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Olavo de Carvalho
As garras da Esfinge Leituras básicas para o curso Esoterismo na História e Hoje em Dia
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Olavo de Carvalho
As garras da Esfinge Leituras básicas para o curso Esoterismo na História e Hoje em Dia
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Sumário As garras da Esfnge: René Guénon e a islamização do Ocidente................................................................................3 Inuncias discretas............................................................!" A Igre#a $umil$ada...............................................................31 $umil$ada...............................................................31
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As garras da Esfinge René Guénon e a islamização do Ocidente
I As transformações históricas e espirituais profundas que vão determinar o futuro da humanidade estão tão distantes da nossa mídia, da nossa vida universitária e, de modo geral, de todos os deates p!licos neste país, que com certe"a aquilo que vou di"er neste artigo parecerá estratosf#rico e alheio $ realidade imediata% O doente incurável que geme de dor num leito de hospital dificilmente se interessará, nessa hora, pelas controv#rsias m#dicas, ioquímicas e farmacológicas que se desenrolam em países longínquos e em idiomas que ele desconhece, mas das quais poderá vir, um dia, a cura da sua doença% O que mais de perto di" respeito ao seu destino lhe parece distante, astrato e alheio $ sua dor% Os que se interessam pelo futuro do &rasil deveriam prestar atenção ao que vou lhes di"er aqui, mas será muito difícil fa"'(los ver que uma coisa tem algo a ver com a outra% )ou começar analisando a resenha que um autor desconhecido neste país fa" do livro de outro autor igualmente ignorado por aqui% O livro # False Dawn: The United Religions Initiative, Globalism, and the Quest for a One-orld Religion, de *ee +enn -ophia +erennis, .//01, que 2á recomendei muitas ve"es mas poucos leram, por ser um calhamaço de documentos longos e chatíssimos% O resenhista # Charles 3pton, autor de The !"stem of the #nti$hrist id%, .//41, que foi menos lido ainda, 2á que o recomendei com menos 'nfase e const5ncia% A resenha foi pulicada num livro mais recente de 3pton, Findings: In %eta&h"si$, 'ath, and (ore, # Res&onse to the Traditionalist)'erennialist !$hool id%, ./4/1 e reprodu"ida na revista eletr6nica da editora, htt&:))www*so&hia&erennis*$om)dis$ussion-forums)so&hia &erennis-boo+-reviews)false-dawn-the-united-religions-initiative globalism-and-the-uest-for-a-one-world-religion) * 7ue tudo
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venha pela mesma editora # um detalhe ao qual voltarei mais adiante% O livro de *ee +enn descreve e documenta com aund5ncia de fontes primárias a formação e desenvolvimento de uma religião i6nica mundial, com todas as características de uma paródia sat5nica, so os auspícios da O83, do governo americano, de praticamente toda a grande mídia ocidental e de um punhado de megafortunas% Iniciado em 4990 por :illiam -;ing, ispo da Igre2a
??;;;%uri%org1, emora e@tra( oficialmente e@istisse desde muito antes remontando ao (u$is Trust fundado em 49.. por Alice &aile1, o empreendimento, sustentado por recursos financeiros incalculavelmente vastos e apoiado por todo um $ast de estrelas do show business e da política, conquistou at# o apoio informal do +apa Brancisco v% http>??remnantne;spaper%com?;e?inde@%php?articles?item?044( pope(francis(and(the(united(religions(initiative1% Com o lindo o2etivo de criar um mundo de pa", sustentado por comunidades enga2adas e interconectadas, comprometidas com o respeito $ diversidade, com a resolução não(violenta dos conflitos e com a 2ustiça social, política, econ6mica e amientalD, o movimento re!ne, em festivas celerações ditas ecum'nicasD, católicos, protestantes, 2udeus, muçulmanos, udistas, @intoístas, animistas, espíritas, teosofistas, bahais, si+hs, adeptos da .ew #ge, da i$$a, do satanismo, do =everendo Eoon, dos /are 0rishna e de qualquer culto indígena ou ufológico que se apresente, dando a tudo um sentido de fraternidade universal que dissolve entre sorrisos de condescend'ncia m!tua as mais óvias e insuperáveis incompatiilidades entre essas diversas crenças% Fodas as religiões e pseudo(religiões somadas, fundidas e mutuamente neutrali"adas redu"em(se assim a um instrumento au@iliar do pro2eto gloalista voltado $ criação de um Governo Eundial% Grosso modo, a ideologia que gruda uns nos outros esses elementos heterog'neos e inconciliáveis # o universalismo low brow da 8ova
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altos estágios da reali"ação espiritual humana ou mesmo sore( humana% 8ão se deve confundir o universalismoD paródico da 8ova
