu livro “A Segunda Reforma”, capítulo 4, o quanto a igreja se afastou do seu propósito original àquela altura. A cada dia que se passava, ela perdia um pouco de suas características neotestamentárias. Ele afirmou: “Aigrejatinhamudadode reuniõesregularesnascasase reuniõesemgrupos grandes paraquase exclusivamenteem prédio especiais” 24. Algumas distorções começaram a acontecer, como menciona Beckham:
O cristianismo se alinhou com os sistemas políticos; “Lideres profissionais” passaram a dominar a estrutura da igreja; A liderança servidora deu cada vez mais lugar ao autoritarismo; A igreja se amoldou gradativamente ao mundo; A igreja veio para a defensiva ao contrário de permanecer na ofensiva; Os grupos pequenos na igreja se tornaram suspeitos aos olhos do governo e declinaram.
24 BECKHAM,
William A. TheSecondReformation. Moreno Valley, CA: CCS Publichings, 1995. No Brasil este livro foi traduzido pela Editora Ministério Igreja em Células - MIC e tem como título: ASegundaReforma: AigrejadoNovoTestamentono SéculoXXI. Sua primeira edição em português foi no ano de 2007. O assunto mencionado está localizado na página 56 da edição em português. William Beckham neste livro ele não apenas identifica os desafios que temos atualmente em nossas congregações, mas nos chama a atenção para um retorno as Escrituras, assim vivenciando os princípios do Novo Testamento no tempo presente. 17
Com todas essas mudanças o condicionamento da igreja a quatro paredes foi inevitável. A espiritualidade deu lugar à religiosidade. A construção de catedrais fez com que a vida da igreja migrasse das casas para os auditórios. A disposição em forma de círculo em pequenos grupos foi substituída pelas fileiras de bancos. O relacionamento intenso entre irmãos deu lugar ao contato de porta de templo. A organização sufocou o organismo. Alguns dos reflexos dessa deterioração perduram até o presente século em certos contextos:
As pessoas vão à “igreja”, que se tornou sinônimo de “catedral”;
Os cristãos cultuam apenas em um dia especial da semana (domingo);
Alguém é reconhecido ministro (sacerdote), acima dos demais crentes;
Esse ministro intermedia o contato das pessoas com Deus por meio de rituais religiosos;
Ele serve as pessoas com ensino, pregação, indulgencias, curas, etc, às vezes por um preço
(oferta). Nós nos afastamos do que significa ser igreja. E fizemos isso de forma tão dramática que poucos de nós sequer imaginam a possibilidade de haver vida independentemente das estruturas. Em geral, atualmente somos uma igreja baseada em programações, que na maioria das vezes têm fim em si mesmas. Passamos a ser uma organização que se encontra de sete em sete dias em determinado local para desfrutarmos do que nos será oferecido e ali um número pequeno de membros trabalham enquanto a maior parte é mera consumidora em assistir e avaliar tudo.
Em primeiro lugar, uma igreja baseada unicamente em sua estrutura e em seus programas tem no templo e não nas pessoas o seu centro de gravidade. Por mais que não reconheçamos, nossa tradição está mais apegada à “catedral” do que imaginamos. Todos concordamos que a igreja não é o prédio onde ela se reúne. A expressão “a igreja são pessoas” é lugar comum. Mas, sinceramente, qual é a primeira ideia que nos vem à mente quando pensamos em igreja? Qual é o ícone mais presente nos logotipos das igrejas que conhecemos? Já experimentou digitar “igreja” no buscador de imagens da internet? Querendo ou não, a figura do templo é muito forte em nossa ideia do que é a igreja. Tanto que, ao pensarmos em plantar uma nova igreja, nossas preocupações logo se voltam para quando e como compraremos um terreno e construiremos um prédio para cultos. Raramente temos uma percepção do que é “ser igreja” como um grupo pequeno de irmãos edificando-se mutuamente por meio dos relacionamentos, sendo liderados e motivados a multiplicação. Precisamos urgentemente resgatar o conceito de que a igreja somos nós. Não como uma simples repetição, mas como uma verdade profunda que se expressa de forma prática em nossas vidas. Talvez você esteja pensando agora: “Eu já sei disso. Podemos mudar de assunto?”. Por bondade, não se apresse a dizer “eu já sei” (1) se sua ideia de adoração é a música que vo cê canta no templo no domingo; (2) se seu conceito de evangelismo é o trabalho de um grupo de irmãos eleitos para um ministério específico; (3) se, para você, comunhão é o momento de abraços durante o período de 18
cânticos; (4) se a sua noção de discipulado é uma classe para novos convertidos no domingo de manhã dirigida pelo pastor; (5) se o seu chamado para o serviço cristão está condicionado à nomeação para algum cargo; e, por fim (6) se tudo que você já experimentou sobre o que é ser igreja até hoje se limitou ao ambiente do templo. Não que o templo seja mau em si. Ele é uma conquista da nossa liberdade religiosa. Muitas igrejas ao redor do mundo que sofrem perseguição e se reúnem exclusivamente nas casas sonham com o dia em que poderão se reunir para cultuar a Deus em um lugar apropriado para isso. Contudo, por mais legitimo que seja termos esse lugar, nunca podemos confundi-lo com a igreja de Cristo que somos nós. Ser igreja também não pode ser identificado apenas com o pertencer ao rol de membros de uma pessoa jurídica. Por mais que necessitemos de uma personalidade jurídica para atendermos às demandas do tempo presente, jamais a organização pode sufocar o organismo. Igreja é gente! E gente que faz o quê? Segundo a Bíblia, as principais funções da igreja são adorar a Deus e cumprir a Grande Comissão. A igreja deve glorificar ao Senhor em todas as suas ações. Paulo disse: “Portanto, seja comendo, seja bebendo, seja fazendo qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1Co 10.28). E o Senhor Jesus foi claro em dizer que a nossa missão é ir em busca do mundo perdido e fazer discípulos (Mt 18.18-20). O conceito de ser igreja não pode se dissociar dessas suas principais funções. Se a igreja são pessoas, somos nós, a vida cristã de cada um de nós deve ser medida pela maneira com que desempenhamos essas prioridades. Entender o que é ser igreja passa por assumirmos pessoalmente o nosso papel. A igreja é o somatório de seus membros. Logo, a igreja só cumprirá seu propósito se cada membro fizer sua parte. No entanto, o cenário atual é outro. Muitos crentes apenas transferem suas responsabilidades em termos de fazer discípulos para o coletivo ou para a liderança. Fazem tudo, menos cumprir a Grande Comissão. Alguns são até bem intencionados. No que diz respeito à nossa cultura centralizada no templo, são até considerados bons crentes, pois:
São alunos da Escola Bíblica Dominical; São participativos em todas as atividades, inclusive nas sessões administrativas; São fiéis à doutrina e até fiscalizadores dela; São fiéis dizimistas; Não dão trabalho para o pastor nem para a liderança.
Não estamos menosprezando esses irmãos. Tudo que aprenderam é que igreja é o que acontece no templo. Pensam que a vida cristã gira em torno de um bom culto, um bom estudo bíblico, uma boa música, uma boa oferta, um bom sermão e uma boa troca de sorrisos. Todas essas coisas são boas. Não pense que estamos criticando a Escola Bíblica Dominical, as assembleias, a doutrina ou o dízimo. Mas pergunte a esses irmãos: “Quantos discípulos vocêsjáfizeramemtodaasuavidaouestão fazendoagora?” Experimente lançar essa pergunta em um culto dominical e quase todos baixarão a cabeça de vergonha. Esse incômodo é proporcional ao tanto que a Grande Comissão está distante do dia a dia da maioria de nós. Por que um cristão deveria estranhar ser avaliado à luz de seu chamado 19
primordial? A única resposta possível é que o nosso conceito do que é um bom cristão pode ter se afastado demais da ideia original de Jesus. Juan Carlos Ortiz, em seu livro “O Discípulo”, aponta que esses requisitos para um bom membro de igreja o transformam em “ umsóciodeumclubequalquer– frequentaasede,pagaasmensalidadeseprocuranãoenvergonharsuaagremiação” 25 e nada mais! Muitas vezes o chamado primordial não tem sido a nossa prioridade. Nossa desculpa é a falta de tempo. Mas a verdade é que quando necessitamos de tempo para outras coisas nós arrumamos. O problema é a falta de compromisso. Somos crentes domingueiros. Temos nos tornado bons membros de igreja, mas estamos longes de ser verdadeiros discípulos. Cristo afirmou em João 15.5: “Eu sou a videira; vós sois os ramos. Quem permanece em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer”. Quantos frutos temos dado? O que temos em nossas mãos para apresentar ao Senhor? Até quando nos avaliaremos segundo o parâmetro da participação nos programas e não na missão principal que Jesus nos entregou? Sem dúvida, as características mencionadas há pouco são importantes na vida de todo cristão, mas se não houver frutificação de nada adiantará. O nosso chamado primordial é para dar frutos, ser discípulos multiplicadores. Contudo, o “templocentrismo” afetou nossa maneira de ver a evangelização. Como o templo é o ambiente propício para evangelização, apelo e conversão, nossa postura é de espera. Claro que há exceções, mas, na grande maioria, a igreja saiu da ofensiva e veio para defensiva. Presos no interior do templo, aguardamos que as pessoas simplesmente venham a nossas programações. Quando saímos das quatro paredes, geralmente é para distribuir convites para que mais pessoas entrem também. Confundimos um verdadeiro discípulo com um bom propagandista de igreja. Trazemos um convidado ao culto e avisamos ao pastor: “Meu vizinho está aí!” Em outras palavras: “Já fiz a minha parte. Trouxe um visitante. Pregue direitinho, pois se ele não se converter a culpa é do senhor!” Não, meus irmãos! Precisamos urgentemente voltar à Palavra de Deus e resgatar o de “casa em casa”! Fomos chamados para levar pessoas a Jesus e não apenas às nossas programações e nossas casas deve se tornar um ambiente onde a vida comunitária da igreja pode ser vivenciada. Nós somos o templo de Deus e onde estivermos precisamos ser instrumentos para conduzir pessoas a Cristo. Outra característica de uma igreja baseada em programas é que a maioria de seus membros possui o perfil de consumidores: só querem ser servidos do que a igreja pode oferecer. Um número pequeno, quando muito de 20%, trabalha, enquanto 80% dos membros se beneficiam. Queremos mais entretenimento e menos serviço. A cada dia a palavra compromisso tem sido esquecida. Invertemos a ordem. Queremos viver no reino de Deus, mas para reinar e mandar. Mas esse reino já tem um Rei: Jesus. Nós somos apenas servos. Nunca podemos perder de vista essa nossa condição. O mais incrível em uma igreja assim é que os membros consumidores ainda fazem cobranças aos poucos produtores! Tratam os voluntários como empregados. Pastores e líderes remunerados, nem se fala. Membros consumidores esperam a cada programa algo novo e com mais qualidade. Um exemplo simples: já imaginou o responsável pela música repetir a cantata de natal do ano anterior? Ou o coral cantar sempre os mesmos hinos? Qual seria reação de muitos irmãos? Possivelmente 25 ORTIZ, Juan Carlos. O
Discípulo. Belo Horizonte: Editora Betânia. 1ª Edição, 1975. p. 116. 20
ficariam insatisfeitos e reagiriam como se tudo aquilo tivesse sido feito para lhes agradar. Na realidade, vivemos um tempo em que a maioria de nós vai à igreja no domingo buscando uma apresentação nova. Se o culto não nos agrada, se começa a ficar monótono, pensamos em mudar de igreja. No fundo, o novo que tanto queremos não pode ser suprido por programas, mas pela experiência diária de vida eterna com o Senhor através da leitura da Palavra e da oração. Como sofrem igrejas voltadas para programas! Depois do alívio passageiro de cada programação bem sucedida o que sobra é a preocupação sobre como será a próxima. Igrejas assim poucas vezes experimentam a alegria de ver vidas transformadas pelo poder de Deus! Precisamos avaliar se não estamos nessa condição. O saudoso Pr. Isaltino Gomes, em uma das suas pastorais intitulada Shopping de Igrejas, traz o seguinte alerta: “Nesta mentalidade, ‘igreja’ deixou de ser a comunhão dos salvos, onde os remidossereúnemparaadoraraDeusetestemunhardeJesus,epassouaser umaprestadoradeserviços.Aideiademuitoscristãoséesta:suaféemCristo lhesdeuumcartãodecréditosemlimiteseelascultivamaculturadoconsumismo espiritual.NãoforamsalvasparaserviraDeuseàigrejadeCristo,masparaserem agraciadaseservidas.Impressiona-mecomoaspessoassequeixamdeigrejas!A obradeDeusnecessitadeservos,nãodeclientes.Degenteengajadaenãode frequentadoresepisódicosesemvínculos.Aigrejaprecisadequemaameenão dequemause.ElaéocorpodeCristonaterra,ejáfoibastantemaltratadapelo mundo.NãodeveserpelosquedizemserdeCristo” 26. O pior de tudo, particularmente para nós, pastores, é que um dos fatores para esse pouco envolvimento da maioria dos crentes com o serviço é a liderança centralizadora. Ela está presente todas as vezes em que não damos espaço para o desenvolvimento dos dons dados pelo Espírito Santo a todos os salvos. Fazemos isso quando ensinamos indiretamente que somente a liderança nomeada pode fazer algo relevante. Retomar a ênfase na doutrina do sacerdócio universal do Crente é um grande desafio. Todos nós sabemos essa doutrina de cor, mas praticamos muito pouco dela. De fato, o ministério cristão está nas mãos de poucos. Mas como não seria assim numa cultura baseada no templo e em tudo que acontece nele? Basta que alguém não se encaixe em algum ministério em ação durante o culto para não ter muito o que fazer na igreja. O ministério não pode ficar dependente da estrutura nem existir em função dela. Nossa vida de serviço vai muito além dos nossos programas dominicais. Precisamos ser igreja, servindo uns aos outros, de domingo a domingo onde Deus nos colocou. Para que isso aconteça, o pastor não pode ser um monopolizador dos dons, mas um liberador dos ministérios dos irmãos. O princípio bíblico para a função pastoral é que ela sirva para treinamento e capacitação, conforme Paulo ensina em Efésios 4.11,12: “Eeledesignouunscomoapóstolos,outros 26 Louvamos
a Deus pelo exemplo precioso do Pr. Isaltino Gomes Coelho Filho que ao longo de muitos anos abençoou a denominação Batista através de seus escritos, dentre eles ao artigo mencionado: Shopping de Igrejas. Um artigo extremamente relevante para este tempo tão desafiador que temos enfrentado. O artigo pode ser encontrado e lido em sua integra através do seguinte endereço http://www.isaltino.com.br/2012/09/shopping-de-igrejas-2/ 21
comoprofetas,outroscomoevangelistas,eaindaoutroscomopastoresemestres,tendoemvistao aperfeiçoamentodossantosparaaobradoministérioeparaaedificaçãodocor podeCristo”.Embora quem distribua os dons na igreja seja o Espírito Santo, a responsabilidade de promover o despertamento e o desenvolvimento deles é do pastor, da liderança. Nós, pastores, precisamos reavaliar a nossa agenda para incluir o desenvolvimento de novos líderes e eliminar o trabalho solitário. A centralização e o pouco investimento na formação de liderança têm inclusive levado muitos de nós ao esgotamento. Não deve ser assim. A triste realidade é que, em vez de sermos desenvolvedores de líderes, nós, pastores, muitas vezes somos “obrigados” a empregar todo o tempo e energia na preparação de uma programação cada vez mais sofisticada para agradar ao público. De produtores de discípulos viramos produtores de programas. Agimos como canais de televisão, trazendo as novidades mais atraentes para os telespectadores não irem embora. Travamos uma luta frenética para agradar o cliente. Afinal, a concorrência é grande. Parece a lógica do “freguês sempre tem razão”. Seria surpresa que estejamos à beira do estresse? Nessa ciranda de consumismo, uma das nossas maiores ocupações tem sido pregar bons sermões. Sem dúvida, o púlpito é um canal eficaz para o ensino do povo. Porém, se a função principal do pastor é o aperfeiçoamento dos santos, ele deve dar igual ou maior importância a modelar perante a sua congregação a forma de vida cristã esperada de cada membro. O púlpito é uma oportunidade de ensino, mas não todo o ensino. Se a Grande Comissão fosse apenas “ensinar o que Jesus mandou”, o púlpito bastaria. Mas o que Jesus disse foi “ensinando-os a obedecer” (Mt 28.20). Então, é preciso também investir tempo em relacionamentos discipuladores que promovam o aperfeiçoamento cristão por imitação. O pastor multiplicador se concentra na formação de líderes e não em apenas manter a boa frequência dos cultos pela qualidade de seus sermões. Essa cultura de que o púlpito é a principal tarefa do pastor tem formado gerações após gerações de pastores cujos projetos de vida vão pouco além de serem bons pregadores de auditório. Em alguns seminários teológicos, com uma visão de igreja baseada em estruturas, o suprassumo do que os vocacionados aprendem é a pregar bem. Não estamos dizendo que um obreiro não deve ser portador desta arte, mas com certeza ela não deve ser a única. Quando focamos apenas na preparação e transmissão de sermões muitas vezes não equipamos os obreiros com as competências que as igrejas necessitam atualmente. Muitos são excelentes em áreas do saber teológico, mas não se adequam às realidades locais. Com isso, esperam começar o ministério recebendo um auditório. Quando assumem uma igreja – e raramente estão dispostos a plantar uma – se deparam com uma realidade desafiadora e que leva muitos a até desistir do ministério. Com toda esta inversão de valores, a cada dia a igreja se torna mais suscetível à influência do mundo. Entre outras coisas, isso se expressa na valorização do “ter” em detrimento do “ser”. Nosso parâmetro para escolha da liderança passou a ser a formação acadêmica, o credenciamento secular, os diplomas. Muitas vezes, separamos para estar à frente das atividades homens e mulheres que não têm vida com Deus. Não que ter preparo intelectual seja errado. Dependendo da função muitas vezes é até desejável. O problema é quando o critério acadêmico supera o espiritual. Talvez, para atender aos consumidores, adotamos o parâmetro lá de fora e esquecemos que a lógica do reino de Deus é 22
diferente. O primeiro requisito para um líder é ter sua vida reta diante do Senhor. Precisamos de homens e mulheres cuja prática da vida cristã fale muito mais do que os seus diplomas. Para que seja assim, é fundamental resgatarmos o princípio da evangelização discipuladora, pois o relacionamento discipulador é o ponto de partida para a formação de líderes. Como isso tem sido negligenciado por nós! Em geral, enxergamos o discipulado como apenas algumas lições para novos crentes, lições essas que acrescentam muito mais informação do que transformação. Veja o que fizemos: reduzimos o discipulado a estudos preparatórios para o batismo. Por vezes, até antecipamos as perguntas aos candidatos para que não haja hesitação na hora da profissão de fé, a fim de que nem eles nem nós fiquemos em maus lençóis diante das nossas congregações. Seria esse o “fazer discípulos” de que Jesus estava falando? Cremos que não. Precisamos ir muito além do cognitivo. Temos que, por meio do relacionamento discipulador, transmitir a esse novo cristão um exemplo de vida que o contagie e provoque transformação. Assim, podemos resumir as características de uma igreja baseada unicamente na sua estrutura e em seus programas nos seguintes pontos:
Centralidade da vida da igreja no templo e no domingo; Produção de programas como tarefa principal da liderança; Membros com pouco envolvimento (consumidores); Condicionamento dos dons à ocupação de cargos; Centralização da liderança; O púlpito como a tarefa principal do pastor; Evangelização como ação de convidar pessoas ao culto; Valorização mais do “ter” do que o “ser”; Discipulado como literatura para novos convertidos.
Bom ressaltar que ao fazermos toda essa reflexão sobre uma igreja baseada em programas não estamos querendo simplesmente acabar os programas. Eles sempre existirão. O que estamos ressaltando é que eles devem acontecer para glorificar a Deus no cumprimento da Grande Comissão e não serem um fim em si mesmos. Eles devem existir em função dos princípios e não o contrário. O que podemos enxergar é que muitas vezes nossos programas estão apenas girando em torno de si. E esse é um grande problema que temos que enfrentar. Precisamos urgentemente de um check-up segundo o padrão neotestamentário. No próximo capítulo queremos apresentar a você um outro caminho que podemos percorrer como igreja de Cristo. Um caminho onde os princípios são prioridade na vida comunitária. Onde o “ser discípulo” de Jesus está relacionado a um estilo de vida totalmente voltado a glorificar a Deus e corresponder à Grande Comissão. É tempo de desfrutarmos da mutualidade e da vida em comunidade no templo e de casa em casa.
