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A esquecida Arte da Memória Memória
Um jornalista americano conta em seu novo livro como se tornou campeão de memorização e mostra que, mesmo nestes tempos de celular e internet, todos podemos lembrar – mas nem sempre queremos Leitícia Sorg
- FOCOO
escritor Joshua Foer com óculos e fones de ouvido: ferramentas adicionais para
garantir a atenção e melhorar a memorização Não faz muito tempo, conseguía-mos lembrar números de telefone. O da mãe, o do melhor amigo, e, quem diria, até o do parceiro. De uns anos para cá – desde a popularização do
Temo celular –, tal capacidade de lembrar sequências de oito dígitos caiu desuso. Sign upou tomais vote on thisem title
sorte se ainda guardamos na mente algum número da era é pouco provável Useful mas Not useful pré-celular, que nos demos o trabalho de memorizar qualquer novo contato. E vivemos bem até o dia em
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competidores como eles conseguiam lembrar tanta coisa e recebeu quase sempre a mesma resposta: “Qualquer um pode fazer isso!”. Foer ficou ressabiado. Era esquecido,
frequentemente não sabia onde havia deixado a chave do carro e tinha até dificuldade de lembrar a data de aniversário da namorada. Como poderia virar um elefante, assim, de uma hora para outra?
“O campeonato de memória nos parece tão inacreditável porque estamos acostumados a não
lembrar”, diz Foer (leia a entrevista). “Dependemos tanto da tecnologia que não confiamos em
nossa memória.” Mas o jornalista decidiu testar a sua e narrar os resultados no livro A arte e a
ciência de memorizar tudo: memórias de um campeão de memória (Nova Fronteira), que será
lançado em agosto no Brasil. "Dependemos tanto da tecnologia que não confiamos na nossa memória" JOSHUA FOER, escritor americano
Com a ajuda de um dos recordistas mundiais, o britânico Ed Cooke, Foer começou a exercita sua memória uma hora por dia. E, para lembrar mais do que míseros números de telefone,
recorreu a técnicas criadas quando, sem computador ou mesmo livros, as pessoas precisavam memorizar poemas extensos, discursos inteiros. Uma delas é o “palácio da memória”, cr iado
Reading Preview pelo grego Simônides no século VIYou're antes de Cristo a(leia mais no quadro abaixo ). Usada para memorizar séries de elementos, a Unlock técnica fullexige accessque withaa pessoa free trial. “espalhe” os itens de que quer
se lembrar por um lugar que lhe seja familiar, como a própria casa. De preferência, imaginand Download With Free situações bem estapafúrdias para que eles estejam lá – oTrial que aumenta a eficácia do exercício
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Sem nenhum treinamento ou esforço, somos capazes de memorizar de cinco a nove elementos – na média, sete –, como sugeriram os estudos de George Miller, na década de
1950. Depois de um ano praticando, Foer conseguiu se lembrar de 107 nomes e sobrenomes de pessoas (e associá-los às fisionomias) e 87 dígitos. O desempenho lhe deu o título de campeão americano e um final apoteótico para seu livro, que deverá virar filme. Mas todo o esforço não o tornou menos esquecido. Pouco depois da competição, Foer foi a um jantar e voltou de metrô para casa – esquecendo
que fora de carro. Teria ele perdido sua capacidade de lembrar? Não. Foer continuava tão bom You're Reading a Preview quanto antes para memorizar cartas de baralho, sequência de números – entre as quais, sabiamente, a data de aniversário Unlock da namorada. Masaafree memória não é uma espécie de full access with trial.
músculo que, exercitado, torna-se forte para todas as tarefas. Não há uma técnica mágica que Download With Free Trial nos faça lembrar tudo – e nos liberte dos dados guardados em celulares, computadores e no
bom e velho papel. Lembrar exige um esforço e uma disciplina que, muitas vezes, não estamo dispostos a despender.
“Memorizar detalhes como número s de telefone e de cartões de crédito, aniversários e a data exata de acontecimentos não é mais necessário”, diz o psicólogo Anders Ericsson, professor
da Universidade da Flórida, Estados Unidos, e um dos principais estudiosos da cognição
dethis ter title de memorizar o humana. “Da mesma forma que o surgimento dos livros nos Signdispensou up to vote on
Notatenção useful que damos Useful de textos sagrados, palavra por palavra.” Tudo pode ser resumido ao grau a algo. “Só lembramos aquilo a que prestamos atenção”, afirma Ed Cooke. Isso significa que,
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celular: nem percebemos que demoramos a reagir à abertura do sinal.” Como não v amos sair
por aí com fones e cabresto, podemos ao menos tentar desligar os alertas de recebimento de e-mail e os programas de bate-papo se quisermos nos concentrar numa só tarefa. Mas isso não é garantia de foco. Na internet, cada informação pode levar a uma nova. São tantas as páginas que dificilmente nos fixamos a ponto de memorizar seu conteúdo. Quando sabemos que podemos voltar a qualquer momento para checar um dado, como no
caso da navegação pela internet, ficamos menos preocupados em memorizar a informação em
si e mais concentrados em saber como buscá-la novamente. Essa é a conclusão do estudo da psicóloga Betsy Sparrow, da Universidade Colúmbia, em Nova York, publicado na última edição da revista Science. Na pesquisa, Betsy afirma que, cada vez mais, vemos o Google e outros mecanismos de busca como uma extensão da própria memória. Isso não quer dizer,
porém, que nosso cérebro tenha mudado ou se tornado incapaz de armazenar informações. O
experimento de Joshua Foer é uma prova em contrário. Quer dizer apenas que nos adaptamo às novas ferramentas. “Antes sabíamos que as pessoas e os livros armazenavam algumas
informações. Hoje esse papel cabe ao computador”, diz Betsy. “A diferença é que as pessoas estão muito mais conscientes de que dependem do computador, mais do que quando You're a Preview dependiam de outras pessoas. E, por isso,Reading estão mais preocupadas.” Unlock full access with a free trial.