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ficaram o espiritismo de Allan ardec, a teosofia de Eadame &lavatsKi e mil e um outros movimentos nos quais Gu#non via a encarnação mesma daquilo que ele chamava pseudo(iniciaçãoD e contra(iniciaçãoD L a primeira constituindo a imitação simiesca da espiritualidade, a segunda a sua inversão sat5nica% 8a verdade o contraste entre o universalismo da 3=I e o da corrente gu#noniana(schuoniana vai muito al#m da mera diferença entre low brow e high brow, emora essa diferença se2a patente aos olhos de quem os compare% Ne um lado vemos um pastiche de sincretismos inconseqQentes reforçados por alguma retórica humanitária sentimentalóide ou futurista ora progressistaD, ora conservadoraD, para agradar a todos1 e adornado no má@imo, aqui e ali, pela adesão superficial de algum escritor da moda, como Aldous Ju@le e Allan :atts% No outro lado, construções intelectuais sofisticadas, uma compreensão profunda e organi"ada dos símolos religiosos e esot#ricos de todas as tradições, um domínio caal das fontes reveladas e uma t#cnica comparatista que se apro@ima, em precisão, quase que de uma ci'ncia e@ata% +or acr#scimo, algumas das análises mais consistentes da crise civili"acional do Ocidente nas suas várias e@pressões> cultural, social, artística etc% A diferença salta aos olhos de qualquer leitor culto% tudo o que o ser humano fe" e pensou na sua caminhada sore a Ferra% 8ão há praticamente nada, nenhum fen6meno, nenhum pensamento, nenhum acontecimento fausto ou infausto, que de algum modo não encontre alguma e@plicação perenalistaD eficiente e persuasiva, quando não irrefutavelmente vera"% No ponto de vista do uscador comum que, proveniente dos meios revolucionários, modernistas e ateísticos, # alertado para a import5ncia dos temas espirituaisD e, após uma ilusão temporária com a 8ova
passagem ao tradicionalismo de Gu#non e -chuon # um u&grade intelectual formidável, um impacto desaculturante, quase uma transfiguração interior que repentinamente o isolará do amiente mental em torno, marcado a um tempo pelo descr#dito das religiões e pela vulgaridade sem fim do ocultismo onipresente, e o dei@ará so"inho, face a face com a sua consci'ncia% Cumpre(se assim, na escala individual, a c#lere profecia emitida por um iógrafo an6nimo de =en# Gu#non logo após a morte do mestre> Chegará o momento em que cada um, so"inho, privado de todo contato material que possa a2udá(lo em sua resist'ncia interior, terá de encontrar em si mesmo, e só nele mesmo, o meio de aderir firmemente, pelo centro de sua e@ist'ncia, ao -enhor de toda )erdade%D4 =aros, raríssimos são os que chegam a esse ponto L a maioria vai tomando pelo caminho L, mas, para aquele que chega, # difícil resistir, então, ao impulso de fa"er contato pessoal com os círculos gu#nonianos e schuonianos, em usca de alívio, apoio e orientação% P por esse processo de seleção espont5nea que se forma a elite intelectualD que, como veremos adiante, Gu#non tinha em vista no livro Oriente e O$idente, de 49.R% +ois # evidente que, entre as várias cosmovisões em luta, a mais arangente, que asorve e e@plica todas as outras, está no topo% P o cume da consci'ncia de uma #poca, o ne$ &lus ultra da intelig'ncia e do inteligível% O que confere ainda mais autoridade ao ensinamento perenialista # a afirmação reiterada de seus e@positores, de que ele não # invenção sua, mas o mero traslado, em linguagem teórica atual, de revelações imemoriais que remontam a uma Bonte originária !nica, a Fradição +rimordial% Afirmação id'ntica, na superfície, $ dos próceres da 8ova
(. ).* +,uel-ues remar-ues sur loeu/re de René Guénon+* em Études Traditionnelles * &!e. Année* 1"&1* ns. !"30!"%0!"&* . 32. ! Gallimard* 1"'! 4colet5nea 6stuma de artigos so7re o sim7olismo8. 3 9arer Ro;* 1"<'* reed. =ons >itae* !222.
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d!vida ra"oável, a converg'ncia essencial das doutrinas e símolos das grandes tradições religiosas e espirituais, a Unidade Trans$endente das Religi2es como a denominava -chuon no título de um livro que ningu#m menos que F% -% não podem sofrer o tipo de operação unificante que, precisamente, caracteri"a a 8ova
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temporal de pessoas de carne e osso, continuam suordinados cada um $ sua respectiva tradição religiosa, sem poder fundi(la ou misturá(la com qualquer outra% O e@emplo clássico # o grande mestre sufi Eohieddin InU Arai% Afirmando e@plicitamente que seu coração podia assumir todas as formas L a do br5hmana hindu, a do raino caalista, a do monge cristão ou qualquer outra L(, ele continuava, na sua vida de indivíduo real e concreto, inteiramente fiel $ mais estrita ortodo@ia isl5mica% Eas # aí que começam os prolemas% II Nesde logo, essa concepção e@ige, ao lado da diferenciação hori"ontalD entre as várias tradições no tempo e no espaço, uma distinção verticalD, ou hierárquica, entre as partes inferioresD e superioresD de cada uma% As inferioresD, ou e4ot1ri$as, são historicamente condicionadas e por elas as tradições de afastam umas das outras at# o ponto da hostilidade m!tua e da total incompatiilidade% As partes superioresD, esot1ri$as, refletem a eternidade imutável da )erdade, onde todas as tradições convergem e se encontram% Já, em suma, uma religião popular, feita de ritos e normas de conduta, igual para todos os memros da comunidade, e uma religião de elite, apenas para as pessoas qualificadasD, que por trás dos símolos e das leis podem apreender o sentidoD !ltimo da revelação% +ela prática dos ritos de agrega67o que os integram na tradição religiosa e pela oedi'ncia as normas, os homens do povo ot'm a salvaçãoD &ost mortem das suas almas% +or meio de ritos de ini$ia67o, os memros da elite ot'm 89 em vida, e muito acima da mera salvaçãoD, a realia67o es&iritual que os arreata do simples estado individualD de e@ist'ncia para transfigurá(los na própria =ealidade Vltima, ou Neus% P om não falar muito dessas coisas perante o p!lico em geral, que pode escandali"ar(se ante a decifração de um mist#rio que deve permanecer opaco para a sua própria proteção espiritual% P em conhecida a história do sufi Eansur Al(Jalla2 0(9..1, que após ter chegado $ !ltima reali"ação espiritualD, saiu gritando #na al-/a;D