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“ Asigrejassãoorganizaçõescujamissãoéestabelecereestenderoreino.Elas fazemisso:1)testemunhandodasverdadeshistóricasdoNovoTestamento; 2)proclamandooevangelhoatodasasnações;3)pelaexibiçãoedivulgação dosprincípiosdocristianismo.” (Geo. W. MacDaniel)27 No capítulo anterior, olhamos através da história como fomos nos afastando do jeito bíblico de ser igreja. Queremos neste capítulo poder apresentara você as características de uma igreja onde os princípios bíblicos são prioridade. Como definir uma igreja baseada em princípios? Uma igreja baseada em princípios é uma comunidade local onde todos os membros, vivenciando os princípios apresentados na Palavra de Deus, têm por objetivo glorificar a Deus e cumprir a Grande Comissão. Vejamos algumas características de uma igreja assim. Em primeiro lugar, o pastor é um homem de oração, servo e treinador. Pensar em um papel pastoral com essas marcas é um grande desafio. Uma vida de devoção diária é uma grande característica de um líder que está à frente do povo de Deus. Ele se encontra com o Senhor logo ao amanhecer, compreende que antes de qualquer coisa o mais importante é estar na presença do Pai e andando ao seu lado sempre. Horatius Bonar, falando sobre a necessidade do ministro ter um encontro diário com seu Senhor, diz: “BusquemosoSenhorlogocedo.Seomeucoraçãofortemperado comsuapresençalogocedo,eleteráaromadedeusduranteodiatodo.EncontremoscomDeusantes quenosencontremoscomqualqueroutrapessoa” 28. Líderes de uma igreja que vivencia os princípios, antes de motivarem os que estão ao seu redor a terem uma vida de oração, eles são os maiores exemplos. Afinal eles já compreenderam que de nada adianta a erudição, a eloquência ou o poder da argumentação. É uma vida de intimidade com Deus que dá poder as nossas palavras e argumentações. “ Aquiloqueopastorédejoelhos,emsecreto,diante do Deus Todo-poderoso, é o que ele é, e nada mais. A piedade é consequência de uma vida devocional” 29. Por, um homem de Deus diariamente se derrama aos pés do Salvador 30. Quando alguém pode ver em seu pastor um exemplo vivo a ser seguido de quem anda com Deus, isso o impactará muito mais a imitá-lo do que estudar os seus sermões. Um outro ponto importante na vida deste líder é o ser servo, ao contrário de ser alguém que quer ser servido por outros. O líder tem a clara compreensão de que respeito e confiança virão por meio do serviço tem sido esquecida em nossos dias. Richard Foster diz que "averdadeiraliderançaconsisteemtornar-seservo detodos.Opoderrevela-senasubmissão.Osímbolomaisnotáveldessaservidãoradicaléacruz. ‘ Jesushumilhou-seasimesmoefoiobedienteatéamorte,mortedeCruz’ (Filipenses2.8).Avidade
27 MACDANIEL,
Geo. W. AsIgrejasdoNovoTestamento.Rio de Janeiro: JUERP. 4ª Edição, 1982. p.18. Horatius A. UmrecadoparaganhadoresdeAlmas.São Paulo: Vida Nova, 1983. p.15. 29 LOPES, Hernandes Dias. Revitalizandoaigreja.São Paulo: Hagnos, 2012. p.41. 30 Querendo conhecer mais sobre os preciosos conselhos de Horatius Bonar para os ministros de Deus, sugiro a leitura do livro “Um recado para Ganhadores de Almas” de sua autoria publicado pela Edições Vida Nova. O livro demonstra toda a preocupação de Bonar com a importância do pastor cuidar bem de si mesmo. Vale a pena ler essa obra. 28 BONAR,
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Cruzéavidadequemlivrementeaceitouserservo" 31. Seguir o exemplo de Cristo é o caminho bíblico da conquista da autoridade e do respeito diante do rebanho que o Senhor colocou em nossas mãos. Precisamos nos tornar servos de todos e, através do exemplo, ajudá-los a ir além na prática da vida cristã. Não podemos liderar pelo autoritarismo nem por busca de poder pessoal. Devemos seguir o maior líder que já existiu, o próprio Jesus. Não temos dúvidas de que a função pastoral também compreende proteger, alimentar e edificar. O que nem sempre percebemos é que dentro do edificar estão subentendidos o aperfeiçoar, o equipar e o capacitar. O papel pastoral vai além da defesa e do cuidado do rebanho. Fomos comissionados a trabalhar no aperfeiçoamento dos santos, como já vimos em Efésios 4.11,12. Esse é um importante aspecto do ministério pastoral: a capacitação do povo de Deus para o serviço que glorifique a Ele. Essa capacitação necessita ser contínua e com ações intencionais. Waylon Moore na década de 80 já nos chamava atenção: “Aformaçãodeliderançadeveseraprioridadenoministério dopastor.Ele devecomeçar adiscipular osseusoficiaise seusdiáconose devereunir-se também regularmentecomumoudoisleigos” 32. Este é o papel pastoral em uma igreja dirigida por princípios. Além de cuidar e proteger, o pastor bíblico capacita e motiva as ovelhas à multiplicação. Assim, cada cristão é levado a multiplicar-se na vida de outra pessoa. Mas tudo dependerá de como o pastor da igreja entende qual é o seu papel. Blackaby afirma que a principal tarefa de um líder servo e treinador “émoveraspessoasdeonde elasestãoparaondeDeusquerqueelasestejam.Aspessoasquefalhamemconduziraspessoasno cumprimentodosplanosdeDeusnãotêmexercidoliderança” 33. Quero convidá-lo a fazer uma leitura cuidadosa do capítulo de Formação de Líderes do livro Igreja Multiplicadora: 5 Princípios Bíblicos para Crescimento. Ali você poderá conhecer o PDL (Programa Discipular de Liderança), que será uma ferramenta preciosa para a implementação de um ciclo contínuo de formação intencional de líderes. Outra característica forte de uma igreja movida por princípios é a prática do sacerdócio universal do crente. Dizer que um batista é um sacerdote soa muito estranho para algumas pessoas. Mas esse é um princípio bíblico muito importante em nossa história. Ele foi uma das bandeiras erguidas pelos reformadores no século XVI, principalmente por Martinho Lutero. Ele denunciou a ênfase católica na mediação dos padres na confissão e no perdão dos pecados, insistindo que todos os cristãos têm acesso a Deus por intermédio de Jesus Cristo. John Scott Horrell retrata bem esse cenário: “Com o passar dos séculos, contudo, a imagem da ekklesia do Novo Testamento, como um reino universal e invisível de sacerdotes, havia desaparecidotantonoorientequantonoocidente.OcorpodeCristonãomais sedispersavaparafazerdiscípulosnaspartesmaisremotasdaterra.Milanos depoisdeAgostinho,aReformaprotestanteinsistiuemvoltaràBíbliacomoa
31 FOSTER, Richard J.
CelebraçãodaDisciplina. São Paulo: Vida Nova. 2ª Edição, 2007. p. 167. MultiplicandoDiscípulos:OmétodoneotestamentáriosparaoCrescimentodaIgreja. Rio de Janeiro: JUERP,
32 MOORE, Waylon B.
1983. p. 119. 33 BLACKABY, Henry e Richard. LiderançaEspiritual . São Paulo: Bom Pastor, 2007. p. 36. 25
únicaautoridadeparaoscrentes,àsalvaçãopelagraçaapenaspormeiodafé eaosacerdócioparatodososcrentes” 34. Nós, batistas, cremos que todas as pessoas salvas por Jesus se tornam sacerdotes. Agora, precisamos trabalhar arduamente para que essa crença se torne uma realidade na prática em nossas igrejas. No Antigo Testamento, o ofício sacerdotal era desempenhado por homens da tribo de Levi, responsáveis por determinados aspectos do culto, tais como o sacrifício dos animais. Eles eram os mediadores entre Deus e o povo. Mesmo na velha aliança, podemos enxergar alguns textos que nos davam lampejos de um sacerdócio para as nações. Por exemplo, Êxodo 19:5,6: “Agora,portanto,se ouvirdesatentamenteaminhavozeguardardesaminhaaliança,sereisminhapropriedadeexclusiva dentretodosospovos,porquetodaaterraéminha;masvóssereisparamimreinodesacerdotese naçãosanta”.Ainda,Isaias61.6:“MasvóssereischamadossacerdotesdoSENHOR,evoschamarão ministrosdonossoDeus”. No Novo Testamento este conceito foi aperfeiçoado radicalmente com a vida, morte e ressurreição de Jesus. Ele é o Sumo Sacerdote, que veio até nós e se tornou o único representante diante de Deus. Ele é ao mesmo tempo o sacerdote e o sacrifício. Jesus é o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jo 1.36). Na crucificação, o véu do templo “se rasgou, de alto a baixo” (Mt 27.51), nos mostrando que Jesus é o Grande Sumo Sacerdote, único mediador entre Deus e os homens (1Tm 2.5). Foi um ato de uma vez por todas. Em Cristo todos nós podemos ir diretamente a Deus em oração, confissão, gratidão e adoração. 1Pe 2.9 nos traz esta preciosa declaração: “Masvóssoisgeraçãoeleita, sacerdócioreal,naçãosanta,povodepropriedadeexclusivadeDeus,paraqueanuncieisasgrandezas daquelequevoschamoudastrevasparasuamaravilhosaluz”. Segundo esse texto, como sacerdotes temos a tarefa de anunciar as grandezas de Deus em toda a terra, compartilhar com todas as pessoas o plano maravilhoso de redenção. Toda a igreja deve se envolver nessa obra. Podemos mencionar outros textos: “Vóstambém,comopedrasvivas,soisedificadoscomocasa espiritualparaserdessacerdóciosanto,afimdeoferecersacrifíciosespirituaisaceitáveisaDeus,por meiodeJesusCristo”(1Pe 2.5). “(...)Àquelequenosamaenoslibertoudosnossospecados peloseu sangue,enos constituiu reinoe sacerdotes paraDeus,seuPai;a ele sejamglóriaedomíniopelos séculosdosséculos.Amém” (Ap 1. 5,6). “Tu és digno de tomar o livro e de abrir seus selos, porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação; e os constituíste reino e sacerdotes para nosso Deus; e assim reinarão sobre a terra” (Apocalipse 5.9,10). Numa igreja baseada em princípios, todos os cristãos devem ser motivados e capacitados e viver como sacerdotes, testemunhando Deus ao mundo. Embora o Senhor chame pessoas para uma função especial de liderança no Corpo de Cristo, pastores e membros são iguais em valor diante de Cristo e perante o mundo. Há apenas um Sumo Sacerdote, que é Jesus (Hb 7.23).
34 HORRELL,
John Scott. AessênciadaIgreja:fundamentosdoNovoTestamentoparaaIgrejacontemporânea. São Paulo: Hagnos, 2006.
p. 88-89.
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Além disso, uma igreja baseada em princípios tem o “ser” como mais importante que o “ter”. Infelizmente, a cultura materialista tem nos levado a uma inquietude de querer sempre mais. O consumismo de nossos dias nos faz andar ansiosos, insatisfeitos com o que temos, buscando algo novo que traga a tão desejada felicidade. A mídia exerce grande influência, nos estimulando a invertermos os valores, privilegiando o “ter” no lugar do “ser. Uma igreja baseada em princípios não se deixa levar pelos valores do mundo, mas prossegue pautada na Palavra. Em Cristo, ser (adorador, discípulo, servor) sempre será muito mas muito superior ao ter. A valorização do ser servo é uma das principais características de uma igreja que vive os princípios de Jesus. Serviço é uma palavra chave para a compreensão do evangelho e de quem era Jesus. Ele nos ensinou pela sua prática de vida que esse é o caminho que todos nós devemos trilhar. Ele foi enfático: “Não será assim entre vós; pelo contrário, quem quiser tornar-se poderoso entre vós, seja esse o que vos sirva; e quem entre vós quiser ser o primeiro, será vosso servo, a exemplo do Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e para dar a vida em resgate de muitos” (Mt 20.26-28). Todo cristão é convidado a servir a Deus e ao próximo. A isso se conecta outro distintivo importante de uma igreja baseada em princípios, que é o exemplo que os líderes transmitem para os seus liderados. Ser líder é muito mais do que verbalizar o ensino de Cristo; é viver esse ensino, modelá-lo para as outras pessoas. Como bem resume Juan Carlos Ortiz em seu livro “O Discípulo”: “Discipularnãoétantofalar ,émaisviver” 35. Em uma igreja que vive por princípios, os líderes espirituais são exemplos para toda a congregação, inclusive para os novos discípulos, na palavra, no amor, na forma de agir, na fé e na pureza. Paulo nos ensina desta forma, escrevendo ao jovem líder Timóteo: “Procura ser exemplo para os fiéis, na palavra, no comportamento,noamor,naféenapureza” (1Tm 4.12). Bill Donahue e Rus Robson afirmam: “Os maiores dons que um líder pode oferecer são relacionamentos com Cristo e a paixão de se tornar mais parecido com ele. Os líderes buscam a semelhança de Cristo para servir de exemplo para o rebanho” 36. Portanto, mais do que ensino teórico imposto de cima para baixo, a liderança deve educar a partir do exemplo. Uma liderança eficiente não toca as ovelhas vindo atrás delas. Verdadeiros líderes conduzem o rebanho indo à frente. As ovelhas apenas imitam suas ações. Como líderes, necessitamos ser os modelos que os novos discípulos vão imitar. Por isso, a tarefa pastoral primária deve ser discipular e capacitar os crentes por meio de relacionamentos discipuladores, motivando-os à multiplicação. O pastor deve ser o primeiro discípulo multiplicador da igreja. Através do exemplo diário, os novos discípulos verão sua liderança em busca de pessoas para Cristo e serão motivados a fazerem o mesmo. Mas, para isso, o pastor deve viver no meio do povo, relacionar-se com as pessoas. Outro ponto fundamental na diferença entre uma igreja baseada em programa e uma igreja baseada em princípios é a sua compreensão sobre o que é discipulado. Por muito tempo temos entendido discipulado apenas como estudos bíblicos doutrinários para novos crentes, enquanto, biblicamente, discipulado é o processo inteiro de fazer discípulos por meio de relacionamentos. Jesus viveu isso de forma intensa com seus discípulos: convívio abundante, acolhimento, intercessão, zelo,
35 ORTIZ, Juan Carlos.
ODiscípulo. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1ª Edição, 1975. p. 117. e Rus. EdificandoumIgrejaemPequenosGrupos.São Paulo: Editora Vida. 2ª Impressão, 2013. p. 179.
36 DONAHUE e ROBSON, Bill
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ensino do evangelho e solicitação de contas. Isso explica a vida cristã efetiva de seus seguidores. Como Jesus, precisamos investir em cada pessoa, reconhecendo o seu grande valor diante de Deus. Em certo sentido, discipulado é uma relação de paternidade espiritual, que é a garantia de uma grande multiplicação, como mostra Moore 37: “Comocrescimentoespiritualdocrente,vem-lheodesejodeserumpaiespiritual. EleoraaDeusparaquelhedeum“filho”Talvezsepassemuns6mesesatéque este filho esteja preparado e comece a levar a outros a palavra de Deus procurandoganharumaalma.Seassimacontecer,aofimdeseismesesjáserão doisatrabalhar”. “Opotencialdemultiplicaçãonaigrejaéalgofenomenal.Ganharetreinaremseis mesesumapessoanãoéumidealimpossível.Muitosobreirosganhammaisde uma alma a cada semestre. Mas justamente o que acontece com essa alma, depoisdeganha,eoquefazagrandediferençaentreadiçãoemultiplicaçãoem nossasigrejas”. Uma boa pergunta é: em Mateus 28.19,20, quem Jesus estava nos mandando discipular? Eram crentes? Não! Eram pessoas que ainda não conheciam a Jesus. Isso mostra, logo de início, que discipulado não é apenas ensino a novos convertidos. Jesus nos mandou sair das quatro paredes em busca de homens e mulheres que ele mesmo classificou com ovelhas que não tem pastor (Mt 9.35). Jesus nos ordena a ir atrás delas, anunciar-lhes o evangelho e criar um relacionamento discipulador com elas, com o alvo de ganhá-las para Ele, agregá-las ao corpo e levá-las ao aperfeiçoamento cristão. Discipulado é muito mais do que o ensino cognitivo. Discipulado é a transmissão de verdade e de vida, como nos ensina Paulo escrevendo aos Tessalonicenses, capítulo 2, verso 8: “Assim, devido ao grande afeto por vós, estávamos preparados a dar-vos de boa vontade não somente o evangelho de Deus, mas também a própria vida, visto que vos tornastes muito amados para nós”. Interessante repetir que esse conceito não é novo para nós. Em nossa literatura, temos Moore, em seu livro “Integração Segundo o Novo testamento” (1976) que nos dizia: “OpastordevepediraDeushomens emulheresdecoraçõescompassivosecheiosdepaixãopelasalmas,queestejamdispostos,ansiosos mesmo,nãosóaajudaroutrosacompreenderemasdoutrinas,mastambémpartilhardesuaprópria vida!“ 38 Ou seja, Moore nos indicava que o processo discipular vai muito além de transmitir conhecimento. Discipular exige partilhar a própria vida. Infelizmente, o que mais observamos nas nossas igrejas são classes informativas levando o nome de discipulado, nas quais ninguém tem tempo para ninguém e o novo convertido não pode abrir o seu coração e esclarecer suas dúvidas com mais profundidade. O discipulado um a um, como o próprio Moore também enfatizou, tem sido deixado de lado. 37 MOORE, 38 MOORE,
Waylon B. IntegraçãoSegundooNovoTestamento. Rio de Janeiro: JUERP, 1976. p. 48. Waylon B. IntegraçãoSegundooNovoTestamento. Rio de Janeiro: JUERP, 1976. p. 56. 28
Ouvimos muito esta frase: a igreja deve ser como um hospital. Mas na hora da prática, o cuidado mútuo e a vivência de relacionamentos discipuladores estão muito longe da nossa realidade. Muitas vezes a igreja é um hospital onde cada doente está lutando sozinho para sobreviver. Larry Crabb disse: “Umatarefafundamentaldacomunidadeécriarumlugarsuficientementeseguroparaquemuros sejamderrubados,suficientementesegurosparaquecadaumdenósreconheçaerevelesuaprópria aflição” 39. Temos diante de nós o grande desafio de fazermos da igreja um lugar onde as pessoas encontrarem abrigo e apoio diante de tantos dilemas do seu dia a dia. Caminhar juntos e viver os princípios de mutualidade é o que Jesus espera de nós como discipuladores. A mutualidade cristã é a prática do “uns aos outros”, expressão essa que de tão importante é repetida várias vezes no Novo Testamento. Vejamos alguns exemplos:
Suportar e perdoar uns aos outros (Ef 4.2,32; Cl 3.13); Ser hospitaleiro e receber uns aos outros (Rm 15.7; 1Pe 4.9); Consolar e ter cuidado uns dos outros (1Co 12.25; 1Ts 4.18); Sujeitar-se uns aos outros (Ef 5.21; 1Pe 5.5); Não julgar uns aos outros (Rm 14.13; Tg 4.11; 5.9); Ensinar uns aos outros (Rm 14.19; 15.14; Cl 3.16; 1Ts 5.11; Hb 3.13; 10.25); Saudar uns aos outros (Rm 16.16; 1Co 16.20; 2Co 13.12; 1Pe 5. 14); Confessar as culpas e orar uns pelos outros (Tg 5.16); Não irritar, mentir ou ter inveja uns dos outros (Gl 5.26; Cl 3.9); Levar as cargas uns dos outros (Gl 6.2); Servir uns aos outros (Gl 5.13; Jo 13.14); Ter o mesmo sentimento uns para com os outros (Rm 15.5); Amar uns aos outros (Jo 13.34-35; 15.12,17; Rm 12.10; 13.8; 1Ts 3.12; 4.9; 2Ts 1.3; 1Jo
4.7,8); Quando pensamos em relacionamentos discipuladores, pensamos na prática dessa mutualidade como geradora de verdadeira comunhão e edificação na vida da Igreja. Walter Henrichsen nos diz: “Quandoinvestimosnossasvidasemoutraspessoas,transmitimosnãosomenteoquesabemos,mas, omaisimportante,oquesomos” 40. Isso acontecerá quando nosso conceito de discipulado for mais amplo do que informação doutrinária para compreender também o ensino vivencial dos valores do reino de Deus. É por isso que os pequenos grupos são essenciais, pois potencializam essas oportunidades desses relacionamentos intencionais. Ter as pessoas e não as coisas como foco também é uma característica de uma igreja baseada em princípios bíblicos. O ministério de Jesus foi todo voltado para vidas; assim também deve ser o nosso. Muitas vezes valorizamos mais onde nos reunimos para adorar do que as pessoas que Jesus está nos confiando para cuidar. É lamentável que tenhamos tanta facilidade em deixar de lado as pessoas e partir em busca de coisas. Queremos sempre deixar um legado, mas um legado que na
39 CRABB, Larry. 40 HENRICHSEN,
OLugarMaisSegurodoMundo. São Paulo: Mundo Cristão, 2000. p. 34. Walter. Discípulossãofeitos,nãonascemprontos. Belo Horizonte: Atos, 2004. p. 10. 29
maioria das vezes é feito de coisas perecíveis. O maior legado que poderemos deixar como discípulos é o investimento em pessoas que também se tornem discípulos. Focar pessoas em vez de coisas nos leva a um reposicionamento de prioridades. O principal passa a ser as vidas ao nosso redor, e não o templo, as estruturas ou os programas que acontecem nele. Valorizar pessoas onde quer que estejam, no templo e de casa em casa, é gerar vida na comunidade. É motivar cada membro da igreja a aceitar a sua responsabilidade de realizar a obra de Cristo no mundo. Podemos assim resumir as características de uma igreja baseada em princípios:
O pastor é um homem de oração servo e treinador, exemplo de vida cristã para os demais; Envolvimento de todos, em função da prática do princípio do sacerdócio universal; O discipulado é transmissão de verdade e vida por meio de relacionamentos; O ser (servo, discípulos) é mais importante que o ter; O foco são as pessoas e não o templo, as estruturas ou os programas.