Ed Cooke defende que nossa cabeça está ficando mais oca à medida que memorizamos Download With Freea Trial menos informações. Ele revive, diante do computador, frustração de Sócrates quando do
surgimento da escrita. Em Fedro, o pensador grego sugere que a escrita é apenas uma somb
de sabedoria. Sócrates tem razão sobre o valor da memória: se o objetivo é atingir a excelênc em alguma área ou criar algo novo, ela ainda é necessária. “Para contribuir de forma criativa,
preciso saber o máximo possível sobre a área, saber se alguém já pensou o mesmo antes”, di
Ericsson. Cooke e Foer argumentam que ser criativo depende de estabelecer relações origina entre elementos conhecidos. E, quanto mais elementos conhecidos, maiores Sign up to vote on this as titlechances
de ter uma boa ideia.
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(“Sim, as pessoas ainda leem, mas agora socialmente”), publicado no ano passado. Para
Johnson, não é coincidência que as principais inovações científicas e tecnológicas tenham surgido nos centros urbanos, superpopulosos e dispersivos. Elas dependeriam mais do intercâmbio de ideias que da leitura solitária e concentrada.
Talvez essa seja uma das razões pelas quais, depois de um ano treinando, Joshua Foer quas não use, em seu dia a dia, as técnicas que aprendeu. Uma de suas poucas aplicações é memorizar as falas das palestras que começou a fazer depois do sucesso de seu livro. Mas,
numa festa, prefere anotar no celular os números de telefone novos, como praticamente todos
fazemos. Apesar disso, Foer diz que o treinamento não foi em vão. Ele afirma que as técnicas
são divertidas e estimulam a criatividade, porque envolvem criar associações – na maioria das vezes engraçadas – entre elementos que nada têm a ver entre si. Por isso, Foer diz que as escolas não fariam mal se dedicassem, talvez, duas horas para ensiná-las aos alunos. O
principal benefício da experiência, segundo ele, foi tomar consciência da importância de prest atenção. “Aprendi a ser mais atencioso, a notar o mundo a minha volta”, escreve Foer. “Lembrar só é possível quando decidimos prestar atenção.”
Reading a Preview É uma regra que não vale só para You're sequências de números e cartas de baralho, mas para a
vida. Se passamos pelos fatos sem prestar atenção, Unlock full access with eles a free não trial. ficam registrados em nossa
memória. Temos a impressão de que todos os dias são iguais e de que o tempo está voando. Download With os Free Trial Se, por outro lado, fazemos um esforço para notar fatos, podemos conseguir resgatá-los da memória. E, quanto mais lembranças temos, maior a sensação de que o tempo demorou a passar. Para valer a pena, segundo Sócrates, uma vida precisa ser memorável. Isso não mudou com o tempo nem com a tecnologia.
"Memória tem mais a ver com criatividade", diz Joshua Foer 08/10/2011 - 12h00 | da Folha.co e-mai Aumentar tamanho da letra Diminuir tamanho da letra Com partilhar Imprimir Enviar por Sign up to vote on this title Comente DE SÃO PAULO No crachá lia-se "Joshua Foer, Atleta Mental". Era uma manhã de Useful Americano Not useful 2006 e Foer, então com 24 anos, disputava a final do Campeonato de Memória. S sagraria campeão após decorar a ordem de 52 cartas, 87 dígitos e 107 nomes. Para um virtuose da mnemônica, seria feito notável. Para o novato Foer -um jornalista de ciência-,
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em si mesmo. A técnica consiste em juntar imagens contraditórias para formar, como escreve uma "memória sem concorrência". Por exemplo: instigado a decorar uma lista que incluía os itens "queijo cottage", "meias" e "seis garrafas de vinho", Foer imaginou a top-model Claudia Schiffer nadando em uma piscina de cottage, as garrafas de vinho sentadas no sofá de sua casa, conversando entre si (isso mesmo), e as meias -daquelas velhas- penduradas no lustre do teto. Foi batata. Por telefone, Foer contou que uma memória prodigiosa "tem mais a ver co a capacidade de inventar cenas do que de reter informações". "Se há uma característica comum entre os competidores, é a criatividade", disse. Finda a conquista, Foer nunca mais competiu. Sua memória voltou ao estágio inicial. "É um esporte; você precisa de treinamento" diz. Hoje, quando apura uma matéria (está escrevendo para a revista "New Yorker"), anota as informações em um bloquinho. E voltou a esquecer por que abriu a porta da geladeira. A ART E A CIÊNCIA DE MEMORIZAR TUDO AUTOR Joshua Foer EDITORA Nova Fronteira TRADUÇÃO Mônica Friaça QUANTO R$ 39,90 (310 pág.)
Leia mais em: http://noticias.bol.uol.com.br/entretenimento/2011/10/08/quotmemoria-tem-mais a-ver-com-criatividadequot-diz-joshua-foer.jhtm
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