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que a declaração de Al(Jalla2 equivalia literalmente a o Islam% Corresponde $ distição entre shariah e tariat % Ne um lado, a lei religiosa origatória para todosW de outro, a viaD espiritual, de livre escolha, só para as pessoas interessadas e dotadas% A aplicação dessa distinção a todas as outras tradições # meramente sugestiva ou analógica L uma figura de linguagem e não um conceito descritivo apropriado% Com isso o edifício inteiro do perenialismoD começa a alançar um pouco% <@istem, por e@emplo, e@oterismo e esoterismo na tradição hindu, 2ustamente aquela de cu2o vocaulário =en# Gu#non se serve mais freqQentemente, por 2ulgar que o hinduismo alcançou clare"a má@ima na e@posição da doutrina metafísicaT o su2eito nasce shudra, vaishia, +shat"ia ou br5hmana e assim permanece para sempre% -egundo, porque acidentalmente memros das castas inferiores podem alcançar os mais altos níveis de reali"ação espiritual sem mudar de casta% Ferceiro, porque os ritos da casta superior, ou br5hmana, nada t'm de secreto ou discreto> qualquer "#(man# pode conhec'(los, só não tem a autori"ação de praticá(los% <@iste um esoterismo cristãoDT A coisa, aí, complica(se formidavelmente% <@istiram, aqui e ali, organi"ações esot#ricas que se professavam cristãs e que, por meio de ritos especiais, diferentes dos sacramentos da Igre2a, transmitem iniciações% A Companheiragem, os Fedeli d#more, a Eaçonaria e a Ordem Femplária são e@emplos% Eais modernamente, in!meros ocultistas, como Eadame &lavatsKi, =udolf -teiner e Georges Ivanovich Gurd2ieff apresentaram seus ensinamentos como modalidades de esoterismo cristão% Eas restam alguns fatos que astam para dar por terra com essas pretensões%
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Nesde logo, não há traços de nenhuma organi"ação esot#rica cristã nos primeiros de" s#culos da Igre2a% 8ada ensinei em segredo%D Eesmo -uas paráolas, cu2o sentido não era imediatamente evidente a todos, eram ditas em p!lico, não a um círculo reservado% Como # possível então que o n!cleo do ensinamento do -alvador fosse conservado em segredo durante de" L ou vinte L s#culosT os sacramentos da Igre2a não são meros ritos de agregaçãoD% -ão iniciáticos de pleno direito% 8ão dão acesso somente $ comunidade de fi#is L ou $ sua egr#goraD ou consci'ncia coletiva L, mas, Deo 8uvante, ao conhecimento mais íntimo da =ealidade -uprema a que um ser humano pode aspirar% 8ão sou mais eu que e@istoD, di" o Apóstolo, # Cristo que e@iste em mimD% Moão +aulo II, no seu
Outras modalidades de esoterismo isl5mico desen/ol/eram0se mais tarde* esecialmente na ?érsia* mas não /m ao caso. >. 9enr@ )or7in* En Islam Iranien. & La Evolución Mística en el Desenvolvimiento y Vitalidad de la Iglesia* alamanca* =ides* 1"%2* /Brias reediçCes ela D.A.)* adrid* a artir de 1"&!* e Cuestiones Misticas, o Sea, Las Alturas de la Contemlación Accesi!les a Todos* adrid* D.A.).* 1"&'.
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indivíduo conforme suas aptidões, seu empenho e os movimentos da Graça divina% Fodos os cristãos que receeram os sacramentos são, portanto, iniciados, no sentido estrito que o perenialismo dá a essa palavra% A diferença entre os vários resultados espirituais otidos pode ser e@plicada por um conceito desenvolvido pelo próprio =en# Gu#non, o de ini$ia67o virtual % 8em todos os ritos de iniciação produ"em imediatamente os resultados espirituais que lhes correspondem% o cristianismo teria surgido inicialmente como um esoterismo, mas, em vista da decad'ncia geral da religião greco( romana, teria sido forçado e4 &ost fa$to a populari"ar(se, acaando por redu"ir(se a um e@oterismo% 8ão há asolutamente nenhum sinal de que isso 2amais tenha acontecido% &em ao contrário, Mesus falou aertamente $s multidões desde o início da sua pregação, e os sacramentos não sofreram nenhuma mudança sustancial de forma ou conte!do ao longo dos tempos% 7uaisquer que possam ter sido os seus erros em outros domínios, nesse ponto -chuon estava com a ra"ão% P tam#m só como figura de linguagem que a distinção de e@oterismo e esoterismo L ou de ritos de agregação e de iniciação L pode se aplicar ao 2udaísmo, 2á que os cultores de mist#rios caalísticos ali não são outros senão os próprios sacerdotes do culto oficial% '
>.* entre outros* Fimot$@ cott* René Guénon and t$e ,uestion oH Initiation* So"ia# T"e $ournal o% Traditional Studies * !22<* reroduzido em $tt:[email protected]dHsJGuenonKinitiation.dH .