Ao encerrarmos esse capítulo a pergunta é inevitável: As nossas igrejas geralmente estão mais voltadas para programas ou princípios? Será que nossas igrejas continuam sendo igreja quando saem do templo após o culto de domingo? Temos sido relevantes no contexto de nossas comunidades? Se a igreja da qual fazemos parte fosse retirada de onde ela está hoje, alguém sentiria a sua falta? Temos sido um tipo de igreja que agrada ao Senhor ou estamos apenas entretendo os consumidores que a cada domingo estão sentados em nossos bancos? Se as nossas igrejas não têm vivido além do domingo à noite é chegada a hora de repensarmos radicalmente o nosso estilo de ser. Precisamos urgentemente de um renovo da parte de Deus para que saiamos do comodismo e vivamos conforme Cristo espera. É hora de retornarmos para o Novo Testamento. E esse retorno não parte de uma mudança estrutural, mas sim a prática do que temos apreendido na Palavra de Deus. É momento de darmos um ressignificado a nossas ações, voltando-as para a intencionalidade da multiplicação. Afinal, para isso fomos chamados.
30
“Não podemos mudar uma estrutura sem mudar valor. Não podemos transplantar sistemas e estruturas. Nós transplantamos valores e vida” (William Beckham)41.
Como podemos fazer para que uma igreja experimente na prática os princípios bíblicos do Novo Testamento? Com poderemos ter uma vida cristã que transcenda os domingos? Que seja efetiva no cuidado dos que já são membros da igreja e dos que estão chegando? A resposta parece óbvia demais para ser verdade, mas é verdade: precisamos nos voltar à beleza da vivência cristã em pequenos grupos, ou seja, simplificar o jeito de ser igreja, enfatizando a importância dos relacionamentos de mutualidade. O que precisamos não é de um programa novo, mas sim de uma prática nova. É resgatar os valores neotestamentários do cuidado, da intercessão, do zelo, do ensino da palavra e da solicitação de contas em uma vida em pequenos grupos que se multipliquem. Não podemos eliminar o grande grupo, a reunião da igreja toda no templo. Precisamos dele sim. Mas não podemos viver como igreja sem a prática de uma vida comunitária efetiva, e esta não se realiza em um grande grupo. Note bem. O encontro do pequeno grupo pode até ser encarado como um programa, uma estratégia. Porém, o que acontece nele, isto é, os valores bíblicos que ele desencadeia são preciosos demais para serem perdidos. Na realidade, são a vida da igreja, o serigreja em ação. Observe o que diz John Scott Horrell: “ Avisão descentralizadaenfatiza queaigrejanão éo centrode tudoparaa vidacristã.Elanãoabsorvetodaaenergiadosmembrosemsuaspróprias atividades.Antes,aigrejalocaldeveensinarseusmembrosasealimentarem diariamentecomaPalavradeDeuseentraremdiretamentenapresençado Senhor, para depois, ao longo da semana, assumirem seu lugar como sacerdotesdoMaisAltoDeus” 42. Por isso, precisamos voltar para as casas, valorizar os relacionamentos pessoais que acontecem ali. Precisamos urgentemente resgatar a vida em comunidade. Ter nossos lares não como um local de descanso dos crentes do tanto que trabalham na igreja, mas o próprio local em que a igreja acontece com todo o seu dinamismo. Reunir-se em templos e em casas não se anulam; se complementam. E em especial neste tempo em que o fenômeno urbano tem acontecido, precisamos urgentemente redescobrir os lares como ambiente em que a igreja se faz presente. 41 BECKHAM, William A. ASegundaReforma:AigrejadoNovoTestamentonoSéculoXXI. Curitiba: MIC, 2012. p. 158 e
159.
42 HORRELL, John Scott. AessênciadaIgreja:fundamentosdoNovoTestamentoparaaIgrejacontemporânea. São Paulo: Hagnos, 2006.
p.155.
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Sem compreender isso, algumas pessoas perguntam: “Por que agora toda essa conversa sobre pequenos grupos?” Quando alguém questiona dessa maneira está invertendo as coisas. Precisamos, antes de tudo, determinar qual é realmente o nosso dilema mais sério, que é o afastamento dos princípios bíblicos, e não os pequenos grupos. Na verdade, eles não são parte do problema, mas da resposta. Acontece que nas últimas décadas nos vimos tantas coisas relacionadas a pequenos grupos que muitas vezes temos até medo de pensar sobre isso. Alguém poderia objetar: “Mas isso não seria perigoso?” Depende do seu conceito de perigo. Permita -me externar um receio pessoal: considero muito mais perigoso do que pequenos grupos eu correr o risco de estar enquadrado em Apocalipse 3.15,16: “Conheçotuasobras,seique não ésfrio nem quente.Antesfossesfrioouquente!Assim, porquetuésmorno,enãoésquentenemfrio,estouapontodevomitar-tedaminhaboca”. Deus nos livre do comodismo de sermos mornos em nossa vida cristã! Não sei quanto a você, mas eu quero viver os princípios e valores neotestamentários em todo o seu vigor! Quero partilhar minha vida com outros irmãos e ser edificado também! Quem experimenta isso uma vez se apaixona de tal forma que não consegue viver sem. Ser igreja em pequenos grupos é maravilhoso. A cada dia quando posso me relacionar intencionalmente com as pessoas que compõem nosso pequeno grupo, e poder compartilhar dos seus dilemas e de suas alegrias isso de fato tem marcado minha vida. Enquanto muitos líderes têm medo desse assunto devido as inúmeras histórias que já ouviram ou vivenciaram, outros foram bem sucedidos e têm experimentado um tempo muito precioso com suas comunidades de fé. Igrejas que estão avançando com crentes maduros que se multiplicam. Se você ainda não está convencido de tudo isso, revise as características de uma igreja baseada em princípios e reflita como todos eles poderiam ser liberados na vida de uma igreja que apenas acontece no domingo dentro de um templo. É muito difícil, para não dizer impossível! Vamos refletir juntos:
Como todos os cristãos poderiam expressar o princípio do sacerdócio universal em um culto semanal? Como o pastor poderia se tornar um exemplo de vida para os novos discípulos se não se relaciona com eles além do púlpito? Como poderíamos transmitir verdade e vida somente por meio de contatos de apertos de mão no final das celebrações? Como seríamos servos e discípulos se nossa vida cristã se manifesta apenas entre quatro paredes? Como focaríamos as pessoas se nossas estruturas e os programas se dirigem genericamente à multidão?
A resposta para essas perguntas tem tudo a ver com a necessidade urgente de vivermos relacionamentos profundos em pequenos grupos. Só que você não compreenderá isso se considerar os pequenos grupos como apenas mais uma estrutura da igreja, mais uma estratégia passível de julgamento pelos resultados. Nós somos tão sistemáticos e apegados a programas que olhamos tudo sob as lentes do pragmatismo. Queremos logo institucionalizar tudo. Por bondade, não confunda um pequeno grupo de discípulos com o logotipo de Pequenos Grupos Multiplicadores, ou até mesmo com o sistema de células ou qualquer outra nomenclatura que você já deve ter visto por aí. Nosso convite 32
é para que você repare na preciosidade da vida cristã experimentada com irmãos que se olham nos olhos, que se assentam em círculos, que ministram uns aos outros, que se edificam, se encorajam, que vivem a mutualidade na essência. É por isso que podemos muito bem enxergar dentro de nossas estruturas modelos existentes de pequenos grupos, como muito bem apresenta o Pr. Márcio Tunala na introdução d e “Pequeno Grupo Multiplicador”. No entanto, não vemos ali com clareza a intencionalidade na formação de liderança e na multiplicação de discípulos a partir destes pequenos grupos. Nossas organizações missionárias, como a União Feminina Missionária e a União Missionária de Homens, podem viver essa visão a partir de suas realidades. É tempo de darmos um ressignificado em nossas ações sem perder a nossa essência. Se queremos retornar aos princípios, precisamos muito mais do que ter encontros de pequenos grupos como uma estratégia de crescimento. Precisamos nos tornar uma igreja cuja vida está nos pequenos grupos, exatamente como no livro de Atos. Eles sempre foram o ambiente propício para que esses princípios que não queremos perder se manifestassem com vigor na vida da igreja. O templo mantém sua importância, assim como a estrutura e os programas. Mas, se queremos ser como a igreja primitiva e experimentar o mesmo poder na transformação de vidas e a mesma multiplicação temos que viver como ela vivia, no templo e nas casas em pequenos grupos. E isso não é novo para nós, batistas brasileiros. Em nossa história, podemos encontrar inúmeras referências que mostram que este é o caminho que já deveríamos estar perseguindo há alguns anos. No livro “Pequeno Grupo Multiplicador” o Pr. Tunala cita C. E. Autrey, que estava nos indicando ainda na década de 60: “OCrescimentoeaefetividadedasIgrejasUrbanasenocentrodascidades,durante aspróximascincodécadas,hãodeserdeterminadosporsuacapacidadedeevangelizaredesenvolver opovoqueviveemapartamentos.Adenominaçãoquenegligenciaressedesafiohádetorna-serural edesaparecerá” 43. Os centros urbanos são um grande desafio missionário atual. Hoje, mais de 80% da população do Brasil vive em cidades. Autrey já nos apontava que deveríamos ficar muito atentos a este fluxo migratório e ter uma estratégia bíblica para alcançar essas pessoas. A evangelização de porta em porta já não é tão efetiva em muitos lugares, pois com ela não conseguiremos passar nem da guarita! Precisamos repensar nossa forma de fazer evangelização eficaz. Quantas igrejas batistas não foram plantadas a partir de homens e mulheres de Deus que abriram suas casas! Discípulos de Jesus que, quando iam para outra cidade e não encontravam uma igreja batista para congregarem, ao contrário de irem procurar outra denominação, com alegria abriram suas casas para um encontro com pequenos grupos de pessoas. Assim, pessoas eram alcançadas e igrejas eram plantadas. Quando olhamos para esta história o nosso coração se enche de alegria e de desafios. Neste tempo de grande expansão urbana, temos perdido tantas oportunidades de plantarmos novas igrejas a partir das salas e varandas de nossas casas!
43 AUTREY,
C. E. TeologiadoEvangelismo. Rio de Janeiro: JUERP. 1ª Edição, 1967. p. 115 e 116. 33
Waylon Moore chega a nos afirmar em seu Livro Integração Segundo o Novo Testamento: “Duranteuns300anosasprimitivasigrejasusaramoslarescomolocaisdesuasreuniõesdeora ção, de ensino, confraternização. As escrituras registram o desenvolvimento da igreja através destas reuniõesnoslares” 44. Mas repare que as reuniões nos lares não são o ponto chave para as respostas que queremos. Até porque reuniões nas casas também podem ser consideradas programas! E há muitas igrejas que fizeram dos pequenos grupos apenas mais um programa. A questão central é visualizar que determinados princípios somente são passíveis de serem experimentados com intensidade em grupos menores. O retorno para as casas deve ter um equilíbrio, no templo e de casa em casa, como mostra Atos 5.42. A essa altura você deve ter várias perguntas em seu coração, do tipo: “Você está dizendo que a forma de igreja que temos hoje está errada? Os pequenos grupos vão resolver os nossos problemas? Temos que mudar tudo?” O ponto não é esse. O que mais estamos enfatizando não é a simples mudança de metodologia só porque não está funcionando bem, mas o retorno à compreensão bíblica do que é ser igreja e, o mais importante, à vivência disso em nossas comunidades. As verdades de Deus não mudam. Aquilo que éramos no Novo Testamento é o desafio que temos para ser hoje. Não diríamos que a forma atual de ser igreja está totalmente errada, mas que está incompleta. A celebração no templo é maravilhosa. Mas está nos faltando o “de casa em casa”. Uma coisa não exclui a outra. Neste tempo de tanto individualismo, precisamos abrir nossas casas para receber as pessoas, pois quando abrimos a nossa casa abrimos nossa vida. Os pequenos grupos também não vão resolver tudo. Mas eles potencializarão o cuidado, o serviço, o discipulado, a intercessão e a multiplicação de discípulos e igrejas. Eles são um ambiente estratégico para vivenciarmos o “uns aos outros”. Em Atos, a vida da igreja em Jerusalém girava em torno dos relacionamentos e, sob a direção do Espírito, experimentou um crescimento explosivo. Em poucos meses já tinha milhares de pessoas. Não foi a estrutura, mas a prática dos valores direcionada pelos Espírito Santo que impulsionou tão grande colheita. Se olharmos o pequeno grupo apenas como um movimento, ele vai chegar e passar. E se isso acontecer, a geração seguinte ficará receosa de tentar novamente. Estamos tão acostumados com a nossa tradição que em um primeiro momento ficamos chocados com qualquer possibilidade de mudança. Outros já se precipitam e querem alterar tudo de uma vez só. Esse não e o caminho. Mexer com princípios e valores é algo que demanda tempo e muita oração. Somente o Senhor pode falar ao nosso coração de tal maneira que nos mostre a necessidade de retornar a es ses princípios. Depois, é muito mais trabalho para todos nós. No próximo capítulo meditaremos sobre a curva de retorno na direção do Novo Testamento. E então, está disposto a fazer essa jornada conosco?
44 MOORE,
Waylon B. IntegraçãoSegundooNovoTestamento. Rio de Janeiro: JUERP, 1976. p. 91. 34
“Quero voltar ao início de tudo,encontrar-me Contigo, Senhor. Quero rever meusconceitosevalores,euqueroreconstruir.Vouregressaraocaminho,volver asprimeirasobras,Senhor.Eumearrependo,Senhor,Mearrependo,Senhor, Mearrependo,Senhor!Euquerovoltaraoprimeiroamor,aoprimeiroamor,Eu querovoltaraDeus.(Rebanhão) Depois de compreendermos o quanto temos nos afastado da forma bíblica de ser igreja, convidamos você a realizar o caminho inverso de retorno. Neste momento, queremos fazer menção à música do Rebanhão e propor a você parar e meditar por alguns instantes nessa poesia tão profunda, que traz ao nosso coração os mais diversos sentimentos. Gostaríamos que você escrevesse o que está sentindo agora: _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Essa canção nos faz lembrar de Apocalipse 2.4,5, quando o Senhor Jesus, dirigindo-se à igreja de Éfeso, diz: “Tenho contra ti, porém, o fato de que deixaste o teu primeiro amor. Lembra -te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta às obras que praticavas no princípio”. Com base no livro de Atos e na epístola de Paulo aos Efésios, podemos notar que a Igreja de Éfeso até teve em um início exemplar. Ela foi discipulada pelo próprio apóstolo Paulo, que ali permaneceu dois anos (At 19.10). E também teve entre seus líderes Priscila e Áquila (At 18.24-28) e o jovem pastor Timóteo. Mesmo vários anos depois, essa igreja manteve a firmeza na Palavra e outras características positivas que levaram Jesus a elogiá-la em Apocalipse: “ Seiquenãosuportasosmause quepusesteàprovaosquesedizemapóstolos,masnãosão,edescobristequesãomentirosos.Tens perseveradoesofresteporcausadomeunome;enãotedesanimaste” (Ap2.2,3).A igreja de Éfeso era uma igreja viva, ativa e cooperante com o avanço do Reino de Deus. Uma de suas principais marcas era a perseverança. Era também uma igreja com discernimento espiritual e muito zelo doutrinário era firme na doutrina, possivelmente por causa da formação discipular tão bem alicerçada na Palavra de Deus por intermédio de Paulo e Timóteo. Jesus Cristo elogiou a igreja de Éfeso por:
Trabalhar com afinco, Perseverar com paciência, Não tolerar pessoas más, Questionar e não aceitar os falsos apóstolos.
Todas as igrejas deveriam ter essas características e muitas de nossas as têm. Porém, nem tudo estava perfeito. O Senhor também mostrou em que aquela igreja necessitava mudar: “Tenhocontra ti,porém,ofatodequedeixasteoteuprimeiroamor.Lembra-te,pois,deondecaíste,arrepende-tee voltaàsobrasquepraticavasnoprincípio(v.4)” .Na Nova Tradução da Linguagem de Hoje, esse texto fica assim: “Porémtenhoumacoisacontravocês:équeagoravocêsnãomeamamcomomeamavam
35
noprincípio.Lembremdoquantovocêscaíram!Arrependam-sedosseuspecadosefaçamoquefaziam noprincípio” . Em certa ocasião, Paulo tinha elogiado a igreja de Éfeso pelo seu amor a Deus e aos semelhantes: “Porissotambémeu,tendoouvidofalardafénoSenhorJesusqueháentrevós,edovossoamorpara comtodosossantos,nãocessodedargraçasporvós,lembrando-medevósnasminhasorações”(Ef 1.15,16). Agora, Jesus repreende aquela igreja pelo fato de que ela abandonou esse primeiro amor Talvez muitos dos fundadores da igreja já tinham morrido e a maioria dos crentes da segunda geração havia perdido o zelo por Deus. O cenário atual era que os membros daquela igreja faziam muitas coisas, estavam muito ocupados, mas haviam perdido a essência do amor cristão. Por isso, Jesus completa com o verso 5: “ Lembremdoquantovocêscaíram!Arrependam-sedosseuspecadosefaçam oquefaziamnoprincípio” . Essa é uma mensagem muito relevante para os nossos dias. Temos a convicção de que vivemos em igrejas semelhantes à de Éfeso, marcada pelo labor, pela perseverança e pelo extremo cuidado pela palavra de Deus, mas que muitas vezes tem demonstrado sinais de que perdeu o seu primeiro amor. Temos hoje igrejas fortes, sólidas e bonitas, mas que frequentemente apresentam um estilo de vida consumidor de programas, deixando de lado as prioridades da Grande Comissão, da prática dos mandamentos mútuos e da aplicação do sacerdócio universal dos crentes e da multiplicação. O que temos que fazer? Jesus já apontou o caminho: temos que nos lembrar de onde caímos, nos arrepender e retornar aos princípios do Novo Testamento. Esse é o convite que fazemos neste livro. Mas, como podemos fazer essa curva de retorno? Com certeza, isso dará muito trabalho, levará tempo, precisaremos de muita persistência e de estarmos conscientes da vontade de Deus para nossas vidas. No fim, com toda certeza valerá a pena. Queremos ajudá-lo nesse processo por meio de um roteiro de implementação da visão de Igreja Multiplicadora que trabalha com quatro pontos: princípios e valores, visão, estratégia e estrutura. Estes pontos traduzem passos que necessitamos dar em busca deste resgate bíblico. Precisamos iniciar da forma certa para que possamos alcançar com êxito o objetivo final, como mostra Beckham: “Estágios podem ser acelerados, mas não completamenteignorados.” 45
BECKHAM, William A. ASegundaReforma:AigrejadoNovoTestamentonoSéculoXXI. Curitiba: MIC, 2012. p. 182. A obra de Beckham é sem dúvida alguma um dos maiores manuais que temos falando sobre este caminho de retorno aos princípios e valores neotestamentários. Influenciado por ele, Robert M. Lay sistematizou quatro módulos que buscam ajudar igrejas e denominações neste retorno as escrituras, também demostrando que a sequência dos acontecimentos devem ser: valores, visão, estratégia e estrutura. (LAY, Robet M. Ano da Transição – Modulo 1, Curitiba: MIC, 2004. p. 3.) 45
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A observância dessa ordem é fundamental para um movimento de retorno sem acidentes. E é aqui que muitos erram. Quando confrontados com o estilo de vida apresentado em Atos, alguns líderes reconhecem que há algo faltando em suas comunidades de fé e então passam a procurar novas estratégias e metodologias. O radar desses pastores está sempre acionado para tentar captar alguma proposta inovadora que possa ser adotada. Isso inclui ler novos livros, participar de congressos e até visitar igrejas que experimentaram um crescimento explosivo. Por mais que tudo isso seja válido, pode haver um efeito colateral. Já mencionamos um pouco sobre ele no primeiro capítulo. Se não alcançarmos os princípios bíblicos que estamos perdendo, certamente não teremos absorvido o real espírito daquele livro, congresso ou igreja, pois toda experiência de multiplicação de discípulos que seja bíblica tem seu sucesso explicado justamente pela aplicação dos princípios da Palavra de Deus por meio de estruturas diversas. Por outro lado, muitos pastores, quando vão a esses congressos ou visitam grandes igrejas, se impressionam com o que veem na superfície e, ao contrário de abençoados, saem com um sentimento de desânimo. É que, ao olharem para suas realidades, se julgam incapazes de um dia realizar uma programação tão grandiosa. É tanto investimento, que uma pequena igreja ou congregação jamais poderá duplicar. O problema não está nas programações, mas na nossa dificuldade de percepção de que o que realmente importa são os princípios por trás delas. É bem verdade que nem todas as programações que geram números estão alicerçadas em princípios bíblicos. Aí o risco é ainda maior: o de sermos tentados a imitar algo que nos dará um trabalho absurdo, mas sem proveito algum. Já presenciou algum programa suntuoso que tinha um fim em si mesmo? Ele consumiu muitos recursos, entreteve muita gente, mas houve pouca evangelização discipuladora, pouca edificação. Amado líder, não queira isso para o seu ministério e para a sua igreja! Não adianta substituir programas “velhos” por outros mais dinâmicos e eficientes porque a questão não é a qualidade deles, mas o quanto contribuem para a liberação dos princípios bíblicos no dia a dia da igreja. É mais simples medir a intensidade da vida da igreja pela frequência aos programas ministeriais. Contudo, Greg L. Hawkins e Cally Parkinson, no livro “Descubra onde você está?”, fazem uma pergunta interessante: “O aumento da frequência a programas ministeriais equivale automaticamenteaocrescimentoespiritualdaigreja?” 46 Essa é uma grande questão. Só porque um crente é assíduo aos programas quer dizer que está crescendo espiritualmente? Em tempos de tanto ativismo, a verdade pode ser outra. Estamos tão ocupados com programas encima de programas que nem sempre temos tempo para um relacionamento real com o Senhor. Se nós, pastores, podemos estar tão sobrecarregados com atividades a ponto de negligenciarmos a vida devocional, quanto mais os membros da igreja. Nossa cultura de um ativismo constante, onde sempre queremos ter muitos programas tem produzido mais Martas do que Marias. Vamos relembrar a passagem de Lucas 10.38-42: “Prosseguindoviagem,Jesusentrounumpovoado;eumamulherchamadaMarta recebeu-oemcasa.Suairmã,chamadaMaria,sentando-seaospésdoSenhor,
46 HAWKINS, PARKINSON, Greg L. & Cally.
DescubraondeVocêestá?Arespostatransformarásuaigreja.São Paulo: Vida, 2008. p. 13. 37
ouvia a sua palavra. Marta, porém, estava atarefada com muito serviço; e, aproximando-se,disse:Senhor,nãoteimportasqueminhairmãmetenhadeixado sozinhacomoserviço?Dize-lhequemeajude.EoSenhorlherespondeu:Marta, Marta,estásansiosaepreocupadacommuitascoisas;masumasóénecessária; eMariaescolheuaboaparte,eestanãolheserátirada.” As duas irmãs representam dois modelos de relacionamentos com o Senhor. A igreja do Século XXI apresenta características semelhantes aos dois. Na maioria dos casos, somos mais parecidos com Marta do que com Maria. Estamos mais preocupados com o “fazer para Deus” do que o “ estar com Deus”. Priorizamos nossas realizações em comparação ao nosso relacionamento com Cristo. William A. Beckham47 descreve bem estes dois modelos:
- Realiza o serviço para Cristo
- Entre na presença de Cristo
- Espera que outros ajudem você a fazer algo para Cristo
- Assente-se aos pés de Cristo
- Faça alguma coisa acontecer para Cristo
- Ouça a voz de Cristo
- Prepara-se para a presença ou vinda de Cristo
- Receba o poder de Cristo
- Organize tudo de maneira agradável a Cristo
- Espere Cristo curar todas as suas feridas
- Coordene a agenda de Cristo
- Olhe para a face de Cristo
- Sinta o toque suaves de Cristo
- Esteja tão ocupado para o Senhor aponto de se distrair
- Descanse no amor de Cristo
- Veja Cristo apenas de passagem, enquanto você faz seu trabalho
- Usufrua a liberdade de Cristo
- Seja uma criança nos braços de Cristo
- Reclame para Cristo acerca do serviço dos outros
- Entregue o medo a Cristo
- Cumpra suas tarefas mesmo que os relacionamentos sofram
- Realize a vontade de Cristo, transborde da presença dele
- Acima de tudo, focalize no que é secundário
- Acima de tudo, focalize no que é melhor
- Lave os pés de Cristo (João 13.1-8)
Com toda certeza, poderíamos até tentar justificar Marta: “Ela não estava servindo? Não seria um exemplo de dedicação ao trabalho?” Entretanto, o que o texto bíblico nos ensinar é que o “ser” é muito mais importante do que o “fazer”. De nada adianta sermos fazedores para Cristo se não tivermos antes de tudo um relacionamento íntimo com Ele. Temos que admitir que muitas vezes
47 BECKHAM, William A. ASegundaReforma:AigrejadoNovoTestamentonoSéculoXXI. Curitiba: MIC, 2012. p. 158 e
159. 38
estamos mais focados em nossas ações, em nossos programas, do que em Cristo. E, por causa disso, queremos resolver tudo na base de adicionarmos novas programações, gerando ainda mais ativismo. Mas isso não adianta nada. Só nos traz mais sobrecarga. Por isso, estamos insistindo que as estruturas são a última coisa que vamos mexer, ainda assim se for necessário. O retorno ao jeito bíblico de ser igreja começa com rever princípios e valores. Vamos ao detalhamento de cada um desses quatro pontos para a nossa melhor compreensão desse processo de implementação.
Antes de darmos qualquer passo na direção de implementar a Visão Multiplicadora, precisamos compreender muito claramente que não adianta mudarmos a estrutura da igreja se o nosso coração e o de nosso povo ainda não foram tomados pela visão de Igreja Multiplicadora. O primeiro passo para um processo de implementação bem sucedido é compreender que o que mais precisamos não é de mudanças estruturais, mas de um novo estilo de vida. Este é um ponto principal a ser observado. Não há como pensarmos em avançar para qualquer outro passo se não fundamentarmos bem os princípios e valores. A placa ao lado, que sinaliza proibição de mudança de faixa, serve para nos alertar sobre o cuidado que devemos ter neste momento. Não há atalhos. Tudo na verdade se inicia com princípios e valores. Isso pode até parecer simples demais. No entanto, na prática é um grande desafio. É bom recordarmos que estamos na contramão de muitos séculos de história. Por exemplo, em uma cultura cada vez mais individualista e de superficialidade nos relacionamentos, qualquer ação no sentido de iniciar pequenos grupos multiplicadores demanda uma ampla reflexão sobre quem somos como igreja e qual a nossa missão. Não subestime a dificuldade disso. Por muitas gerações, a nossa matriz eclesiástica tem sido um modelo de adição e não de multiplicação. Estamos acostumados a combater a “numerolatria”, ou seja, a supervalorização dos números e, em contrapartida, caímos no oposto da “numerofobia”, que é a aversão aos números, à multiplicação. Temos medo de pensar em igrejas maiores e ainda justificamos esse medo dizendo que o reino de Deus é para poucos, que a porta é estreita. Retornar a princípios e valores é poder olhar para João 15 e entender que o Senhor é glorificado quando damos muito fruto. Meu irmão, este é um grande privilegio que temos como filhos de Deus: fomos eleitos em Cristo para frutificar, para dar frutos que permaneçam! Qual seria a prova básica de que somos discípulos verdadeiros? É a produção de frutos 48. Todavia, não haverá uma grande produção de frutos se o nosso coração não estiver inflamado por Jesus como estava o dos nossos irmãos neotestamentários. Precisamos resgatar o princípio da evangelização discipuladora, para alcançarmos muitas pessoas e cuidarmos delas assim como Barnabé cuidou de Paulo, investindo em sua vida. Outro ponto 48 MIRANDA, Ruan Carlos.
ManualdeCrescimentodeIgreja. São Paulo: Vida Nova, 1989. p. 27. 39
fundamental é a convicção de que todos os cristãos são ministros e que a obra e o ministério podem ser desenvolvidos por todos. Se esse valor não tiver tomado os nossos corações, teremos muitas dificuldades em empreender os demais. O sacerdócio universal do crente tem que possuir muito além do nosso intelecto. Todos nós falamos sobre ele, mas nossa prática denuncia um resquício muito grande do catolicismo romano em nós. Um dos nossos maiores desafios é a cada dia encurtar a grande distância que existe entre clérigos e leigos. Precisamos saber e colocar em prática que todo podemos fazer novos discípulos. Quando falamos sobre princípios e valores, estamos nos referindo a convicções profundas que influenciam toda a nossa vida. Desde o nosso falar até o nosso agir. Quando pensamos assim, paramos e olhamos para Jesus e perguntamos: Quais eram os valores fundamentais para Ele? Uma forma de obter essa resposta é perceber quais os valores que ele transmitiu para os seus discípulos e que foram absorvidos e praticados por eles de tal forma que impactaram o mundo da época. Queremos convidálo a fazer uma pequena comparação entre as igrejas do Novo Testamento e a igreja atual. Veja o quadro a seguir e faça suas anotações:
O que era importante para aquelas igrejas? O que é importante para as nossas igrejas? Apresente pelo menos 5 pontos. Apresente pelo menos 5 pontos.
________________________________ ________________________________ ________________________________ ________________________________ ________________________________
Observação:
_______________________________ _______________________________ _______________________________ _______________________________ _______________________________
Observação:
Vamos agora a uma comparação de valores entre eles e nós:
Quais são os valores principais que podemos Quais são os valores principais que podemos notar na igreja neotestamentária? notar na Igreja Atual?
____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________ ____________________________________
Observação:
___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________ ___________________________________
Observação:
40
Vamos a mais um passo: como era o estilo de vida dos irmãos no Novo Testamento em comparação ao nosso?
Quais eram suas práticas como cristãos?
_______________________________ _______________________________ _______________________________ _______________________________ _______________________________ _______________________________ _______________________________
Observação:
Quais são nossas práticas atuais como cristãos?
________________________________ ________________________________ ________________________________ ________________________________ _______________________________ _______________________________ _______________________________
Observação:
Ao finalizar essa simples avaliação, quais foram as suas conclusões? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ O cumprimento da Grande Comissão tem sido uma prioridade para nós como foi para a Igreja primitiva? Comente sua resposta. _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Atualmente, estamos mais presos às estruturas ou temos vivenciado o evangelho diariamente, como menciona Atos 5.42: “Etodososdias,notemploedecasaemcasa,nãocessavamdeensinarede anunciarJesus,oCristo” ? Comente sua resposta. _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________
41
A igreja atual tem cuidado uns dos outros de maneira efetiva? Comente sua resposta. _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Por essa pequena avaliação já percebemos que precisamos encurtar a distância entre o nosso discurso e a nossa prática quanto aos princípios bíblicos. Podemos concluir que estamos distantes, no entanto podemos retornar. E o próximo passo para o retorno é compreendermos que esta jornada precisa ter um destino claro, e este destino é o que Deus tem colocado em nossos corações. Por certo, que ao olhar para Jesus e estudar as igrejas do Novo Testamento tudo isso tem gerado em seu coração uma visão, um desejo ardente de viver estes princípios de maneira efetiva em nosso dia a dia. Vamos então ao segundo passo: a visão.
Quando usamos a palavra “visão”, nos referimos a esse desejo precioso em nosso coração que aponta para onde queremos chegar. Não estamos falando apena de um belo papel pregado da parede de nossas igrejas, mas algo que nos motiva a ir em busca daquilo que Deus tem colocado em nossos corações. É muito interessante quando Beckham diz: “Aquiestáavisãode Deus;agoravamosarregaçarasmangaserealizá-la...QuandosomosconformadosavisãodeDeus, podemosentãodizer:AquiestáavisãodeDeus,deixa-mevercomoDeusvaimoldar-medeacordo comasuavisão” 49.Os princípios geram em nosso coração aquilo que o Senhor espera de nós, e agora nosso desafio é nos movimentarmos nessa direção. É sempre bom recordar que a palavra “visão” nos remete a um dos cinco sentidos fundamentais que todos nós, seres humanos, possuímos. Ao lado da audição, do olfato, do paladar e do tato, a visão envolve uma interação com o ambiente. É através dela que temos a capacidade de enxergar tudo a nossa volta. Da mesma forma, quando compreendemos os princípios bíblicos, conseguimos visualizar diante de nós um caminho a ser seguido. Não estamos falando de visão como um “método de crescimento de igreja”, como já foi colocado no contexto evangélico brasileiro. Até mesmo queremos evitar o uso equivocado da palavra,
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BECKHAM, William A. ASegundaReforma:AigrejadoNovoTestamentonoSéculoXXI. Curitiba: MIC, 2012. p. 248.
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como se pudesse definir se alguém está ou não participando de um movimento. Não é o caso de perguntarmos uns aos outros: “Você está ou não na visão?” Isso só traria a ideia da existência de uma classe superior e promoveria divisão em nosso meio. Esse não é o sentido em que estamos usando o termo “visão”. Para nós, “visão” é aquilo que enxergamos a nossa frente como fruto do desejo de vivenciar os princípios e valores bíblicos. É onde queremos chegar, o nosso objetivo como igreja, o que queremos realizar. Podemos enumerar alguns destes objetivos:
Glorificar a Deus Cumprir a Grande Comissão Orar abundantemente Multiplicar discípulos Formar líderes Ser relevantes na comunidade Multiplicar igrejas
Com certeza, essa é uma lista maravilhosa, mas queremos resumir todos os pontos em uma única frase: nossa visão é Glorificar a Deus cumprindo a Grande Comissão. Esse era o produto final das igrejas neotestamentárias; também deve ser o nosso. A grande pergunta é: nosso povo está consciente disso? Os discípulos de Jesus no Século XXI estão certos de para onde estão indo e porque estão fazendo tal caminhada? A verdade é que se não soubermos para onde ir, qualquer lugar vai servir. Sem uma visão clara para nos nortear seríamos como um jogador de futebol numa final de campeonato que não sabe para que lado está o gol do adversário. Quando falta o direcionamento para onde devemos ir, ficamos perdidos. Steve Gladen, em seu livro “Pequenos Grupos com Propósitos”, afirma que “ amenosquevocê saibaqualéoalvo,nãopoderáatingi-lo” 50. Quanto mais claro for o nosso foco, mais certamente alcançaremos o objetivo que estamos buscando. Guarde bem esta frase de Gladen: “Écomeçarcom umfimemmente” . Permita-nos repetir a nossa visão: Glorificar a Deus cumprindo a Grande Comissão é o produto final que o Senhor espera de sua igreja. Agora, tudo isso não pode ficar apenas com o pastor ou a liderança mais próxima. Toda a igreja deve ser tomada por esse grande desejo. Para isso, devemos procurar todos os meios para comunicar onde queremos chegar. Muitos de nossos planos não são bem sucedidos pelo simples fato de que as pessoas que lideramos podem ainda não ter compreendido com clareza o que estamos falando. Precisamos investir de tal maneira na transmissão da visão, ou seja, transmitir as pessoas o objetivo final a ser alcançado, devemos mostrar aos que estão ao nosso redor esse caminho como o melhor a ser vivido, pois é bíblico e relevantes para os nossos dias. É necessário compartilhar onde desejamos chegar com o grupo precioso que o Senhor colocou em nossas mãos. Faça isso não apenas com os líderes ao seu redor, mas com toda a congregação. Toda a igreja necessita compreender esta verdade. Precisamos olhar para toda a igreja como potenciais líderes, trabalhadores para a Grande colheita que o Senhor quer realizar através de nós.
50 GLADE, Steve.
PequenosGruposcomPropósitos. Brasília: Palavra, 2012, p. 54. 43
Compartilhe com a igreja mensagens bíblicas que mostram a importância da vivência dos princípios e valores. A Palavra de Deus deve ser o nosso único fundamento para o caminho que queremos trilhar. O pastor precisa não apenas falar sobre isso, mas ser tomado pelo que está pregando. Não basta conhecer. É preciso não conseguir viver sem. Se você ainda não chegou a essa conclusão, ou seja, a visão tenha tomado todo o seu coração, talvez ainda não seja a hora de começar a compartilhar essa visão com seu povo. É por isso que insistimos que o pastor titular deve ser quem inicie esse movimento de resgate dos princípios e valores. Ele pode compartilhar com toda a igreja a sua experiência no pequeno grupo, demostrando que ele é a pessoa mais comprometida com todo o processo. Infelizmente, muitas vezes notamos líderes querendo que suas igrejas façam aquilo que eles mesmos não estão fazendo. Agindo assim, eles estão passando a mensagem de que não acreditam naquilo. Outra coisa que temos aprendido: visão não se delega. O pastor não pode delegar a outro mostrar o caminho bíblico que a igreja deve trilhar. Se ele fizer isso, inconscientemente estará demonstrando que não tem compromisso com essa jornada. Nesse processo, um ponto fundamental é o pastor pedir ao Senhor que abra portas para também ter o seu discipulador, o seu companheiro de caminhada. Nós estamos falando o tempo todo da importância de cuidarmos um dos outros. E quem cuidará do pastor? O pastor deve pedir a Deus que lhe mostre quem será aquele com quem poderá abrir o seu coração, com quem também prestará contas. Não estamos falando de uma cadeia de hierarquia ou domínio, mas de um relacionamento de mutualidade e encorajamento. Como pastores, muitas vezes somos sufocados por tantos dilemas e nem sequer temos com quem abrir o nosso coração. Como poderemos querer implementar uma rede de cuidado se, como pastores, não temos quem cuide de nós? Todos nós precisamos de alguém com a liberdade de nos ajudar em áreas da nossa vida que precisam ser trabalhadas. Assim, o pastor será o exemplo para o rebanho de como tem sido bom ser cuidado por alguém. Isso vai gerar confiança na igreja e desejo de também experimentar os relacionamentos discipuladores com profundidade. Quando falamos de visão, poderíamos resumir que o trabalho pastoral neste momento seria:
A visão nos leva à ação. Ou deveria, porque nós só agimos de acordo com o que realmente cremos. Quem diz ter uma visão, mas não emprega nenhuma energia para persegui-la, está apenas se iludindo quando diz que a tem. Infelizmente, esse é o caso de muitos líderes entre nós. Sem saber, estão sofrendo com insuficiência de Vitamina V. Kwak Sook-Chul, em seu livro “Olá Mentor”, nos conta uma história interessante: “Um homem acabar de se aposentar e sofri de uma dor de cabeça crônica, visão borrada, falta de apetite, dores nas costas e muitos outros problemas, como se nada estivesse bem. Por isso procurou um hospital. O médico diagnosticou que ele sofria de “insuficiência de vitamina V”. O homem se espantou e disse: “já ouvi falar de vitamina B ou C, mas é a primeira vez que ouço falar na vitamina V.
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O médico respondeu: ‘O V representa ‘Visão’. Você ficou doente porque perdeu seu sonho”51. Meus queridos irmãos, precisamos orar para que este grande mal seja erradicado do nosso meio. Líderes não podem perder os seus sonhos. Não tem mais o desejo ardentes em seus corações. E por isso estão sofrendo e desfalecendo nesta jornada. Nossa oração é que após mergulharmos nos princípios do Novo Testamento, o nosso coração possa voltar a sonha e nos impulsionará a caminhar. Porém, ninguém quer ser liderado por alguém que não sabe para onde vai. George Barna, um grande pesquisador sobre liderança, enfatiza: “Vamosdeixarumacoisaclaradesdeoinício.Sevocêquerser umlíder,visãonãoéumaopção;elaépartedoequipamentopadrãodeumverdadeirolíder...A equaçãoémuitosimples:nenhumavisão=nenhumaliderança” 52. A visão deve ser clara tanto para o líder quanto para os seus liderados. Quando a visão é clara, ela se torna fácil de ser comunicada, o que resultará em mais pessoas engajadas em torno dela. Tudo o que estaremos compartilhando tem que fazer sentido para as pessoas em redor, caso contrário não haverá comprometimento. A clareza da visão evitará muitas confusões. Thon S. Rainer e Eric Geiger, no livro “Igreja Simples”, afirmam: “ Clarezaesimplicidadeandamdemãosdadas.Elassãograndes amigas...Aspessoassabemexatamentecomoaigrejaestáestruturadaparaconduziraspessoasna direçãodocrescimentoespiritual.Ocomoéclaro.Processo(ocomo)édiscutido,ensinadoeilustrado easpessoasentendem” 53.
Outro ponto muito importante é que o pastor deve ser o grande propagador dessa visão. Mais do que ninguém, o pastor deve compartilhar com outras pessoas o que o Senhor tem colocado em seu coração. E deve fazer isso com muita paixão. As pessoas ao seu redor necessitam enxergar nele. A igreja deve compreender que isso não é apenas mais uma ideia nova trazida de um congresso, como outras que chegaram e passaram. Quando o nosso povo compreender a grandeza da visão para onde queremos liderá-los, isso vai gerar comprometimento. O povo precisa saber claramente para onde está indo. Por isso, testemunhe para a sua igreja e liderança sobre tudo que Deus tem falado ao seu coração. Divida a sua experiência no seu momento a sós com Deus. Isso fará grande diferença em sua vida e na do povo que o Senhor confiou a você. Faça isso pregando nos cultos dominicais, nos encontros com liderança e em todas as oportunidades que tiver. Também use momentos informais para compartilhar a visão com as pessoas. Peça a Deus criatividade para falar a mesma coisa de maneiras diferente.
51 SOOK-SHUL, Keak.
OláMentor. São Paulo: Clio Editora, 2014. p. 40. Earley cita Jorge Barna em seu Livro Transformando Membros em Líderes. Neste capítulo, o autor mostra ao leitor que um dos passos principais para sermos efetivos na liderança, que é termos um objetivo, uma visão, um sonho que move nos corações. Ele também afirma: “Ninguém jamais se tornou um líder multiplicador sem sonhar a este respeito.” (p. 18). 53RAINER, GEIGER, Thon S. e Eric.IgrejaSimples. Brasília: Palavra, 2012. p. 83. 52 Dave
45
Os líderes ao nosso redor também devem ser capazes de compreender e compartilhar com outros com paixão o caminho que está diante de nós. Pular essa etapa pode trazer sérias consequências para os passos seguintes. Se os líderes que estão conosco ainda estão discutindo a visão e não conseguem transmiti-la facilmente aos outros, ainda não é o momento apropriado para avançar! É muito importante contarmos com pessoas que acreditam conosco! Esta é a razão por que o passo a seguir é também fundamental.