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Fão inapropriada # a aplicação dessa dupla de conceitos ao território e@tra(isl5mico, que memros da própria escola perenianista acaaram tendo de reconhecer a e@ist'ncia de iniciações e@o(esot#ricasD e at# e@ot#ricasD ao lado das propriamente esot#ricasD,Y o que 2á asta para mostrar que esses conceitos servem para pouca coisa% A falta de argumentos ra"oáveis e a reação desproporcional de Gu#non ante o que poderia ter se limitado a uma discussão entre amigos sugerem que nesse episódio ele podia estar escondendo alguma coisa% 8ão podendo falar claro, apelou a uma hipótese asurda e tentou redu"ir o interlocutor ao sil'ncio mediante uma e@iição de autoridade, que -chuon educadamente re2eitou% 7ual a ra"ão pela qual Gu#non teria escolhido enquadrar $ força todas as tradições numa dupla de conceitos que não se aplicava apropriadamente a nenhuma delas e@ceto o islamismo em particularT +or que esse homem, tão criterioso em tudo o mais, se permitiu tamanha aritrariedade, colocando(se assim numa posição vulnerável que se viu posta em risco tão logo -chuon levantou a questão das iniciações sacramentaisT 7uase com certe"a teve, para fa"'(lo, motivos que, ao menos naquele momento, não podiam ser discutidos aertamente% Eas antes mesmo de esclarecer esse ponto # preciso levantar uma outra questão% III 7ue as tradições materialmente diferentes convergem na direção de um mesmo con2unto de princípios metafísicos # algo que não se pode mais colocar seriamente em d!vida% A tese da Unidade Trans$endente das Religi2es # vitoriosa so todos os aspectos% -ó há um detalhe> 7ue # propriamente uma metafísicaT 8ão uso o termo como denominação de uma disciplina acad'mica mas no sentido muito especial e preciso que tem nas oras de Gu#non e -chuon% 7ue # uma metafísicaT P a estrutura da realidade universal, que desce desde o +rimeiro +rincípio infinito e eterno at# os seus inumeráveis refle@os no mundo
&indings * . !<&.
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manifestado, atrav#s de uma s#rie de níveis ou planos de e@ist'ncia% O fato de que ela se2a essencialmente a mesma em todas as tradições indica que e@iste uma &er$e&67o normal da estrutura b9si$a da realidade, comum a todos os homens de qualquer #poca ou cultura% histórico, terrestre, cósmico, ang#lico etc% A perfeita sumissão da su2etividade humana a essa estrutura está suentendida em todas as tradições como uma $onditio sine ua non da vida religiosa e, mais ainda, da reali"ação espiritual% -ua negação, mutilação ou alteração # a rai" de todos os erros e desvarios da humanidade% P por isso que B% -chuon propõe uma distinção entre heresia essen$ial e heresia a$idental % A palavra heresiaD vem de uma rai" grega que tem as acepções de escolherD e decidirD% 3m heresiarca # algu#m que, por vontade própria, escolhe da verdade total as partes que lhe interessam e ignora as demais% /eresia a$idental , segundo -chuon, # a negação, mutilação ou alteração dos c5nones de uma tradição em particular, como por e@emplo o monofisismo na Cristandade a teoria de que Mesus tinha só a nature"a divina, não a humana1 ou o asso$ia$ionismo no Islam associar Neus a outros seres1% /eresia essen$ial # a negação, mutilação ou alteração da própria estrutura da realidade L um erro, portanto, que seria condenado não apenas por esta ou aquela tradição em particular, mas por todas elas% O materialismo ou o relativismo, por e@emplo% Fudo isso está muito em, mas há um prolema lógico% -e a metafísica # comum a todas as tradições, como pode ser o topo e a suprema perfeição de cada uma delasT +or definição, a perfeição de uma esp#cie não pode estar no seu g'nero> tem de estar na sua diferença específica% A perfeição do leão e da pulga não pode residir no simples fato de que amos são animais%
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P admissível que, na escalada iniciática do indivíduo, a chegada $ =ealidade -uprema, que o eleva acima do seu estado individual e o asorve no próprio -er da divindade, # a culminação dos seus esforços% as pulgas e os leões são igualmente animais, mas nem por isso a pulga e@pressa a perfeição da animalidade tão em quanto o leão, para nada di"er do ser humano% -chuon afirma que a pretensão de cada religião de ser melhorD que as outras só se 2ustifica pelo fato de que todas elas são legítimasD, isto #, refletem a seu modo a Fradição +rimordial, mas que vistas na escala da eternidade e do asoluto, essa pretensão se revela ilusória% 8o entanto, se a perfeição de uma esp#cie não pode residir apenas no seu g'nero, e sim na sua diferença específica, não há nenhum motivo para dar por provado que todas as esp#cies representem por igual a perfeição do g'nero% Fodas as religiões remetem a uma Fradição +rimordial, <
Lidée du MmeilleurN dans lordre conHessionnel* Etudes Traditionnelles* 1"<1* /ol.
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O, mas todas a representam igualmente emT A pergunta # inteiramente legítima, e em parte alguma a escola perenialista lhe ofereceu L ou tentou oferecer L uma resposta aceitável% 8a verdade, nem colocou a pergunta% -erá que at# nessas altas esferas encontraremos o fen6meno da &roibi67o de &erguntar , que
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I) A geração da só esta, a =eligio +erennis,4/ # verdadeira em sentido estrito% As demais são símolos ou apar'ncias imperfeitas de que ela se reveste nas suas várias encarnações terrestres% Eas L prossegue o mesmo 3pton L essas revelações são consideradas ramos da Fradição +rimordial, mas esta Fradição não # presentemente vigente enquanto sistema religiosoW não # uma religião que possa ser praticada% Os !nicos caminhos espirituais viáveis e@istem so a forma L ou dentro L das presentes revelações viventes> Jinduísmo, [oroastrismo, &udismo, Mudaísmo, Cristianismo e Islam%D 44 Eas esses caminhos levam somente $ salvaçãoD numa vida &ost mortem% +ara suir um pouco mais alto 2á na vida presente # preciso, sem aandoná(los, filiar(se a uma organi"ação esot#rica e praticar, al#m dos ritos e mandamentos da religião popular, alguns ritos e mandamentos especiais, de caráter iniciático% Nito de outro modo, a religião popular # um atestado de qualificação e@igido do postulante na entrada do caminho iniciático% +ara o muçulmano, isso não # um grande prolema% ainda que ine@istindo propriamente um esoterismo hindu, o hinduísmo aceita e asorve todas as práticas de outras religiões, de modo que L descontados os conflitos políticos entre hinduístas e "