Transmitir uma visão não é algo que se faz somente do púlpito. É preciso andar junto de pessoas, e, no dia a dia, em momento formais e informais, compartilhar sobre os princípios e a visão. O pastor precisa investir intencionalmente na formação de novos líderes por meio de relacionamentos discipuladores, cuidando deles de maneira integral. Este princípio foi ensinado por Moore em seu livro “Multiplicando Discípulos”: “Aformaçãodeliderançadeveseraprioridadenoministériodopastor.Ele devecomeçaradiscipularosseusoficiaiseseusdiáconosedevereunir-setambémregularmentecom umoudoisleigos” 54. Por meio desse investimento pessoal, estaremos ensinando de forma prática para os nossos líderes o que é o cuidado que esperamos que eles demostrem a outros. Como já falamos, é muito importante que o pastor tenha o seu discipulador, pois nesse ponto ele poderá falar com muita tranquilidade sobre a importância desse relacionamento de mutualidade que ele também está experimentando. Quando olhamos para Jesus, este é o caminho que ele percorreu com seus discípulos. Estes momentos permitiram que estivessem próximos para lhes transmitir ensinos preciosos, simples, porém profundos, que lhes encorajavam e admoestavam a todo o tempo. Mas é interessante percebermos que o relacionamento de Jesus com Pedro Tiago e João revelava um círculo de intimidade especial. Coleman diz: “ P edro, Tiago e João pareciam desfrutar uma relação mais especial com o Mestredoqueosoutrosnoveapóstolos.Somenteessestrêsprivilegiadosforam convidadosaentrarnasalamortuáriadafilhadeJairo(verMarcos5:37eLucas 8:51);somente essestrês estiveram sozinhos nomontecom o Mestre,onde contemplaram a Sua glória, no monte da Transfiguração (ver Marcos 9:2; Mateus17:1eLucas9:28);eemmeioàsoliveirasdojardimdoGetsêmani,que lançavamsombrasameaçadoras,àluzplenadamanhãdapáscoa,essestrês membrosdocírculomaischegadoforamosqueestiverammaispertodeseu Senhor,enquantoEleorava(Marcos14:33eMateus26:37)” 55. Eles puderam presenciar muitas outras coisas que os demais não estiveram. Sem dúvida alguma podemos enxergar a intencionalidade de Jesus em forma-los como líderes. Pare um pouco e enumere até 10 líderes com quem você pretende investir tempo e compartilhar esses princípios na hora certa: 54 MOORE,
Waylon B. MultiplicandoDiscípulos:OmétodoneotestamentáriosparaoCrescimentodaIgreja. Rio de Janeiro: JUERP. 1983. p. 119 55 COLEMAN, Robert E. PlanoMestredeEvangelismo. São Paulo: Mundo Cristão. 12ª Edição, 2001. p. 24 e 25. 46
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10.
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Agora, reflita sobre quais ações você pode tomar a curto prazo para se aproximar dessas pessoas com o fim de lhes compartilhar de forma vivencial a visão multiplicadora. Investir tempo com estes lideres será um passo fundamental em todo este processo de implementação. Se você não tiver os 10 nomes, não há problema. Comece com três ou com o número que Deus colocou em seu coração. O mais importante não é quantidade de pessoas, mas sim o compromisso de intencionalidade em investir em suas vidas.
Por fim, quando pensamos no trabalho pastoral, foco e perseverança são fundamentais. Às vezes, estamos envolvidos em tantas coisas que não conseguimos ter um foco especifico e perdemos tempo e energia em coisas que não o nosso objetivo final. Muitas vezes o nosso maior desafio não é passarmos a fazer o que precisamos e não estamos fazendo, mas deixar de fazer o que não precisamos fazer. Se já elegemos como o nosso objetivo final tudo o que fizermos tem que convergir para isso. Neste momento, recordarmos tudo o que já falamos sobre os programas. Precisamos que eles tenham foco. Não basta tê-los só por ter. Isso seria cansativo demais! Quando já temos definido o nosso alvo, todos os programas devem ser pontes para o cumprimento desse objetivo. A perseverança sem foco é inútil e só traz desgaste. A perseverança que queremos é aquela que mantém acesa a visão em meio às lutas na certeza de que estamos no caminho certo para atingi-la. Quero compartilhar com você um antigo provérbio que diz “enquantohouvervontade,haver á um caminho”. Muitas vezes diante dos problemas e das incompreensões que enfrentaremos queremos desistir. Não podemos simplesmente mudar de rota por que ainda não vimos progresso. Temos falado e queremos relembrar: este processo leva tempo. Quero lhe contar a história do Rei Jorge, da Inglaterra. “ Depois da morte repentina do irmão,o príncipe Jorge foicoroado o rei da Inglaterra.ElenuncadeixoudesepreocuparcomosassuntosdoEstado.Então umdia,eleestavavisitandoumapequenafábricadecerâmica.Elesempreteve muitointeressepelacerâmicaepasseavainteressadamentepelafábricadepois deumaprogramaçãointensa.Enquantocaminhava,eleavistoudoisvasosque 47
estavamemexposiçãoumaseçãoespecialeparounafrentedeles.Examinou cuidadosamenteosdoisvasos,elepercebeuquesdoiseramfeitosdomesmo materialecomdesenhosidênticos.Aindasimumvasopareciamaisumaobra de arte, enquanto o outro tinha uma aparência um pouco atraente. Sem encontrarumaexplicaçãoeleperguntouaogerentedafábrica:-Comoestes vasospodemparecertãodiferentes?Equaléomotivodeexporosdoisassim, ladoalado?Ogerentedafábricarespondeu:-Omotivoésimples.Umfoipolido eoutronão.” 56 Essa história mostra que, assim como a cerâmica cozida brilha muito mais que aquela que não o foi, as adversidades dão polimento a nossa vida. Precisamos ser perseverantes nesse processo para que sejamos refinados e melhorados a cada dia. Depois de sermos polidos, com toda certeza alcançaremos melhores oportunidades. Vale a pena perseverar, pois o brilho do Senhor em nós será notado por todos. Vamos então ao próximo passo: a estratégia.
A estratégia é o caminho onde todos nós devemos percorrer para colocarmos em prática os princípios bíblicos. Como chegaremos lá? E hora de apresentar de maneira clara o que se espera de um discípulo de Jesus. Muitas vezes queremos como discípulos de Jesus escolher entre os nossos desejos e aqui que devemos de fato cumprir, pois são ordenanças bíblicas. Precisamos apreender a definir com clareza o que é desejo e o que é necessidade. Por que, no fundo, fica uma pergunta em nosso coração: o que desejamos é o que verdadeiramente necessitamos? Greg Hawkins e Cally Parkinson, no livro “Mantenha o Foco”, nos chamam para esta reflexão. Muitas vezes, como igreja de Cristo, na hora de escolher o caminho que iremos trilhar buscamos incluir nele tantas coisas, tantas ramificações e vias secundárias, que ele se torna confuso a ponto de nos perdemos. Queremos atender o desejo das pessoas em ter inúmeras atividades no contexto da igreja, sendo que muitas delas não contribuem para o cumprimento de nosso chamado primordial. Mas nós já temos uma missão definida que é “fazer discípulos”, e por isso devemos ir em busca de cumprir a missão e não apenas de oferecer as pessoas o que elas querem. Nós precisamos urgentemente compreender a necessidade de ensinar ao nosso povo a grande diferença entre desejos e necessidades57.
56 57
SOOK-SHUL, Keak. OlaMentor. São Paulo: Clio Editora, 2014. p. 160. HAWKINS, PARKINSON, Greg L. & Cally. MantenhaoFoco.São Paulo: Vida, 2010. p.9 . 48
Quais são as práticas de vida cristã que devem estar presentes em nossa vida para cumprirmos o que Cristo espera de nós? Somente através do caminho do discipulado poderemos alcançar a vontade do Senhor. E esse caminho consiste em:
Oração incessante Semeadura abundante da Palavra de Deus Relacionamento Discipulador Vivência em um Pequeno Grupo Multiplicador Investimento na formação de novos líderes Plantação intencional de igrejas que se multiplicam
Esse é um resumo das ações que temos que realizar em nosso dia a dia como igreja. Todo o povo que está sob nosso pastoreio precisa estar muito consciente disso. É preciso que cada membro saiba e consiga ajudar outros que estão chegando a compreender e se unir a nós nessa jornada. Para isso, o pastor juntamente com sua liderança devem deixar muito claro para toda a membresia o que se espera dela. Por exemplo, o que esperamos que cada discípulo de Jesus viva semanalmente como membro de uma igreja que está buscando glorificar a Deus e cumprir a grande comissão? Qual será o caminho a ser percorrido? Uma boa resposta encontramos no livro “Maturidade Cristã”, na lição de número 13, em que o discípulo é motivado a definir alguns passos importantes que o conduzem à maturidade: “ Emboranão exista uma fórmula para a maturidade cristã, diariamente você pode buscá-la. A seguir são enumeradas algumas sugestões que, colocadas em prática, muito auxiliarão você que deseja prosseguir em direção à maturidade, a fim de que também possa ajudar outros a crescerem espiritualmente.Elascobremáreasvitaisque,gradualmente,imprimirãonoseucoraçãooperfildeum discípulodeJesusCristo” 58. À luz do que aprendemos, queremos apresentar o que cada discípulo de Jesus precisa ter muito claro na sua caminhada, nos valendo das preciosas lições do “Maturidade Cristã” queremos apresentar ter coisas fundamentais que necessitamos como discípulos de Jesus:
Precisamos resgatar o valor do tempo devocional com Deus. Em outras palavras: “ Cultivarum momentodecomunhãocomDeusserádefundamentalimportânciasequisermosterumavidade crescimentoespiritual.SeráummomentoquandodeixaremosDeusfalarpelasuapalavraefalaremos comelepelaoraçãoepelolouvor.SeráumtempodecomunhãocomCristo.Escolhaumbomlocal, salvodeinterrupções,euseparaissopelomenos15minutosdiariamentepelamanhã,àtardeouà noite.AprendaatercomunhãodiáriacomDeuscomoalgoprioritárioparasuavida” 59. Esse é o primeiro passo a ser dado pelo pastor e será seguido por toda a igreja: o fortalecimento da nossa tão ensinada Hora Silenciosa. É através de experiência diária com Deus, lendo a Palavra, orando e ouvindo a Deus, que todo discípulo de Jesus cresce na sua vida cristã. Vivemos um tempo onde nossa agenda não suporta mais um compromisso. No entanto, este não apenas maisum 58 MATURIDADE CRISTÃ, Lição 13. Edição Revisada. Rio de 59 MATURIDADE CRISTÃ, Lição 13. Edição Revisada. Rio de
Janeiro: Junta de Missoes Nacionais, 2014. p. 96. Janeiro: Junta de Missoes Nacionais, 2014. p. 96 e 97. 49
compromisso, mas o nosso principal compromisso. “ A igreja precisa dehomens a quem o Espírito Santopossausar,homensdeoração,homenspoderososemoração” 60. “ OsgrandeshomensdeDeusforamhomensdeoração:Davi,Neemias,Daniel,Estêvão,Paulo, Epafras,George Müller entreoutros. Aprendemos a orar,orando. Jesusensinou a importância da oraçãoa seusdiscípulos.Aoraçãoeficazdeveincluirvárioselementos:adoração(louvor),gratidão, confissão,intercessão,petição.ABíblianosapontaosimpedimentosàoraçãoeficaz:incredulidade, motivaçãoerrada,orarpouco,seminsistência,pecadosnão-confessados,estarforadavontadede Deus.Deusdesejarealizargrandescoisasemsuavidaapart irdesuasorações” 61.Negligenciar a nossa vida devocional é o primeiro passo para o fracasso. Tudo começa com um tempo de encontro diário com Deus. Um encontro diário com o Senhor é que nos levará a desenvolvermos uma vida guiada pelo Espírito. Afinal, é Ele que nos fará compreender e lembrar de tudo aquilo que Jesus tem nos ensinado através de sua Palavra. O Espírito Santo é que nos conduz ao entendimento da verdade, e assim será construído em nós o verdadeiro caráter de um discípulo de Cristo seguindo seus passos, andando no caminho e principalmente cumprindo a sua vontade, ou seja, multiplicando novos discípulos. Se buscamos a presença de Deus diariamente, isso também gera em nós o desejo de estar com a igreja de Cristo, e assim seremos acolhidos entre o povo de Deus.
Outro ponto muito importante para o crescimento do cristão é ele estar integrado à igreja. Integrar pressupõe envolver o discípulo de Jesus com as coisas certas no momento certo. “Algumas coisassósãopossíveis quandoestamosintegradosnaigreja” 62. É na vida comunitária que somos desafiados e capacitados a melhor servir ao Senhor e produzir frutos para a glória de Deus. Quando mencionamos o estar integrado à igreja, queremos enfatizar os seguintes pontos importantes: - Viver pequenos grupos ajuda o discípulo a aplicar os princípios aprendidos nos cultos. Toda a igreja deve ser motivada a vivenciar o de “de casa em casa” de Atos 5.42. É através dos Pequenos Grupos Multiplicadores que o relacionamento será aprofundado e o acolhimento acontecerá de forma eficaz. É onde, pelo fato de que oramos juntos e andarmos bem perto uns dos outros, poderemos zelar de forma integral, ensinar o evangelho e desenvolver uma cultura de solicitação de contas. Quando mencionamos a importância de se participar em um Pequeno Grupo Multiplicador, aqui também é uma grande oportunidade para darmos um ressignificado para nossas organizações. Estruturas, como as das organizações missionárias, tais como União Feminina Missionária e União Missionária de Homens podem ser perfeitamente ajustadas em Pequenos Grupos Multiplicadores. Não devemos acabar com nada. Pelo contrário, daremos um novo ânimo para estas organizações em nossas igrejas. Podemos ter pequenos grupos de mulheres e de homens fortalecendo a visão missionária enquanto vivenciam outros valores bíblicos. Já pensou se cada Pequeno Grupo 60
LOPES, Hernandes Dias. Revitalizandoaigreja.São Paulo: Hagnos, 2012. p. 15. Janeiro: Junta de Missoes Nacionais, 2014. p. 98. 62 MATURIDADE CRISTÃ, Lição 13. Edição Revisada. Rio de Janeiro: Junta de Missoes Nacionais, 2014. p. 96. 61 MATURIDADE CRISTÃ, Lição 13. Edição Revisada. Rio de
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Multiplicador em solo brasileiro, além de alcançar outras pessoas para Jesus, multiplicar a visão missionária, orando e trabalhando para o despertamento e o envio de novos missionários? Isso será um grande avivamento em nossa nação. – Cada discípulo de Jesus deve compreender o valor do estudo da Bíblia e a sua aplicação diária. Precisamos de uma geração que ame a Palavra de Deus de todo o coração e a pratique com entusiasmo. É na EBD que o estudo sistemático da Palavra acontece. “Oprocessobíblicomultiformedeensino-aprendizageméoquenosempurraparaafrente e,emtroca,aprofundaefortaleceasoutrasfunçõesvitaisquedevemcaracterizaraigreja.” 63 Outro ponto importante é que esse crescimento na Palavra seja vinculado à vivência dos relacionamentos discipuladores. Precisamos trazer para dentro da EBD uma verdadeira revolução do cuidado, zelando pelos matriculados e motivando-os a cada dia crescer espiritualmente. Também não podemos deixar de enfatizar que a Escola Bíblica deve ser um ambiente de formação de novos líderes. Todo o cristão tem potencial para se transformar em um novo líder multiplicador. Mas, para isso, ele deve participar de todo o trilho de treinamento. Aliado ao que ele estará apreendendo na prática através do Pequeno Grupo Multiplicador, o líder em formação terá seus fundamentos aperfeiçoados na Escola Bíblica, tornando-se um líder eficaz. Esse é o tempo em que o discípulo poderá celebrar a Deus em unidade com o restante do Corpo. Ali ele também recebe mais da Palavra de Deus. É tempo de anotar e refletir sobre os princípios ministrados pelos sermões, que poderão ser a base para os roteiros dos encontros dos pequenos grupos multiplicadores que acontecerão durante a semana.
Esse ponto é a força da Visão Multiplicadora. Cada discípulo deve ser motivado a gerar um novo discípulo e também ser discipulado por alguém. Precisa cuidar e ser cuidado. Para a maturidade cristã, todo discípulo deve lembrar que: “ JesusCristodeixou,paraseusdiscípulosdetodosostempos, aordemparaaproclamação,oensinoeotreinamentodonovocrente.Otestemunhopessoaléum poderosomeio deevangelização, oqualdeveserdadono poderdoEspíritoSanto.Se vocêestiver realmentedispostoatestemunhar,oSenhorprovidenciaráumaoportunidade.Aspalavrasfluirãode seuslábios,falandodesuaexperiênciacomCristo” 64. Perante a Grande Comissão, todo cristão tem por missão desenvolver com pessoas que ainda não conhecem a Jesus relacionamentos discipuladores que envolvem cuidado e acolhimento. Nossas redes não podem estar furadas. Precisamos a cada dia incluir os que estão chegando, como verdadeiros discípulos, como Cristo nos ensinou em João 13.35: “Nisto todos saberão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”. Esse conceito foi muito bem disseminado na década de 70 por Ortiz, através do livro “O Discípulo”, em que nos mostra a importância da unidade do corpo de Cristo, comparada a um purê de batatas: “MasauniãoqueDeusrealmentequeréado‘ purê’ de batatas,ondehaveránãomaisbatatas,masumaúnicamassadebatatas.Poisnessecaso,nenhuma batatapodeergueracabeçaedizer:‘ ei,aquiestou.Eusouumabatata’.Opronomequeelatemque 63
HORRELL, John Scott. AessênciadaIgreja:fundamentosdoNovoTestamentoparaaIgrejacontemporânea. São Paulo: Hagnos, 2006. p.125. 64 MATURIDADE CRISTÃ, Lição 13. Edição Revisada. Rio de
Janeiro: Junta de Missoes Nacionais, 2014. p. 100. 51
usaréonós.ÉporissoqueoPaiNossoseiniciacomaexpressão:“Painossoqueestásnocéu...enão: MeuPaiqueestánocéu...65” .
Por fim, a estrutura. Nesta placa indicativa vemos homens trabalhando, o que nos leva a uma atenção maior no percurso. Usamos essa placa aqui para lembrar você que neste ponto devemos ter muita atenção, pois estamos em constantes ajustes. Sempre estaremos “em obras”, trabalhando para ajustar a melhor estrutura para que cumpram os princípios. Temos dito que o que nós precisamos não é de uma estrutura nova, mas de uma prática de vida nova. Podemos alterar o que for na estrutura, mas se o princípio não estiver enraizado de nada vai adiantar. Então, o que precisamos é de dar foco em nossa estrutura e não de uma estrutura nova. Por exemplo, para que vou acabar com a Escola Bíblica se um dos valores que queremos desenvolver é justamente o do ensino aplicado da Palavra de Deus? Não faz sentido. O mesmo podemos dizer de outras organizações. Por que não lhes damos um “batismo” de princípios em vez de simplesmente jogarmos tudo fora? Muitas vezes influenciados por este tempo, em que coisas e pessoas se tornam cada vez mais descartáveis, queremos tratar as nossas organizações como se fossem obsoletas e sem valor. Chegamos e mudamos tudo sem mesmo compreender por que as cosias estão funcionando desse jeito. Aí podemos incorrer no erro de apenas modificar as estruturas existentes por outras, como já foi alertado anteriormente. Vamos retirando vários pontos interessantes da nossa história batista, como a solicitação de contas e o grande valor do ensino através da Escola Bíblica e a visão missionária através da União Feminina Missionaria e União Missionária de Homens e muitas vezes não colocamos nada no lugar. Não é essa a proposta da visão de Igreja multiplicadora. Ela não vem para acabar com o que já existe, mas sim dar foco a partir da Grande Comissão, para que vivenciemos os princípios dentro e fora das organizações existentes. Agindo desta maneira, nossas organizações missionárias serão fortes e multiplicadoras, vivenciando os princípios neotestamentários a partir de pequenos grupos. “A organização é necessária, mas não é um fim em si mesma. Ela deve ser flexível e estar à disposição de Jesus Cristo, a Cabeça da Igreja, por intermédio da atuação do Espírito Santo.” 66 É por isso que quando falamos de estrutura compreendemos que ela:
É Adaptável ao contexto Está relacionada à disponibilidade das pessoas Deve ser simples
65 ORTIZ, Juan Carlos.ODiscípulo. Belo Horizonte: Editora Betânia, 1975. 1ª Edição. p.
71.
66
HORRELL, John Scott. AessênciadaIgreja:fundamentosdoNovoTestamentoparaaI grejacontemporânea. São Paulo: Hagnos, 2006. p. 66.
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É menos importante do que os princípios e os valores Deve ser constantemente avaliada à luz da missão da igreja.
Não se decepcione ao chegar a este ponto do livro e não encontrar uma fórmula pronta de como a sua igreja deve ser estruturada. Isso foi proposital. Nós cremos firmemente que o Espírito Santo dirigirá o seu coração em tudo. No entanto, algumas estruturas são essenciais, como a de ensino, de formação de liderança e de adoração ao Senhor, sobre as quais falaremos no próximo capítulo. Nunca esqueça que a sua base será a vida comunitária da igreja, e isso deve ter equilíbrio entre grupo grande e pequeno grupo. A bem de todo o processo de retorno aos princípios, queremos lhe apresentar um plano de implementação da visão de Igreja Multiplicadora para a sua igreja local. Este plano é uma sugestão e pode ser adaptado de acordo com cada contexto. E hora de colocarmos em prática tudo o que estamos conhecendo.
53
“Osplanosdocoraçãopertencemaohomem,masarespostadalínguavem doSENHOR.Todososcaminhosdohomemsãopurosaosseusolhos,maso SENHORpesaoespírito.EntregatuasobrasaoSENHOR,eteusplanosserão bem-sucedidos” 67 . (Salomão, filho de Davi). Ao finalizarmos esta jornada, queremos convidá-lo a já começar a colocar em prática o que temos compartilhado. No livro “Igreja Multiplicadora: 5 princípios bíblicos para o crescimento”, apresentamos este caminho de forma resumida. Nosso desejo agora é detalhar os pontos ali mencionados. Na seção nº 2 “De Pastor para Pastor”, iniciamos falando sobre a necessidade de o pastor compreender melhor onde ele e sua igreja se encontram em relação aos princípios. Antes de prosseguirmos, quero recordá-lo que, para melhor realizar o seu diagnóstico, você deve conhecer os princípios da visão de Igreja Multiplicadora que serão mencionados. Para realizarmos este caminho do diagnostico a implementação, partiremos de três perguntas:
Com essas três perguntas estávamos propondo uma pesquisa inicial que contribuirá grandemente para este processo de implementação. Vergil Gerber, em seu livro “Faça Sua Igreja Crescer” (1975), motivou pastores e lideres a realizarem um diagnóstico do estado em que se encontra a sua congregação. Também não podemos deixar de mencionar que a própria Junta Missões Nacionais durante muitos anos tem feito o mesmo por meio das Clínicas de Crescimento de Igreja. Mas aqui vamos utilizar a metodologia de Gerber, que a compara ao processo de levantamento de dados utilizado pelos médicos para chegar com mais precisão ao diagnóstico de uma enfermidade. O médico sempre está avaliando o estado de seu paciente por meio dos dados numéricos oferecidos pelos mais diversos exames. Gerber afirma: “Combasenapesquisaquantitativaomédicoécapazdefazerum juízoqualitativoquantoaobomoumaufuncionamentodosmembrosdo seucorpo,emtermosda finalidadegeralquelhescompete” 68. De modo semelhante, a pesquisa que vamos propor poderá ajudar a você a diagnosticar como anda o estado de saúde de sua comunidade, respondendo à pergunta “onde você está?”. Queremos encorajar você a buscar alguns dados importantes na história da sua igreja. Como foram os últimos anos da sua igreja? Qual é o contexto em que sua igreja está? Quais são os perigos e as oportunidades que estão a o seu redor? Vamos aos dados!
67
Provérbios 16.1-3 GERBER, Vergil. FaçasuaIgrejaCrescer. São Paulo: Vida Nova, 1975. p. 34.
68
54
Conhecer a si mesmo é um grande desafio. Quando olhamos para nossas igrejas, conhecê-las também é um passo importante que temos que dar. É sempre muito mais fácil identificar os pontos fracos dos outros, criticá-los, do que reconhecer os nossos próprios defeitos. O mesmo acontece com as igrejas. Em geral, conseguimos com muita facilidade apontar as falhas dos outros em vez de aprimorar o conhecimento sobre a nossa própria realidade. Mas para que possamos dar passos seguros nesta jornada, precisamos conhecer bem as características da comunidade de fé em que estamos inseridos. Quando identificados nossos pontos fortes, caminharemos para potencializá-los ainda mais. Quando conhecidos os pontos fracos, poderemos dar passos importantes em busca da melhoria, trabalhando para transformá-los em pontos fortes. Um bom início é criar uma lista com o maior número possível destes pontos a serem avaliados. De preferência, divida-os em áreas, tais como oração, evangelização discipuladora, plantação de igrejas, formação de líderes, ações de compaixão, envolvimento missionário. Em seguida, atribua uma nota de 1 a 5 para cada ponto (fraco ou forte) avaliado. Os pontos avaliados com nota 5 ou mais você pode considerar fortes. Já os de menor nota como oportunidades de melhora. Nessa avaliação, sinceridade e bom senso são fundamentais. Cuidado com os enganos. Vamos à prática!
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Vamos falar sobre a movimentação de membros. Durante todo o tempo temos enfatizado que igreja são pessoas. Então, vejamos como anda a movimentação de pessoas na igreja nos últimos cinco anos.
56
Com estes dados em mãos você pode com facilidade descrever a curva de crescimento de sua igreja. Na planilha abaixo marque os pontos de acordo com a sua realidade. Se sua igreja está com mais de 400 membros você pode analisar partindo dos seus dados. Siga o exemplo abaixo:
Vamos agora aos seus dados reais:
57
Aprofundando um pouco mais nesses dados, vamos verificar quais foram os principais motivos de acréscimo de membros na igreja. Gerber fala sobre três modos básicos de adicionar membros ao rol de nossas igrejas, que são:
Pessoas que que foram convertidas do mundo e trazidas à igreja. Pessoas que já eram convertidas e membros de outras igrejas, batistas ou não, quando conheceram a sua igreja e sentiram o desejo de se tornarem membros dela. Filhos dos cristãos e crianças já criadas dentro do contexto da própria igreja e que se tornaram membros após a sua conversão e batismo.
Nos últimos anos como você descreve o crescimento de sua igreja?
Vamos analisar os números:
Ótimo
Bom
Regular
Fraco
Insuficiente
_________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Depois de fazer esta análise, você descobriu que o crescimento de sua igreja é fruto de um investimento em relacionamentos discipuladores? Sim Não Quando analisamos os dados anuais de crescimento, precisamos chegar a um crescimento liquido, ou seja, o número de novos membros menos o número daqueles que deixaram a igreja. Gerber mostra que três são os motivos principais por que as pessoas se retiram: 58
Membros que deslizam e retornam à velha vida. É o inverso do crescimento por conversão. Membros que se retiraram porque se mudaram de cidade ou, às vezes, simplesmente porque preferiram outra igreja. É o oposto do crescimento biológico.
Nos últimos cinco anos quantas pessoas deixaram de viver em comunidade?
Estes números podem lhe dizer muitas coisas sobre a dinâmica de crescimento ou diminuição da membresia de sua igreja. Quais foram suas conclusões a partir desta análise? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________
Continuando a nossa jornada, passaremos a compreender de que forma você e sua igreja estão vivenciando os princípios de multiplicação. Com base nisso, saberão que passos necessitam tomar para viver com efetividade cada um dos princípios neotestamentários. Se você ainda não realizou a leitura do livro “Igreja Multiplicadora”, recomendo que primeiro o faça para só então realizar esta análise.
10 Min
Ótimo
30 Min
Bom
1 Hora
Regular
Fraco
Acima de 1 hora
Insuficiente
59
Sim
1. 2. 3. 4. 5.
Não
______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________
Cultos de Oração
Sim
Não
Qual a frequência? Diário
Semanal
Vigílias de Oração?
Não
Sim
Qual a frequência? Semanal Semana de Oração
Sim
Não
Qual a frequência? Semanal Minuto Diário de Oração
Sim
Mensal Trimestral Semestral
Mensal Trimestral Semestral
Sim
Não
Não
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Uma igreja que NÃO ora Uma igreja que fala de oração, mas ora pouco Uma igreja que ora
Alguém que não ora Alguém que fala de
oração, mas ora muito pouco 60
Alguém
que tem um relacionamento diário com Deus
_________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________
Quando falamos do cumprimento do “fazer discípulos”, nós, líderes, necessitamos tomar muito cuidado para não cairmos no perigo de cobrar das pessoas aquilo que não estamos fazendo. Vamos a algumas perguntas: Sim Não Diário Semanal Mensal Trimestral Semestral
1. 2. 3. 4. 5.
______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ ____________
____________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Sim
1. 2. 3. 4. 5.
Não
______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ ______________________________________________ Diário Semanal Mensal Trimestral Semestral
61
Ela recebe uma ligação Ela recebe um e-mail ou carta via correios Alguém se responsabiliza em marcar um encontro com esta
pessoa Ela é direcionada a um Pequeno Grupo Multiplicadora mais próximo a sua casa.
Até 24 horas
Até 48 horas
Nos primeiros 7 dias
No primeiro mês
_________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________
Sim
Não
__________________________________________________________
Sim
Não Sim
Não
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_________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________
62
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Sim
Não
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Sim
Não
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1. ________________ _______________________ ________________ ________________ ______________ _______ 2. ________________ _______________________ ________________ ________________ ______________ _______ 3. ________________ _______________________ ________________ ________________ ______________ _______
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1. ________________ _______________________ ________________ __________________ ______________ _____ 2. ________________ _______________________ ________________ ________________ ______________ _______ 3. ________________ _______________________ ________________ ________________ ______________ _______ 63
4. ________________ _______________________ ________________ ________________ ______________ _______ 5. ________________ _______________________ ________________ ________________ ______________ _______
30 minutos
1 hora
3 horas
Mais de 5 Horas
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Por fim, um ponto muito importante que precisamos ressaltar no diagnóstico é o envolvimento missionário da igreja nos últimos anos. Todos nós sabemos que uma igreja saudável é uma igreja que ama e faz missões. ____________ ___________________________________ __________________________________ ______________________ ______
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65
É hora de analisar os dados e enxergar a sua realidade de vida e de sua igreja. Quando chegamos a esta etapa do diagnóstico, dois pontos devem ser considerados:
O que enxergamos a partir dos dados levantados. Para onde devemos ir.
Em primeiro lugar, quero convidar você a fazer uma reflexão com todos os dados obtidos de suas respostas.
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Queremos finalizar essa análise de “onde você está” apresentando a você o caminho de como chegar lá, isto é, como colocar em prática esse retorno aos princípios a partir de sua vida e igreja. É hora de continuar com a mão na massa. Vamos seguir em frente!
Nesta última etapa nosso desejo é apresentar uma sugestão de implementação. Em consonância com o último capítulo do Livro de Igreja Multiplicadora, motivamos o líder a iniciar este processo de implementação por envolver toda a igreja nos princípios. Falamos sobre a importância da oração e da evangelização discipuladora, da mobilização da igreja para o treinamento dos líderes e o início dos pequenos grupos multiplicadores. Esta é a base para a multiplicação: orar muito, priorizar a Grande 67
Comissão e investir na formação de novos líderes. Queremos agora apresentar-lhe o detalhamento de todo o processo de implementação, o qual está dividido em quatro fases:
Estas quatro fases correspondem aos quatro passos básicos da implementação da visão de Igreja Multiplicadora. Beckham compartilha sobre sua experiência a partir dos seguintes pontos69:
Enxergar a situação real das coisas; Compartilhar a visão, ou seja o caminho para iremos com pessoas estratégicas; Criar um grupo protótipo; Mobilizar; Continuar firme.
Depois que enxergamos a nossa real situação agora vamos para os próximos passos, ou seja, vivencia as fases da implementação. A nossa sugestão é que o líder leia todas as fases e, ao final, tendo em seu coração o desejo de iniciar esta jornada, comece a vivenciar cada uma delas dentro dos prazos estabelecidos. Também é muito importante ele se reúna como seu discipulador ou companheiro de ministério para avaliar o avanço nos objetivos propostos no decorrer da jornada. Em alguns momentos estas fases podem ser vividas de maneira simultâneas. No entanto, o que nunca podemos fazer e tentar pular algum destes pontos em virtude do tempo. Lembra-se: este processo leva tempo e precisamos ser perseverantes. Veja abaixo cada uma das fases e o objetivo que cada uma delas nos propõe:
O pastor se tornar o exemplo de multiplicação e envolver a sua liderança na visão de multiplicação. A igreja abraçar a visão de Igreja Multiplicadora A igreja colocar em prática em plenitude as estratégias de IM
69
BECKHAM, William A. ASegundaReforma:AigrejadoNovoTestamentonoSéculoXXI. Curitiba: MIC, 2012. p. 168 e 169. 68
Avaliar e adequar a estrutura da igreja conforme a visão de Igreja Multiplicadora Pensando nesta jornada, queremos propor a você um processo que dure entre 36 e 48 meses para igrejas que estão iniciando o processo do zero. Claro que cada um poderá estabelecer suas próprias metas a partir de seu próprio diagnóstico. Aliás, essa é a nossa sugestão. No entanto, devemos estar conscientes de que lidamos com cristãos que há muitos anos vivem da mesma maneira, longe dos padrões neotestamentários. Nunca se esqueça: é muito melhor irmos devagar e na direção certa do que rápido na direção errada, pois neste caso teremos que voltar para fazer grandes correções. O resgate de princípios exige que pensemos em um trabalho a médio e longo prazo. Por isso, leve em consideração o modelo abaixo. Tenha em mente que este planejamento será muito importante para o bom andamento da jornada.
O pastor se tornar o exemplo de multiplicação e envolver a sua liderança na visão de multiplicação. Para a melhor compreensão desta primeira fase, ela será dividida em duas etapas: a primeira está relacionada ao pastor e a segunda à mobilização da liderança da igreja em torno da visão de multiplicação. Em primeiro lugar, o pastor deve ser o exemplo para o rebanho, a pessoa mais envolvida da igreja em todo o processo. O pouco envolvimento e a falta de conhecimento sobre a visão de Igreja Multiplicadora podem ser fatais para o processo de implementação. Um dos 10 Mandamentos sobre a implementação é que o pastor não pode delegar a visão. Ao término de livro você poderá conhecê-los. Ele não pode repassar a outro aquilo que Deus o comissionou a fazer. Ele foi o homem chamado por Deus para estar à frente do rebanho, e isso significa 69
mostra o caminho em que a igreja deve seguir. “O líder principal deve servir de modelo para a comunidadenaqualeleesperaquetodosparticipem.” 70 Então, preste bem atenção neste momento da FASE 1.
O PASTOR SE TORNA O EXEMPLO DE MULTIPLICAÇÃO
MOBILIZAÇÃO DA LIDERANÇA
Se vejamos como líderes sermos efetivos neste processo de retorno ao Novo Testamento. Quem primeiro tem que voltar somos nós, pastores. E para que isso seja uma realidade em nossas vidas nós precisamos dar alguns passos nesta direção.
O ponto fundamental para o pastor durante todo o processo é ter momentos de oração específicos em busca da direção do Senhor para o conhecimento da visão de Igreja Multiplicadora. Tudo começa com oração. O pastor precisa definir objetivos de oração e compartilhar com a sua esposa a fim de que ela e a sua liderança também estejam orando por todo este processo. É um tempo de conhecer aquilo que Deus espera dele. E hora de termos um relacionamento ainda mais próximo de Deus. É através da oração que iremos compreender com clareza aquilo o que Deus está falando. Invista tempo em ouvir a Deus. Um dos bons exercícios que Richard Foster nos ensina em seu livro “Celebração da Disciplina” é investir tempo em parar e ouvir a Deus falar conosco. Este é um bom exercício para o pastor neste tempo de conhecimento da vontade de Deus para a sua vida. Também é muito importante o líder começar a colocar diante do Senhor a importância de ter um mentor ou um discipulador. O pastor deve estar aberto também a começar a ser acompanhado 70
BECKHAM, William A. ASegundaReforma:AigrejadoNovoTestamentonoSéculoXXI. Curitiba: MIC, 2012. p. 190. 70
por alguém. Alguém de sua confiança com quem ele possa abrir o eu coração, compartilhar as suas lutas, seus medos, suas adversidades. Ele será o primeiro a vivenciar a mutualidade com outro colega, de forma que terá autoridade de vida para motivar o seu povo a fazer o mesmo. Não é uma relação de domínio, mas de mutualidade. Há muitos líderes que estão sozinhos e não têm com quem compartilhar. Esta ação depende muito mais de quem quer ser cuidado do que do cuidador. Deve ser interesse do líder ter alguém com quem possa abrir seu coração. Faça isso com certa frequência e dê liberdade a este mentor ou discipulador para tocar em assuntos de sua particularidade. Claro que isso será construído ao longo de uma caminhada. Mas dê o primeiro passo. Comece a orar por isso. É muito importante todos nós termos alguém que nos solicite contas. Ore para que Deus lhe mostre esta pessoa. Outro ponto especifico a ser colocado em oração é a vida dos seus líderes atuais e daqueles que o Senhor há de levantar no meio do seu povo. É muito importante o pastor começar a orar especificamente pela sua liderança a fim de que Deus também já comece a preparar os seus corações para em tempo oportuno começarem a reconhecer a importância de retornar aos princípios bíblicos. É o Espírito Santo de Deus que vai convencer os líderes para juntos avançarmos neste processo de multiplicação. Não podemos negligenciar a oração pela vida da nossa liderança e para que Deus nos dê sensibilidade para encontrar os novos líderes que são frutos do despertamento dentro da própria igreja ou novas pessoas que encontraram a Cristo. Invista em novos líderes, principalmente nos novos convertidos.
Recomendamos ao pastor as leituras abaixo, que são indispensáveis para formar esta base nos princípios e que também servirão de subsídios para todo o processo de implementação da visão de Igreja Multiplicadora. Além de ler, o pastor deve resumir cada um dos capítulos dos livros, e estes resumos serão subsídios importantes para a formação de seus líderes. Eles poderão ser usados para no momento certo pastor compartilhar com sua liderança a Visão de Igreja Multiplicadora. Quando você faz isso está construindo o seu próprio material para treinamento dos seus líderes e, mais, poderá usar uma linguagem compreensível de acordo com a realidade em que sua igreja se encontra. Um líder deve investir tempo em ler a Palavra de Deus e conhecer literaturas sobre o tema.
Livro de Atos (Pelo menos 3 vezes) Igreja Multiplicadora: 5 princípios bíblicos para o crescimento De Volta dos Princípios Pequeno Grupo Multiplicador Multiplicando Discípulos Relacionamento Discipulador Quando falamos sobre estas leituras indispensáveis, é compreendendo que todo o processo de formação passa pelo contato continuo com o conhecimento que desejamos adquirir. Estes livros podem ser adquiridos através da Livraria de Missões Nacionais pela central de atendimento: 4007 1075 (capitais e regiões metropolitanas). Demais localidades: 0800 707 1818. Ou, ainda, você pode fazer o seu pedido direto no site: www.livrariamissoesnacionais.org.br.
71
Além de ler estes livros e responder às perguntas no final de cada capitulo, convidamos você a assistir os vídeos sobre a visão de Igreja Multiplicadora que se encontram na TV Missões Nacionais no You Tube. É só você acessar o seguinte endereço: https://www.youtube.com/playlist?list=PL0sefhmYLWp2j6pD4zpDenekg9vUuK7C
É fundamental que o pastor participe de um encontro com pastores e líderes ou um Seminário da Visão de Igreja Multiplicadora realizado por Missões Nacionais para que possa conhecer mais de perto sobre os princípios de multiplicação e sobre o Pequeno Grupo Multiplicador. Além disso, é muito importante o pastor conhecer uma igreja próxima à sua localidade que tem trabalhado há mais tempo a partir destes princípios. Nestes encontros o pastor também deve aproveitar já para levar sua esposa, pois o pastor deve começar a formar um time comprometido com a multiplicação a partir de sua própria casa.
Por força do ministério, as nossas maiores redes de contato são com os membros de nossas igrejas. Se de fato devemos ser o exemplo para o nosso rebanho, levar pessoas a Jesus deve ser uma meta pessoal de cada obreiro. Antes de sermos pastores, todos nós somos testemunhas de Cristo. Uma grande barreira que temos a vencer é a nossa ausência de relacionamentos com pessoas não cristãs. Quanto mais tempo temos de ministério, menos temos relacionamentos com amigos, parentes e colegas que estão fora do nosso contexto de fé. Precisamos seguir o exemplo de Jesus. Vamos recordar que eram os contatos de Jesus? Mesmo depois que ele separou os doze? Com quem Jesus se relacionava? Quero citar alguns exemplos; Mateus (um coletor de impostos), Zaqueu, a mulher pecadora dentre outros. É por isso que ao conversar com os discípulos de João em Lucas 7 quando ele dá um testemunho sobre João e quando se refere o que o povo do seu tempo pensava a respeito dele. Jesus diz no verso 34: “veiooFilhodo homem, comendo e bebendo, e dizeis: É um glutão e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores”.Jesus era conhecido como um amigo de pecadores. E tanto que no versículo 36 deste mesmo capítulo, em um jantar na casa de um fariseu, quem está lá aos pés de Jesus, com um vaso de alabastro? Uma mulher pecadora. Jesus era amigo dos pecadores. Uma pesquisa de Chistian Schwarz apresentada em seu livro “Evangelização Básica” nos chama muito a atenção. Ele fez essa pesquisa com mil colaboradores voluntários e ficou surpreso com os resultados. Veja que interessante:
O que dizer destes resultados? Isso nos mostra uma descoberta do Dr. Schwarz – “Quantomais tempodevidacristãumapessoatem,masdiminuiseupotencialdeevangelização.Aspessoasque aceitamaJesushápoucotempo,quesabempoucodaBíblia,equeaindasãoimaturasemmuitas 72
áreasdesuasvidas,temumpotencialdeevangelizaçãomaiorquecristãosmaduros” 71.Quais as razões para estas firmações? A.
” - Embora não conscientes disso, a maioria de nós desenvolveu uma linguagem própria, que muitas vezes nos tornamos inacessíveis as pessoas.
B.
Quando alguém é convertido há pouco tempo, normalmente ainda lembra nitidamente da diferença entre a vida sem Jesus e a vida com Jesus. É por isso que o novo crente fala com tanta empolgação de suas experiências de fé.