Findings, p% .R%
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Id %, p% .9R%
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muçulmanos L nada impede que um hindu se filie a uma tariqa, $ Eaçonaria, a uma Fríade chinesa ou a qualquer outra organi"ação esot#rica sem mudar de estatuto na sua sociedade de origem% 8o caso de um católico, por#m, a coisa se complica% -egundo Gu#non, todas as organi"ações iniciáticas cristãs foram desaparecendo depois da Idade E#dia, dei@ando os pores fi#is limitados a um e@oterismo espiritualmente capenga% -oraram só uns resíduos de organi"ações e@tintas e%%% a Eaçonaria% Acontece que uma sentença do +apa Clemente HII, em 4YS, condenou $ e@comunhão automática todo fiel católico que se filiasse $ Eaçonaria ou a qualquer outra sociedade secreta1% A decisão foi reforçada pelo +apa *eão HIII em 49/ e formali"ada pelo <>digo de Direito
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guerra dos o católico que se filiasse $ Eaçonaria não apenas incorria em e@comunhão automática, mas se tornava um traidor de seus correligionários assassinados% Gu#nonianos católicos como Mean Fourniac fi"eram o diao para provar que as doutrinas maç6nicas eram compatíveis com o catolicismo, mas, # claro, isso ficou na teoria% 4S Conversações entre líderes católicos e maçons em usca de um acordo não deram em nada% A e@comunhão continuava em vigor, e o risco moral continuava altíssimo% A partir dos anos X/, quando esses prolemas começaram a tornar(se o2eto de discussão mais aerta nos círculos de interessados em tradicionalismo, o grupo perenialista começou a sugerir ao católico encurralado as seguintes soluções possíveis> 4% *argue tudo e converta(se ao Islam% .% &usque arigo na Igre2a Ortodo@a =ussa, onde ainda há um resíduo de esoterismo e cu2os sacramentos, no fim das contas, são aceitos como válidos pela Igre2a Católica% S% Bilie(se $ tariqa multiconfessional de B% -chuon, onde voc' poderá praticar ritos iniciáticos isl5micos sem conversão formal e mantendo(se a uma prudente dist5ncia dos muçulmanos e@ot#ricos% A primeira opção era com certe"a a mais traumática% Afinal, o próprio -chuon tinha escrito que mudar de religião não # como mudar de país> # como mudar de planetaD%4R A segunda era mais confortável, mas esarrava num ostáculo que 2amais vi algum autor perenialista sequer mencionar> a Igre2a Ortodo@a =ussa estava infestada de agentes da G&, sendo quase impossível ao rec#m(chegado orientar(se naquela selva selvaggia de conspirações e fingimentos% 8ão por coincid'ncia, a G& estava, naquele mesmo momento, +ulishing Compan, .//XW -antiago Eata, /olo$austo
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organi"ando e treinando organi"ações terroristas isl5micas para a guerra contra o Ocidente cristão%40 -orava a terceira, a mais fácil e natural% A tariqa de -chuon estava, de fato, repleta de memros de origem católica L a começar pelo próprio -chuon e por alguns de seus colaoradores mais pró@imos, como Eartin *ings, Fitus &urcKhardt e =ama +% Coomaras;am, dos quais os dois primeiros converteram(se ao Islam, o terceiro continuou católico ao menos em p!lico, sem dei@ar de prestar ao shei+h o voto regulamentar de oedi'ncia total e@igido nas tariqas%4X 8as almas daqueles que permaneciam católicos L e4 &rofesso ou de coração apenas L, reali"ava(se assim, em escala microscópica, o plano que, desde 49.R, =en# Gu#non traçara para o Ocidente inteiro% ) Após descrever com as cores somrias de um genuíno Apocalipse a degradação espiritual da civili"ação no Ocidente, atriuindo(a $ perda das verdadeira metafísicaD e das ligações entre a Igre2a Católica e a Fradição +rimordial ligações que só poderiam ter sido mantidas por interm#dio das organi"ações iniciáticas1,4Y =en# Gu#non prev' tr's desenvolvimentos possíveis do estado de coisas no Ocidente>4 4% A queda definitiva na arárie% .% A restauração da tradição católica, so a orientação discreta de mestres espirituais isl5micos%
)% Ion Eihai +acepa, Disinformation: Former !&"
Nas igre2as protestantes Gu#non nem fala, pois tinha todas na conta de desvios antitradicionais% -chuon, mais tarde, atenuaria esse diagnóstico sem impugná(lo formalmente% 1
)% Orient et O$$ident , +aris, )#ga, 49.R%
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S% A islami"ação total, se2a por meio da infiltração e da propaganda, se2a por meio da ocupação militar% ou o mergulho na arárie ou a su2eição ao Islam, se2a discreta, se2a ostensiva% A eclosão da II Guerra Eundial pareceu mostrar que o Ocidente preferira a primeira opção, sendo um detalhe ir6nico o fato de que importantes autoridades religiosas isl5micas deram apoio total ao FChrer , especialmente na questão do e@termínio dos 2udeus%49 Coincid'ncia macara ou profecia auto(reali"ávelT 8ão sei% Após a Guerra, a colaoração íntima entre governos isl5micos e regimes comunistas no esforço anti(Ocidental con2unto veio a se tornar tão notória que nem # preciso insistir nesse ponto% 8ão dei@a de ser oportuno lemrar que ho2e em dia a esquerda mundial empenhada em corromper o Ocidente at# fa"'(lo federD, como preconi"ava Andr# &reton, # a mesma que apóia ostensivamente a ocupação muçulmana do Ocidente pela imigração em massa, em como oicota por todos os meios qualquer esforço s#rio de comate ao terrorismo isl5mico, de modo que há entre os dois locos como que um acordo leninista de fomentar a corrupção e denunciá(laD% 8ovamente cae a mesma pergunta do parágrafo anterior, com a mesma resposta% +ara o aspirante de origem católica, tudo o que a tariqa oferecia era a escolha entre tornar(se muçulmano ou ser católico so orientação muçulmana% A mesma escolha que Gu#non oferecia a todo o mundo Ocidental% Creio que com isso fica mais clara a intenção de Gu#non ao espremer todas as religiões, especialmente a cristã, no molde forçado de um conceito descritivo isl5mico, a distinção e@oterismo(esoterismo% Ne fato, como dominar toda uma civili"ação sem enquadrá(la primeiro no sistema de coordenadas intelectuais da civili"ação dominadora, onde ela dei@ará de ser uma totalidade aut6noma para se tornar parte de um mapa arangenteT Fam#m # óvio que não astava fa"er isso em teoria> era preciso conquistar para essa nova visão das coisas os elementos mais valiosos, mais ativos intelectualmente, da elite da civili"ação(alvo% -ó quando esta começasse a se compreender a )% &arr =uin, .ais, Islamists, and the %a+ing of the %odern %iddle ast , \ale 3niversit +ress, ./4R, e Navid Eotadel, Islam and .ai German"s ar , &elKnap +ress, ./4R% 1"
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si mesma nos termos do dominador, em ve" dos seus próprios, ela estaria madura para aceitar, sem maiores reações, uma operação mais vasta de ocupação cultural% Fanto mais que a redução do cristianismo ao in6mio e@oterismo(esoterismo, acompanhada do diagnóstico somrio da perda da dimensão esot#rica, culminava ine@oravelmente na conclusão de que a restauração da cristandadeD, das suas cone@ões com a Fradição +rimordial e portanto das dimensões mais altas da sua espiritualidade, só poderia reali"ar(se so a direção de um esoterismo viventeD, isto #, do sufismo% +ara usar os termos do próprio Gu#non, era preciso sumeter o Ocidente $ autoridade espiritualD do Islam antes de sumet'(lo ao seu poder temporalD% A teoria de -chuon, segundo a qual os sacramentos cristãos conservavam o seu poder iniciático, parecia atenuar um pouco a força do argumento islami"ante, mas na verdade não o fa"ia de maneira alguma% -em a devida instrução espiritual, que só um esoterismo viventeD poderia lhe oferecer, o portador de uma iniciação virtualD permanecia inconsciente de t'(la receido e não apenas ficava paralisado no meio da escalada iniciática, mas se arriscava, com isso, a sofrer toda sorte de dist!rios espirituais e psíquicos% -ó a espiritualidade sufi L encarnada, neste caso, na pessoa de B% -chuon L poderia salvar os católicos de si mesmos% A islami"ação do Ocidente L discreta ou ostensiva, pacífica ou violenta L # o o2etivo central e, na verdade, !nico, de toda a ora de =en# Gu#non%
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)I O que pode tornar esse o2etivo neuloso ou at# invisível aos olhos do p!lico são dois fatores> +rimeiro> Gu#non afirma reiteradamente seu total despre"o por qualquer atividade, corrente ou ideologia política, assegurando que seus interesses nada t'm a ver com a luta pelo poder e se voltam e@clusivamente $ esfera do espiritual e do eterno% Isso parece colocá(lo, aos olhos de muitos, incomparavelmente acima da atual disputa entre os países isl5micos e o Ocidente% está disputando autoridade espiritual% det#m(se na pura ontologia, ou teoria do -er, sem penetrar nos mist#rios supremos do 8ão(-er -chuon prefere di"er -upra(-erD1% Má me e@pliquei em outras ocasiões quanto ao que me parece ser a asurdidade intrínseca da doutrina do 8ão(-er, e não vou voltar a esse assunto aqui% O que interessa no momento # salientar que, segundo Gu#non, o catolicismo, a partir dessa mutilação inicial, veio decaindo acentuadamente at# redu"ir(se a uma mera devoção sentimental para as massas% Como só quem pode reergu'(la desse aismo # quem ainda possua a cone@ão originária com a Fradição +rimordial, # evidente que a salvação da Igre2a e, atrav#s dela, de todo o Ocidente, só pode vir de fora% Ne onde, precisamenteT No udismo não pode ser, 2á que Gu#non nem mesmo o considera uma tradição inteiramente válida% No hinduísmo tam#m não, porque não pode ser praticado fora da ]ndia nem por quem não se2a de nacionalidade indiana%
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Fudo o que o hinduísmo pode fornecer # uma compreensão mais aprofundada da doutrina metafísica L e de fato Gu#non recorre aundantemente aos te@tos hindus para isso L, mas a mera compreensão teórica, sendo indispensável, nem de longe pode fornecer por si mesma a aut'ntica reali"ação metafísicaD% No 2udaísmo, menos ainda, pois seria inconceível que a Igre2a, tendo nascido dele, voltasse ao ventre materno sem anular(se i&so fa$to e cessar de e@istir% Na EaçonariaT Impossível, não só por causa das incompatiilidades acima apontadas e 2amais vencidas, mas porque, segundo Gu#non, as iniciações maç6nicas são apenas de +equenos Eist#riosD, segredos do cosmos e da sociedade que nem de longe tocam as alturas da suprema reali"ação metafísica, os Grandes Eist#riosD% Ne ostáculo em ostáculo L não # preciso e@aminar todas as alternativas L, a conclusão ine@orável # que o lairinto de impossiilidades só tem uma saída> o catolicismo só pode ser devolvido $ sua integridade originária se consentir em sumeter( se ao guiamento de mestres isl5micos% Ou isso, ou a ocupação do Ocidente pelos muçulmanos% Tertium non datur % 7ue, en &assant , Gu#non e seus continuadores tenham feito várias contriuições valiosas at# mesmo $ compreensão do catolicismo pelos próprios intelectuais católicos, especialmente no que concerne ao simolismo e $ arte sacra, # coisa que ningu#m em seu 2uí"o perfeito poderia negar %./ Eas, tam#m aí, nada a estranhar% 7ue autoridade poderia um mestre sufi pretender e@ercer sore os católicos se, pelo menos em alguns pontos seletos, não provasse compreender a sua religião melhor do que eles mesmosT.4 Os artigos católicosD de Gu#non pulicados na revista Regnabit entre 49.0 e 49.Y não provam, nem mesmo sugerem, que ele tivesse aceitado a independ'ncia e muito menos a superioridade do catolicismo em relação ao Islam% +rova apenas Nestaquei algumas dessas contriuições no ensaio Arte sacra e estupide" profanaD, em # Filosofia e !eu Inverso e Outros studos, Campinas, )ide
Fam#m # certo que qualquer cristão inteligente, católico ou não, pode tirar proveito desses ensinamentos sem aderir ao pro2eto gu#noniano, mas como recusar adesão sem saer ou querer saer que o pro2eto e@isteT Fodo idiota !til # idiota e !til na medida mesma em que nega a e@ist'ncia daquele que o utili"a% !1
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que, nesse período, ele ainda acreditava na possiilidade de dirigir o curso das coisas na Igre2a Católica por meio da persuasão gentil e da infiltração%.. -ua partida para o era o raço direito de -chuon% !!