Como vimos, quanto mais tempo de igreja, menos contatos temos com amigos, parentes e colegas que estão fora do nosso contexto da Igreja. Agora, pare e pense: Como líderes, qual é a nossa condição? Se não temos relacionamento com pessoas não cristãs, como queremos ser exemplo de multiplicação para o nosso rebanho? Então este é um ponto fundamental que nós líderes devemos desenvolver nesta caminha de retorno ao Novo testamento. Ao término desta primeira etapa, esperamos que o pastor se torne um modelo de multiplicação para a sua liderança. Ele deve iniciar relacionamentos discipuladores por meio de seu Cartão Alvo de Oração e ter uma visão clara de formação de novos líderes. Nesta fase, o pastor deve conhecer e se envolver com os princípios neotestamentários: oração, evangelização discipuladora, plantação de igrejas, formação de líderes e compaixão e graça. Ele também deve buscar ter um mentor ou discipulador com ele possa abrir seu coração e compartilhar a sua caminhada. Além disso, deve saber conceitos básicos, como, por exemplo, a condução de uma reunião do PGM, como desenvolver o Cartão Alvo de Oração, o processo de multiplicação dos PGMs, a formação de líderes e supervisão. Média de 8 a 12 Meses Quando mencionamos o tempo de 8 a 12 meses é para motivar o pastor e investir tempo neste preparo. Se faz necessário um tempo de preparação antes que um caminho de retorno seja iniciado. Compreendemos que cada pastor poderá determinar em seu planejamento o seu tempo de preparo. Ainda que o preparo seja constante, se faz necessário um tempo mínimo de preparo para o início desta caminhada. Não tenha pressa em começar, não inicie nada se você não estiver plenamente certo da vontade de Deus em sua vida e ministério. Ao concluir esta primeira etapa sugerimos ao pastor realizar o formulário de diagnóstico da Primeira Etapa da Fase I. Segue o modelo deste formulário de avaliação para que você possa preencher e avaliar o seu desempenho.
71
SCHWARZ, Chistian A. EvangelizaçãoBásica.Curitiba: Esperança, 2011. p. 73
Querido pastor, após este tempo de aprofundamento na visão de Igreja Multiplicadora, queremos convidá-lo a preencher este formulário de diagnóstico e para a cada afirmação, pontue de 0 a 5 de acordo com o seu progresso nesta primeira fase.
Você realizou a leitura de todos os livros propostos? Sim E o resumo dos capítulos? Sim
Não
Participou de um Seminário da Visão de Igreja Multiplicadora? Assistiu os vídeos disponibilizados no You Tube? Sim
Não
Sim
Não
Não
Vida de oração e leitura da Palavra: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Prática do Cartão Alvo de Oração: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Convívio com pessoas não crentes: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Conhecimento e envolvimento com a visão: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) 74
Leituras auxiliares sobre o tema: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Identificação e aproximação de líderes: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )
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Após vencermos esta primeira etapa, é chegada a hora de envolver a sua liderança, preparando um time de líderes para influenciar toda a igreja. Para esta etapa, abordaremos os seguintes pontos:
Nesta segunda etapa você vai investir neste grupo base para compartilhar a visão de Igreja Multiplicadora de maneira mais profunda com cada um deles. “EmboraJesusiniciasseapregaras multidões,eletinhaumaoutraagendaemsuamente.Jesuschamouumgrupo-baseparamodelara suaigreja,ou“seuschamadosparafora”.Esteestágiobaseconsistiaem12lideresescolhidospor causadoseupotencialemobedecer,nãoporcausadoseuestudoedasuahabilidade.Jesusderramou suavidaetemponesseslídereschaves.” 72 A grande questão aqui não está na quantidade. Você pode convidar o número que Deus colocar em seu coração, mas não pode deixar de compartilhar a visão com a sua liderança já existente. Não podemos negligencia esta etapa da caminhada. Ela será um ponto fundamental, onde estaremos buscando os nossos validadores. Não basta penas sonharmos, necessitamos de pessoas 72
BECKHAM, William A. ASegundaReforma:AigrejadoNovoTestamentonoSéculoXXI. Curitiba: MIC, 2012. p. 175 75
que possam validar tudo isso que Deus tem colocado em nossos corações. Seguindo o exemplo de Jesus, queremos que este tempo sirva para a transmissão de verdade e de vida. E a melhor forma de iniciar esta segunda etapa é continuar colocando esta liderança em oração. “Nuncahouveavivamento espiritualsemdespertamentoparaoração.Quandoaigrejaora,Deustrabalhaporela,nelaeatravés dela.Osdiasmaisvigorosos daigrejaforam ostemposemqueo povodeDeusassociouoraçãoe Palavra” 73.
A continuidade do investimento de tempo em oração é fundamental para bom andamento do projeto. Jamais poderemos abrir a guarda da oração. Pelo contrário, o pastor deve envolver um círculo maior de pessoas neste processo. Na primeira parte, você busca crescer no seu relacionamento com Deus também envolvendo sua esposa. Nesta segunda etapa você vai envolver os líderes que Deus tem colocado em seu coração. Depois, cada vez mais pessoas devem ser envolvidas como intercessores neste processo à medida que a implementação da visão multiplicadora se torna prioridade para a sua vida e para a vida de toda a igreja. É tempo de realizar momentos específicos de oração com a sua liderança. Clame ao Senhor pela multiplicação. Olhe com compaixão para a cidade não alcançada (Mt 9.36).
É hora de você recrutar as líderes chaves de sua igreja. Ore a Deus e busque claramente a direção do Senhor de quem são as pessoas que você deve convidar. Mas não deixe de envolver os seus lí deres atuais. Envolva a sua liderança estatutária, os líderes das organizações missionárias e dos ministérios existentes na sua igreja. Em muitas situações poderemos ajustar as estruturas existentes para a visão de multiplicação, sem descartá-las. Valorize os casais, ainda que um dos dois possam se sobressair na hora da identificação. Enquanto você hora, convide também o seu cônjuge. Valorize as famílias da igreja. Envolva novos líderes. Ao orar, o Senhor mostrará a você algumas pessoas novas que também devem participar deste compartilhar da visão. Este encontro poderá ser um tempo de encontro de gerações. Teremos a presença da liderança mais experiente da igreja juntamente com novos líderes em quem você poderá investir intencionalmente. É fundamental obter o apoio da liderança e buscar unidade de fé e coração. O pastor deve sempre buscar unir pessoas e não trazer contentas. Para isso, precisa compartilhar o que está em seu coração com mansidão e sabedoria. É sempre bom recordar que não estamos falando de nada novo, mas sim do resgate dos princípios e valores do Novo Testamento. Portanto, usar palavras como “mudança”, “transição” ou “quebra de paradigmas” pode causar mais resistência do que adesão. O que mais ansiamos é voltar a praticar aquilo que deixamos de fazer. Marque com antecedência um encontro com estes líderes e, em um ambiente agradável, compartilhe com eles os sonhos que Deus tem colocado em seu coração. É muito importante você conquistar a sua liderança para esta jornada, pois o pastor necessitará de muito apoio e oração. Afinal, muitas pessoas não vão querer sair da vida de comodismo. Um dos principais assuntos abordados é o resgate do sacerdócio universal do crente, em que todos os membros serão motivados e fazer novos discípulos e ajudar no cuidado dos que estão chegando. Isso não é tarefa apenas do pastor ou da liderança. Toda a igreja deve estar envolvida. Este encontro pode ser de um dia e sua agenda deve compor das seguintes palestras: 73 LOPES, Hernandes Dias.
Revitalizandoaigreja.São Paulo: Hagnos, 2012. p. 14. 76
A fundamentação da visão de Igreja Multiplicadora De volta aos Princípios Evangelização Discipuladora O PGM na história dos Batistas Brasileiros
Este é um fator que fará grande diferença. O pastor deve intensificar seu cuidado com cada líder de forma individual e em micro grupos. Juntamente com sua esposa, convide-os com mais frequência para visitarem a sua casa, enquanto ministra a eles o valor da mutualidade na prática. Veja situações em que os seus líderes precisam de compaixão e graça como oportunidades de Deus para servi-los em amor, quebrando sua eventual resistência. Ouça com muita atenção e apreço o que eles pensam sobre a visão de multiplicação, sobre pequenos grupos multiplicadores. Considere cada possível objeção com paciência. Pode ser que você também tenha pensado da mesma forma. Ore para que Deus esclareça a visão de seus líderes. Estrategicamente, leve alguns líderes com você ao participar de Seminários e Encontros da Visão de Igreja Multiplicadora. Presenteie seus líderes com livros que o ajudaram a adquirir a visão de multiplicação. O cuidado para com a liderança será fundamental em todo o processo. Quanto mais você investir pessoalmente em sua liderança, mais eles poderão fazer isso com as outras pessoas que estão ao redor deles. Assim, vocês assumirão juntos iniciar uma grande rede de cuidado e mutualidade em toda a igreja.
Outro ponto a ser levado em consideração é o valor do ensino destes princípios para toda a igreja. É hora de começar uma série de mensagens direcionadas para o tema. É muito importante que o calendário das pregações do pastor contemple o ensino sistemático dos princípios e valores neotestamentários. Por mais que o pastor esteja mais direcionado à liderança, isso não o impede de começar a compartilhar com toda a igreja aquilo que está em seu coração. O pastor deve usar de todos os meios possíveis para compartilhar a visão de multiplicação com toda a sua igreja: redes sociais, boletim dominical, lista de e-mails da igreja, artigos sobre o tema, etc. No final deste livro, você terá algumas sugestões de temas para mensagens bíblicas para compartilhar com seu rebanho sobre a importância da visão de multiplicação.
Como resultado daquele primeiro encontro e do fato de que o pastor está caminhando lado a lado com os seus líderes, já podemos começar o processo de formação da liderança dos Pequenos Grupos Multiplicadores. Os líderes devem estar capacitados e motivados a colocar em prática tudo o que têm apreendido. Este processo de formação de liderança também é um resgate muito importante em nossa história. Com o passar dos anos, perdemos as nossas uniões de treinamento e, com isso, perdemos também os princípios de formação intencional de novos líderes. Queremos trazer essa atividade à tona novamente. 77
Esta formação de líderes pode ser feita durante o período da Escola Bíblica ou usando o tempo de uma das suas atividades semanais. A ideia não é adicionar mais uma coisa a ser feita, mas dar foco a partir da própria estrutura existente. Você pode usar um dos seus cultos semanais para transmitir também aos líderes e todos da igreja que tiverem interessados. Este é um tempo em que o pastor, após o período de oração, continuará a caminhar com aqueles irmãos que Deus colocou em seu coração. Ou se houver espaço abertura estes ensinamentos poderão ser repassados para toda a igreja. Este é um alvo que o pastor deve ter em seu coração alongo prazo. Veja o exemplo de programação para este encontro que poderá tem em média uma hora e meia. Claro que tudo isso pode ser ajustado de acordo com sua realidade.
Esta primeira meia hora deve ser aplicada em orar e motivar o nosso povo a orar individualmente e em microgrupos (3 pessoas) Este segundo momento é quando o pastor poderá compartilha r com todos os presentes a visão multiplicadora. Este é um tempo para colocar em prática a vivência em Pequenos Grupos Multiplicadores. Também se pode trabalhar a supervisão dos líderes. Para essa formação sugerimos a utilização dos seguintes temas:
De volta aos Princípios Igreja Multiplicadora Pequeno Grupo Multiplicador Multiplicando Discípulos Relacionamento Discipulador
Se você fez os resumos dos capítulos dos livros mencionados a acima, como sugerido, agora terá em mãos todo o seu material para a formação de sua liderança, construído de acordo com sua realidade e com uma linguagem acessível. Cada líder deve receber um roteiro também confeccionado para este encontro com a liderança. Para o seu auxilio, alguns modelos de roteiro são disponibilizados no livro “Pequeno Grupo Multiplicador” e no final de cada capítulo dos demais livros temos perguntas de reflexão que poderão ser usadas neste momento. Tenha um ambiente adequado para este encontro. Na medida do possível, já realize estes encontros em forma de pequenos grupos para que a liderança comece a praticar como funciona um PGM. O pastor titular da igreja deve ser o líder nas primeiras turmas. É fundamental o pastor compartilhar com a igreja tudo aquilo que está em seu coração. Este processo inicialmente não deve ser realizado por uma outra pessoa. Esta é uma tarefa que o pastor não pode delegar. Outro passo importante é termos a cerimônia de formatura destes novos líderes. É ideal usar o culto com a maior participação de igreja, para que toda a comunidade reconheça esses irmãos como líderes dos PGMs e sejam comissionados a multiplicar discípulos pela cidade.
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É hora do time começar a jogar para valer! Após 80% do Curso de Formação de líderes concluído, é tempo de iniciar os primeiros Pequenos Grupos Multiplicadores. Você pode iniciar um PGM protótipo ou modelo ou número pequenos neste primeiro momento. Lembre-se que este número inicial vai depender da sua capacidade de supervisão e de líderes treinados para este início. Não tenha o anseio de abri muitos grupos. O objetivo aqui é iniciar grupos modelos para podermos reaprender o “de casa em casa”. Comece os Grupos Pequenos Modelos ou Protótipos com média de 3 a 4 alunos em cada um. O pastor, conhecendo mais de perto seus líderes através dos relacionamentos discipuladores, pode escolher dentre eles um líder para cada grupo. Este líder já terá como objetivo orar e buscar um líder auxiliar que será definido em conjunto com o pastor. É importante lembrar que o primeiro PGM modelo ou protótipo foi o do próprio pastor com a sua liderança. Ensine esses irmãos a utilizarem o Cartão Alvo de Oração. Eles já estavam orando por pessoas não crentes, mas agora é hora de orar ainda mais e dar os passos necessários para alcançá-las para Cristo e para o PGM. O ideal é que cada aluno ore por pelo menos 3 pessoas que ainda não conhecem a Jesus e busquem desenvolver com elas o relacionamento discipulador. Neste tempo, cada grupo pode promover encontros evangelísticos, mas a ênfase é que os membros dos PGMs busquem desenvolver individualmente o Ensino Bíblico com os seus Alvos de Oração usando os seguintes materiais:
Relacionamento Discipulador 1 – 4 Lições de João Relacionamento Discipulador 2 – Boas Novas para você Relacionamento Discipulador 3 – O que Jesus deseja que você faça?
Estas ações são independentes dos encontros do Pequeno Grupo Multiplicador. Os alunos devem buscar convidar essas pessoas para as reuniões dos PGMs, mas o mais importante é cada uma delas seja cuidada de maneira individual em meio a um relacionamento discipulador. Este é um tempo em que a igreja também pode se envolver neste processo participando dos PGMs. É muito importante haver um equilíbrio entre membros e visitantes no Pequeno Grupo: 50% a 50%. Não podemos esquecer que o Pequeno Grupo é multiplicador e o motivo de sua existência deve ficar claro aos participantes desde a sua formação.
É chegado o tempo em que a nova liderança começa a desenvolver seus próprios Relacionamentos Discipuladores (RDs) com os Alvo de Oração. O grupo de líderes que está sendo treinado tem recebido cuidado do seu pastor e assim está aprendendo a cuidar de outros. Isso deve ser colocado em prática. Os elementos do RD já devem começar a estar presente na segunda geração. Este processo está sendo vivido pelo pastor/líder com suas lideranças na classe de Formação de Líderes e nos encontros de supervisão e agora está sendo multiplicado com os novos discípulos que estão chegando à igreja.
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Não diferente de tudo que fazemos em nossas vidas, enfrentaremos barreiras e dificuldades neste processo. Estamos envolvidos em uma luta espiritual. Satanás não está satisfeito em ver a Igreja de Cristo marchando em direção às trevas e resgatando pessoas afundadas no pecado. Com as dificuldades enfrentadas, muitos líderes tendem a se esfriar e muitos pensam em desistir. É por isso que o acompanhamento e a supervisão são fundamentais para o bom estabelecimento deste processo. No livro “Pequeno Grupo Multiplicador”, escrito pelo Pr. Márcio Tunala, no Capitulo 5 “A estrutura de rede de PGMs” (p. 64), ele mostra como deve ser este processo de acompanhamento da liderança. Os novos líderes necessitam saber que têm a quem recorrer quando encontrarem barreiras durantes este processo. O pastor titular deve realizar este acampamento com muito amor e dedicação, analisando semanalmente os relatórios de cada PGM para ver o seu avanço. Focalize a importância dos dados do relatório. Durante esta caminhada o pastor não pode deixar seus líderes sem direcionamento. É ideal que o pastor continue lendo muito sobre o assunto. E estes encontros sejam encontros também de capacitação e aprimoramento na liderança. Aos poucos, o pastor ao lado de sua liderança vai aparando as arestas e motivado os seus novos líderes a se tornarem verdadeiros discípulos multiplicadores. Na realidade, o ideal é que após este processo inicial toda a igreja seja envolvida na cadeia discipular.
Não prossiga a leitura sem antes refletir sobre estes fatores importantes desta segunda parte da primeira fase. É hora de poder tratar de alguns fatores que devem ser tratados e levados com muita seriedade agora quando processo ainda está na sua fase inicial. É bom recordarmos que estamos trabalhando com apenas uma parte da Igreja, seria um grupo protótipo ou modelo. Estamos em fase de construir todos os fundamentos em que serão a base para que toda a igreja possa trilhar este caminho. Beckham mostra que: “Certosfatoresdeumaigrejaempequenosgruposdevemsertrata dos diferentementeduranteoestágiodoprotótipodoquequandoestãofuncionandocomforçatotal. Entender estes fatores e sua implementação adequada simplifica o processo e fortalece a base operacional.” 74 Quais seriam estes fatores que devemos então procurar prestar bastante atenção nesta etapa?75 São eles: tempo, habilidade, liderança, evangelismo, edificação, treinamento, reorganização e previsibilidade.
É muito importante recordarmos que estamos vivenciando um grupo modelo, de modo que estamos aprendendo juntos a viver como igreja durante a semana. Antes nós só nos encontrávamos aos domingos. Vai levar um tempo até que a visão tome não só nossas mentes, mas também nossos corações. Levaremos tempo para:
Encontrar os validadores para a implementação da Visão de Igreja Multiplicadora; Encontrar e desenvolver os relacionamentos discipuladores com os líderes; Realizar os ajustes inicias, colocando foco em algumas atividades existentes em nossa estrutura;
BECKHAM, William A. ASegundaReforma:AigrejadoNovoTestamentonoSéculoXXI. Curitiba: MIC, 2012. p. 187 No capítulo 17 William Beckham apresenta Os fatores do Protótipo de Jesus e como Jesus nos ensina a trilhar estes estágios neste processo de retorno aos princípios neotestamentários. 74 75
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Investir na vida de pessoas que ainda não conhecem a Cristo.
Nunca podemos esquecer que o ciclo natural da vida é nascer, crescer e multiplicar. E para que isso aconteça, nós temos que considerar o Fator Tempo.
Na fase inicial de implementação como bem frisa Beckham, se faz necessário muita habilidade, pois ela requer obreiros qualificados. No entanto estes devem caminhar com os que estão iniciando a jornada da liderança para que também sejam desenvolvidos. Ou seja, os mais novos necessitam ser capacitados a realizarem o mesmo que o os mais experientes realizam. Precisamos ter a habilidade de investir em pessoas para habilitá-las ao ministério. Em uma igreja baseada em programas, poucas são as pessoas envolvidas e os líderes são altamente profissionais para realizarem o ministério. Mas quando olhamos para o Novo Testamento, vemos Pedro e outros líderes que também foram desenvolvidos para realizarem a missão. O Fator Habilidade em formar novos líderes é um ponto muito importante a ser considerado.
Este é outro fator que não pode ser negligenciado, o fator liderança. Quando olhamos para o modelo de Jesus, ele se concentrou em formar uma liderança. Coleman nos diz: “Suapreocupação nãoeracomprogramasparaatingirasmultidões,e,sim,comhomensaquemasmultidõesseguiriam.” 76 Jesus se preocupou em formar líderes que iriam influenciar outros. O pastor manter a sua agenda direcionada a formar novos líderes e investir na transmissão destes princípios e valores para os líderes e, consequentemente, para toda a igreja. Então, você perguntaria: o pastor titular deve estar envolvido em todo o processo de implementação? Beckham responde: “Avidaempequenosgruposseráaexperiênciabásicadaigreja.Seopastortitularestive desinteressadonesteprocessodoprotótipo,elesnãoserãocapazesdedaraliderança necessária na fase operacional. Os líderes mais habilitados devem participar da descobertadaimplementaçãodosistemabásico.IssoincluiopastortitulareoslidereschavedaIgreja.” “Adelegaçãoémuitoimportantenaigrejaempequenosgrupos.Igrejasempequenos gruposflorescemporquetemumsistemadeliderançadotipode“Jetro”pormeiodo qualaliderançaedelgadaalíderessobre10,50,100e1000.Masavisãoeoexemplo nãopodemserdelegados!Oslíderesprincipaisdaigrejatransmitemavisãoeservem deexemplonacomunidadecristãdebaseduranteestafaseprotótipo.Olíderprincipal deveservirdemodeloparaacomunidadenaqualeleesperaquetodosparticipem”.77 Expressões como “eu gosto”, “eu apoio” ou “eu irei nomear um irmão para cuidar deste processo” não servem para processo de retorno aos princípios. Depois de Jesus, o pastor deve ser o melhor exemplo para levar o povo confiado em suas mãos a caminhar nos princípios bíblicos.