Eichel )als5n%
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pensamento moderno ateu ou cristão, que se torna quase irresistível a tentação de encará(la realmente como um milagre, uma intervenção divina no curso da Jistória% -eed Jossein 8asr, em no;ledge and the -acred,.R não hesita em apresentar toda a história intelectual do Ocidente como se fosse uma longa, tateante e semicega preparação para o advento das lu"es gu#nonianas% )ista desse modo, a ora de Gu#non parece uma mensagem supra(histórica vinda da aurora dos tempos, da própria Fradição +rimordial e não de um shei+h egípcio contempor5neo% O dese2o de apagar suas raí"es contempor5neas e pairar acima das conting'ncias históricas # manifesto em vários trechos dessa ora, e reforçado ainda por várias e@pressões de despre"o $ meraD perspectiva histórica, segundo Gu#non um ilusório v#u de apar'ncias passageiras encorindo a realidade das coisas eternas%
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Ren1 Gu1non, (a Derni@re
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somente nos perfis hagiográficos da missão de =en# Gu#nonD, mas em pelo menos tr's livros de importantes autores perenialistas sore o Islam% Ideals and Realities of Islam, de -eed Jossein 8asr,.X a ora de =en# Gu#non pode ter todo o caráter providencial e salvador que se dese2e, com a condição de que se admita claramente o óvio> que, no fim das contas, ela 2amais ofereceu outra via de salvação para o Ocidente e@ceto a islami"ação% Fam#m # certo que qualquer cristão inteligente, católico ou não, pode tirar proveito dos ensinamentos de =en# Gu#non sem aderir ao pro2eto gu#noniano, mas como recusar adesão sem saer ou querer saer que o pro2eto e@isteT Fodo idiota !til # idiota e !til na medida mesma em que nega a e@ist'ncia daquele que o utili"a% Euitos cristãos, católicos ou não, sentiram(se tão indignados ante os ensinamentos de =en# Gu#non que fi"eram várias tentativas de refutá(lo e at# de achincalhá(lo%
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George Allen ^ 3n;in *td%, 49Y.%
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dei@am se prestar(lhe oedi'ncia, a contragosto ou mesmo inconscientemente%.9 3ma ve" decifrada, por#m, a
O e@emplo mais típico são os cristãos conservadores antiguenonianos que, revoltados ante a decad'ncia do OcidenteD, aderem $ política eurasiana de Ale@andre Nuguin, isneto espiritual de Gu#non% -ão talve" as pessoas mais urras do universo% !"
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Influências discretas Mornal do &rasil, de maio de .//
7uando o pintor e poeta suíço Brith2of -chuon 49/Y(4991 voltou do Oriente nos anos R/, transfigurado em mestre supremo de uma das mais influentes organi"ações esot#ricas muçulmanas e anunciando que iria islami"ar a a queda na arárie, a restauração da Igre2a católica ou a islami"ação% 7uando pronunciou aquelas palavras sore Brith2of -chuon, ele 2á havia desistido da segunda alternativa% O fiasco do Concílio )aticano II, cu2as apar'ncias os papas em vão tentam ainda salvar, veio a provar que seu diagnóstico, em linhas gerais, estava certo% A
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A ação de personagens como Gu#non e -chuon passa desperceida $ mídia, aos analistas políticos e aos _intelectuais_ em geral, que t'm os olhos fi@ados hipnoticamente na superfície vistosa dos acontecimentos% Eas sem ela a _ocupação por dentro_ por meio da imigração teria permanecido inócua, por falta das condições culturais que desarmaram a elite intelectual e política europ#ia% Gu#non e -chuon muito contriuíram para criá(las, su2ugando as camadas mais altas e circunspectas dessa elite ao culto da superioridade intelectual do Oriente em todas as áreas decisivas, fora as ci'ncias naturais e a tecnologia% Gu#non assinava seus primeiros artigos com o pseud6nimo -phn@ a =om'nia% 7uando morei em &ucareste, não encontrei ali um só intelectual eminente que não tivesse uma compreensão profunda e crítica da ora de Gu#non% 8o resto da
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A Igreja humilhada .R de 2ulho de ./40
I Os c#reros iluminados da mídia nacional e internacional en@ergaram aí toda sorte de intenções ecum'nicas e diplomáticas, mas não creio que esse simples detalhe de um discurso papal possa ser compreendido sem um recuo histórico de muitos s#culos% 8ós falamos com palavras, mas Neus fala com palavras e coisasD, di"ia -to% Fomás de Aquino% 8a #poca dele, e de fato desde o começo do cristianismo, isso era uma oviedade de domínio p!lico% Euito antes de ditar aos profetas as palavras da &ília, Neus havia criado o universo, sendo inconceível que não dei@asse aí as marcas da sua Intelig'ncia, do *ogos divino que cont#m em si a chave de todas as coisas, fatos e conhecimentos% 8ada mais lógico, portanto L assim pensavam os santos e místicos (( , do que uscar nas formas e apar'ncias do universo físico os sinais da intenção divina que tudo havia criado% O próprio te@to da &ília está tão repleto de refer'ncias a animais, plantas, minerais, partes do corpo humano, acidentes geográficos, fen6menos astrais e climáticos, etc%, que sem algum conhecimento da nature"a física sua leitura se torna completamente opaca% 8ão havia e não há como fugir desta constatação elementar> o universo era a primeira das =evelações%
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essas duas dimensões pairam uma sore a outra sem 2amais interpenetrar(se, como água e óleo num copo, de tempos em tempos ressurgindo, so formas variadas, o conflito entre ci'ncia e religiãoD, ou entre ra"ão e f#D, o qual, nesses termos, só pode ser apa"iguado mediante arran2os convencionais de fronteiras, tão artificiais e instáveis quanto qualquer tratado diplomático% O que era tensão dial#tica tornou(se um dualismo estático, como numa guerra de posições entre e@#rcitos imoili"ados cada um na
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sua trincheira% Falve" o traço mais característico da modernidade se2a precisamente a coe@ist'ncia enervante entre uma ci'ncia sem espiritualidade e uma espiritualidade sem ase natural% +ara piorar ainda mais as coisas, a ruptura entre as duas dimensões não se deu só no domínio da cosmologia, mas tam#m na metafísica e na gnoseologia, onde =en# Nescartes, rompendo com a antiga visão aristot#lico(escolástica do ser humano como síntese indissol!vel de corpo e alma, ergueu um muro de separação entre mat#ria e espírito, fa"endo deles sust5ncias heterog'neas e incomunicáveis% Ealgrado as in!meras contestações e correções que sofreu, o dualismo cartesiano acaou por deitar raí"es tão fundas na mentalidade ocidental, que suas conseqQ'ncias nefastas ainda se fa"em sentir at# mesmo no domínio das ci'ncias físicas v% :olfgang -mith, O os o2etos reais, isto #, materiais e mensuráveis, conhecidos pela ci'ncia física, e os puramente pensados, para não di"er imaginários L leis, instituições, valores, oras de arte, o mundo propriamente humano% Nos primeiros, só o que se podia saer eram as suas propriedades mensuráveis, sendo proiido querer descorir neles algum significado ou intenção% Os segundos eram repletos de significado, mas só e@istiam como pensamentos, como construções culturaisD sem nenhum fundamento na realidade% +or mais oviamente danosa $ cosmovisão cristã que fossem essas ideias, elas foram rapidamente assimiladas pela intelectualidade católica% Nurante todo o s#culo H)III o cartesianismo foi a doutrina dominante nos seminários da Brança% As chamadas heresias modernistasD ainda não haviam surgido, mas a hegemonia intelectual cristã estava perdida% =endeu(se praticamente sem luta% Começava uma era na qual uma alma cristã não teria alternativa e@ceto amoldar(se $ mentalidade moderna ou esrave2ar em vão contra o que não podia vencer L as duas atitudes que at# ho2e caracteri"am respectivamente os modernistasD e os tradicionalistasD% A pá de cal foi lançada por Immanuel ant, quando cavou um aismo intransponível entre conhecimentoD e f#D, enfati"ando a autoridade universal do primeiro e trancafiando a segunda no recinto fechado das meras prefer'ncias e fantasias particulares L uma doutrina que se tornou a ase não só do positivismo
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científico ainda imperante nas universidades em geral, mas tam#m de todo o
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Os estudiosos que conservaram o interesse pelo velho tema tornaram(se esquisitões marginali"ados não só pela classe universitária como tam#m pela própria intelectualidade católica, mais interessada em fa"er oa figura ante o fisicalismo acad'mico do que em defender o patrim6nio simólico da religião% 3ma ora notailíssima como *e &estiaire du Christ% *a Est#rieuse -eguindo(se $ sua conversão (( escreve :ard ((, *e;is naturalmente considerava as religiões pagãs menos verdadeiras do que o cristianismo, mas, olhando(as sem refer'ncia $ verdade, sentia que elas possuíam uma ele"a superior% A ele"a e a verdade podiam e deviam ser distinguidas uma da outra, e amas da ondade%D +% .Y%1 8ão dei@a de ser uma ironia que, restaurando na arte 2ustamente aqueles elementos da simólica pagã que a cultura da
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Alegando que a dial#tica hegeliana de tese, antítese e síntese só se aplica $s coisas relativas, e que tão logo entramos no domínio do asoluto o que vigora # o antagonismo irrecorrível e a necessidade da escolha, ele condena a filosofia escolástica L portanto a cosmologia medieval inteira L por não ter anido completamente os resíduos culturais do paganismo e@ig'ncia impossível que, # claro, o próprio calvinismo tam#m não cumpriu1% 8esse panorama, não estranha que o patrim6nio simólico despre"ado e varrido para ai@o do tapete fosse rapidamente colhido por intelectuais muçulmanos interessados, sim, numa restauração da cultura cristã tradicional, mas so o guiamento e controle sutil%%% de organi"ações esot#ricas isl5micas% 8ingu#m, asolutamente ningu#m na