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COLEMAN, Robert E. PlanoMestredeEvangelismo. São Paulo: Mundo Cristão. 12ª Edição, 2001. p. 19. BECKHAM, William A. ASegundaReforma:AigrejadoNovoTestamentonoSéculoXXI. Curitiba: MIC, 2012. p. 190 81
O fator evangelístico não pode ser negligenciado. Se não tomarmos cuidado, muitos dos grupos iniciais acabam se tornando apenas grupos de comunhão. Eles perdem o foco no alcance de novas pessoas para Cristo. Sempre temos que recordar que o pequeno grupo é multiplicador. E seu foco evangelístico não pode ser perdido. Este é um tempo onde a paixão evangelística deve ser potencializada pelo pastor através do seu exemplo e dos ensinamentos que serão transmitidos. Esta paixão deve ir além do ensino para se tornar algo vivencial. É preciso investir em capacitação de todos para que possam com facilidade compartilhar o seu testemunho pessoal, buscando transformar seus relacionamentos em relacionamentos discipuladores. É hora de ajustar também os programas existentes com a visão evangelística. As atividades devem ser realizadas não mais com um fim em si mesma, mas como eventos para colher os frutos que já estão brancos para a ceifa. Ou melhor, não apenas colher, mas cuidar bem deles. A ênfase no alcançar pessoas não pode ser perdida. O pequeno grupo é multiplicador.
Todos os membros dos Pequenos Grupos Multiplicadores (PGM) devem ser motivados a viverem os mandamentos recíprocos, os “unsaosoutros”. Esse valor não pode ser perdido ao longo da caminhada; pelo contrário, ele deve ser fortalecido. A partir dos relacionamentos discipuladores precisamos diariamente compreender que o PGM não acontece apenas no seu encontro semanal. Todos os dias precisamos nitrir os relacionamentos discipuladores e o cuidado mútuo. O PGM são as pessoas e não o encontro. Isso precisa ficar muito claro para que tenhamos PGMs saudáveis.
Beckham diz: “Durante os três anos de meio do desenvolvimento do protótipo de Jesus continuamente elefeza escolha deconcentrar-seno treinamento delíderes.Grandesmultidõeso seguiram,mesmoassimelepareciaquasequedistraídoedesligadodasmultidões,preferindogastar otempomáximodetempopossívelcomindivíduoseespecialmenteseuslíderes.” 78 Ele nunca deixou de sentir compaixão e atender o clamor da multidão, como na ocasião da multiplicação de pães e peixes (Mc 6.30-44). No entanto, Ele sempre focou em instruir a homens de maneira que pudessem reproduzir o que estavam aprendendo. Ao se deslocar para Galileia em Marcos 9. 30-31b, Jesus teve um momento importante com seus discípulos: “ ElespartiramdaliepassarampelaGalileia.MasJesusnãoqueriaqueninguémsoubesse disso,poisensinavaaseusdiscípulos”.Jesus compartilhou coisa importantes com estes que estava capacitando para o cumprimento da missão. Precisamos seguir o exemplo de Jesus e separar tempo para o treinamento de pessoas-chave. Os líderes devem ser motivados a crescerem dia após dia no conhecimento da Palavra em experiência com o Senhor da Seara.
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BECKHAM, William A. ASegundaReforma:AigrejadoNovoTestamentonoSéculoXXI. Curitiba: MIC, 2012. p. 196. 82
Este tempo inicial é um momento em que devemos estar de olho nos ajustes necessários nestes primeiros PGMs. Reorganizar e ajustar o que não está de acordo com o que está sendo proposto é fundamental para que tenhamos esta primeira geração de pequenos grupos saudáveis. É muito mais importante neste primeiro momento aprendermos a viver em pequenos grupos do que multiplicar. Lembre-se que estamos a muitos anos longe desta forma bíblica de ser igreja. Não teremos pequenos grupos multiplicadores se os relacionamentos discipuladores ainda não estiverem sendo vivenciados. Devemos tomar muito cuidado com a pressão de multiplicar como mostra Beckham: “Se uma igreja em pequenos grupos está debaixo de pressão desde o início para multiplicaçãoexponencialmente,vaisobrarpoucotempoparadesenvolverlídereseumaestrutura necessáriaparasustentaramultiplicaçãoexponencial” 79. Esta fase do protótipo pode incluir um ou uma combinação de itens que necessitam ser avaliados e se necessário serem organizados, como nos mencionados por Beckham:
Reorganize em torno dos líderes; Reorganize geograficamente; Reorganize para desenvolver toda a sua visão congregacional; Reorganize para poder eliminar os PGMs defeituoso e doentes; Reorganize para não permitir PGMs que se tornem “encravados” e es tagnados; Reorganize em incorporar novos líderes.
Não tenha pressa em se multiplicar. Deseje em seu coração ter pequenos grupos multiplicadores funcionando de maneira saudáveis, alcançando pessoas e formando novos líderes.
Por fim, Beckham fala sobre o Fator da Previsibilidade. Segundo ele, temos que estar precavidos sobre a importância de um planejamento bem definido para chegarmos a multiplicação exponencial. “Duranteafasedoprotótipodevemserestabelecidospadrõesprevisíveis navidaempequenosgrupos. É necessário algum tipo de estrutura consistente para que possa ser duplicada em cada ciclo subsequente.Osquatroaspectosseguintesdeveoperarcomprevisibilidadeeconstânciadeproposito: videempequenogrupo,treinamento,evangelismoeliderança.Semprevisibilidadenessasáreasos líderesnãopodemsertreinados,esemlíderes,amultiplicaçãoexponencialéimpossível” 80. Devemos deixar claro que temos alguns objetivos a seguir. Ou então cada líder de Pequeno Grupo Multiplicador fará o que bem entender. É claro que nenhum líder será igual ao outro, mas todos devem estar igualmente focados nos princípios e isso poderá acontecer com muita naturalidade. O que se espera ao término desta segunda parte da primeira fase é que você tenha um número considerável de líderes envolvidos no processo e que a igreja se torne desejosa de viver os princípios modelados pelo pastor no seu dia a dia. É um tempo em que se espera da própria liderança estar com o coração cheio de vontade de começar os primeiros grupos pequenos e alcançar pessoas do seu relacionamento. Nesta fase, estaremos ainda aprendendo a viver em pequenos grupos multiplicadores. O fim desta fase é que a sua liderança entenda que sua
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BECKHAM, William A. ASegundaReforma:AigrejadoNovoTestamentonoSéculoXXI. Curitiba: MIC, 2012. p. 197. BECKHAM, William A. ASegundaReforma:AigrejadoNovoTestamentonoSéculoXXI. Curitiba: MIC, 2012. p. 198. 83
prioridade deve ser a glorificação do Senhor no cumprimento da Grande Comissão e que comecem juntos os pequenos grupos multiplicadores protótipos ou modelos funcionando de maneira saudável. 18 a 24 meses. Lembrando que todas estas previsões podem varias de acordo com o contexto da igreja. Ao término desta segunda etapa da Fase 1, queremos convidar você pastor a responder ao segundo questionário diagnóstico. Neste momento, é muito importante que o pastor realize mais um ponto de controle para avaliar a necessidade de algum ajuste de rota. Louvamos a Deus pela sua preciosa disposição em realizar mais esta Autoavaliação.
Querido pastor, após este tempo de aprofundamento na visão de Igreja Multiplicadora, e principalmente o envolvimento de novos líderes nesta jornada queremos convidá-lo a preencher este formulário de diagnóstico para esta segunda parte da primeira fase. Como no formulário anterior após as perguntas iniciais, para a cada afirmação, pontue de 0 a 5 de acordo com o seu progresso nesta primeira fase.
Agenda do pastor voltada para RDs com seus líderes: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Líderes percebem mudanças na vida do pastor: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Pastor e líderes se reúnem para orar e estudar princípios: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Líderes começam a compreender a importância dos princípios: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Pastor envolve sua liderança em ações de compaixão: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )
Relacionamentos Discipuladores do pastor com os líderes: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Agenda do pastor comprometida com ministrar a visão de IM: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Adesão da liderança à proposta de estudar a visão de IM: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Líderes começam a usar a linguagem de IM: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Pastor e líderes oram juntos pela implementação da visão de IM: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )
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Agenda da igreja prioriza a classe de líderes de PGMs: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Líderes-chaves incentivam os membros a participar do curso: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Membros se matriculam no curso de líderes: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Líderes absorvem a visão de multiplicação: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Igreja vive clima de expectativa para a multiplicação: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )
Escolha dos líderes-chaves para os PGMs Modelos ou protótipos: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Líderes-chaves se comprometem com os PGMs: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Líderes-chaves absorvem a visão de multiplicação: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Todos concordam: é tempo de iniciar PGMs: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Líderes-chaves percebem necessidade de ajustes: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )
Líderes conversam mais com o pastor sobre princípios: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Líderes comentam sua própria aplicação dos princípios: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Pastor percebe crescimento na vida de oração dos líderes ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Líderes começam seus próprios RDs: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Líderes fazem sugestões sobre como alcançar a cidade: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )
Quais os pontos principais que você pastor identificou nesta etapa? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Quais estão sendo suas maiores dificuldades? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Querido líder/pastor, o que você achou dessas notas no diagnostico desta segunda etapa da primeira fase? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ Há algum ajuste de rota a ser feito? 85
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A igreja abraçar a visão de Igreja Multiplicadora Na Fase 2 o objetivo é que, avançando na visão de Igreja Multiplicadora, a igreja se envolva em colocar em prática os princípios. Agora, muito mais que a liderança, esperamos que toda a igreja viva esses princípios como estilo de vida diário, com o coração desejoso de multiplicar novos discípulos e plantar igrejas. Textos com o de Atos 2.42-46 devem estar cada vez mais próximos da experiência da igreja. Mandamentos mútuos devem ser vividos com intensidade. O valor da oração e da unidade devem ser considerados ainda mais nesta segunda etapa. Para esta nós trabalharemos dentro dos seguintes pontos: mobilizar a igreja para viver os princípios, identificar, comprometer e desenvolver novos líderes, fortalecer a estrutura de supervisão, avaliar e motivar os líderes que já estão trabalhando e garantir que os princípios estão sendo transmitidos.
A esta altura, a igreja deve estar conhecendo um pouco mais sobre a visão de Igreja Multiplicadora. Todo este processo envolvendo oração e estudo da Palavra de Deus tem por objetivo dar à igreja a segurança necessária para o comprometimento com essa visão. Se possível, convide pastores da sua confiança e que já assaram por este processo para ministrar ao seu povo. Sua igreja precisa compreender que tudo isso não é uma novidade que só ela está vivendo, mas faz parte de um movimento bíblico e que envolve todos os Batistas brasileiros. Você pode agendar com antecedência um domingo para explanar para toda igreja a visão de multiplicação e a vida em pequenos grupos multiplicadores. multiplicadores. A essa altura, a sua liderança, com quem você já deve ter passado a caminhar mais de perto, deve servir como validadora da visão multiplicadora perante a igreja. Esses líderes-chave devem estar envolvidos nesse dia. Faça desse domingo um momento agradável. Prepare o almoço na igreja. Este encontro não precisa ser necessariamente no domingo, mas a vantagem é que você poderá contar com a presença de um
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número muito maior de membros. Muitos desses líderes envolvidos já poderão dar testemunho daquilo que eles estão vivenciando.
A identificação, o comprometimento e o desenvolvimento de novos líderes é importante para que a visão possa ser impressa em toda a igreja. O capítulo sobre o princípio Formação de Líderes do livro “Igreja Multiplicadora” pode orientar orienta r você com clareza. O processo de multiplicação de liderança também deve ser continuo, assim como temos buscado fazer com a multiplicação de discípulos e igrejas. Afinal, se queremos multiplicar novos Pequenos Grupos Multiplicadores e plantar novas igrejas, a formação de liderança deve ser encarada com muita prioridade.
Nesta segunda fase, falar de supervisão já não é algo novo. Neste momento, fortalecer todo o processo de supervisão é uma ação estratégica para garantir que tudo siga como planejado. Caminhando juntos poderemos ver com clareza os princípios também sendo transmitidos para os demais. É preciso andar de perto com a liderança à frente dos PGMs, vivendo os princípios. Este é um tempo de constantes avaliações. Examinar com a liderança e de forma sistemática tudo que está acontecendo é a garantia de que as coisas estarão no rumo certo. Se não houver avaliações constantes, como saberemos se estamos indo para o caminho proposto? Além de avaliar, motivar a liderança é outro ponto que não pode ser deixado de lado. É necessário reconhecer reconhecer o trabalho de cada líder e motivá-lo motivá-lo a cada dia a ir além. Fortalecer a estrutura de supervisão é muito mais que nomear algumas pessoas para fiscalizarem outras. É estabelecer líderes de líderes, que crescerão no cuidado mútuo e os encorajarão a formar novos líderes, visando a uma multiplicação exponencial de liderança.
Por fim, não diante apenas multiplicar, sem não tivermos a garantia que todos os princípios estão sendo transmitidos as próximas gerações. Muitas vezes no afã que temos em multiplicar os PGMs esquecemos que mais do que multiplicar o número de pequenos grupos, precisamos multiplicar é a prática diária dos princípios e valores do Novo Testamento com o nosso povo. A multiplicação de PGMs será fruto de uma multiplicação de vida e não ao contrário. Não podemos se deixar levar pelo engodo dos números. Precisamos estar cociente que os princípios estão sendo multiplicados. As pessoas estão crescendo no seu relacionamento diário com o senhor, a vida de oração está crescendo, a compaixão está crescendo, a intencionalidade em alcançar pessoas e principalmente a mutualidade. De nada adianta crescer o número de PGMs se a prática dos princípios não está carecendo na mesma proporção. Por isso não devemos estar preocupados om números e sim com vidas multiplicadoras, que vão multiplicar discípulos multiplicadores que serão acolhidos em igrejas multiplicadoras, que vão plantas novas igrejas com estes mesmo princípios. Por mais que a visão é multiplicadora, estar com os princípios bem fundamentados fundamentados é a base de toda a multiplicação. Nesta Fase 2 os objetivos esperados é que toda a igreja ou grande parte dela possa se envolver com a visa de multiplicação. E por isso iss o que ações como: mobilizar a igreja para viver os princípios, Identificar, comprometer comprometer e desenvolver novos líderes, fortalecer a estrutura de supervisão, avaliação e motivar os líderes que já estão trabalhando são ações esperadas neste momento do processo de implementação. 87
Em média este processo pode estar ocorrendo ocorrendo entre 32 a 36 meses de caminhada. Lembrando que todas estas previsões podem varias de acordo com o contexto de cada igreja. Ao término desta segunda etapa da Fase 2, queremos convidar você, pastor/líder, a realizar mais um diagnóstico. Como mencionamos anteriormente, é muito muito importante termos sempre um ponto de controle para avaliarmos se há necessidade de algum ajuste de rota. Vamos às perguntas para esta Autoavaliação.
Querido pastor, após este tempo de avançar com a multiplicação da visão para a igreja. Este foi um tempo em que nos últimos meses muitas coisas aconteceram. Foi um tempo em que você este muito focado em mobilizar a igreja para viver os princípios, Identificar, comprometer e desenvolver novos líderes, fortalecer a estrutura de supervisão, avaliação e motivar os líderes que já estão trabalhando e garantir que os princípios estão sendo transmitidos. E hora de juntos avaliarmos como foi esta segunda fase desta jornada de implementação dos princípios da Visão de Igreja Multiplicadora. Queremos convidá-lo a preencher este formulário de diagnóstico para esta segunda parte da primeira fase. Como no formulário anterior após as perguntas iniciais, para a cada afirmação, pontue de 0 a 5 de acordo com o seu progresso progresso nesta primeira fase.
Sermões centrados nos princípios princípios e valores: valores: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Programação Programação anual voltada para para ensino dos princípios princípios e valores: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Autorreflexão saudável dos membros sobre o dever de multiplicar: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Encorajamento Encorajamento para que os membros se engajem em multiplicação: multiplicação: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Desafios de plantação de igrejas igrejas e projetos projetos de compaixão e graça: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )
Membros formadores de opinião opinião abraçam abraçam princípios e valores: valores: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Membros ficam otimistas otimistas com os resultados: resultados: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Membros começam a aplicar os princípios princípios em suas vidas: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Membros pedem capacitação capacitação para para colocar em prática os princípios: princípios: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Membros respondem aos desafios de plantação plantação e compaixão: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )
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Igreja utiliza a linguagem dos 5 princípios: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Igreja compreende o que é Evangelização Discipuladora: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Igreja utiliza naturalmente as nomenclaturas de IM (RD, PGM, etc.): ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Igreja compreende a diferença entre PGs e PGMs: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Os livros IM/PGM são conhecidos pelos membros: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )
Igreja ora junta por avivamento missionário: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Atmosfera de união em torno da Visão de IM: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) As ações de compaixão e graça tem boa participação da igreja: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Agenda da igreja começa a estar mais focada nos princípios: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 ) Orçamento começa a focar mais em princípios do que programas: ( 0 ) ( 1 ) ( 2 ) ( 3 ) ( 4 ) ( 5 )
O que você achou dessas notas? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________
Há algum ajuste de rota a ser feito? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________
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A igreja colocar em prática as estratégias de IM como estilo de vida Chegamos na nossa terceira fase do processo de implementação da visão de Igreja Multiplicadora. Louvamos a Deus por sua vida, querido pastor, pois tem sido perseverante em chegar até aqui. Muitas coisas já aconteceram e muitas ainda estão para acontecer. O nosso Deus é grande e tem coisas grandes para realizar em nós e através de nós. Nesta terceira fase, esperamos que a igreja esteja vivenciando os princípios para, então, colocar em prática de forma plena tudo que apreendemos durante os últimos meses em que caminhamos juntos. O foco nesta fase é ver uma igreja já bem entrosada com todo este processo de retorno. Agora, é só avançar na multiplicação exponencial de discípulos, líderes, PGMs e igrejas. Uma Igreja Multiplicadora, como bem temos frisado, será composta de vidas multiplicadoras. O princípio plantação de igreja agora deve ser potencializado. Os Pequenos Grupos Multiplicadores são uma grande ferramenta também para a plantação de novas igrejas. O objetivo da visão multiplicadora é gerar um grande movimento de multiplicação de discípulos e igrejas. É isso que esperamos ter alcançado nesta terceira fase. Temos trabalhado nos últimos meses para que isso seja uma realidade.
A essa altura, todos os membros devem estar se multiplicado, formando uma grande cadeia de cumprimento da Grande Comissão.
Todo também devem estar focados na multiplicação de novos líderes. Por isso, cada líder deve sempre ter ao seu lado pelo menos dois líderes em treinamento para que, quando chegar a hora da multiplicação, este fator não seja uma trava. Todos os membros de sua igreja têm um potencial de liderança que pode se desenvolvido. Não estou dizendo que todos devem ser líderes, mas que todos têm algo a oferecer ao Senhor. Para os encontros semanais com a liderança, todos os membros do PGM devem ser motivados a participar, assim abrindo a possibilidade de ter um número maior de líderes em potencial.
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O valor da multiplicação precisa ser massificado com os líderes. Eles necessitam sempre ter a compreensão que todo PGM saudável nasce, cresce, amadurece e se multiplica. A nossa sugestão é que este ciclo seja trabalhado com média de um ano. No entanto, o que torna um PGM apto à multiplicação não é apenas o seu crescimento, mas a preparação de um novo líder. É muito importante que nesta terceira fase os líderes sejam desafiados a uma data específica para a multiplicação dos PGMs. Isso vai motivar todos do Pequeno Grupo Multiplicador a centrarem suas ações na busca de novos discípulos. O grupo necessita estar ciente deste processo e deve em comum acordo marcar essa data.
Um diferencial da visão de Igreja Multiplicadora é a intencionalidade em plantar novas igrejas. Quando estamos falando de um movimento intencional de multiplicação, também estamos focados em estabelecer novas igrejas em locais estratégicos para o avanço do evangelho nas cidades. Não queremos alimentar um sentimento de que o pastor vai construir um império próprio, mas aproveitar todo o potencial de multiplicação para plantas novas igrejas multiplicadoras. Todo este processo está descrito no princípio de Plantação de Igreja do livro “Igreja Multiplicadora”. É bem provável que sua igreja tenha alguns Pequenos Grupos Multiplicadores em uma determinada região que poderão ser agrupados para formarem uma nova igreja ali. Também você deve trabalhar intencionalmente na abertura de PGMs com o objetivo especifico de plantar uma nova igreja. PGMs não são apenas para avançar no crescimento do número de discípulos da igreja local, mas também motivar a multiplicação de novas igrejas. Que toda a igreja esteja praticando os princípios, gerando, assim, uma multiplicação exponencial de discípulos, líderes, PGMs e igrejas. Em média, este processo dura entre 46 a 48 meses de caminhada. Lembrando que todas estas previsões podem variar de acordo com o contexto da igreja.
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Formular Perguntas diagnosticas para esta fase
O que você achou dessas notas? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________
Há algum ajuste de rota a ser feito? _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________ _________________________________________________________________________________
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Avaliar e adequar a sua estrutura conforme a visão de Igreja Multiplicadora
Ao chegar na quarta fase da implementação, e hora de continuar com os ajustes necessários para vivenciar os princípios de maneira efetiva. Com todo certeza muitos ajustes estão sendo realizados durante todo este processo de implementação, mas neste momento queremos chamar a sua atenção para realizar o alinhamento de toda a sua estrutura para que a vida em comunidade e o desenvolvimento dos relacionamentos mútuos possa vivenciados e assim a igreja como um todo glorificar a Deus cumprindo a Grande Comissão.
Isso vai estar acontecendo durante todo o tempo. Mas em especial, depois que estivermos com muitas coisas estabelecidas e onde iremos avançar em nossos ajustes necessários para que possamos avançar ainda mais. Vamos a algumas perguntas:
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